GRUPO 7.2 MÓDULO 1 Índice 1. Introdução .............................................................. 3 2. Noções gerais de economia ........................................ 4 2 Grupo 7.2 - Módulo 1 1. INTRODUÇÃO Em geral, nós educadores temos certo receio com relação à economia. Mas por que será que isso acontece? Grosso modo, porque se acredita que a economia é uma ciência exata que, em geral, requer conhecimentos matemáticos muito elevados para que possamos compreender um pouco mais sobre os assuntos econômicos. Todavia, não é bem assim, conforme mostraremos a seguir. De acordo com Passos e Nogami (2003), economia é a ciência social que estuda a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços. O termo “economia” vem do grego, sendo oikos (casa) e nomos (costume ou lei), daí podemos dizer a expressão se refere às “regras da casa (lar)”. Ademais, a economia estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação entre as necessidades dos homens e os recursos disponíveis para satisfazê-las. Assim sendo, fica evidente que essa ciência está intima mente ligada à política das nações e à vida das pessoas, sendo que uma de suas principais funções é explicar como funcionam os sistemas econômicos e as relações dos agentes econômicos, propondo soluções para os problemas existentes. A ciência econômica está sempre analisando os principais problemas econômicos, tais como: o que produzir, quando produzir, em que quantidade produzir e para quem produzir. Cada vez mais, essa ciência é aplicada a campos que envolvem pessoas em decisões sociais, como os campos religioso, industrial, educacional, político, da saúde, das instituições sociais, da guerra etc. (Passos e Nogami, 2005). Conforme se observa, não se trata de algo distante de nossa realidade, pois assuntos dessa natureza estão presentes no cotidiano de boa parte da população mundial. Frente ao exposto, talvez você esteja se questionando qual será, então, o propósito desse texto. Será que a disciplina busca empreender um estudo sistemático sobre o sistema econômico brasileiro e internacional? Ou ainda, temos que compreender o cenário econômico nacional? Podemos dizer que, em parte, sim, mas não em profundidade, pois nossa disciplina se chama Economia Aplicada à Educação, e não apenas microeconomia ou macroeconomia. Portanto, para nortear nossa conversa, apresentamos a seguir os propósitos deste texto: sintetizar as noções básicas de economia; discutir a relação entre educação e desenvolvimento; apresentar um plano de negócio e propor algumas sugestões para a criação de uma escola de educação infantil na perspectiva econômica. Acreditamos que conhecimentos dessa natureza são de suma importância para a formação do futuro pedagogo, pois são inerentes às políticas públicas de educação, e todos nós precisamos estar inteirados sobre eles. 3 Grupo 7.2 - Módulo 1 2. NOÇÕES GERAIS DE ECONOMIA Inúmeros autores discutem esse assunto, mas, em nosso caso em específico, recorremos às contribuições de Carlos Roberto Martins Passos e Otto Nogami que discutem alguns princípios de economia. Inicialmente os autores nos induzem a pensar acerca de uma série de questões de natureza econômica que fazem parte de nosso cotidiano, tais como: desemprego; inflação; déficit público; alterações nas taxas de juros; aumento de impostos; desvalorização da taxa de câmbio. Considerando-se os exemplos ora apresentados, questionamos em que medida esses fatores interferem ou não em nossa vida? Até que ponto podemos ficar alheios a questões dessa natureza? Para que possamos compreender melhor o assunto e adentrarmos com mais profundidade na discussão, teceremos alguns comentários sobre o desemprego. Por que o desemprego? Não é nenhum critério de escolha. Talvez porque a questão aparece no topo da lista proposta pelos autores e, claro, porque tem sido destaque das principais mídias nos últimos anos. Ademais, acreditamos que o desemprego é um problema que tira o sono de muitas pessoas, ainda mais quando se está em meio a uma crise econômica internacional. Observamos que, em momentos como esse, o medo de se perder o emprego, que é uma característica tanto das pessoas que trabalham em caráter temporário quanto permanente em qualquer tipo de atividade econômica, aumenta consideravelmente, conforme apontam algumas pesquisas de opinião também divulgadas pela mídia televisiva. Mas e o desemprego? Afinal, o que significa? Por que nos preocupamos tanto com ele? Como pode ser entendido? Desemprego pode ser entendido como a condição ou a situação de pessoas incluídas na faixa das idades ativas, ou seja, aquela, em geral, compreendida entre 14 e 65 anos, que estejam, por determinado prazo, sem realizar trabalho em qualquer tipo de atividade econômica. Dada a gravidade do problema, os economistas criaram uma tipologia de desemprego, conforme descrita a seguir. 1. Desemprego estrutural: característico dos países subdesenvolvidos, ligado às particularidades intrínsecas de sua economia. Explica-se pelo excesso de mão de obra empregada na agricultura e atividades correlatas e pela insuficiência dos equipamentos de base que levariam à criação cumulativa de emprego. 2. Desemprego tecnológico: atinge, sobretudo, os países mais adiantados. Resulta da substituição do homem pela máquina, e é representado pela maior procura de técnicos e especialistas e pela 4 Grupo 7.2 - Módulo 1 queda, em maior proporção, da procura dos trabalhos tidos como braçais. 3. Desemprego conjuntural: também chamado desemprego cíclico, característico da depressão, quando os bancos retraem os créditos, desestimulando os investimentos, e o poder de compra dos assalariados cai em consequência da elevação de preços. 4. Desemprego friccional: motivado pela mudança de emprego ou atividade dos indivíduos. É o tipo de desemprego de menor significação econômica. 5. Desemprego temporário: forma de subemprego comum nas regiões agrícolas, motivado pelo caráter sazonal do trabalho em certos setores agrícolas. Para que possamos compreender melhor a questão do desemprego no Brasil, propomos a análise do gráfico sobre a taxa de desemprego no país no período compreendido entre 2003 e 2007, conforme pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Conforme se observa, de 2003 a 2005, houve uma ligeira queda nas taxas, porém, a partir de 2006, verificamos certa estagnação, o que significa que a criação de novos postos de trabalho não correspondeu ao mesmo ritmo observado até então. Para facilitar a compreensão do quadro, valemo-nos da mesma pesquisa que sinaliza que o Brasil tinha (em 1999) 7,6 milhões de desempregados segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 1999 (PNAD1999). Nosso país fica em terceiro lugar em número de desempregados no mundo. Acima dele estão a Índia, com quase 40 milhões, e a Rússia com 9,1 milhões, segundo cálculo feito pelo economista Márcio Pochmann da Unicamp. Em agosto de 2000, a taxa média de desemprego foi de 7,15% , cujo cálculo foi feito pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do país e serve como indicativo da taxa global do Brasil. A partir das análises de Pochmann, constatamos que esse problema se agravou ao longo da década de 1990, quando se verificou que a taxa de desemprego, que era de 4,03% em agosto de 1991, chegou a 7,80% em 5 Grupo 7.2 - Módulo 1 agosto de 1998. Nos primeiros oito meses de 2000, a taxa, em média, ficou em 7,65%. O fator que mais contribuiu para o aumento do desemprego foi o baixo ritmo de crescimento econômico do país. No período de 1991-1999, a taxa média anual de incremento do PIB foi de apenas 2,5%. Com isso, tivemos poucas oportunidades quanto à criação de emprego. Sabemos que as crises externas, assim como o ataque especulativo na Ásia em 1997 e a moratória da Federação Russa, em 1998, também contribuíram para o crescimento lento da economia brasileira. Esses indicadores não são muito recentes e aí você talvez possa estar se questionando: como está a questão do emprego no Brasil diante da crise mundial que enfrentamos? De acordo com estudos realizados pelo IBGE, a taxa de desemprego de março de 2009 foi de 9,0%, que, por sua vez, sinaliza uma visão não muito boa do primeiro trimestre do ano, que teve a taxa de desemprego em alta por três meses consecutivos e já apresenta o percentual mais negativo desde setembro de 2007, em que o desemprego atingiu o percentual de 10,2%, conforme podemos observar analisando os dados do gráfico 2 e o que se segue. A partir do exposto no gráfico 2, constamos que há um crescimento acelerado das taxas de desemprego no país, o que traz muitas preocupações para as famílias brasileiras e requer uma demanda por políticas públicas de emprego por parte de nossos governantes. O IBGE informou em abril de 2009 que o número de desempregados nas regiões metropolitanas atingiu assombrosa marca de mais de dois milhões de pessoas, o que, muito provavelmente, deu-se em virtude do reflexo da má situação econômica mundial, no qual o indicador passou de 8,5% em fevereiro para 9,0% no mês de março (IBGE, 2009). Pois bem, uma vez apresentado esse preâmbulo sobre a questão do desemprego no Brasil, e por que não dizer no mundo, podemos dar sequência às nossas discussões, afinal de contas não buscamos fazer uma análise profunda das questões econômicas no Brasil. 6 Grupo 7.2 - Módulo 1 Não obstante, concordamos com Passos e Nogami (2005) em que, na realidade, os princípios e práticas econômicas têm, ao longo do tempo, moldado o cotidiano dos cidadãos e, por conseguinte, da sociedade. Portanto, o conhecimento sobre assuntos econômicos se faz mais necessário do que nunca, uma vez que a maior parte dos complexos problemas das sociedades modernas, tais como a globalização, a pobreza e a questão do meio ambiente, entre outros, está atrelada a problemas de natureza econômica (Passos; Nogami, 2005). Dessa forma, entendemos que estudar economia nos proporciona um conjunto de conhecimentos que nos ajudará a formar opiniões a respeito dos grandes problemas econômicos de nosso tempo, tornando-nos cidadãos de fato em nossa sociedade. 7 Grupo 7.2 - Módulo 1