A SUPEREXPLORAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO FEMININA NO BRASIL TAMARA SIEMANN LOPES (autora)1 CINTHIA DE SOUZA(coautora)2 Resumo: A inserção da mulher nas atividades econômicas passou a ser uma variável relevante nos estudos sobre o comportamento do mercado de trabalho. Após as transformações ocorridas no mundo do trabalho nas últimas décadas, observou-se uma crescente participação feminina, principalmente nas ocupações formais de trabalho. Essas mudanças estruturais afetaram quantitativa e qualitativamente a participação da mulher no mercado de trabalho, uma vez que, mesmo verificando-se o aumento das oportunidades de trabalho, paralelamente verifica-se que permanecem distorções expressivas de gênero, com destaque para os diferenciais de salários. O Brasil, enquanto país subdesenvolvido e dependente, pode ser considerado um exemplo onde as relações de produção aprofundaram a superexploração da força de trabalho, em particular da mulher. Este trabalho analisa, com base na categoria marxista da superexploração da força de trabalho, a inserção da mulher no mercado de trabalho, utilizando dados e informações relativas à remuneração média, número de trabalhadores e escolaridade. O objetivo geral do estudo é demonstrar como o capitalismo dependente se apropria da opressão de gênero no mercado de trabalho para efetivar a superexploração da força de trabalho. Palavras chaves: Superexploração, opressão de gênero, economia brasileira. 1 Acadêmica do curso de Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Catarina 2 Acadêmica do curso de Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Catarina CAPITAL E TRABALHO Os autores clássicos da Economia Política buscavam compreender as leis de funcionamento do capitalismo, mas foi somente com o legado de Marx que dirigia justamente uma crítica à economia política que essas leis foram descobertas. Isso somente se tornou possível porque sua investigação científica conseguiu adentrar na essência das mercadorias – a célula da econômica da sociedade burguesa. Com isso, Marx compreendeu que as mercadorias são produtos do trabalho humano concreto e abstrato. O modo de produção capitalista diferencia-se dos demais por realizar a separação do trabalhador e dos meios de produção, transformando com isso a força de trabalho numa mercadoria e separando a sociedade em duas classes distintas: os possuidores dos meios de produção (capitalistas) e os não-possuidores (trabalhadores). Na esfera da produção, os detentores dos meios de produção compram a mercadoria força de trabalho. “Por força de trabalho ou capacidade de trabalho compreendemos o conjunto das faculdades físicas e mentais existentes no corpo e na personalidade viva de um ser humano, as quais ele põe em ação toda vez que produz valores-de-uso de qualquer espécie.” MARX, 2009 A distinção entre a mercadoria força de trabalho e todas as demais reside no fato dela gerar mais valor do que ela mesma vale. O valor da força de trabalho equivale ao tempo de trabalho necessário para sua produção e manutenção. Entram aí questões históricas e morais, mas, para um país determinado, num período determinado, é dada a quantidade média dos meios de subsistência necessários para que o trabalhador possa se reproduzir. Os meios de subsistência que vão determinar o quanto o trabalhador precisa receber em troca pela sua força de trabalho, mas mesmo que a parte necessária da sua jornada de trabalho seja uma magnitude dada, isso não implica que seja ela mesma a magnitude da própria jornada de trabalho. “A jornada de trabalho não é uma grandeza constante, mas variável. Uma das suas partes é determinada pelo tempo de trabalho necessário à reprodução da força de trabalho do próprio trabalhador, mas sua magnitude total varia com a duração do trabalho excedente. A jornada de trabalho é, portanto, determinável, mas considerada em si mesma, é indeterminada”. MARX, 2009 O trabalho necessário é, assim, parte da jornada de trabalho, paga sob a forma de salário, e parte da jornada de trabalho forma o trabalho excedente, definido como maisvalia. A taxa de mais-valia é, portanto, a medida de exploração da força de trabalho, que varia de acordo com a proporção de quantidade de horas trabalhadas apropriadas pelo capitalista e os trabalhadores. A exploração da força de trabalho se encontra sob duas formas: a mais-valia absoluta e a mais-valia relativa. A mais-valia absoluta advém da apropriação do trabalho através do rebaixamento do seu preço, que pode se dar rebaixando o salário ou prolongando a jornada de trabalho sem aumentar o salário. A forma mais comum de extração de mais-valia se dá através da diminuição de horas necessárias para a produção de mercadorias, realizando então a mais-valia relativa. Dados estes pressupostos básicos da economia capitalista, é possível compreender a oposição dada entre capital e trabalho: este primeiro comandando o segundo. O salário e outras formas de apropriação do produto social por parte dos trabalhadores só podem ser definidos, portanto, a partir da colisão de interesses contraditórios que pressionam o preço da força de trabalho à elevação ou ao rebaixamento em relação ao seu valor. É a partir da luta entre as classes sociais que se define a repartição do produto social, sendo o valor da força de trabalho que delimita o campo de atuação nesta disputa. Segundo Osorio, “En definitiva, no es la lucha de clases la que determina el valor, sino que es éste el que define el eje en torno al cual se desarrollará la lucha de clases.” (OSORIO, 2004) SUPEREXPLORAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO A categoria da superexploração foi desenvolvida pela Teoria Marxista da Dependência, expressando na esfera da produção uma compensação à situação que a América Latina vive na esfera da circulação, realizando a transferência de mais-valia aos países centrais através do intercâmbio desigual de mercadorias. Segundo Marini: “o problema colocado pela troca desigual para a América Latina não é precisamente o de se contrapor à transferência de valor que implica, mas compensar a perda de mais-valia, [...] incapaz de impedi-la no nível das relações de mercado, a reação da economia dependente é compensá-la no plano da produção interna.” (MARINI, 2005). Por esse motivo, os capitalistas latino-americanos recorrem ao mecanismo da superexploração para auferir taxas de lucro compensando a perda de mais-valia que ocorre na esfera da circulação de mercadorias, com isso garantindo ainda a estrutura dominante que permite a acumulação de capital. Com isso, os trabalhadores da periferia do capitalismo são atingidos através de efeitos como o aumento da jornada de trabalho, rebaixamento dos salários, informalidade, ampliação do exército de reserva e precarização das condições de trabalho. Algumas confusões teóricas são frequentemente feitas quando se trabalha com o conceito da superexploração em contraposição ao conceito de exploração. Um bom exemplo é dado por Costa (2013), para demonstrar que superexploração não significa “mais explorado”: “É possível demonstrar que o trabalhador pode ser menos explorado e, ao mesmo tempo, superexplorado a partir de um exemplo simples. Pressupondo que: a) Em determinado período histórico, no país A sejam necessárias 2 horas para a produção de todos os valores-de-uso necessários ao trabalhador e este seja exatamente o salário; b) Em um país B sejam necessárias 4 horas e o salário corresponda a 3; c) a jornada de trabalho nos dois países corresponda a 8 horas; d) O adiantamento do capital constante seja equivalente a 2 horas nos dois países. A taxa de exploração (Mv/Cv) no país A é maior (4/2) do que em B (3/3), mas é apenas em B que há superexploração.” (COSTA, 2013, pg 30). Portanto, define-se como superexploração o pagamento da força de trabalho abaixo do necessário. Contudo, uma lacuna teórica se impõe neste trabalho: a análise a partir da Teoria Marxista da Dependência da superexploração da força de trabalho feminina. Esta lacuna teórica se expressa não apenas nos estudos dos teóricos dependentistas, mas principalmente dentro da tradição marxista ao abordar questões relativas às opressões na tentativa de compreender o desenvolvimento capitalista. Este trabalho, portanto, vem no sentido de ensaiar uma tentativa de abordar esta temática, num contexto em que as questões de gênero tomam espaço na agenda de debates e onde o marxismo tem papel fundamental, principalmente ao desfazer teses reducionistas que separam a luta de classes da luta pela igualdade de gênero. A partir dos dados que serão apresentados é possível comprovar a discrepância entre homens e mulheres no mercado de trabalho brasileiro, mas não existem fontes teóricas que procurem explicar dentro do desenvolvimento da economia capitalista latino-americana como essas discrepâncias se deram. A escolha metodológica que pareceu mais acertada, dada esta lacuna, foi de apresentar a opressão de gênero como um fenômeno anterior ao capitalismo, e a partir disso como na atualidade as mulheres permanecem como força de trabalho explorada quantitativamente mais do que os homens. INSERÇÃO FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO CAPITALISTA A opressão de gênero é um fenômeno anterior ao modo de produção capitalista, com sua origem no fim do modo de produção comunal, que inaugurou a sociedade de classes. Conforme analisa Engels em sua obra “Origem da família, da propriedade privada e do Estado”, a ausência de instituições classistas nos primórdios da humanidade conferiam às mulheres papel relevante na sociedade, o que desfaz teses que naturalizavam a opressão sofrida pelas mulheres, por se tratarem de indivíduos inferiores, que deveriam cumprir determinado papel na sociedade enquanto na condição de mãe e cuidadora do lar, imposta pela sociedade patriarcal. Conforme o modo de produção capitalista consolidou-se na Inglaterra, as mulheres foram mais fortemente incorporadas ao mercado de trabalho capitalista, assim como crianças. Marx afirma que com a economia de esforços musculares, tornou-se possível empregar trabalhadores que não tivessem força muscular nem o pleno desenvolvimento físico, mas que possuíssem membros mais flexíveis. Por isso, a primeira preocupação do capitalista, ao empregar a maquinaria, foi a de utilizar o trabalho das mulheres e crianças. Isto se deu, contudo, sem realizar uma substituição de trabalhadores, mas sim pela ampliação dos limites do comando do capital ao empregar toda a família do trabalhador, sem distinção de sexo e de idade. Com isso, o processo de desvalorização da força de trabalho se intensifica, pois anteriormente o seu valor era medido pelos meios de subsistência para manter vivo o trabalhador e sua família. Com o emprego de todos os membros da família, este valor é repartido entre todos os que trabalham, desvalorizando assim a força de trabalho do adulto. “Desse modo, a máquina, ao aumentar o campo específico de exploração do capital, o material humano, amplia, ao mesmo tempo, o grau de exploração.” (MARX, 2009). Neste sentido, é importante pontuar que o desenvolvimento das forças produtivas possibilitou a inserção da mulher no mercado de trabalho, o que não fez cessar, contudo, as desigualdades de gêneros presentes na sociedade capitalista. Isto ocorre pela própria característica do comando do capital sob o trabalho: a extração de mais-valor e rebaixamento do preço da força de trabalho até o seu limite, apropriando-se assim de todas as condições sociais que encontra para que se efetive a exploração. No Brasil, a mulher passa a se integrar mais fortemente ao mercado de trabalho a partir da década de 70, período em que o Brasil viveu uma intensa expansão da sua economia e foi o auge do processo de industrialização e urbanização que se iniciou na década de 40. Apesar do baixo crescimento econômico das décadas de 80 e 90, intensificou-se o processo de inserção feminina no mercado de trabalho. A seguir serão apresentados alguns dados que comprovam que a característica fundamental desta inserção continua sendo a desigualdade. A tabela abaixo apresenta a evolução do número de trabalhadores formalizados entre 2002 e 2011 e a respectiva participação por gênero em relação ao ano de referência. O expressivo aumento do número de postos de trabalho regularmente registrados no Ministério do Trabalho e Emprego trouxe consigo uma elevação da participação da mulher no mercado de trabalho, porém de forma ainda bastante modesta quando comparada com a inserção masculina. Em 2002 existiam 28.683.913 ocupações formais, das quais 39,81% se destinavam às mulheres. Entre 2002 e 2011 houve expressivo aumento no número de ocupações formais, se elevando a 61%, enquanto a participação das mulheres teve aumento de aproximadamente 2%. Número de trabalhadores formalizados por sexo e taxa de participação Ano Masculino % do Total Feminino % do Total Total 17.265.351 60,19% 11.418.562 39,81% 28.683.913 2002 17.740.944 60,05% 11.803.983 39,95% 29.544.927 2003 18.845.717 60,00% 12.561.859 40,00% 31.407.576 2004 19.832.111 59,67% 13.406.506 40,33% 33.238.617 2005 20.865.545 59,35% 14.289.704 40,65% 35.155.249 2006 22.246.439 59,15% 15.360.991 40,85% 37.607.430 2007 23.234.981 58,91% 16.206.585 41,09% 39.441.566 2008 24.135.025 58,57% 17.072.521 41,43% 41.207.546 2009 25.752.758 58,44% 18.315.597 41,56% 44.068.355 2010 26.908.359 58,10% 19.402.272 41,90% 46.310.631 2011 Fonte: RAIS/Ministério do Trabalho e Emprego Elaboração: Própria Os dados relativos à remuneração média comprovam que se por um lado os trabalhadores tem alcançado remunerações mais elevadas no decorrer dos anos, este avanço não se aplica quando observamos a disparidade de renda entre homens e mulheres. Durante a série histórica (2002-2011) é possível verificar que não existe uma tendência à queda destas disparidades. Remuneração média real dos trabalhadores formalizados a preços de 2011 Ano Masculino Feminino Diferença Total 1.871,94 1.540,81 17,69% 1.733,21 2011 1.826,93 1.509,89 17,35% 1.588,42 2010 1.788,61 1.488,95 16,75% 1.461,21 2009 1.725,74 1.421,43 17,63% 1.357,33 2008 1.686,15 1.397,86 17,10% 1.240,62 2007 1.666,51 1.378,55 17,28% 1.169,58 2006 1.583,46 1.293,16 18,33% 1.078,92 2005 1.555,78 1.267,98 18,50% 1.004,51 2004 1.517,72 1.232,15 18,82% 925,09 2003 1.559,74 1.281,65 17,83% 846,95 2002 Fonte: RAIS/Ministério do Trabalho e Emprego Elaboração: Própria Um dos argumentos mais frequentes para justificar a disparidade salarial entre homens e mulheres é a baixa qualificação profissional, apontando que este motivo é a causa das mulheres ocuparem postos de trabalho que exigem menor qualificação e que, portanto tem remunerações inferiores. O mito da baixa qualificação é facilmente rebatido quando analisamos os dados referentes à escolaridade dos trabalhadores formalizados. Entre trabalhadores analfabetos a diferença encontra-se no patamar de 16,67%, e conforme os trabalhadores adquirem maior grau de escolaridade, a discrepância salarial também aumenta, atingindo o teto de 40,31% de diferença para trabalhadores com ensino superior completo, e diminuindo a partir do mestrado e doutorado. Remuneração Média dos trabalhadores formalizados por grau de escolaridade e gênero (2011) Escolaridade Analfabeto Até 5ª Incompleto 5ª Completo Fundamental 6ª a 9ª Fundamental Fundamental Completo Médio Incompleto Médio Completo Superior Incompleto Superior Completo Mestrado Doutorado Total Masculino Feminino Diferença Total 830,08 691,74 16,67% 813,41 1.047,89 773,26 26,21% 986,43 1.164,19 793,98 31,80% 1.064,45 1.172,97 795,39 32,19% 1.067,09 1.242,24 852,73 31,36% 1.119,53 1.148,93 842,32 26,69% 1.042,66 1.555,35 1.085,89 30,18% 1.347,06 2.423,44 1.626,27 32,89% 2.008,77 5.236,53 3.125,46 40,31% 3.997,05 6.097,67 4.104,12 32,69% 5.000,56 8.578,20 6.855,79 20,08% 7.805,15 1.871,94 1.540,81 17,69% 1.733,21 Fonte: RAIS/Ministério do Trabalho e Emprego Elaboração: Própria Com relação à jornada de trabalho, este trabalho assumiu que o dispêndio com atividades de cunho doméstico se incorporam à jornada de trabalho. Embora a lacuna teórica já mencionada nos traga mais dúvidas do que explicações dos fenômenos, é possível constatar que as mulheres tem jornadas de trabalho no mercado de trabalho (formal e informal) inferiores às dos homens, mas que no âmbito doméstico a diferença não apenas compensa, mas ocupa mais espaço da vida de uma trabalhadora. Por fim, é importante destacar o contingente de trabalhadores desempregados que compõe o exército industrial de reserva. Em 2011, ele era formado por 59% de mulheres, o que mostra que a maior participação feminina no mercado de trabalho vem acompanhada de uma expansão na proporção que elas representam no volume de desempregados. Enquanto a taxa de desemprego total em 2011 foi de 6,7%, entre os homens esta taxa era de 4,9%, já entre as mulheres, de 9,1%. Comparando com 2009, houve redução na taxa de desemprego total, mas entre os homens ficou no patamar de 22,27%, já entre as mulheres o decréscimo foi de 18,00%. CONCLUSÕES PRELIMINARES A característica fundamental da inserção feminina no mercado de trabalho continua sendo a disparidade em relação à condição masculina, isto se dá não apenas no Brasil ou na América Latina. Por esse motivo, não existem ilusões de que o desenvolvimento capitalista traga consigo a justiça social, mas pelo contrário, as discrepâncias só se aprofundam. É através da Teoria Marxista da Dependência que se torna possível entender o atraso e a miséria dos países latino-americanos, mas uma lacuna ainda existe quando tratamos da questão de gênero. Nesse sentido, se é a luta de classes que determina a divisão do produto social do trabalho, a luta por equidade entre gêneros se apresenta como um desafio prático aos trabalhadores. Este artigo procurou demonstrar a apropriação da opressão de gênero como um fenômeno presente no capitalismo dependente, e mais do que trazer notas conclusivas, instigar o debate sobre o tema. REFERÊNCIAS COSTA, Arland Tássio de Bruchard. A Superexploração da Força de Trabalho no Brasil (2003-2013). Florianópolis, SC, 2013. Trabalho de Conclusão de Curso Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio-Econômico, Curso de Ciências Econômicas. ENGELS, Friedrich. A origem da familia da propriedade privada e do estado. 3. ed. Lisboa: Presença: 1976. MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política, livro I: O processo de produção do capital. São Paulo: Civilização Brasileira, 2009. v. 1. MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política, livro I: O processo de produção do capital. São Paulo: Civilização Brasileira, 2009. v. 2. MARINI, Ruy Mauro. Dialética da Dependência. In: TRASPADINI, R.; STÉDILE, J.P. (Orgs.) Ruy Mauro Marini: Vida e Obra. São Paulo: Expressão Popular, 2005. OSORIO, Jaime. Crítica de la economía vulgar: Reproducción del capital y dependencia. Ciudad de México: UNAM, 2004.