comparação entre a apresentação clínica de cães com tumores

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COMPARAÇÃO ENTRE A APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE CÃES COM TUMORES
COMPARAÇÃO ENTRE A APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE CÃES COM TUMORES
CARDÍACOS E O DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO DEFINITIVO
CARDÍACOS E O DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO DEFINITIVO
Fonseca, I.1*; Marques, A.M.2*; Parreira, P.B.3,4; Henriques, J1; Peleteiro, M.C.5,6; Vilhena, H.7,8,9, Jesus, M1,10; Rocha, M1,10; Serras, A.R.1,4
1 Hospital Veterinário de Berna, Lisboa; 2 Hospital Escolar Veterinário, Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade de Lisboa; 3 Serviço Ambulatório de Cardiologia; 4 Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias; 5 CIISA, Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal - Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade de Lisboa; 6 VetPat, Lisboa; 7 Hospital Veterinário do Baixo Vouga, Águeda; 8
Departamento de Medicina Veterinária, Escola Universitária Vasco da Gama; 9 Centro de Investigação em Ciência Animal (CECAV); 10 Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade de Lisboa; * Estes autores contribuiram
igualmente para o estudo
INTRODUÇÃO
MÉTODOS
Tumores cardíacos são consideradas neoplasias raras no cão, podendo ser
benignos, malignos, primários ou secundários. O hemangiossarcoma é o tumor
cardíaco primário mais prevalente, seguido pelo quemodectoma, paraganglioma,
linfoma e carcinoma ectópico de tiroide, entre outros. Os sinais clínicos dependem
da localização e efeitos hemodinâmicos da massa, sendo muito frequente derrame
pericárdico com tamponamento cardíaco.
A ecocardiografia tem uma sensibilidade elevada na identificação e localização de
massas cardíacas. O diagnóstico definitivo ante-mortem raramente é possível,
devido à localização do tumor e limitações inerentes ao exame.
Este estudo teve como objetivo comparar os achados clínicos ante-mortem com o
diagnóstico histopatológico post-mortem em cães com tumores cardíacos.
Foram incluídos no estudo cães com um diagnóstico ecográfico de massa cardíaca
e exame histopatológico post-mortem.
Dados recolhidos:
• História pregressa
• Sinais clínicos e exame físico
• Dados ecocardiográficos
• Citologia da efusão pericárdica
• Citologia da massa
• Terapêutica instítuida
• Histopatologia/ imunohistoquímica post-mortem
RESULTADOS
Nº Estudo
Idade
(anos)
HT001
8
M Pitbull
HT002
13
M
Sexo
Raça
Yorkshire
Terrier
Sintomatologia à admissão
Localização da massa
(ecocardiografia)
Derrame Pericárdico
Sinais de ICC – tamponamento
Presente (tamponamento) Aurícula/ átrio direito
Estertores e tosse
Ausente
Átrio e ventriculo
direito
Citologia
Tempo de
Causa de morte
Sobrevida (dias)
Tratamento
Diagnóstico clínico
(presumptivo)
Diagnóstico histopatológico
(pós-mortem )
HSA (PAAF)
Pericardiocentese
Quimioterapia metronómica
31
Eutanásia
Hemangiossarcoma
Hemangiossarcoma
HSA (PAAF)
Quimioterapia convencional
14
Morte natural
Hemangiossarcoma
Hemangiossarcoma
152
Morte natural
Quemodectoma/ CET
Hemangiossarcoma
105
18
Eutanásia
Eutanásia
Quemodectoma/ CET
Diagnóstico em aberto
Quemodectoma
Sarcoma indiferenciado
HT003
10
M Vizla
Sinais de ICC – tamponamento
Presente (tamponamento) Base cardíaca
Inconclusivo (D)
HT004
HT005
13
6
F
F
Boxer
Serra D´Aires
Assintomático
Sinais de ICC direita
Ausente
Ausente
Não realizada
Não realizada
Pericardiocentese
Quimioterapia metronómica
Quimioterapia metronómica
Sem tratamento específico
HT006
10
F
Caniche
Sinais de ICC esquerda
Ausente
Não realizada
Sem tratamento específico
16
Eutanásia
Diagnóstico em aberto
Quemodectoma
HT007
11
F
SRD (36.1 Kg)
Sinais de ICC – tamponamento
Presente (tamponamento) Base cardíaca
Inconclusivo (D)
Pericardiocentese
3
Eutanásia
Quemodectoma/ CET
Metástase carcinoma
mamário
HT008
10
F
Labrador
Presente (tamponamento) Ventrículo direito
Linfoma (D)
47
Eutanásia
Linfoma
Linfoma
HT009
12
M X Labrador
Presente (tamponamento) Base cardíaca
Quemodectoma (D)
Pericardiocentese
Quimioterapia convencional
Pericardiocentese
224
Eutanásia
Quemodectoma/ CET
HT010
15
F
Presente (tamponamento) Base cardíaca
Inconclusivo (D)
Pericardiocentese
0
Eutanásia
HT011
HT012
10
11
M SRD (15.4 Kg)
M S. Bernardo
Ausente
Ausente
Não realizada
Não realizada
Quimioterapia
Sem tratamento específico
6
4
Eutanásia
Morte natural
X Labrador
Sinais de ICC – tamponamento
Diarreia
Sinais de ICC – tamponamento
Sinais de ICC- tamponamento
Diarreia com hematoquézia
Assintomático
Prostração e anorexia
Base cardíaca
Átrio direito
Átrio e ventrículo
direito
Auricula direita
Ventrículo esquerdo
Pericardite crónica
Carcinoma ectópico de
Quemodectoma/ CET
tiroide (CET)
Metástase de HSA esplénico Hemangiossarcoma
Metástase Osteosarcoma Osteossarcoma
CET – Carcinoma ectópico de tiróide, (D) – Derrame pericárdico, ICC – Insuficiência cardíaca congestiva, PAAF – Punção aspirativa por agulha fina, SRD – Sem raça definida
A1
B1
C1
D1
E1
A2
B2
C2
D2
E2
F2
E3
F3
VD
VD
AD
AP
AD
F1
Ao
VE
VE
AE
A3
B3
C3
D3
Figura 1 – A1–3 Hemangiossarcoma da aurícula direita (HT002). A1 - Aparência macroscópica. A2 - Imagem ecocardiográfica. A3 - As células tumorais delimitam cavidades sanguíneas de parede incompleta e anastomosante (H&E, x100). B1-3 Quemodectoma (HT004). B1 - Aparência macroscópica. B2 - Imagem
ecocardiográfica. B3 - As pequenas células tumorais organizam-se em lóbulos e trabéculas separados por estroma muito delicado (H&E, x100). C1-3 Sarcoma indiferenciado (HT005). C1 - Aparência macroscópica. C2 - Imagem ecocardiográfica C3 - Metástase pulmonar de sarcoma indiferenciado do coração. O tecido
tumoral formado por células fusiformes preenche o lume de vaso linfático (H&E, x100). D1-3 Metastização de carcinoma mamário (HT007). D1 - Aparência macroscópica. D2 - Imagem ecocardiográfica. D3 - Os vasos linfáticos do tecido adiposo envolvendo a base do coração surgem invadidos por células tumorais de
natureza epitelial organizadas em estruturas micropapilares (H&E, x100). E1-3 – Carcinoma ectópico da tiróide envolvendo a base da Aorta (HT010). E1 - Aparência macroscópica. E2 - Imagem ecocardiográfica. E3 - As células epiteliais estão dispostos em pequenos lóbulos sólidos ou formam folículos contendo secreção
levemente acidófila (H&E, x 100). F1-3 Metastização de osteossarcoma (HT012). Aparência macroscópica F2 - Imagem ecocardiográfica. F3 - As células tumorais mesenquimatosas exibem pleomorfismo muito acentuado sendo predominantemente fusiformes dispostas em toalha contínua ou esboçando feixes
multidireccionados. São numerosas as células multinucleadas e frequentemente as mitoses, algumas das quais atípicas (H&E, x400).
AD – Átrio Direito; AE – Átrio Esquerdo; Ao – Aorta; AP – Artéria Pulmonar; VD – Ventrículo Direito; VE – Ventrículo Esquerdo
RESULTADOS (continuação)
CONCLUSÕES
Neste estudo 91,7% das massas cardíacas detetadas por ecocardiografia
revelaram-se neoplásicas na análise post-mortem.
A citologia foi diagnóstica em todos os casos em que foi efetuada PAAF ecoguiada
(2/12) e a análise citológica do líquido nos pacientes com derrame pericárdico
(6/12) apenas permitiu o diagnóstico no caso de linfoma (1/6).
A ecocardiografia, em conjunto com os restantes dados clínicos e laboratoriais,
permitiu uma aproximação ao diagnóstico em 58% dos casos, no que respeita ao
tipo específico de tumor, tendo sido o hemangiossarcoma o tumor mais
frequentemente diagnosticado, seguido do quemodectoma.
Este estudo, tal como outros já realizados, sugere que a concordância entre o
diagnóstico presuntivo ante-mortem e o definitivo post-mortem é moderada.
Esta série de casos reforça o conceito de que existe uma grande diversidade de
neoplasias cardíacas e que o diagnóstico definitivo ainda é histopatológico.
Apesar desta limitação, recomenda-se a avaliação exaustiva dos pacientes,
utilizando outros métodos de diagnóstico, tais como o exame ecocardiográfico
detalhado (localização, ecotextura e capacidade de invasão da massa), citologia
do líquido pericárdico, PAAF ou outros que se considerem adequados.
Este estudo poderá servir como base a um estudo prospetivo multicêntrico para
determinação de parâmetros diagnósticos que ampliem a assertividade do
diagnóstico clínico presuntivo.
BIBLIOGRAFIA
Ware WA, Hopper DL. (1999). Cardiac tumors in dogs: 1982-1995. J Vet Intern Med; 13:95-103.
Kisseberth W. (2013). Neoplasia of the heart. In: Small Animal Clinical Oncology. 5th edn., SJ Withrow, DM Vail and RL Page Eds., St. Louis (pp.700–706): Elsevier Saunders.
Treggiari E, Pedro B, Dukes-McEwan J, Gelzer AR and Blackwood L. (2015). A descriptive review of cardiac tumours in dogs and cats. Jhon Wiley & Sons Ltd Veterninary and Comparative
Oncology doi:10.1111/vco.12167
Pedro B, Linney C, Navarro-Cubas X, Stephenson H, Dukes-McEwan J, Gelzer AR. (2016). Cytological diagnosis of cardiac masses with ultrasound guided fine needle aspirates. J Vet
Cardiology; 18, 47-56
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