História da América séculos XVI

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História da América séculos XVI-XVIII
Aula XI
Objetivo: analisar o processo de independência das Treze Colônias inglesas.
A) A caminho da independência.
No contexto da crise provocada pela tentativa inglesa de taxar os negócios, e após
a edição das leis coercitivas, em setembro de 1774, um congresso de representantes das
treze colônias, com a exceção da Geórgia, se reuniria em Filadélfia para discutir uma
posição conjunta, frente à ofensiva inglesa. Composto por 55 delegados, e não possuindo
unanimidade sobre a postura a adotar (havia mesmo aqueles que defendiam o direito do
parlamento inglês de regular o comércio imperial), o congresso acabaria dominado pelos
radicais, que conseguiriam aprovar as “Resoluções Suffolk”, condenando veementemente
os regulamentos comerciais britânicos.
Mais importante do que as resoluções foi a criação da “Associação Continental”,
que teria a responsabilidade de organizar o boicote contra o comércio com a metrópole
britânica. Cabia à associação estabelecer comissões nas cidades das colônias, com o
intuito de fiscalizar a adesão ao boicote, que poderiam mesmo impor sanções àqueles
que se recusassem a aderir. Por meio de persuasão e mesmo de violência física, as
comissões trabalharam na direção de romper a indiferença, e mesmo a oposição, com
que os colonos viam as ações dos radicais. Os colonos eram favoráveis a melhores
condições de comércio com a Inglaterra, mas não se mostravam muito dispostos a um
rompimento definitivo.
Junto com a ação das comissões, os eventos ocorridos em Massachusetts, entre
1774-1775, contribuíram definitivamente para a consolidação da cisão de interesses. Na
tentativa de contornar a insubordinação, o governo inglês enviaria tropas a Boston, sob o
comando do general Thomas Gage, que em abril de 1775, tentariam desarmar os
rebeldes e prender Samuel Adams e John Hancock, na cidade de Concord. Apesar da
derrota das tropas inglesas, os radicais enviaram mensagens para as colônias com a
notícia da ocorrência de um massacre de fazendeiros inocentes, o que provocou a
mobilização das pessoas, e a derrubada dos governadores reais.
Reunido em 10 de maio de 1775, o segundo Congresso Continental enviaria uma
petição ao rei, solicitando uma solução pacífica para a disputa. A recusa do rei fez com
que o congresso assumisse a liderança dos colonos armados, que haviam se dirigido à
Boston, após a notícia do massacre de fazendeiros. O comando da milícia foi entregue a
George Washington.
B) A construção da independência, 1775-1776.
O primeiro ano da guerra da independência foi marcado, mais pela construção da
unidade entre os rebeldes, do que pelos combates efetivos contra os ingleses. Havia que
ser superado o problema da falta de consenso entre os colonos. Um quinto da população
ficou a favor da Coroa, e existia, também, o grande temor do alistamento dos escravos
junto às tropas inglesas, devido à promessa de liberdade. Esses problemas seriam
superados com a repressão àqueles que se mantinham fiéis à Coroa, e com a decisão de
George Washington de acabar com a proibição do alistamento de negros nas tropas
rebeldes.
A ideia da independência total, somente ganharia força com a manutenção da
intransigência do governo inglês em não aceitar a autodeterminação da colônia, e da
perspectiva do apoio que poderia ser recebido da França, tradicional inimigo dos ingleses.
Em dois de julho de 1776, o Congresso Continental aprovaria a resolução que os Estados
Unidos deveriam ser livres e independentes. Dois dias depois era aprovada a Declaração
de independência, redigida por Thomas Jefferson, com a ajuda de Benjamin Franklin e
John Adams.
Paralelo a isto, a luta pela independência trouxe para a cena política homens que
não faziam parte da aristocracia colonial, mas que haviam participado ativamente da luta
contra a interferência do parlamento na vida da colônia, e não estavam dispostos a
reproduzir a estrutura política inglesa. Esses homens, junto com os liberais radicais da
aristocracia colonial (Richard Henry, Samuel e John Adams), acreditavam que a
Revolução Gloriosa (1688) havia estabelecido como direitos fundamentais do homem a
liberdade e a propriedade, e apoiados nas ideias do Segundo Tratado sobre o Governo
Civil, de John Locke, viam a função do Estado como limitada a garantir as liberdades
individuais de liberdade, vida e propriedade, atuando apenas como delimitador do
momento em que a liberdade de um indivíduo interferia com a liberdade dos demais.
Apresar
de
não
promover
nenhuma
drástica
modificação
na
estrutura
socioeconômica da colônia, a Revolução Americana estabeleceu a democracia e o
princípio da representatividade como pilares da estrutura política que se construiu. Isto,
antes de outros processos revolucionários, como a Revolução Francesa.
A questão do governo das colônias independentes ficou marcada pelo temor da
criação de um Estado que interferisse na vida e nos direitos dos cidadãos. Cada excolônia formaria um Estado, com sua constituição própria, seguindo o modelo liberal
lockeano da constituição da Virgínia. A obsessão com a limitação da interferência do
Estado fez com que fossem ampliados os critérios de representatividade e diminuído o
poder dos executivos estaduais. Estas medidas acabariam por abalar a hierarquia social,
possibilitando a ascensão de pessoas à margem das aristocracias locais.
No campo do governo central foi criada em 1777 uma confederação que
basicamente só poderia tratar da guerra, e dos assuntos externos aos Estados, não
podendo tomar medidas que interferissem nos interesses dos Estados, sem a
concordância destes.
C) A guerra de independência 1775-1783.
Em julho de 1776, o governo britânico atacaria decisivamente a sua ex-colônia. Um
exército de 32.000 homens, comandados por Willian Howe, desembarcou no posto de
Nova York, forçando os rebeldes a se retirarem. Os embates com as tropas lideradas por
Washington foram, na maioria das vezes, favoráveis aos ingleses. No verão de 1777, uma
força comandada por John Burgoyne desceria do Canadá, na tentativa de isolar as
colônias rebeldes. Apesar da perda da capital Filadélfia para Howe, o exército rebelde,
liderado por Horatio Gates e Benedict Arnold, conseguiu deter o avanço de Burgoyne no
Vale do Hudson, conseguindo a rendição deste na batalha de Saratoga, em dezembro de
1777.
A vitória em Saratoga foi de suma importância para o êxito norte-americano na
guerra, pois viabilizou a aliança com os franceses, que passaram a vislumbrar a
possibilidade de vitória dos rebeldes. O acordo com a França trouxe além do apoio
financeiro, fornecido também por Espanha e Holanda, o reforço do contingente militar, e a
aquisição de poderio naval, fundamental para a vitória sobre a segunda ofensiva inglesa,
desencadeada em dezembro de 1778, nas colônias do sul, sob o comando de Lorde
Cornwallis.
A agressividade de Cornwallis rendeu-lhe algumas vitórias, contudo, falhou ao
tentar penetrar no interior das colônias sulistas, ficando cercado pela resistência sulista,
comandada por Nathanael Greene, pelo exército franco-americano, comandado por
George Washington, vindo do norte, e pela esquadra francesa, sendo obrigado a renderse em outubro de 1781. A derrota de Cornwallis evidenciava a dificuldade que a Inglaterra
enfrentava na guerra. Apesar do poderio militar superior, era difícil manter uma guerra
sem quartel, com o envio de tropas e suprimentos dependendo da travessia do Atlântico.
Aliado a isto, as táticas de guerrilha utilizadas pelos rebeldes, no interior, minimizavam a
superioridade bélica dos britânicos.
A solução diplomática começava a se tornar atraente para os dois lados. Contudo,
a aliança franco-americana estava atrelada á aliança franco-espanhola, que tinha como
objetivo a reconquista de Gibraltar pelos espanhóis, que impossibilitava um acordo direto
com os ingleses. A superação do impasse veio quando os norte-americanos descobriram
a existência de negociações entre França, Inglaterra e Espanha para o controle de
regiões do Vale do Mississipi. As negociações com a Inglaterra foram rápidas, visto que
havia o interesse inglês de quebrar a aliança franco-americana. O acordo, firmado em
1782, era vantajoso para os norte-americanos, pois aumentava o seu território, agora indo
do atlântico ao Mississipi, e do Canadá até a fronteira com a Flórida. A assinatura,
contudo, somente se daria em 1783 quando a Espanha aceitou a Flórida como
compensação pela perda de Gibraltar.
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