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ANÁLISE DOS DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DE PACIENTES TABAGISTAS
ATENDIDOS EM UM PROJETO DE EXTENSÃO, 2012 A 2014
Allan Catarino Kiska Torrani (PIBIC/Fundação Araucária/UEPG), Ana Claudia Garabeli
Cavalli Kluthcovsky (Orientadora), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Medicina
Área: 4.Ciências da Saúde; Sub-área: 4.01.00.00-6 Medicina
Palavras-chave: hábito de fumar, terapêutica, educação em saúde.
Resumo:
Objetivo: descrever o perfil sociodemográfico de pacientes tabagistas atendidos em
um projeto de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), de 2012 a
2014. Metodologia: trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e de abordagem
quantitativa. Foram analisados prontuários dos pacientes que participaram do projeto
de extensão “Educando e Tratando o Tabagismo”, vinculado à UEPG, do período de
2012 a 2014. Foram coletados dados referentes a: sexo, idade, estado civil,
escolaridade e profissão. Para os cálculos foram utilizadas frequências absoluta e
relativa Resultados: obteve-se uma amostra de 269 prontuários, composta por 86
(32,0%) pacientes homens e 183 (68,0%) mulheres. As médias de idade foram de 42,5
(DP=14,3) para os homens e de 46,78 (DP=11,9) anos para as mulheres. Quanto à
escolaridade, 15 (40,5%) dos homens e 38 (42,2%) das mulheres possuíam ensino
médio, e apenas 1 (2,7%) homem era analfabeto, sendo nenhuma mulher declarada
analfabeta. Em relação ao estado civil, os pacientes solteiros eram predominantemente
homens (54,1%), enquanto que a maioria das mulheres se declararam casadas
(54,3%). Sobre a profissão, 15 (18,5%) homens eram aposentados, enquanto 64
(36,4%) mulheres eram donas de casa e 16 (9,1%) aposentadas. Conclusão: Os dados
sociodemográficos podem auxiliar na compreensão da doença, auxiliando os
profissionais de saúde no delineamento de ações, acompanhamento e tratamento dos
pacientes, reconhecendo e respeitando as características particulares da população
atendida.
Introdução
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o consumo de produtos de tabaco é
um fator de risco à vida que deve ser controlado com alta prioridade, tendo em vista a
elevada ocorrência de mortes associadas ao tabagismo no mundo (INCA, 2011).
Aproximadamente 80% dos fumantes desejam abandonar o tabagismo, porém as taxas
dos que conseguem sem qualquer tipo de ajuda são extremamente baixas (3%), o que
evidencia a importância de intervenções na cessação do tabagismo (CINCIPRINI,
1997). Diversos estudos classificam a abordagem terapêutica do tabagista envolvendo
basicamente cinco estados de progressão, que abrange desde o estado de précontemplação, no qual o indivíduo não possui pretensão de para nos próximos seis
meses, até o estágio de manutenção, que ocorre até seis meses após os indivíduos ter
abandonado o tabagismo (PROCHASKA, 1991; LARANJEIRA, 2000).
O Projeto de Extensão “Educando e Tratando o Tabagismo” da Universidade
Estadual de Ponta Grossa, Paraná, adotou os métodos preconizados pelo MS no
tratamento do tabagismo que incluem a abordagem cognitivo-comportamental e a
farmacoterapia (BRASIL, 2001). A análise dos dados sociodemográficos obtidos no
atendimento desses pacientes podem ser importantes fontes de informação para
auxiliar profissionais de saúde na definição de condutas e políticas de saúde mais
completas, intervenções psicossociais e alocação de recursos, considerando a
integralidade da atenção.
O objetivo deste estudo é descrever o perfil sociodemográfico de pacientes
tabagistas atendidos em um projeto de extensão da Universidade Estadual de Ponta
Grossa (UEPG), de 2012 a 2014.
Materiais e métodos
Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e de abordagem quantitativa. Foram
analisados os dados de 269 prontuários dos pacientes que participaram do projeto de
extensão “Educando e Tratando o Tabagismo”, vinculado à Universidade Estadual de
Ponta Grossa, do período de 2012 a 2014.
O projeto de extensão tem caráter multidisciplinar (docentes e acadêmicos dos
cursos de graduação em enfermagem, medicina, odontologia e farmácia e objetiva
estimular o abandono do fumo entre os dependentes do tabaco e promover educação
em saúde sobre o tabagismo. Foram analisados dos prontuários dos pacientes os
seguintes dados sociodemográficos: idade, sexo, profissão, estado civil e escolaridade.
Os resultados são apresentados utilizando-se a frequência absoluta e
estatística descritiva (média e desvio-padrão). Os dados foram processados no banco
de dados Excel 2010. A análise estatística foi obtida com auxílio do programa Statistical
Package for Social Science (SPSS), versão 18.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Ponta Grossa, sob parecer número
1.055.794 (CAAE 43523515.8.0000.0105).
Resultados e Discussão
Foram analisados 269 prontuários referentes ao período de janeiro de 2012 a
dezembro de 2014, sendo um total de 86 (32,0%) pacientes do sexo masculino e 183
(68,0 %) do sexo feminino. A idade média foi de 42,5 (DP=14,30) para os homens e de
46,8 (DP=11,92) anos para as mulheres. As medianas foram 42 anos e 48 anos para
os sexos masculino feminino, respectivamente.
Quanto à escolaridade do sexo masculino, 9 (24,3%) pacientes possuíam ensino
fundamental, 15 (40,5%) possuíam ensino médio, 12 (32,4%) possuíam ensino superior
e 1 apenas paciente (2,7%) era analfabeto. Quanto ao sexo feminino, 36 (40,0%) das
pacientes possuíam ensino fundamental, 38 (42,2%) possuíam ensino médio e 28
(22,0%) possuíam ensino superior. Dados não informados para 49 (57,0%) pacientes
homens e 93 (50,8%) pacientes mulheres.
Em relação ao estado civil, 16 (43,2%) dos pacientes do sexo masculino
declararam-se solteiros, 21 (56,8%) declaram-se casados ou união estável, com dados
não informados para 49 (57,0%) pacientes. Em relação aos pacientes do sexo
feminino, 19 (20,2%) pacientes declaram-se solteiras, 52 (55,3%) pacientes casadas ou
união estável, 11 (11,7%) divorciadas, 12 (12,8%) pacientes viúvas, com dados não
informados para 89 (48,6%) pacientes.
Já em relação à profissão entre os homens, as que se destacaram foram
servidor público, pedreiro, auxiliar de pedreiro e autônomo, com prevalência de 4,9%
(N=5) cada uma destas profissões, sendo que 18 (17,6%) dos pacientes eram
aposentados (tabela 1). Quantos às profissões das mulheres, 73 (34,9%) pacientes
declararam ser donas de casa, 10 (4,8%) zeladoras, 13 (6,2%) empregadas
domésticas, e 20 (9,6%) declararam ser aposentadas (tabela 2).
Tabela 1. Distribuição dos pacientes homens segundo a profissão, Projeto de Extensão Educando e
Tratando o Tabagismo, 2012 a 2014.
Homens (n=81)*
Profissão
N*
%
Aposentado
15
18,5
Auxiliar de Pedreiro
5
6,2
Servidor Público
5
6,2
Autônomo
4
4,9
Pedreiro
4
4,9
Outras profissões
48
59,3
Fonte: os autores.
*Dados não informados para 5 (5,8%) homens.
Tabela 2. Distribuição das pacientes mulheres segundo a profissão, Projeto de Extensão Educando e
Tratando o Tabagismo, 2012 a 2015.
Mulheres (n=176)*
Profissão
N*
%
Dona de casa
64
36,4
Aposentada
16
9,1
Zeladora
9
5,1
Empregada doméstica
8
4,5
Professora
8
4,5
Auxiliar de serviços gerais
7
4
Técnica de enfermagem
6
3,4
Outras profissões
58
33
Fonte: os autores.
*Dados não informados para 7 (3,8%) mulheres.
Quando analisados outros estudos de perfil sociodemográfico, o estudo de De
Oliveira et al (2014), realizado com pacientes tabagista, não tabagistas e ex-tabagistas,
internados em uma enfermaria psiquiátrica, foi observado uma amostra de tabagistas
era composta predominante por pacientes do sexo masculino (46,8%), a faixa etária
predominante de 30 a 49 anos (38,3%), de estado civil solteiro (38,9%), sendo que
43,2% dos pacientes tabagistas possuíam apenas ensino fundamental.
Já no estudo de Russo e De Azevedo (2010), utilizando 53 pacientes que
buscaram tratamento ambulatorial para cessação do tabagismo em um hospital geral
universitário, o perfil sociodemográfico obtido foi uma predominância de 34 (64,2%) de
pacientes femininos, a média de idade geral foi de 48,11 (DP=10,91) anos, sendo 31
(58,5%) pacientes declarados casados, e com 39 (73,5%) pacientes possuindo apenas
o ensino fundamental. Quanto a investigação da profissão, apenas foi questionado se o
paciente estava trabalhando, desempregado ou afastado do trabalho, sendo que 25
(47,2%) dos pacientes estavam trabalhando no momento do estudo.
O estudo de Rondina et al (2005), sobre o perfil sociodemográfico do tabagismo
em estudantes universitários, a maioria eram do sexo masculino (n=49, 51,25%), com
idade entre 21 e 40 anos (n=58, 72,5%), solteiros (n=54, 80%).
Assim, quando comparados os resultados deste estudo, com os estudos
anteriormente apresentados, a predominância de pacientes do sexo feminino
concordou com o percentual obtido pelo estudo de Russo e De Azevedo (2010), sendo
que nossa média de idade de acordo com os sexos foi menor do que as obtidas por
esses autores. Quanto ao estado civil, a nossa amostra possuí predominância de
indivíduos solteiros do sexo masculino (54,1%) e de casados dentre o sexo feminino
(54,3%).
Quando comparada a escolaridade entre os sexos, este trabalho demonstrou
que a maioria dos pacientes possuíam ensino médio completo, diferente dos valores
obtidos por De Oliveira et al (2014) e de Russo e De Azevedo (2010), com uma
população predominantemente composta por indivíduos que possuíam o ensino
fundamental.
Quanto a análise da profissão, pode-se observar que tanto em paciente do sexo
feminino quanto do sexo masculino, a amostra era composta principalmente por
aposentados, e por profissões que não exigem ensino superior para serem exercidas, o
que contradiz com as frequências obtidas na análise da escolaridade dos nossos
pacientes. Essa contradição pode ser justificada devido à taxa de informação perdida
no campo escolaridade, que foi de 49 (56,97%) homens e 89 (48,63%) mulheres.
Conclusões
No projeto de extensão participaram principalmente pacientes do sexo feminino, idade
entre 40 e 50 anos, ensino médio completo, homens solteiros e mulheres casadas.
Com relação à profissão, a maioria aposentada ou com emprego. A obtenção deste
perfil sociodemográfico é fundamental auxiliar na compreensão da doença, auxiliando
os profissionais de saúde no delineamento de ações, acompanhamento e tratamento
dos pacientes, reconhecendo e respeitando as características particulares da
população atendida.
Agradecimentos
Agradecimentos à Fundação Araucária e Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Coordenação de
Prevenção e Vigilância (CONPREV). Abordagem e Tratamento do Fumante Consenso 2001. Rio de Janeiro: INCA, 2001. 38p.
CINCIRIPINI, P. M. et al. Tobacco addiction: implications for treatment and cancer
prevention. Journal of the National Cancer Institute, v. 89, n. 24, p. 1852-1867, 1997.
DE OLIVEIRA, R. M.; SANTOS, J. L. F.; FUREGATO, A. R. F. Perfil sociodemográfico
de tabagistas internados em enfermaria psiquiátrica de hospital geral. Revista
Brasileira de Enfermagem, v. 67, n. 3, p. 381, 2014.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA - INCA. A
situação do tabagismo no Brasil: dados dos inquéritos do Sistema Internacional de
Vigilância, da Organização Mundial da Saúde, realizados no Brasil, entre 2002 e 2009.
Rio de Janeiro: Inca, 2011. 76 p.
LARANJEIRA, R.; GIGLIOTTI, A. Tratamento da dependência de nicotina. Psiq Prat
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PROCHASKA, J. O.; GOLDSTEIN, M. G. Process of smoking cessation. Implications
for clinicians. Clinics in Chest Medicine, v. 12, n. 4, p. 727-735, 1991.
RONDINA, Regina de Cássia et al. A relação entre tabagismo e características sóciodemográficas em universitários. Psicologia, Saúde & Doenças, v. 6, n. 1, p. 35-45,
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RUSSO, A. C.; DE AZEVEDO, R. C. S. Fatores motivacionais que contribuem para a
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universitário. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 36, n. 5, p. 603-611, 2010.
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