42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR UTILIZAÇÃO DE PROTOCOLO ANESTÉSICO COM TILETAMINA+ZOLAZEPAM EM UMA VEADA CATINGUEIRA (Mazama Gouazoubira) COM FRATURA DE PELVE- RELATO DE CASO VIVIANE GUIMARÃES¹; TAINARA MORAIS PEREIRA ¹; JORGE DAMIÁN STUMPFS DIAZ². 1 Aluna de Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz Alta. 2 Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. E-mail: [email protected] RESUMO A captura e contenção física de cervídeos além de ser difícil pode resultar em problemas adicionais, uma vez que estes são reconhecidamente sensíveis ao estresse, podendo ocorrer traumas, distúrbios metabólicos graves e até mesmo óbito dos animais, dessa maneira este trabalho tem como objetivo relatar um procedimento anestésico utilizando Tiletamina+Zolazepam em uma cerva Mazama com fratura de pelve, visando futura correção cirúrgica. Palavras-Chave: cervídeo, fratura, anestesia. UTILIZATION OF PROTOCOL ANESTHETIC WITH TILETAMIN+ZOLAZEPAM IN A DEER CATINGUEIRA(Mazama gouazoubira) WITH PELVIS FRACTURE - CASE REPORT ABSTRACT The capture and physical restraint of cervids apart from being difficult may result in additional problems, since these are known to be sensitive to stress, occurring trauma, severe metabolic disorders and even death of the animals, thus this study aims to report a anesthesia using Tiletamin+Zolazepam in a beer Mazama with pelvis fracture, aiming future surgical correction. Key-words: deer, fracture, anesthesia. 1344 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR Introdução Conhecido como veado- catingueiro, Mazama gouazoubira (CICCO, 2010), um mamífero de pequeno porte, é umas das oito espécies de ruminantes da família Cervidae que vivem no Brasil. Sua coloração varia de um tom cinza até o marrom claro, a orelha é grande e é o mais delicado dos Mazama ,o veado catingueiro é abundante e tem uma ampla distribuição geográfica, que abrange as regiões Sul, Sudoeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil (REIS, 2006). Traumatismos em animais selvagens são comuns (BORTOLINI et al., 2013), além de difícil, a captura e contenção física (PINHO, 2004).Os atropelamentos de cervídeos ocorrem pela redução do seu habitat natural e durante a fuga de cães ou caçadores, resultando em traumas graves. Constitui-se num grande desafio a recuperação destes pacientes, pois o estresse de captura, a falta de adaptação à internação e a utilização de protocolos anestésicos inadequados, comprometem o sucesso da cirurgia. Este trabalho tem como objetivo relatar um procedimento anestésico utilizado em uma cerva Mazama, com fratura de pelve, visando futura correção cirúrgica. Descrição de caso Foi atendida uma cerva da espécie Mazama gouazoubira, com histórico de atropelamento. Verificou-se tratar de uma fêmea jovem em torno de dois anos, com peso aproximado de 18 kg. Pela avaliação semiológica inicial o animal apresentava sinais de paralisia dos membros posteriores (Figura 1.) e através do raio X foi detectada fratura cominutiva da pelve com deslocamento do fêmur, também foi realizada ultrassonografia abdominal onde se detectou a 1345 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR presença de um feto vivo, com idade indeterminada. Após um período de estabilização de dois dias optou-se pela aplicação de um protocolo anestésico (Figura 2.) visando avaliação pormenorizada da fratura e que permitisse uma futura correção cirúrgica. Figura1: Animal paraplégico Figura 2: anestesia em plano profundo Discussão Pinho (2000) cita que a contenção química de cervídeos tem sido o método de escolha para realização de procedimentos, como colheitas de sangue e tratamento de afecções que exijam imobilização adequada. Visando a avaliação pormenorizada da fratura para posterior correção cirúrgica, o procedimento anestésico iniciou com aplicação intramuscular de um pré-anestésico sendo utilizado a xilazina a 2%, na dose de 0,25 ml com mais dois repiques de 0,2 ml também pela via IM e com intervalo de 10 minutos entre uma aplicação e outra. Após a terceira dose observou-se no animal uma sedação moderada. Durante o procedimento de sedação o animal foi mantido com a cabeça 1346 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR encoberta com pano escuro, para facilitar a aplicação do sedativo e diminuir o grau de estresse. Benson (1996) cita que a xilazina promove bom relaxamento muscular quando utilizada isoladamente, entretanto o manejo de cervídeos pode ser arriscado com o uso isolado desse fármaco, uma vez que a sedação é varíavel em doses seguras, existindo possibilidade dos animais reagirem subitamente quando manipulados, no presente caso o uso de xilazina como sedativo foi associado ao Cloridrato de Tiletamina+Cloridrato de Zolazepan 50 na dose de 0,9 ml com aplicação intravenosa, sendo que a indução anestésica em plano profundo foi imediata. Segundo PACHALY(1992) as doses para Mazama Sp. são de 4 a 15 mg/kg IV de tiletamina-zolazepam não associado a outro fármaco e a duração da anestesia varia de 20 a 90 minutos, já no presente relato associado a xilazina a 2% a duração da anestesia foi de 60 minutos, quando se observou movimentos de pedalagem e tentativas de levantar. Durante todo o procedimento o animal manteve-se com os parâmetros cardíacos e respiratórios aceitáveis, sendo a FC= Min.60 e Max.80; FR= Min.24 e Max. 36. O animal foi mantido com fluidoterapia a base de solução de Ringer e glicose endovenosa. Conclusão A aplicação de xilazina a 2% como sedativo e miorrelaxante pela via intramuscular nas doses descritas, permitiu uma abordagem segura para a indução anestésica. A utilização de Tiletamina+Zolazepam na dose de 0,9 ml e pela via IV como anestésico geral, manteve o animal em plano profundo durante 60 minutos e com os parâmetros cardíaco e pulmonar estáveis. 1347 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR Conclui-se que a associação destes fármacos permitiu uma boa imobilização, o que permitirá a execução de cirurgias invasivas de média a longa duração em cervídeos do gênero Mazama. REFERÊNCIAS BENSON, G. J. Veterinary anesthesia. 3. ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1996. p. 115-147 BORTOLINI, Z.; MATAYOSHI, P.M.; SANTOS, R.; DOICHE, D.P.; MACHADO, V.; TEIXEIRA, C.R.; VULCANO, L. Casuística dos exames de diagnóstico por imagem na medicina de animais selvagens-2009 a 2010. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.65, n.4, p. 1247-1252, 2013. CICCO, Lúcia Helena Salvetti de, Veado-Catingueiro, 2010. PACHALY, J.R. Utilização da associação de tiletamina e zolazepam na contenção de Mazama gouazoubira e Mazama rufina. In: XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 1992, Curitiba. Anais do XXII Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 1992 PINHO, M. P. Efeito da pipotiazina na modulação das respostas ao estresse de veados-catingueiro (Mazama gouazoubira) em cativeiro. 68 f. Tese (Doutorado em Cirurgia Veterinária) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2004. PINHO, M. P. Emprego da xilazina ou romifidina associadas à cetaminamidazolam na contenção química de veados-catingueiro (Mazama gouazoubira). 84 f. Dissertação (Mestrado em Cirurgia Veterinária) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2000. REIS, N.R. Mamíferos do Brasil / Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) – Londrina. p.437. 2006 1348