A importância de Santarém

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Revista “Cabral, o Viajante do Rei” - 4ª Edição
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A importância de Santarém
Santarém é, em Portugal, uma das cidades que mais importância alcançou ao
longo dos séculos. A presença humana na sua área está atestada já no Neolítico, mas é na
Antigüidade que Santarém começa a adquirir notoriedade.
Em meados do século II a. C. os romanos chegaram ao rio Tejo, identificando a
povoação Scallabis como uma das principais da região.
Scallabis era situada no morro onde hoje se localiza o Jardim das Portas do Sol,
que nas épocas árabe e medieval era chamado de alcáçova por causa do forte castelo que
aí havia. No século I a. C. Caio Júlio César teria estabelecido, junto desse castelo, um
acampamento de soldados romanos, transformado mais tarde em uma colônia romana
chamada Praesidium Julium, que ficou como epíteto da colônia scalabitana. Lá foi
estabelecido, no Século I, a sede de um dos conventos jurídicos da Província da Lusitânia,
cuja área de jurisdição dependente de Santarém abarcava a grande região que ia desde o
rio Douro até o norte do Alto Alentejo e as proximidades da atual fronteira de Portugal.
Com a queda do Império Romano, Santarém seria ocupada, no Século V, pelos
visigodos. Foi talvez em finais do Século VIII que o topônimo Scallabis começou a ser
substituído pelo de Santarém, devido ao culto que na cidade se começou a prestar a Santa
Iria.
No Século VIII Santarém foi invadida pelos muçulmanos. Durante as guerras da
Reconquista Cristã, que corresponde ao crescimento do reino de Leão, foi palco de lutas
entre cristãos e mouros até que, em 1147, foi conquistada por D. Afonso Henriques e
integrada no recém-criado reino de Portugal.
Mesmo sob a categoria de vila – foi promovida à cidade somente em 1868 –
Santarém foi, durante a Idade Média, uma das povoações mais importantes de Portugal.
Em 1340, numa crônica portuguesa, foi considerada como a “cabeça,” isto é, a capital do
reino de Portugal. Tal importância vinha de sua grande riqueza agrícola: as lezírias das
margens do Tejo eram as mais férteis de Portugal em cereais, azeite e vinho. Além disso,
sua localização geográfica era estratégica para os monarcas. Por tal motivo Santarém foi,
freqüentemente, palco de reuniões de cortes com representantes do clero, da nobreza e do
povo. Os reis sabiam que o acesso à Santarém era fácil, tanto pelo rio Tejo quanto quer
por terra. Santarém era um importante entroncamento de vias que vinham do interior e
do norte do país, de Lisboa, das vilas a ocidente e do sul – isto é, do Alentejo e do
Algarve.
Por tudo isso Santarém foi escolhida como residência principal de muitos reis e
nobres. D. João II, por exemplo, durante o seu reinado – (1481-1495) – viveu mais tempo
em Santarém do que em Évora ou Lisboa. Só depois dele é que os reis de Portugal
começaram a residir menos tempo em Santarém – já se evidenciava a macrocefalia de
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Lisboa, a partir do Século XVI.
O desenvolvimento econômico e a importância política de Santarém permitiu a
construção de notáveis igrejas, conventos e outros monumentos entre os séculos XII e
XV, que a transformaram na “Capital do Gótico”. Em tal estilo artístico ainda se podem
ver os seguintes monumentos: a Igreja de São João do Alporão, os conventos de São
Francisco , de Santa Clara e de Almoster, a Fonte das Figueiras e a Igreja da Graça.
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Porta do Sol - Trecho da Muralha de Alcáçova
O jardim das Portas do Sol, envolvido pelas velhas muralhas, é sem dúvida, um
dos mais belos mirantes do Ribatejo. Lá embaixo, o Tejo sinuoso e calmo e, mais além, a
imensa lezíria. Escavações efetuadas na área do jardim colocaram a descoberto várias
estruturas romanas e uma tinturaria muçulmana.
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