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Jornal do Brasil
Ciência e Tecnologia
12/02 às 21h03
Células da medula óssea ajudam
pacientes com pseudoartrose
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Pesquisa do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) aponta
que o uso de células de medula óssea pode ajudar na recuperação de fraturas
em pacientes com pseudoartrose, que enfrentam dificuldades em
consolidação de fraturas.
O ortopedista João Matheus Guimarães, coordenador de Ensino e Pesquisa do
Into, explicou que quem sofre de pseudoartrose não apresenta a evolução
natural que leva à formação de um novo osso no local da fratura,
popularmente chamado de calo ósseo, que consolida a fratura.
Nesses casos, o processo de formação do calo ósseo termina na fibrose, sem
as etapas posteriores de cicatriz, cartilagem e, finalmente, o osso. “Quando o
processo para na fibrose, é o que a gente chama de pseudoartrose ou falsa
articulação, que é a não consolidação [da fratura]”, disse.
O estudo consistiu em injetar células-tronco da medula óssea com potencial
de se transformarem em osso, em tendão ou em músculo, chamadas
multipotenciais, no local da fratura. As células foram retiradas dos próprios
pacientes.
“São essas [multipotenciais] que nós injetamos no foco [da fratura] e elas,
naquele meio, viraram osso”, explicou. A pesquisa constatou também que os
pacientes que receberam mais células da medula óssea tiveram maior
consolidação das fraturas.
Testes indicam 50% de consolidação da fratura, usando a técnica. “Uma das
coisas que influiu foi, exatamente, a parte genética”.
A pesquisa identificou também que a predisposição genética pode interferir
na consolidação de fraturas. Foram estudados dois genes que estimulam tanto
a formação do osso como da fibrose e verificou-se que alterações neles podem
afetar o processo. Foram avaliados os genes de 101 pessoas que tiveram
consolidação da fratura, em comparação com 66 pacientes com
pseudoartrose.
Além da questão genética, o ortopedista advertiu que uma cirurgia mal
sucedida, uma fixação inadequada, também podem influenciar na
recuperação. “Tem paciente que você faz tudo direito e não cola a fratura. E
nesses pacientes [com pseudoartrose], a gente notou que tem essa diferença
por meio de problema genético”.
A expectativa do ortopedista é usar a terapia, com células da medula óssea,
no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2015, pois até o final do ano está
prevista a inauguração do banco de células de medula óssea do Into.
“O que depende de você ampliar para a população toda é ter um laboratório
com um banco de células, onde você possa multiplicar essas células. E, com
isso, você consegue fazer em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS)”,
disse.
“A gente pode até, no futuro, estar cedendo células para outros hospitais,
como já faz com o banco de tecidos”. O Into dispõe do único banco público de
tecidos do país.
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