Por que estudar organizações? Uma reflexão sobre as

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Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017
Por que estudar organizações?
Uma reflexão sobre as dez teses de doutorado mais relevantes
de 2010 a 2016
Elvis Magno da Silva, (FAMINAS), [email protected]
Douglas Henrique de Oliveira, (FADMINAS), [email protected]
Sibila Fernanda Martins Silva, (FAMINAS), [email protected]
Resumo: Tomamos como problema de pesquisa a questão: “por que estudar organizações?”.
Assim sendo, o objetivo deste artigo é apresentar as razões pelas quais devemos estudar
organizações. Para alcançar o objetivo, consultamos a base de dados de teses e dissertações
(Ibict) com a intenção de identificar as dez teses mais relevantes nos estudos organizacionais
de 2010 a 2016 e levantar as justificativas de seus estudos. As teses foram apresentadas nos
capítulos 3 e 4. Sendo que o cap.3 trata sobre um breve resumo da tese, o cap.4 as
justificativas em si. Ao final deste trabalho foi feito uma apreciação das as justificativas das
dez teses nas considerações finais. Dentre os resultados apresentados nas considerações
finais, destacamos o fato dos estudos organizacionais contribuírem na propagação e
produção de conhecimento de forma científica. A geração de conhecimento científico, por si
só já é uma justificativa relevante para as pesquisas na área.
Palavras-chave: Estudos organizacionais. Justificativas de se estudar organizações. 10
teses de doutorado mais relevantes.
Why study organizations?
A reflection on the ten most relevant doctoral theses from 2010 to 2016
Abstract: We have as a research-problem the question: "Why study organizations?”.
Therefore, the purpose of this paper is to present the reasons why we should study
organizations. To reach the objective, we consult the database of theses and dissertations
(Ibict). We intend to identify the ten most relevant theses in organizational studies from 2010
to 2016 and we intended to raise the justifications for your studies. The theses were presented
in Chapters 3 and 4. Being that: chapter 3 speaks about the "subject of the thesis", chapter 4
addresses the justifications. At the end of this work, an evaluation was made of the
justifications of the ten theses. Among the results presented in the final considerations, we
highlight the fact that organizational studies contribute scientifically to the production of
knowledge. The generation of scientific knowledge alone is already a relevant justification for
research in the field.
Keywords: Organizational studies. Justifications of studying organizations. 10 most relevant
doctoral theses.
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1 Introdução
Desde o século XIX, diversos cientistas, como os sociólogos, os antropólogos e os
psicólogos iniciaram a produção de obras inovadoras nas universidades, tentando
entender e compreender as culturas “primitivas” e as culturas “desenvolvidas”, nos
seus aspectos particular e universal, fazendo assim uma reflexão sobre a situação
humana e seus comportamentos nas organizações. (OLIVEIRA, 2002).
Esse foi o nascedouro dos estudos organizacionais (claro de uma forma muito
simplória e resumida). Pois desde então vem crescendo o interesse dos acadêmicos
espalhados por todo mundo sobre as relações entre pessoas e organizações. O que
dantes era apenas um objeto para filósofos, teólogos e dramaturgos, passa-se a ser
objeto científico para psicólogos, sociólogos e antropólogos. Posteriormente, no final
do século XIX e início do século XX com o advento da administração como ciência, os
estudos organizacionais ganharam mais força, passando a ter um lugar fixo no campo
de atuação da administração.
Mas “por que estudar organizações? ”. Essa esta questão passou a ser nosso
problema de pesquisa. Logo, o objetivo deste artigo é apresentar razões pelas quais
devemos estudar organizações. Para alcançar o objetivo do trabalho, consultamos a
base de dados de teses e dissertações (Ibict) com a intenção de identificar as dez
teses mais relevantes nos estudos organizacionais de 2010 a 2016 e levantar as
justificativas de seus estudos.
Na sequência deste artigo, será apresentado a metodologia do trabalho (cap.2). Nesta
metodologia, será apresentada o tipo de pesquisa e sua definição acadêmica, bem
como a explicação de como foi realizado a busca, quais termos foram pesquisados e
quais filtros foram utilizados na base de dados. Os capítulos 3, 4, tratam
especificamente das dez teses levantadas nesta pesquisa. O capítulo 3 apresenta
uma visão geral do que foi a tese, qual assunto trata e seus desdobramentos. No
capítulo 4 é abordado as justificativas das teses, ou seja, porquê foi importante o
estudo realizado, qual a relevância do tema de pesquisa. Por fim, será apresentado
nas considerações finais (cap.5) a sugestão de resposta de porquê estudar
organizações. Essa resposta passa a ser então, a justificativa do projeto de tese a
ser apresentada para banca.
2 Metodologia
Para realização desse trabalho foi feita uma pesquisa descritiva utilizando, para tal, a
metodologia de pesquisa bibliográfica. Vergara (2000, p. 48) define a pesquisa
bibliográfica como sendo “um estudo sistematizado com base em material publicado
e acessível ao público”. Colaborando com Vergara (2000) Medeiros (2007, p.49)
ainda diz que pesquisa bibliográfica se constitui num procedimento formal para a
aquisição de conhecimento sobre a realidade. E que ainda, exige pensamento
reflexivo e tratamento científico. Este se aprofunda na procura de resposta para todos
os porquês envolvidos pela pesquisa.
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Desta forma, para levantamento bibliográfico deste artigo, foi utilizado a base de
dados BDTD Ibict localizado no sítio: <http://bdtd.ibict.br/vufind>. Foi utilizado o termo
“organizações” na consulta e o filtro marcado por relevância e dados carregados no
período de 2010 a 2016.
Das 100 teses mais relevantes consultadas em 21 dez. 2016. Separamos as 10 teses
na área de estudos organizacionais que apareceram primeiro. Cabe esclarecer que
apensar de termos consultado o termo ‘organizações’ a pesquisa retornou teses em
diversas áreas, como economia, finanças, saúde entre outras. O uso de um termo
abrangente para consulta foi possibilitar a base de dados retornar um maior número
de teses para consulta. Das 100 primeiras teses, 15 foram da área de estudos
organizacionais. Devido a limitação de tamanho para o artigo acadêmico, optamos por
apresentar apenas as 10 mais relevantes segundo a consulta do Ibict.
3 As dez teses mais relevantes
Serão apresentadas a seguir as dez teses mais relevantes levantadas em nossa
pesquisa. Eles estão na ordem de relevância na consulta da base de dados BDTD
Ibict.
3.1 Paula (2015)
O primeiro dos trabalhos a fazermos menção neste artigo é o de Paula (2015) da
Universidade Federal de Minas Gerais do Departamento de Ciências Administrativas
que foi publicado no caderno de estudos organizacionais da Fundação Getúlio Vargas
(EBAPE.BR). O título do trabalho foi “Para além dos paradigmas nos Estudos
Organizacionais: o Círculo das Matrizes Epistêmicas”. Em seu trabalho a autora
apresentou um esboço de proposição para orientar os estudos organizacionais. Mais
especificamente o Círculo das Matrizes Epistêmicas. A autora inspirada por Thomas
Kuhn (apoiando-se na tese da incomensurabilidade dos paradigmas) e em Gibson
Burrell e Gareth Morgan (com o diagrama dos paradigmas sociológicos) discorre em
meio a esta “guerra dos paradigmas”. Como o Círculo das Matrizes Epistêmicas a
autora também proporciona um esquema para orientação dos estudos
organizacionais. Ela vem baseada em Habermas e defende a tese da incompletude
cognitiva, sugerindo que o conhecimento sociológico e organizacional se desenvolve
de acordo com a tese das reconstruções epistêmicas. Para realizar essas proposições
e elaborações, apresentou o debate sobre a guerra paradigmática na literatura e
questionou a adequação dos paradigmas sociológicos de Gibson Burrel e Gareth
Morgan para os estudos organizacionais. A autora problematizou a influência que os
autores Burrel e Morgan sofreram dos paradigmas e da lógica kuhniana. Nas seções
seguintes, há uma exposição da proposição alternativa que é o Círculo das Matrizes
Epistêmicas, e também, a defesa da tese da incompletude cognitiva e das
reconstruções epistêmicas, a fim de trazer uma nova teoria dos desenvolvimentos do
conhecimento para a área. Por fim, a autora apresenta as conclusões e reflexões para
futuras pesquisas. (PAULA, 2015).
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3.2 Heinzmann (2011)
O segundo trabalho a ser apresentado é o de Heinzmann (2011) da Universidade
Regional de Blumenau cujo título é: Cultura de organizações em diferentes estágios
de internacionalização. A autora focou em seu trabalho a identificação e mapeamento
da cultura organizacional, seus valores e dimensões nos diferentes estágios de
internacionalização das empresas. A identificação da cultura organizacional foi feita
com base (e adaptado) do modelo de mapeamento Organizational Culture Profile
(OCP) de O’Reilly e outros de 1991 que foi revisado por Sarros e outros no ano de
2005 e adaptado das dimensões de cultura organizacional de Bates e outros de 1995.
Já sobre a verificação dos estágios de internacionalização em que se encontram as
empresas, o autor fez uso da cadeia de estabelecimento do Modelo de Uppsala de
Johanson e Wiedersheim-Paul de 1975 e Johanson e Vahlne de 1977. O autor salienta
que em seu trabalho que os fundamentos do modelo de Uppsala em si não serão
discutidos.
3.3 Oliveira (1996)
A pesar do filtro de postagem estar para 2010 a 2016, a busca retornou o trabalho de
Oliveira (1996). Subtendemos que seu trabalho foi postado (ou repostado) dentro
desta data. Julgamos que por ser o terceiro trabalho mais relevante na área
organizacional apresentado pela ferramenta de busca, este irá compor nossa
pesquisa. A tese de Oliveira (1996) tem como título a “Racionalidade e organizações:
o fenômeno das organizações substantivas” do curso de pós stricto senso da EAESP
da Fundação Getúlio Vargas. O trabalho tratou sob a perspectiva geral da
emancipação do homem no âmbito do trabalho, tratou também do tema de
racionalidade em organizações produtivas, enfocando-o mediante a abordagem
substantivas da organização, conforme proposta por Guerreiro Ramos e a teoria da
ação comunicativa de Hebermas. O autor elabora em sua tese um quadro de análise
pelo qual examina empiricamente três empresas de Salvador, Bahia, na intensão de
demonstrar como a razão instrumental e a razão substantiva se concretizam na prática
administrativa. A partir de então é definido organizações substantivas e, estabelece
uma escala de intensidade de racionalidade substantiva que pode ser aplicada para a
análise de qualquer organização produtiva. (OLIVEIRA, 1996).
3.4 Alcoforado (2012)
A tese de Alcoforado (2012) é da Escola da Administração da Fundação Getúlio
Vargas foi na área de gestão pública. Seu trabalho foi investigar os obstáculos à
implementação do modelo de organizações sociais no Brasil; especialmente na área
de Ciência e Tecnologia do Governo Federal. O autor pretendeu demonstrar que os
controles previstos para a reforma gerencial da Administração Pública foram
adicionados aos controles clássicos já utilizados, causando assim uma sobreposição
de controles no modelo “OS” (Modelo das Organizações Sociais), que passou a ter
que aferir os resultados, adotar mecanismos de transparência e accountability e,
também, utilizar-se dos controles clássicos de procedimentos previstos na teoria
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burocrática. A análise de Alcoforado (2012) mostrou que os pressupostos da reforma
gerencial aplicáveis ao modelo OS vem sendo utilizado e as entidades apresentam
resultados satisfatórios no que diz respeito a agilidade e a gestão por resultados
oriundos de contratos de gestão. Entretanto, é mencionado que os controles previstos
para o modelo gerencial se somaram aos controles clássicos, do paradigma
burocrático, já praticados nos órgãos da administração pública.
3.5 Silva (2013)
A tese de Silva (2013) da Universidade Presbiteriana Mackenzie apresentou o título
“Aprendizagem nas organizações: uma análise de grupos multifuncionais de
empresas do ramo automotivo” e foi defendida em 2013. Seu trabalho abordou os
principais processos de aprendizagem que ocorrerem em grupos multifuncionais de
Planejamento Avançado da Qualidade do Produto (APQP) que atuam em empresas
fornecedoras de autopeças. No arcabouço teórico proposto pelo autor está pautada
na concepção de aprendizagem individual e coletiva desenvolvida por Nancy Dixon e
na perspectiva da aprendizagem em nível grupal especialmente tratada nos estudos
de Amy C. Edmondson e colaboradores. A pesquisa de campo foi desenvolvida em
uma perspectiva qualitativa, de natureza descritiva e interpretativa. Com a finalidade
de atingir os objetivos propostos na tese, Silva (2013) foram entrevistados integrantes
de grupos multifuncionais de duas organizações distintas as quais foram identificadas
como Alfa e Beta. Foi utilizado os templates propostos por Nigel King (uso de códigos
obtidos a partir do referencial teórico). Os resultados mostraram que a segurança
psicológica instaurada no âmbito grupal e coletivo, a aprendizagem ocorre quando o
grupo inteiro consegue convergir seus conflitos e discussões internas em consensos.
3.6 Pimentel (2012)
Pimentel (2012) da Universidade Federal de Juiz de Fora defendeu sua tese em 2012
cujo título foi “Espaço, identidade e poder: esboço de uma teoria morfogenética e
morfostática para a sociologia das organizações”. Em sua tese o autor propõe a
reafirmação da dimensão ontológica da realidade, bem como seus rebatimentos na
dimensão epistemológica que trata da possibilidade do conhecimento e das condições
para sua ocorrência. Desta maneira, seu trabalho oferece no âmbito da teoria social,
uma forma de tratar da ontologia social e a estruturação da ação coletiva e seu
resultado, em termos de elaboração de uma “entidade” socialmente real. Como
resultado o autor identificou a existência de três estruturas gerativas, o espaço, a
identidade e o poder. Todas envolvendo componentes que se manifestam sob
diferentes modos de realidade, a material, ideal e social. Os processos de
enquadramento e fixação, de identificação e diferenciação, e de delegação e
representação (respectivamente) conduzem às interações entre os indivíduos e à
aquisição de padrões específicos bem como à dos estágios de aproximação e
agregação. Apesar desse modelo se aplicar especificamente à análise da ação
coletiva e de não ter sido validado empiricamente, sua contribuição original reside no
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fato de fornecer a elaboração de um quadro teórico suficientemente amplo e, ao
mesmo tempo, específico para a análise das organizações. (PIMENTEL, 2012, p. 11).
3.7 Franco (2011)
Com o título “Comunicação, cognição e acaso nas organizações: uma pesquisa sobre
os novos modelos empresariais da economia digitalizada” da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, a tese de doutorado de Franco (2011) abordou a investigação
teórica multidisciplinar sobre as mudanças e evoluções ocorridas na comunicação
midiatizada das organizações empresariais na economia digitalizada. Em seu
trabalho, é abordado a comunicação tecnológica como objete da pesquisa que foi
estudada de forma analítica e conceitual, pressupondo-se ser um fator diferencial
estratégico. Em sua tese, a comunicação organizacional empresarial é entendida
como estratégia de manutenção e existência da empresa, não se colocando entre as
atividades pré-determinadas. Muitas vezes se equivoca com a própria organização; e
os novos modelos empresariais da era da internet significam que o sucesso não
precisa ser o fruto de longo tempo de planejamento, mas uma decorrência de
circunstâncias que confluíram para os resultados positivos. (FRANCO, 2011).
3.8 Sólio (2010)
Sólio (2010) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul defendeu a tese
intitulada “Comunicação e psicanálise me uma abordagem complexa sobre as
organizações e seus sujeitos” defendida no ano de 2010, que buscou evidenciar que
as relações ente capital e trabalho se dão na instância da subjetividade e são mais
complexas do que podem aparentar. Desta forma, exige-se das organizações que
desenvolvam uma “escuta” na direção de seus sujeitos. A autora defendeu a tese de
que as organizações precisam perceber sua relação com os empregados como algo
complexo e que se alimenta recursivamente da própria qualidade, o que exige, mais
do que diálogo permanente, espaço para a transformação, ao contrário do que se
encontra, ou seja, uma relação, linear e estática. Além de longa vivência em
organizações dos mais diversos setores (indústria, comércio e serviços), por mais de
duas décadas, buscou-se (segundo a autora) fundamentação em três grandes áreas
do conhecimento, a comunicação, os estudos organizacionais e a psicanálise. Para a
fundamentação teórica, a experiência vivencial e o material obtido em dois grupos de
organizações pesquisadas, foi adotado o paradigma da complexidade de Edgar Morin.
(SÓLIO, 2010).
3.9 Guimarães (2016)
Da Escola da Administração da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Guimarães
(2016, p.9) defendeu a tese: Relações entre trabalho, consumo e criação de valor para
as organizações: o caso Trendwatching. O objetivo de sua tese foi compreender, a
partir das categorias trabalho e consumo, como se estabelecem as relações das redes
de colaboração da empresa de tendências de consumo Trendwatching. No âmbito
acadêmico, a literatura recente mostra o aparecimento de novos conceitos, como
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“prosumer, co-criação e públicos produtivos para explicar as transformações no
mundo do trabalho que envolvem cada vez mais a participação do consumidor para
que o valor se realize”. Os resultados da pesquisa de Guimarães (2016) permitiram
mostrar que o spotter (assim chamado o indivíduo que compõe a rede a colaboração
da Trendwatching) é o principal produto/serviço vendido pela empresa. A partir das
categorias finais, retorna-se à pergunta de pesquisa, de modo a providenciar
contribuições da tese para o campo.
3.10 Thome (2012)
A tese de Thome (2012) da Universidade de São Paulo tem o título “O princípio da
igualdade em gênero e a participação das mulheres nas organizações sindicais de
trabalhadores”. Seu trabalho trata da importância da participação das trabalhadoras
nas organizações sindicais de trabalhadores como forma de luta contra a
desigualdade em razão de gênero no mercado de trabalho. Sua tese aborda a divisão
sexual do trabalho e os papéis estereotipados de gênero. Foi necessário em seu
trabalho medidas de discriminação positiva para combater as dificuldades existentes
para a participação das mulheres nas organizações sindicais de trabalhadores.
4 Justificativas: por que estudar organizações?
Neste tópico serão apresentados algumas das justificativas dos autores das teses, no
intuito de elucidas alguns dos ‘porquês’ de se estudar organizações. A primeira
justificativa vem de Paula (2015, p.26) que no tocante aos estudos de matrizes
epistêmicas a autora afirma que “são um referencial para os sistemas de produção de
conhecimento, que denomino abordagens sociológicas”. Em outras palavras, seu
estudo se justifica por auxiliar na produção de conhecimentos em especial na
sociologia das organizações.
Concordando com Paula (2015), Heinzmann (2011, p. 25) coloca que seu trabalho é
relevante “por contribuir para geração de um conhecimento sobre uma visão
diferentes do estudo da cultura de organizações, visão esta que relaciona valores e
dimensões da cultura organizacional com os estágios de internacionalização da
cadeia de estabelecimento Modelo Uppsala”. A relevância então se encontra na
proposição do aumento do conhecimento nesta área de forma inovadora.
O trabalho de Oliveira (1996) se justifica principalmente porque há um impasse
representado pela incapacidade de demonstrar a concretização da racionalidade
substantiva na prática administrativa desenvolvidas em organizações produtivas reais.
Ou seja, não se consegue provar no campo a existência da racionalidade substantiva.
Por este motivo, sua tese tem um estudo minuciosa de campo no intuito de preencher
esta lacuna.
A justificativa dada por Alcoforado (2012) é que seu estudo irá promover uma
discussão teórica sobre os modelos de gestão pública existentes, com ênfase nas
questões gerenciais. Esta discussão segundo o autor possibilitará na criação das
organizações sociais no âmbito federal e mais especificamente na área de Ciência &
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Tecnologia do Governo Federal. Por esta possível melhora no serviço público se dá a
importância de se estudar organizações.
Uma das justificativas dadas por Silva (2013) é que pode ser observado que nos
últimos anos tem havido um significativo aumento no uso de grupos multifuncionais
como abordagem essencial para organizar o trabalho em empresas de diversos
segmentos. Como exemplos, o autor apresenta: grupos de desenvolvimento de
produtos, grupos de brainstorming e grupos de gestão. Todos acompanham uma
mudança para uma perspectiva multifuncional e isso se deve principalmente às suas
diferentes orientações para atingir as relações interpessoais incompatíveis e aos
princípios profissionais de cada membro. Passa-se então os estudos em organizações
como uma tendência para acompanhar as mudanças oriundas das empresas.
No tocante ao porquê estudar organizações, Pimentel (2012, p. 44) justifica-se pela
relevância teórica e pelos desdobramentos práticos que uma nova e supostamente
mais adequada concepção da realidade organizacional pode trazer. Esta relevância
teórica pauta-se no fato de se dedicar à discussão de um tema de “ponta” no cenário
internacional, alçando o status da prática de pesquisa científica no campo da
sociologia em geral e da sociologia das organizações. E que é relativamente recente
e pouco difundido promovendo assim o avanço deste campo da ciência.
Franco (2011, p.14) afirma que a justificativa para elaboração de sua pesquisa é
ampla. Cita que a relevância teórica do tema voltado para as comunicações, cognição
e acaso nas organizações podem ser constatadas nas obras de autores como: Jeremy
Rifkin, Gareth Morgan, Pierre Lèvy, Manuel Castells, Don Tapscott, Douglas Aldrich,
Albert Robin, Lucia Santaella, Eugêncio Trivinho, David Harvey, e Jesus Barbero, que
consideram as mudanças ou evoluções como características da nova era. Menciona
que alguns destes autores podem ser considerados como “pós-modernos, diante da
maneira peculiar como abordam os temas, com visão ampla e crítica, como um
fenômeno sócio cultural e não apenas em suas especificidades dentro das
organizações”.
Uma das justificativas levantadas por Sólio (2010, p. 24) é que a reflexão sobre os
vários discursos presentes no cotidiano das organizações é oportuna em uma
perspectiva de causa e efeito. Para a autora, esta circularidade revelam uma prática
das relações∕comunicação, que, por sua vez, materializa-se em novo discurso, em
uma relação artificial de forças, enfrentamentos e contradições. Para a autora, “a luta
de classes se configura como um dos aspectos de uma luta permanente, que lhe é
maior e anterior, inerente à gênese e à psique do homem”. E que os estudos
marxistas, “que privilegiaram, ao longo dos anos 60, a questão da luta de classes
como motor das relações, ao que quer parecer, contemplavam a parte como se, na
verdade, fosse o todo”. Por isso, o estudo das relações de poder, das relações de
classes e das relações entre discurso e prática são atuais e relevantes para os estudos
organizacionais.
A justificativa levantada por Guimarães (2016) em sua tese foi a importância que o
tema da co-criação e seus inúmeros sinônimos e também sobre aspectos envolvendo
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multidões tem tido nas áreas de marketing e estudos organizacionais. Que apesar das
discussões existentes, ainda existem espaços inexplorados que envolvem a interface
entre valor, trabalho e consumo. Por este motivo o tema é tão interessante tanto para
os estudos organizacionais quanto para o marketing.
Thome (2012) apresenta dois motivos principais para justificar a escolha do tema de
sua tese. Para o autor, em primeiro lugar vem a importância e abrangência da questão
da igualdade entre homens e mulheres para a efetividade dos direitos sociais e a
escassa existência de medidas que fomentem e protejam o mercado de trabalho
feminino no Brasil. Em segundo lugar, se dá em virtude da escassez de estudos
científicos sobre a atuação das mulheres nas organizações sindicais de trabalhadores.
5 Considerações finais
Foi apresentado neste trabalho as dez teses de doutorado mais relevantes para os
estudos organizacionais nos últimos seis anos (2010 a 2016). As teses foram
apresentadas na ordem de relevância segundo consulta feita na base de dados Ibict
em dezembro de 2016. Isto se deu por que o objetivo de nosso trabalho foi apresentar
razões pelas quais devemos estudar organizações. No capítulo 4 foram apresentadas
as justificativas dos autores das dez teses mais relevantes na área. Iremos neste
momento apreciar algumas desta justificativas para finalizar esta pesquisa.
Primeiramente destacamos o fato da contribuição dos estudos organizacionais na
propagação e produção de conhecimento de forma científica. A geração de
conhecimento científico, por si só já é uma justificativa relevante para as pesquisas na
área. Contribuindo com este argumento, cabe ressaltar que além de gerar
conhecimento, os estudos organizacionais advindos da administração possibilitam
uma visão diferenciada dos estudos oriundos da sociologia, antropologia e psicologia.
Outro ponto a ser considerado é que nos estudos organizacionais há uma relação
entre pessoas e organizações que vai além do objetivo (explicito) são as relações
implícitas. Não se consegue provar em campo a existência da racionalidade
substantiva. Devido esta dificuldade se faz necessário aumentar esforços para este
campo do conhecimento na intensão de elucidar as relações implícitas e subjetivas.
Os estudos organizacionais também permitem uma melhora na eficiência das
organizações, sejam elas públicas ou privadas. Melhorando assim a prestação de
serviços, a satisfação dos colaborados dentre outros tantos benefícios advindos desta
área de estudos. Isto se dá porque vem aumentando o trabalho de grupos
multifuncionais nas empresas e estudos organizacionais pode auxiliar a minimizar os
conflitos dentro destes grupos possibilitando focar mais claramente nas metas de
trabalho.
A relevância do tema ‘organizações’ também permite desdobramentos práticos
advindos de uma nova e mais adequada concepção da realidade da organização.
Desta maneira o estudo teórico atrelado ao estudo de caso prático possibilita os
pesquisadores em organizações proporem ações que de fato possam mudar a
realidade das empresas para melhor. Essas ações, pautadas em pesquisas
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contribuem então para o desenvolvimento não só da empresa, mas também das
ciências sociais aplicadas.
Um dos principais problemas das organizações apontado por vários autores como
Sólio (2010) e Franco (2011) é a falta ou a má comunicação. Os estudos
organizacionais são uma forma de minimizar estes problemas, propondo uma reflexão
sobre os vários discursos presentes no cotidiano das organizações. O estudo deste
tipo de problema pela perspectiva organizacional viabiliza o melhoramento das
empresas, buscando assim sua excelência.
Outro problema que pode ser minimizado com os estudos organizacionais é a luta de
classes provenientes das relações de poder. O conflito entre o poder formal e o poder
informal pode ser objeto dos estudos organizacionais. O conhecimento dele em uma
instituição permitirá uma abordagem mais assertiva no tocante a extinção ou controle
deste problema. Isso sem mencionar os estudos em conflitos de gênero, raça, cultura
entre outros.
Bem, somente com essas dez teses seria possível lista ao menos outras dez
justificativas do porquê estudar organizações. De forma resumida, os estudos
organizacionais se justificam porque vivemos em um mundo de instituições
organizacionais. Nascemos e vivemos (na maioria dos casos) dentro da instituição: a
família. Fomos trazidos a este mundo por outra instituição: hospital. Crescemos e nos
educamos na escola. E vivemos trabalhando nas empresas, seja própria ou de
terceiros.
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