(a): Argimon

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MESA 19
QUALIDADE DE VIDA EM DIFERENTES CONTEXTOS
Coordenadora: Irani Iracema de Lima Argimon (PUCRS )
[email protected]
Relatores:
Irani I. De Lima Argimon
Margareth da Silva Oliveira
Mirna Brilmann
Fabiana Silva Costa
Resumo 1: INTENSIDADE DE SINTOMAS DEPRESSIVOS AO LONGO DA
VIDA
Irani Iracema de Lima Argimon (PUCRS)
[email protected]
Pesquisadores e clínicos geralmente concordam a respeito dos sintomas e sinais
essenciais das depressões em todos os estágios do ciclo vital. As pessoas passam por
períodos nos quais se sentem tristes ou infelizes, entretanto, quando estes períodos duram
semanas ou meses e perde-se a perspectiva equilibrada em relação a vida, pode ser que
haja a instalação de um quadro depressivo. Poucos são os pesquisadores que levam
objetivamente em consideração os sintomas e sinais , sem achar que estes mesmos
delineiam síndromes e doenças pré=estabelecidas. Esta postura encobre a capacidade de
distinguir objetivamente as características dos distúrbios do humor e as variações das
emoções no decorrer da vida. Estudos epidemiológicos têm salientado a elevada
prevalência da depressão não só entre pacientes com transtornos psicológicos, como na
população geral. Na literatura, há referências a maior prevalência de transtornos afetivos
no sexo feminino e a possível influência do fator idade. Entretanto, a maioria das
pesquisas, são realizadas com pacientes psiquiátricos. Este trabalho objetivou comparar a
intensidade de sintomas depressivos por sujeitos do sexo masculino ou feminino, ao
longo da vida. Método: O Inventário de Depressão de Beck foi administrado a 273
sujeitos, de 18 a 94 anos, oriundos da comunidade, sendo 111 homens e 162 mulheres. O
delineamento amostral considerou sexo e faixa etária: a) juventude, de 18 a 24 anos (M =
20,55; DP = 2,19), b) adulto jovem, de 25 a 40 anos (M = 32,34; DP = 4,73), c) adulto
médio, de 41 a 64 anos (M = 46,06; DP = 4,99), ou d) idoso, de 65 anos ou mais (M =
74,72; DP = 7,59). Resultados: Pela análise de variância foram verificados efeitos
significantes de idade (F = 13,32, p < 0,001) e sexo (F = 7,39, p < 0,007) mas os fatores
não são interativos. Sujeitos jovens relataram mais sintomas de depressão (M = 8,45) que
adultos jovens (M = 7,62) e adultos médios (M = 6,98), sintomas que se intensificam no
idoso (M = 13,48). A média do sexo masculino (7,73) foi significantemente menor que a
do sexo feminino (10,53). Conclui-se que a intensidade de sintomas depressivos é
diferente conforme idade e sexo, durante o ciclo da vida. As mulheres relataram mais
sintomas de depressão que os homens. Ainda que pesquisas com o BDI afirmem que um
pequeno viés nos itens possa estar associado à diferença de gênero, este dado não é
suficiente para explicar as significantes diferenças entre os sexos, encontradas nas médias
do BDI, neste e em outros estudos.
Palavras Chave: Depressão; ciclo vital; idade e sexo
Resumo 2: A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM ALCOOLISTAS
Margareth da Silva Oliveira (PUCRS)
[email protected]
O conceito “Qualidade de Vida (Q.V.) pretende ser multidimensional, abrangendo, entre
outros, aspectos físicos e sociais valorizando as percepções subjetivas do indivíduo
(aspectos emocionais) e moduladores externos (intervenções psicoterápicas), não
focalizando apenas sintomas e patologias.Em pacientes alcoolistas a percepção subjetiva
que o paciente tem de sua qualidade de vida, o reconhecimento dos seus problemas de
saúde, decorrentes dos problemas causados pelo uso do álcool, e o impacto decorrente na
sua vida podem proporcionar subsídios para o seu tratamento e sua recuperação. Este
trabalho é longitudinal , acompanhou pacientes que ingressaram num programa de
internação para tratamento em centros especializados.O objetivo principal deste trabalho
foi avaliar a mudança na Q.V. de pacientes submetidos a tratamento especializado num
seguimento de tres meses . Utilizaram-se os instrumentos: Short-Form Alcohol
Dependence Data (SADD) e o SF-36 (Short Form Health Survey).Estes instrumentos
são, respectivamente destinados a classificar a gravidade da dependência alcoólica e
avaliar a Qualidade de Vida.O SF36 é um questionário genérico de avaliação de saúde, de
simples compreensão e fácil administração, que avalia tanto os aspectos de saúde como
os de bem-estar.. A amostra foi composta de 89 pessoas do sexo masculino, residentes
em Porto Alegre (Brasil), com diagnóstico de alcoolismo pela CID-10 e internados em
Serviços especializados. Quanto aos resultados constatou-se que 70,8% da amostra se
classificou como alcoolista grave e 29,2% como moderado. Houve diferença
estatísticamente significativa, no exame de follow-up, após três meses da alta hospitalar,
em relação à Qualidade de.Vida.nos oito domínios do SF-36 (Estado Geral de Saúde,
Vitalidade, Aspectos Sociais, Aspecto Emocional, Saúde Mental, Capacidade Funcional,
Aspectos Físicos e Dor) tanto entre os alcoolistas graves e moderados como na amostra
total, todos os desempenhos foram mais altos na avaliação de seguimento. Conclui-se que
a avaliação da Qualidade de Vida em dependentes do álcool é muito importante para
incrementar os programas de tratamento e intervenção psicossocial uma vez que a
percepção do paciente em relação a forma como ele vive são elementos fundamentais
para a manutenção da abstinência.
Palavras Chave: Alcoolismo, Qualidade de Vida, Avaliação, SF-36, SADD.
Resumo 3: QUALIDADE DE VIDA RELATIVA À SAÚDE GERAL EM OBESOS
Mirna Brilmann (Fundação Universitária Mário Martins – Porto Alegre-Brasil)
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A Qualidade de Vida, referindo-se a cuidados de saúde, é um aspecto importante e foi
mencionada pela primeira vez em 1977, no Index Medicus, como um constructo
dinâmico, referindo-se a saúde física, estado funcional, sintomatologia, estado mental,
contexto social e também às atividades cotidianas que fazem parte da vida das pessoas. A
partir dos anos oitenta, começaram a surgir instrumentos genéricos, como o SF 36, que
assim como os Inventários de Beck para ansiedade e depressão, possibilitariam que se
tivesse um acesso mais fácil e confiável aos sintomas psiquiátricos e às facetas
psicossociais de doenças crônicas (MCGEE & BRALLEY, 1994). Até então, a
característica primordial dos cuidados de saúde na civilização ocidental era tratar a
doença como uma má adaptação biológica ou inadequação no processo psicofisiológico
do doente, em que adoecer seria a resposta subjetiva à doença (MCGEE & BRAADLEY,
1994). Dessa forma, a medicina despersonalizava o “paciente” e assumia uma postura
unilateral, em que o foco era a doença, e não o portador, sendo este apenas seu
representante, sem considerar o impacto psicossocial que estar enfermo produzia na vida
do indivíduo (MCGEE E BRADLEY, 1994). A informação do paciente possibilita
avaliar o impacto da doença e dos tratamentos e ter uma visão do processo dinâmico que
envolve a adaptação do enfermo à terapêutica que lhe foi imposta (MCGEE &
BRADLEY, 1994). Portanto é uma variável importante para avaliar os resultados de
intervenções terapêuticas e não somente para pesquisas como também na atividade
clínica diária (MANNUCCI et al, 1999). Geralmente, os estudos sobre obesidade e os
tratamentos incluem os sistemas de controle genético e metabólico, relacionados à
regulação do peso corporal; os sistemas biológicos, que controlam a fome e a saciedade;
os agentes psicofarmacológicos; o relato de morbidade e mortalidade, entre outros. A
abordagem da qualidade de vida fornece uma perspectiva diferenciada de observação da
obesidade: sob o ponto de vista do paciente (FELCE & PERRY, 1995). A obesidade está
associada à baixa qualidade de vida relativa à saúde, pois existem comorbidades
importantes que reduzem a expectativa de vida, assim como fracassos nos tratamentos em
geral (SEGAL & FANDIÑO, 2002). A qualidade de vida dos pacientes, assim como a
redução de peso e a intenção de perda de peso, podem ser consideradas como parâmetros
de eficácia de verificação de resultados do tratamento. Por este motivo, uma acurada
verificação de qualidade de vida relatada é relevante para a avaliação das intervenções
terapêuticas, não somente para pesquisas, mas também para a atividade clínica decorrente
(SARLIO-LÄHTENNKAVA, STUNKARD & RISSANENS, 1995).
Palavras-chave: obesidade, qualidade de vida, cuidados de saúde
Resumo 4: AVALIAÇÃO DO TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR
PERIÓDICA EM OBESOS
Fabiana Silva Costa (Fundação Universitária Mário Martins, Mestranda em
Endocrinologia da Faculdade de Medicina da UFRGS – Porto Alegre)
[email protected]
A obesidade é uma doença crônica, com características de pandemia, de alto custo social,
que diminui a expectativa e a qualidade de vida das populações de todas as idades,
afetando particularmente as classes menos favorecidas em toda a América Latina
(CONSENSO, 1999). Trata-se de uma doença neuroquímica, progressiva e recorrente, na
qual se observam alterações da composição corporal, provocando, a longo prazo, um
fator de risco para que se agreguem inúmeras doenças também crônicas (BRAY, 2004).
Atualmente, a grande incidência de obesidade criou uma demanda de reavaliação deste
fenômeno e das respectivas intervenções, usando-se uma metodologia científica que dê
conta desta manifestação da alteração da composição corporal, que leva ao sobrepeso e à
obesidade (GREENWAY & SMITH, 2000). Nos seres humanos, a alimentação é afetada
por fatores fisiológicos e não-fisiológicos. A regulação da ingesta alimentar ocorre
através de uma operação long-term, mas no seu ambiente, persistem fatores com
influências short-term (Westerterp-Plantenga, 2000). Estas, por sua vez, podem ser
também de natureza fisiológica ou cognitiva. As influências fisiológicas são a fome e a
satisfação (Netto, 1998), enquanto as cognitivas surgem dos hábitos, do controle das
porções de alimentos ingeridos e da freqüência das refeições, sendo estas ditadas não só
pelas demandas fisiológicas, mas também pelas demandas ambientais (GONZALEZ,
TOY & BAKER, 2000; KATSILAMBROS, 2000). Entre os obesos que buscam
tratamento clínico para obesidade, de 3% a 10% têm diagnóstico de Transtorno da
Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), sendo que estes apresentam um início mais
precoce de obesidade e relatam terem feito dietas com mais freqüência durante a vida,
assim como maior baixa auto-estima e preocupação com o corpo e forma física, se
comparados a obesos sem TCAP. Também se observa que entre eles ocorrem maiores
índices de psicopatologias, tanto de Eixo I, quanto de Eixo II (DOBROW et al, 2002). A
compulsão alimentar é uma característica freqüente na obesidade e nos transtornos
alimentares. Ocorre em 1/3 das mulheres com anorexia nervosa e apresenta-se
diferentemente na bulimia nervosa e no TCAP, sendo que esta última é especialmente
prevalente em obesos e costuma aumentar com o acréscimo da adiposidade. Os obesos
com TCAP diferem dos portadores de TCAP não obesos na psicopatologia da desordem
alimentar e na comorbidade psiquiátrica. Conhecer os antecedentes e conseqüências do
comportamento compulsivo é essencial como guia para abordagens terapêuticas. As
dietas restritivas têm sido associados a compulsão alimentar e ambos predispõe à
manutenção do TCAP, assim como a restrição alimentar e o humor negativo são ambos
preditores de sintomas de compulsão alimentar em obesos, isto é, os obesos com
compulsão alimentar que fazem muitas dietas são mais suscetíveis aos efeitos
desinibidores causados pelo humor negativo (CHUA, 2004).
Palavras-chave: bulimia, compulsão alimentar, obesidade
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