Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 Por que estudar organizações? Uma reflexão sobre as dez teses de doutorado mais relevantes de 2010 a 2016 Elvis Magno da Silva, (FAMINAS), [email protected] Douglas Henrique de Oliveira, (FADMINAS), [email protected] Sibila Fernanda Martins Silva, (FAMINAS), [email protected] Resumo: Tomamos como problema de pesquisa a questão: “por que estudar organizações?”. Assim sendo, o objetivo deste artigo é apresentar as razões pelas quais devemos estudar organizações. Para alcançar o objetivo, consultamos a base de dados de teses e dissertações (Ibict) com a intenção de identificar as dez teses mais relevantes nos estudos organizacionais de 2010 a 2016 e levantar as justificativas de seus estudos. As teses foram apresentadas nos capítulos 3 e 4. Sendo que o cap.3 trata sobre um breve resumo da tese, o cap.4 as justificativas em si. Ao final deste trabalho foi feito uma apreciação das as justificativas das dez teses nas considerações finais. Dentre os resultados apresentados nas considerações finais, destacamos o fato dos estudos organizacionais contribuírem na propagação e produção de conhecimento de forma científica. A geração de conhecimento científico, por si só já é uma justificativa relevante para as pesquisas na área. Palavras-chave: Estudos organizacionais. Justificativas de se estudar organizações. 10 teses de doutorado mais relevantes. Why study organizations? A reflection on the ten most relevant doctoral theses from 2010 to 2016 Abstract: We have as a research-problem the question: "Why study organizations?”. Therefore, the purpose of this paper is to present the reasons why we should study organizations. To reach the objective, we consult the database of theses and dissertations (Ibict). We intend to identify the ten most relevant theses in organizational studies from 2010 to 2016 and we intended to raise the justifications for your studies. The theses were presented in Chapters 3 and 4. Being that: chapter 3 speaks about the "subject of the thesis", chapter 4 addresses the justifications. At the end of this work, an evaluation was made of the justifications of the ten theses. Among the results presented in the final considerations, we highlight the fact that organizational studies contribute scientifically to the production of knowledge. The generation of scientific knowledge alone is already a relevant justification for research in the field. Keywords: Organizational studies. Justifications of studying organizations. 10 most relevant doctoral theses. Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 1 Introdução Desde o século XIX, diversos cientistas, como os sociólogos, os antropólogos e os psicólogos iniciaram a produção de obras inovadoras nas universidades, tentando entender e compreender as culturas “primitivas” e as culturas “desenvolvidas”, nos seus aspectos particular e universal, fazendo assim uma reflexão sobre a situação humana e seus comportamentos nas organizações. (OLIVEIRA, 2002). Esse foi o nascedouro dos estudos organizacionais (claro de uma forma muito simplória e resumida). Pois desde então vem crescendo o interesse dos acadêmicos espalhados por todo mundo sobre as relações entre pessoas e organizações. O que dantes era apenas um objeto para filósofos, teólogos e dramaturgos, passa-se a ser objeto científico para psicólogos, sociólogos e antropólogos. Posteriormente, no final do século XIX e início do século XX com o advento da administração como ciência, os estudos organizacionais ganharam mais força, passando a ter um lugar fixo no campo de atuação da administração. Mas “por que estudar organizações? ”. Essa esta questão passou a ser nosso problema de pesquisa. Logo, o objetivo deste artigo é apresentar razões pelas quais devemos estudar organizações. Para alcançar o objetivo do trabalho, consultamos a base de dados de teses e dissertações (Ibict) com a intenção de identificar as dez teses mais relevantes nos estudos organizacionais de 2010 a 2016 e levantar as justificativas de seus estudos. Na sequência deste artigo, será apresentado a metodologia do trabalho (cap.2). Nesta metodologia, será apresentada o tipo de pesquisa e sua definição acadêmica, bem como a explicação de como foi realizado a busca, quais termos foram pesquisados e quais filtros foram utilizados na base de dados. Os capítulos 3, 4, tratam especificamente das dez teses levantadas nesta pesquisa. O capítulo 3 apresenta uma visão geral do que foi a tese, qual assunto trata e seus desdobramentos. No capítulo 4 é abordado as justificativas das teses, ou seja, porquê foi importante o estudo realizado, qual a relevância do tema de pesquisa. Por fim, será apresentado nas considerações finais (cap.5) a sugestão de resposta de porquê estudar organizações. Essa resposta passa a ser então, a justificativa do projeto de tese a ser apresentada para banca. 2 Metodologia Para realização desse trabalho foi feita uma pesquisa descritiva utilizando, para tal, a metodologia de pesquisa bibliográfica. Vergara (2000, p. 48) define a pesquisa bibliográfica como sendo “um estudo sistematizado com base em material publicado e acessível ao público”. Colaborando com Vergara (2000) Medeiros (2007, p.49) ainda diz que pesquisa bibliográfica se constitui num procedimento formal para a aquisição de conhecimento sobre a realidade. E que ainda, exige pensamento reflexivo e tratamento científico. Este se aprofunda na procura de resposta para todos os porquês envolvidos pela pesquisa. Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 Desta forma, para levantamento bibliográfico deste artigo, foi utilizado a base de dados BDTD Ibict localizado no sítio: <http://bdtd.ibict.br/vufind>. Foi utilizado o termo “organizações” na consulta e o filtro marcado por relevância e dados carregados no período de 2010 a 2016. Das 100 teses mais relevantes consultadas em 21 dez. 2016. Separamos as 10 teses na área de estudos organizacionais que apareceram primeiro. Cabe esclarecer que apensar de termos consultado o termo ‘organizações’ a pesquisa retornou teses em diversas áreas, como economia, finanças, saúde entre outras. O uso de um termo abrangente para consulta foi possibilitar a base de dados retornar um maior número de teses para consulta. Das 100 primeiras teses, 15 foram da área de estudos organizacionais. Devido a limitação de tamanho para o artigo acadêmico, optamos por apresentar apenas as 10 mais relevantes segundo a consulta do Ibict. 3 As dez teses mais relevantes Serão apresentadas a seguir as dez teses mais relevantes levantadas em nossa pesquisa. Eles estão na ordem de relevância na consulta da base de dados BDTD Ibict. 3.1 Paula (2015) O primeiro dos trabalhos a fazermos menção neste artigo é o de Paula (2015) da Universidade Federal de Minas Gerais do Departamento de Ciências Administrativas que foi publicado no caderno de estudos organizacionais da Fundação Getúlio Vargas (EBAPE.BR). O título do trabalho foi “Para além dos paradigmas nos Estudos Organizacionais: o Círculo das Matrizes Epistêmicas”. Em seu trabalho a autora apresentou um esboço de proposição para orientar os estudos organizacionais. Mais especificamente o Círculo das Matrizes Epistêmicas. A autora inspirada por Thomas Kuhn (apoiando-se na tese da incomensurabilidade dos paradigmas) e em Gibson Burrell e Gareth Morgan (com o diagrama dos paradigmas sociológicos) discorre em meio a esta “guerra dos paradigmas”. Como o Círculo das Matrizes Epistêmicas a autora também proporciona um esquema para orientação dos estudos organizacionais. Ela vem baseada em Habermas e defende a tese da incompletude cognitiva, sugerindo que o conhecimento sociológico e organizacional se desenvolve de acordo com a tese das reconstruções epistêmicas. Para realizar essas proposições e elaborações, apresentou o debate sobre a guerra paradigmática na literatura e questionou a adequação dos paradigmas sociológicos de Gibson Burrel e Gareth Morgan para os estudos organizacionais. A autora problematizou a influência que os autores Burrel e Morgan sofreram dos paradigmas e da lógica kuhniana. Nas seções seguintes, há uma exposição da proposição alternativa que é o Círculo das Matrizes Epistêmicas, e também, a defesa da tese da incompletude cognitiva e das reconstruções epistêmicas, a fim de trazer uma nova teoria dos desenvolvimentos do conhecimento para a área. Por fim, a autora apresenta as conclusões e reflexões para futuras pesquisas. (PAULA, 2015). Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 3.2 Heinzmann (2011) O segundo trabalho a ser apresentado é o de Heinzmann (2011) da Universidade Regional de Blumenau cujo título é: Cultura de organizações em diferentes estágios de internacionalização. A autora focou em seu trabalho a identificação e mapeamento da cultura organizacional, seus valores e dimensões nos diferentes estágios de internacionalização das empresas. A identificação da cultura organizacional foi feita com base (e adaptado) do modelo de mapeamento Organizational Culture Profile (OCP) de O’Reilly e outros de 1991 que foi revisado por Sarros e outros no ano de 2005 e adaptado das dimensões de cultura organizacional de Bates e outros de 1995. Já sobre a verificação dos estágios de internacionalização em que se encontram as empresas, o autor fez uso da cadeia de estabelecimento do Modelo de Uppsala de Johanson e Wiedersheim-Paul de 1975 e Johanson e Vahlne de 1977. O autor salienta que em seu trabalho que os fundamentos do modelo de Uppsala em si não serão discutidos. 3.3 Oliveira (1996) A pesar do filtro de postagem estar para 2010 a 2016, a busca retornou o trabalho de Oliveira (1996). Subtendemos que seu trabalho foi postado (ou repostado) dentro desta data. Julgamos que por ser o terceiro trabalho mais relevante na área organizacional apresentado pela ferramenta de busca, este irá compor nossa pesquisa. A tese de Oliveira (1996) tem como título a “Racionalidade e organizações: o fenômeno das organizações substantivas” do curso de pós stricto senso da EAESP da Fundação Getúlio Vargas. O trabalho tratou sob a perspectiva geral da emancipação do homem no âmbito do trabalho, tratou também do tema de racionalidade em organizações produtivas, enfocando-o mediante a abordagem substantivas da organização, conforme proposta por Guerreiro Ramos e a teoria da ação comunicativa de Hebermas. O autor elabora em sua tese um quadro de análise pelo qual examina empiricamente três empresas de Salvador, Bahia, na intensão de demonstrar como a razão instrumental e a razão substantiva se concretizam na prática administrativa. A partir de então é definido organizações substantivas e, estabelece uma escala de intensidade de racionalidade substantiva que pode ser aplicada para a análise de qualquer organização produtiva. (OLIVEIRA, 1996). 3.4 Alcoforado (2012) A tese de Alcoforado (2012) é da Escola da Administração da Fundação Getúlio Vargas foi na área de gestão pública. Seu trabalho foi investigar os obstáculos à implementação do modelo de organizações sociais no Brasil; especialmente na área de Ciência e Tecnologia do Governo Federal. O autor pretendeu demonstrar que os controles previstos para a reforma gerencial da Administração Pública foram adicionados aos controles clássicos já utilizados, causando assim uma sobreposição de controles no modelo “OS” (Modelo das Organizações Sociais), que passou a ter que aferir os resultados, adotar mecanismos de transparência e accountability e, também, utilizar-se dos controles clássicos de procedimentos previstos na teoria Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 burocrática. A análise de Alcoforado (2012) mostrou que os pressupostos da reforma gerencial aplicáveis ao modelo OS vem sendo utilizado e as entidades apresentam resultados satisfatórios no que diz respeito a agilidade e a gestão por resultados oriundos de contratos de gestão. Entretanto, é mencionado que os controles previstos para o modelo gerencial se somaram aos controles clássicos, do paradigma burocrático, já praticados nos órgãos da administração pública. 3.5 Silva (2013) A tese de Silva (2013) da Universidade Presbiteriana Mackenzie apresentou o título “Aprendizagem nas organizações: uma análise de grupos multifuncionais de empresas do ramo automotivo” e foi defendida em 2013. Seu trabalho abordou os principais processos de aprendizagem que ocorrerem em grupos multifuncionais de Planejamento Avançado da Qualidade do Produto (APQP) que atuam em empresas fornecedoras de autopeças. No arcabouço teórico proposto pelo autor está pautada na concepção de aprendizagem individual e coletiva desenvolvida por Nancy Dixon e na perspectiva da aprendizagem em nível grupal especialmente tratada nos estudos de Amy C. Edmondson e colaboradores. A pesquisa de campo foi desenvolvida em uma perspectiva qualitativa, de natureza descritiva e interpretativa. Com a finalidade de atingir os objetivos propostos na tese, Silva (2013) foram entrevistados integrantes de grupos multifuncionais de duas organizações distintas as quais foram identificadas como Alfa e Beta. Foi utilizado os templates propostos por Nigel King (uso de códigos obtidos a partir do referencial teórico). Os resultados mostraram que a segurança psicológica instaurada no âmbito grupal e coletivo, a aprendizagem ocorre quando o grupo inteiro consegue convergir seus conflitos e discussões internas em consensos. 3.6 Pimentel (2012) Pimentel (2012) da Universidade Federal de Juiz de Fora defendeu sua tese em 2012 cujo título foi “Espaço, identidade e poder: esboço de uma teoria morfogenética e morfostática para a sociologia das organizações”. Em sua tese o autor propõe a reafirmação da dimensão ontológica da realidade, bem como seus rebatimentos na dimensão epistemológica que trata da possibilidade do conhecimento e das condições para sua ocorrência. Desta maneira, seu trabalho oferece no âmbito da teoria social, uma forma de tratar da ontologia social e a estruturação da ação coletiva e seu resultado, em termos de elaboração de uma “entidade” socialmente real. Como resultado o autor identificou a existência de três estruturas gerativas, o espaço, a identidade e o poder. Todas envolvendo componentes que se manifestam sob diferentes modos de realidade, a material, ideal e social. Os processos de enquadramento e fixação, de identificação e diferenciação, e de delegação e representação (respectivamente) conduzem às interações entre os indivíduos e à aquisição de padrões específicos bem como à dos estágios de aproximação e agregação. Apesar desse modelo se aplicar especificamente à análise da ação coletiva e de não ter sido validado empiricamente, sua contribuição original reside no Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 fato de fornecer a elaboração de um quadro teórico suficientemente amplo e, ao mesmo tempo, específico para a análise das organizações. (PIMENTEL, 2012, p. 11). 3.7 Franco (2011) Com o título “Comunicação, cognição e acaso nas organizações: uma pesquisa sobre os novos modelos empresariais da economia digitalizada” da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a tese de doutorado de Franco (2011) abordou a investigação teórica multidisciplinar sobre as mudanças e evoluções ocorridas na comunicação midiatizada das organizações empresariais na economia digitalizada. Em seu trabalho, é abordado a comunicação tecnológica como objete da pesquisa que foi estudada de forma analítica e conceitual, pressupondo-se ser um fator diferencial estratégico. Em sua tese, a comunicação organizacional empresarial é entendida como estratégia de manutenção e existência da empresa, não se colocando entre as atividades pré-determinadas. Muitas vezes se equivoca com a própria organização; e os novos modelos empresariais da era da internet significam que o sucesso não precisa ser o fruto de longo tempo de planejamento, mas uma decorrência de circunstâncias que confluíram para os resultados positivos. (FRANCO, 2011). 3.8 Sólio (2010) Sólio (2010) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul defendeu a tese intitulada “Comunicação e psicanálise me uma abordagem complexa sobre as organizações e seus sujeitos” defendida no ano de 2010, que buscou evidenciar que as relações ente capital e trabalho se dão na instância da subjetividade e são mais complexas do que podem aparentar. Desta forma, exige-se das organizações que desenvolvam uma “escuta” na direção de seus sujeitos. A autora defendeu a tese de que as organizações precisam perceber sua relação com os empregados como algo complexo e que se alimenta recursivamente da própria qualidade, o que exige, mais do que diálogo permanente, espaço para a transformação, ao contrário do que se encontra, ou seja, uma relação, linear e estática. Além de longa vivência em organizações dos mais diversos setores (indústria, comércio e serviços), por mais de duas décadas, buscou-se (segundo a autora) fundamentação em três grandes áreas do conhecimento, a comunicação, os estudos organizacionais e a psicanálise. Para a fundamentação teórica, a experiência vivencial e o material obtido em dois grupos de organizações pesquisadas, foi adotado o paradigma da complexidade de Edgar Morin. (SÓLIO, 2010). 3.9 Guimarães (2016) Da Escola da Administração da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Guimarães (2016, p.9) defendeu a tese: Relações entre trabalho, consumo e criação de valor para as organizações: o caso Trendwatching. O objetivo de sua tese foi compreender, a partir das categorias trabalho e consumo, como se estabelecem as relações das redes de colaboração da empresa de tendências de consumo Trendwatching. No âmbito acadêmico, a literatura recente mostra o aparecimento de novos conceitos, como Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 “prosumer, co-criação e públicos produtivos para explicar as transformações no mundo do trabalho que envolvem cada vez mais a participação do consumidor para que o valor se realize”. Os resultados da pesquisa de Guimarães (2016) permitiram mostrar que o spotter (assim chamado o indivíduo que compõe a rede a colaboração da Trendwatching) é o principal produto/serviço vendido pela empresa. A partir das categorias finais, retorna-se à pergunta de pesquisa, de modo a providenciar contribuições da tese para o campo. 3.10 Thome (2012) A tese de Thome (2012) da Universidade de São Paulo tem o título “O princípio da igualdade em gênero e a participação das mulheres nas organizações sindicais de trabalhadores”. Seu trabalho trata da importância da participação das trabalhadoras nas organizações sindicais de trabalhadores como forma de luta contra a desigualdade em razão de gênero no mercado de trabalho. Sua tese aborda a divisão sexual do trabalho e os papéis estereotipados de gênero. Foi necessário em seu trabalho medidas de discriminação positiva para combater as dificuldades existentes para a participação das mulheres nas organizações sindicais de trabalhadores. 4 Justificativas: por que estudar organizações? Neste tópico serão apresentados algumas das justificativas dos autores das teses, no intuito de elucidas alguns dos ‘porquês’ de se estudar organizações. A primeira justificativa vem de Paula (2015, p.26) que no tocante aos estudos de matrizes epistêmicas a autora afirma que “são um referencial para os sistemas de produção de conhecimento, que denomino abordagens sociológicas”. Em outras palavras, seu estudo se justifica por auxiliar na produção de conhecimentos em especial na sociologia das organizações. Concordando com Paula (2015), Heinzmann (2011, p. 25) coloca que seu trabalho é relevante “por contribuir para geração de um conhecimento sobre uma visão diferentes do estudo da cultura de organizações, visão esta que relaciona valores e dimensões da cultura organizacional com os estágios de internacionalização da cadeia de estabelecimento Modelo Uppsala”. A relevância então se encontra na proposição do aumento do conhecimento nesta área de forma inovadora. O trabalho de Oliveira (1996) se justifica principalmente porque há um impasse representado pela incapacidade de demonstrar a concretização da racionalidade substantiva na prática administrativa desenvolvidas em organizações produtivas reais. Ou seja, não se consegue provar no campo a existência da racionalidade substantiva. Por este motivo, sua tese tem um estudo minuciosa de campo no intuito de preencher esta lacuna. A justificativa dada por Alcoforado (2012) é que seu estudo irá promover uma discussão teórica sobre os modelos de gestão pública existentes, com ênfase nas questões gerenciais. Esta discussão segundo o autor possibilitará na criação das organizações sociais no âmbito federal e mais especificamente na área de Ciência & Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 Tecnologia do Governo Federal. Por esta possível melhora no serviço público se dá a importância de se estudar organizações. Uma das justificativas dadas por Silva (2013) é que pode ser observado que nos últimos anos tem havido um significativo aumento no uso de grupos multifuncionais como abordagem essencial para organizar o trabalho em empresas de diversos segmentos. Como exemplos, o autor apresenta: grupos de desenvolvimento de produtos, grupos de brainstorming e grupos de gestão. Todos acompanham uma mudança para uma perspectiva multifuncional e isso se deve principalmente às suas diferentes orientações para atingir as relações interpessoais incompatíveis e aos princípios profissionais de cada membro. Passa-se então os estudos em organizações como uma tendência para acompanhar as mudanças oriundas das empresas. No tocante ao porquê estudar organizações, Pimentel (2012, p. 44) justifica-se pela relevância teórica e pelos desdobramentos práticos que uma nova e supostamente mais adequada concepção da realidade organizacional pode trazer. Esta relevância teórica pauta-se no fato de se dedicar à discussão de um tema de “ponta” no cenário internacional, alçando o status da prática de pesquisa científica no campo da sociologia em geral e da sociologia das organizações. E que é relativamente recente e pouco difundido promovendo assim o avanço deste campo da ciência. Franco (2011, p.14) afirma que a justificativa para elaboração de sua pesquisa é ampla. Cita que a relevância teórica do tema voltado para as comunicações, cognição e acaso nas organizações podem ser constatadas nas obras de autores como: Jeremy Rifkin, Gareth Morgan, Pierre Lèvy, Manuel Castells, Don Tapscott, Douglas Aldrich, Albert Robin, Lucia Santaella, Eugêncio Trivinho, David Harvey, e Jesus Barbero, que consideram as mudanças ou evoluções como características da nova era. Menciona que alguns destes autores podem ser considerados como “pós-modernos, diante da maneira peculiar como abordam os temas, com visão ampla e crítica, como um fenômeno sócio cultural e não apenas em suas especificidades dentro das organizações”. Uma das justificativas levantadas por Sólio (2010, p. 24) é que a reflexão sobre os vários discursos presentes no cotidiano das organizações é oportuna em uma perspectiva de causa e efeito. Para a autora, esta circularidade revelam uma prática das relações∕comunicação, que, por sua vez, materializa-se em novo discurso, em uma relação artificial de forças, enfrentamentos e contradições. Para a autora, “a luta de classes se configura como um dos aspectos de uma luta permanente, que lhe é maior e anterior, inerente à gênese e à psique do homem”. E que os estudos marxistas, “que privilegiaram, ao longo dos anos 60, a questão da luta de classes como motor das relações, ao que quer parecer, contemplavam a parte como se, na verdade, fosse o todo”. Por isso, o estudo das relações de poder, das relações de classes e das relações entre discurso e prática são atuais e relevantes para os estudos organizacionais. A justificativa levantada por Guimarães (2016) em sua tese foi a importância que o tema da co-criação e seus inúmeros sinônimos e também sobre aspectos envolvendo Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 multidões tem tido nas áreas de marketing e estudos organizacionais. Que apesar das discussões existentes, ainda existem espaços inexplorados que envolvem a interface entre valor, trabalho e consumo. Por este motivo o tema é tão interessante tanto para os estudos organizacionais quanto para o marketing. Thome (2012) apresenta dois motivos principais para justificar a escolha do tema de sua tese. Para o autor, em primeiro lugar vem a importância e abrangência da questão da igualdade entre homens e mulheres para a efetividade dos direitos sociais e a escassa existência de medidas que fomentem e protejam o mercado de trabalho feminino no Brasil. Em segundo lugar, se dá em virtude da escassez de estudos científicos sobre a atuação das mulheres nas organizações sindicais de trabalhadores. 5 Considerações finais Foi apresentado neste trabalho as dez teses de doutorado mais relevantes para os estudos organizacionais nos últimos seis anos (2010 a 2016). As teses foram apresentadas na ordem de relevância segundo consulta feita na base de dados Ibict em dezembro de 2016. Isto se deu por que o objetivo de nosso trabalho foi apresentar razões pelas quais devemos estudar organizações. No capítulo 4 foram apresentadas as justificativas dos autores das dez teses mais relevantes na área. Iremos neste momento apreciar algumas desta justificativas para finalizar esta pesquisa. Primeiramente destacamos o fato da contribuição dos estudos organizacionais na propagação e produção de conhecimento de forma científica. A geração de conhecimento científico, por si só já é uma justificativa relevante para as pesquisas na área. Contribuindo com este argumento, cabe ressaltar que além de gerar conhecimento, os estudos organizacionais advindos da administração possibilitam uma visão diferenciada dos estudos oriundos da sociologia, antropologia e psicologia. Outro ponto a ser considerado é que nos estudos organizacionais há uma relação entre pessoas e organizações que vai além do objetivo (explicito) são as relações implícitas. Não se consegue provar em campo a existência da racionalidade substantiva. Devido esta dificuldade se faz necessário aumentar esforços para este campo do conhecimento na intensão de elucidar as relações implícitas e subjetivas. Os estudos organizacionais também permitem uma melhora na eficiência das organizações, sejam elas públicas ou privadas. Melhorando assim a prestação de serviços, a satisfação dos colaborados dentre outros tantos benefícios advindos desta área de estudos. Isto se dá porque vem aumentando o trabalho de grupos multifuncionais nas empresas e estudos organizacionais pode auxiliar a minimizar os conflitos dentro destes grupos possibilitando focar mais claramente nas metas de trabalho. A relevância do tema ‘organizações’ também permite desdobramentos práticos advindos de uma nova e mais adequada concepção da realidade da organização. Desta maneira o estudo teórico atrelado ao estudo de caso prático possibilita os pesquisadores em organizações proporem ações que de fato possam mudar a realidade das empresas para melhor. Essas ações, pautadas em pesquisas Ponta Grossa, Paraná, Brasil – 07 a 09 de junho de 2017 contribuem então para o desenvolvimento não só da empresa, mas também das ciências sociais aplicadas. Um dos principais problemas das organizações apontado por vários autores como Sólio (2010) e Franco (2011) é a falta ou a má comunicação. Os estudos organizacionais são uma forma de minimizar estes problemas, propondo uma reflexão sobre os vários discursos presentes no cotidiano das organizações. O estudo deste tipo de problema pela perspectiva organizacional viabiliza o melhoramento das empresas, buscando assim sua excelência. Outro problema que pode ser minimizado com os estudos organizacionais é a luta de classes provenientes das relações de poder. O conflito entre o poder formal e o poder informal pode ser objeto dos estudos organizacionais. O conhecimento dele em uma instituição permitirá uma abordagem mais assertiva no tocante a extinção ou controle deste problema. Isso sem mencionar os estudos em conflitos de gênero, raça, cultura entre outros. Bem, somente com essas dez teses seria possível lista ao menos outras dez justificativas do porquê estudar organizações. De forma resumida, os estudos organizacionais se justificam porque vivemos em um mundo de instituições organizacionais. Nascemos e vivemos (na maioria dos casos) dentro da instituição: a família. Fomos trazidos a este mundo por outra instituição: hospital. Crescemos e nos educamos na escola. E vivemos trabalhando nas empresas, seja própria ou de terceiros. Referências ALCOFORADO, Flávio Carneiro Guedes. Obstáculos à implementação da reforma gerencial: as organizações sociais. Tese Doutorado. Fundação Getúlio Vargas – CDAPG. 337 Fls. São Paulo: FGV, 2012. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1983. FRANCO, Lucio Flavio. Comunicação, cognição e acaso nas organizações: uma pesquisa sobre os novos modelos empresariais da economia digitalizada. Tese Doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 189 Fls. São Paulo: PUC, 2011. GIL, Antonio C. Técnicas de pesquisa em economia. São Paulo: Atlas, 2000. 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