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Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
ECOSSISTEMA MANGUEZAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS NAS AULAS DE CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL ll
Francisca das Chagas França, [email protected], SEDUC-MA
Maria Delourdes Maciel, [email protected], UNICSUL-SÃO PAULO
Resumo: Este trabalho apresenta um recorte de dissertação de mestrado que identifica as
concepções dos alunos do Ensino Fundamental II em uma escola pública próxima a um
manguezal na cidade de São Luís-MA. Com o objetivo de utilizar elementos didáticos e
naturais disponíveis na comunidade para realizar ações educativas associadas aos conteúdos
de ensino de Ciências e Educação Ambiental. Pauta-se em uma abordagem qualitativa
articulada em referencial teórico por meio de entrevistas parcialmente estruturadas. Os
resultados evidenciaram que nas sequências didáticas foi possível trabalhar com Educação
Ambiental e ensinar os conteúdos de ciências relacionados ao ecossistema manguezal.
Palavras-chave: Manguezal. Sequências didáticas. Ensino de Ciências.
Introdução
De acordo com os PCN, o ensino de Ciências no Brasil, ao longo de sua história
na Escola Fundamental, sofreu grandes mudanças no que diz respeito ao cenário nacional,
porém as propostas nos debates para a elaboração de leis previam transformações com novos
objetivos e perspectivas (BRASIL, 2006).
Nesse âmbito a Educação Ambiental tem sido um assunto amplamente discutido
nos últimos anos pelas comunidades científicas, políticas e sociais, uma vez que o meio
ambiente sofre degradações desordenadas que causam sérios problemas à população mundial.
Acompanhando esse processo de conscientização, este trabalho justifica-se na necessidade de
a sociedade e a comunidade estudantil obtenham o devido esclarecimento, dentro da própria
escola, a respeito dos prejuízos causados à natureza pela degradação descontrolada do
manguezal.
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A respeito da análise direta dos manguezais verificar-se-á construções sobre a
importância dos manguezais para a sociedade, e consequentemente a necessidade de
conscientização.
O Ensino de Ciências e o Ecossistema Manguezal
De acordo com Vannucci (2003, p.194), a partir de 1980, programas de pesquisa
interdisciplinar passaram a abordar os manguezais em nível de ecossistemas, particularmente
na modelagem de bacias deposicionais, em estudos sedimentológicos e geomorfológicos,
hidroquímicos e sobre a biogeoquímica e contaminação ambiental.
Para a mesma autora acredita-se que com estes programas interdisciplinares, como
os de saneamento, avaliação ambiental do meio e ecologia humana, os manguezais podem ser
abordados como ecossistemas responsáveis pela sobrevivência de animais e principalmente a
do homem.
De acordo com Bizzo (2010, p.15) o ensino de Ciências deve proporcionar a todos
os estudantes a oportunidade de desenvolver capacidades que despertem a inquietação diante
do desconhecido, buscando explicações lógicas e razoáveis, amparadas em elementos
tangíveis.
Moran (2006, apud RODRIGUES E FARRAPEIRA, 2008, p.80) indica “como
base ou eixos principais de uma educação inovadora”, os seguintes aspectos: “o conhecimento
integrador e inovador, o desenvolvimento da auto-estima e do autoconhecimento, a formação
do aluno-empreendedor e a construção do aluno-cidadão”.
O conceito de ensino de Ciências de Bizzo (2010) e os eixos propostos por Moran
(2006) nos levam a pensar numa nova forma de ensinar e numa nova concepção de aprender,
principalmente em se tratando dos conteúdos relacionados ao ecossistema manguezal. Para
isso é necessário mais do que informações e conceitos científicos, a escola deve se propor a
trabalhar com atitudes, formação de valores, ensino e aprendizagem de habilidades e
procedimentos adequados.
Moran (2006), apud RODRIGUES; FARRAPEIRA, (2008, p.81) diz que “só se
amplia o círculo de compreensão quando se estabelecem pontes entre a reflexão e ação, entre
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a experiência e a conceituação e entre a teoria e a prática”. Acredita-se que esse seja o grande
desafio, hoje, para a educação em Ciências, porém o foco de mudança é o conhecimento
integrador e inovador.
Nesse sentido, é preocupante a falta de ação coletiva da comunidade diante da
degradação do meio ambiente, uma vez que a própria comunidade, apesar de reconhecer que a
devastação ocorre de forma cada vez mais intensa provocando o desequilíbrio do ecossistema
com a destruição da biodiversidade e de recursos naturais.
Segundo Farrapeira, Silva e Lima (2008, p.3), autores como Menezes e César
(2000), Pessoa (2000), Silva et al. (2002), Vidal et al. (2003), Frattolillo et al. (2004),
desenvolveram trabalhos que demonstram sua “preocupação em implantar processos de
sensibilização a respeito dos problemas ambientais nestas áreas no âmbito escolar”.
Esses autores, após “conhecerem a percepção ambiental sobre o manguezal”, de
alunos de escolas da Cidade de Recife/PE, localizadas em áreas próximas ao ecossistema,
“aplicaram estratégias de educação ambiental para reverter o processo de degradação em
curso na região” (FARRAPEIRA; SILVA; LIMA, 2008, p.3).
O Caminho para a Questão Metodológica
Foram selecionados voluntariamente 49 alunos do ensino fundamental (6º, 7º, 8º e
9º anos) de uma escola Pública próxima ao manguezal situada na zona rural de São Luís/MA.
Nesta pesquisa do tipo qualitativa, foram utilizadas as entrevistas parcialmente
estruturadas segundo Laville e Dionne (2008) com um roteiro de questões abertas como
recurso metodológico para identificar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema
ecossistema manguezal e verificar se havia relação entre os mesmos e o processo de ensino de
Ciências e Educação Ambiental.
Para a realização das atividades de ensino de Ciências e Educação Ambiental
relacionadas com o ecossistema manguezal, recorremos às Sequências Didáticas
Investigativas (SDI), recurso de ensino e de pesquisa comum, hoje, no ensino de ciências,
principalmente em pesquisas qualitativas. De acordo com Zabala (1998, p.20), é possível
“analisar as diferentes formas de intervenção segundo as atividades realizadas pelo sentido
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que adquirem quanto a uma sequência orientada para a realização de determinados objetivos
educativos”. Ainda para Zabala (1998):
[...] as sequências podem indicar a função que tem cada uma das
atividades na construção do conhecimento ou da aprendizagem de
diferentes conteúdos e, portanto, avaliar a pertinência ou não de cada
uma delas, a falta de outras ou a ênfase que devemos lhe atribuir.
(ZABALA, 1998, p.20).
É esta função relacionada com a construção do conhecimento que confere às SDI
um caráter de instrumento de intervenção para possibilitar planificar a ação e avaliar de
imediato os seus resultados no que diz respeito ao alcance dos objetivos propostos. Dado esse
potencial das SDI, entende-se ser a abordagem mais adequada para a ação educativa
pretendida.
Resultados e Discussão
Ao questionar sobre o entendimento dos alunos em relação ao que é o manguezal, a
maioria respondeu que é um lugar que serve de moradia para vários animais. Considerando
esta resposta podemos entender a relação feita pelos alunos sobre a importância desse habitat
na perpetuação das espécies no planeta. Acredita-se que quando conservadas muitas espécies
se mantêm para o equilíbrio do ecossistema, que para Schaeffer-Novelli (1989), essas áreas
são zonas de elevada produtividade biológica, pois são encontradas em todos os segmentos da
cadeia alimentar. Dessa maneira são ecossistemas propícios a vida, quando preservados.
Na tentativa de obter respostas mais peculiares, as demais perguntas buscam focar as
principais características observadas nos manguezais. Nesse sentido a segunda questão
referiu-se à flora encontrada no manguezal.
Os alunos demonstraram um vasto conhecimento e houve uma significativa
diversidade de respostas. Os itens citados foram: siribeira, ingá do mato, mangue de botão,
mangue vermelho, trepadeira, buritizeiro, unha de gato, vara de corda, bananeira e juçareira.
O que habitualmente entende-se como um berçário de espécies (VANNUCCI, 2003).
Percebe-se pelos relatos que muitos alunos desconhecem as características dos
manguezais, embora alguns tenham afirmado que suas famílias retiram o sustento do
manguezal.
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Assim como a flora a fauna também foi lembrada, entre os animais pertinentes ao
habitat do mangue, foram identificados: o caranguejo, garças, guaxinins, peixes, camarão,
caracol, cobras, siri e sururus. Neste contexto percebeu-se uma falta de conhecimento por
parte do alunado, pois alguns destacaram animais como cachorro, cavalo, urubus e outras
espécies não pertencentes a fauna dos manguezais, sendo animais visitantes que vão à
procura de alimentos, acredita-se que o ecossistema possa está oferecendo nutrientes, não só
ao homem, mas para animais da cadeia alimentar cada um com suas funções de produtores,
consumidores e decompositores no habitat.
No que se refere à importância dos manguezais na vida de cada um e o motivo que o
levaram a pensar assim, a resposta mais contundente esteve direcionada à questão da obtenção
de renda das famílias circunvizinhas pela venda dos caranguejos. Entende-se a visão de que a
natureza existe para ser utilizada pelo homem é aceita desde os primórdios de nossa
civilização (NEIMAN, 1989).
A respeito sobre a necessidade de conservação dos manguezais, concorda-se com
Pereira (2005) as respostas dos alunos possuem um valor satisfatório, pois a maioria disse ser
preciso conservar os manguezais para garantir a sobrevivência de diferentes espécies que são
alimentos para a comunidade.
Nessa perspectiva, é preciso desenvolver projetos nas escolas ou mesmo na
comunidade com intuito de conscientizar os moradores para a conservação do manguezal.
Desta forma, outras áreas devem ser preservadas e mantidas intactas para garantir os estoques
das espécies de fauna e flora, evitando o seu esgotamento. Portanto, conservar os manguezais
é uma questão que interessa não apenas aos estudiosos, mas a todos nós, por estar diretamente
ligada à promoção do equilíbrio ecológico e, consequentemente, à melhoria da qualidade de
vida (RAMOS, 2002).
A formação da consciência ambiental nos alunos é um desafio que deve envolver
todos os setores da sociedade, governos, empresas, universidades e instituições nãogovernamentais. Depende de planejamento adequado e de ações efetivas que proporcione ao
uso sustentável, de forma a recuperar as áreas já devastadas, e a utilizar as riquezas de
maneira racional para garantir a preservação dos biomas (BRASIL, 2006).
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Autores como Vanucci (2003), Mochel (2007), Azevedo (2002), acreditam que
conservar os manguezais é uma questão que interessa não apenas aos estudiosos, mas
especificamente a todos nós.
Quando questionados sobre a relação entre os conteúdos de ciências e os manguezais a
maioria dos alunos responderam que é possível estudar os conteúdos de ciências, dentro do
ecossistema manguezal.
A partir dos resultados anteriores foi possível perceber que há muita desinformação no
meio discente acerca dos manguezais. De um lado queremos entender o processo de ensino e
essa descrição deve ser perfeita, entretanto, a aprendizagem pelos alunos do conteúdo
ensinado também é importante, pois temos claro que somente existe ensino se existir
aprendizagem (LUDKE; ANDRÉ, 1986).
As respostas transcritas nesta questão foram consideradas satisfatórias, pois os
estudantes afirmaram na sua maioria que os conteúdos de ciências estão no ecossistema
manguezal. Assim reconheceram os conteúdos de ciências e fizeram uma ligação com o
ecossistema manguezal que requeriu um pensar crítico e inovador (MORAN, 2006). E
segundo Bizzo (2010 p. 41), a segunda área de pesquisas sobre ensino de ciências está
relacionada a forma como as ideias dos estudantes são influenciadas pelos procedimentos
escolares.
Finalizando o questionamento, buscou-se verificar de que forma os manguezais
influenciam na geração de renda da comunidade pertencente aos alunos. Considerando assim,
a importância não só para auto-sustentação, mas para o comércio.
De acordo com as respostas transcritas pelos estudantes, acredita-se que expressaram
conhecimentos prévios de forma satisfatória, contudo, de um modo geral demonstraram por
meio de suas vivências o quanto o manguezal é importante na geração de renda.
A transcrição das entrevistas analisadas nos revelou que a geração de renda de uma
comunidade estudantil que vive entorno do ecossistema manguezal propõe, a imagem de
ciência que os estudantes precisam ter, sendo problematizada pela escola como parte do
repensar a educação, processo que habitualmente envolve a comunidade (BIZZO, 2010).
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Portanto, a proposta deste trabalho é promover mudanças na maneira como os
conteúdos apresentados em sala de aula podem ser percebidos no contexto da vivência,
contribuindo com o aumento da participação da sociedade em assuntos de ciências.
As Atividades de Ensino
Estudando o Manguezal através da Música
Embora a música seja uma forma de linguagem utilizada em trabalhos de
Educação Ambiental, nem sempre é empregada nas aulas de Ciências, apesar de ser uma
estratégia para agregar os estudantes em torno de um tema de seu interesse, razão pela qual a
utilizamos Sequências Didáticas Investigativas.
Conteúdos: Importância do ecossistema manguezal, árvores e animais do mangue.
Objetivos: Reconhecer a música como instrumento ligado à compreensão do
estudo do ecossistema manguezal.
Estratégias: Pequeno grupo, música.
Recursos: Seleção das músicas conhecidas, de cantores maranhenses e outros, que
falam dos manguezais; fita gomada, pincel e cartolina; gravador; uso de livros e
CDS.
Tempo de Duração: 2 aulas (100 min.).
Para a realização desta atividade buscamos conhecer algumas letras de músicas
frequentemente utilizadas em trabalhos de EA e relacionadas com as áreas de manguezal.
A música é uma linguagem relevante para sensibilizar os estudantes para a EA.
Procuramos pontuar suas interpretações sobre manguezais: o que é o manguezal, sua
caracterização e sua importância. Numa conversa descontraída, os alunos que não desejaram
falar fizeram anotações sobre as suas interpretações a respeito das músicas.
Em seguida, os cartazes com as letras das músicas foram expostos, para que
outros alunos pudessem observar. Para realizar esta atividade foi selecionado um grupo de
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estudantes no turno vespertino, numa Unidade de Ensino, que se dispusera a colaborar com a
atividade.
Após a escolha dos alunos interessados, foi solicitada uma seleção das músicas
mais conhecidas voltadas para o tema dos manguezais. Os alunos encontraram as músicas
solicitadas, inclusive de cantores maranhenses, entre outras. Foram providenciados pincel e
cartolina na aula seguinte, para a confecção de um grande cartaz. E com o auxílio de um
gravador, as músicas foram cantadas analisando as letras das mesmas.
A seguir muitas curiosidades foram trabalhadas a partir das ideias dos alunos de
forma que a atividade tornou-se gratificante, possibilitando que os alunos conhecessem mais
sobre o ecossistema manguezal.
Analisando os resultados desta atividade, concordamos com Delizoicov e Angotti
(1994) que a formação cultural do cidadão deve ser encarada como um conhecimento mínimo
em Ciências, dando condições para o exercício pleno da cidadania.
A música, além de manifestação cultural de um povo é veículo de comunicação e
uma linguagem que favorece a aprendizagem de Ciências em qualquer nível de ensino,
especialmente na educação básica.
Ciências, assim como a Música, são formas de fornecer ao cidadão instrumentos
que possibilitem uma melhor compreensão da sociedade em que vive.
Manguezal e poesia
Para relacionar o ecossistema manguezal com a poesia, propomos a Sequência
Didática Investigativa abaixo:
Conteúdos: A conservação do ecossistema manguezal.
Objetivos: Despertar o interesse dos alunos pela leitura e escrita com produção
textual de poesias a respeito do ecossistema manguezal; reconhecer que há
diversas maneiras de conservar os manguezais.
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Estratégias: Poemas de autores conhecidos, estudo de textos, pesquisas sobre
poemas, produção de poemas.
Recursos: Textos e poemas que falam do manguezal.
Tempo de duração: 2 aulas (100 min.).
Como recurso poético, nesta SDI utilizou-se leituras de textos, apresentações em
grupo ou individuais e pesquisas sobre poemas de autores locais que abordam o tema
manguezal.
Ao propor esta atividade na Unidade de Ensino, doze alunos foram selecionados
para a leitura em voz alta dos poemas (Mangue de Botão e Aratu de Flávia Mochel). Em sala
de aula todos ficaram entusiasmados com a experiência. Durante esta atividade, os alunos
demonstraram atenção e interesse na leitura dos poemas.
Como parte do trabalho, optou-se por um grupo para produzir uma poesia com o
tema manguezal para leitura em voz alta. Encorajados com as ações de leitura e escrita, que
favoreceram aspectos relevantes relacionados a produção textual, a pesquisa e atividades do
dia-a-dia.
A poesia, quando trabalhada de modo dinâmico, favorece a leitura e funciona
como meio para o estudo de vários assuntos no meio cientifico. Essa vivência nos parece
ainda mais intensa quando procuramos retirar das poesias os conteúdos de ensino de ciências,
como por exemplos: animais e plantas do mangue, o solo, e conservação destes seres vivos e
assim, integrar o EM ao ensino de Ciências.
Para Mochel (2007.p.65), a poesia em sala de aula pode ganhar uma motivação
gratificante para professores e alunos, pois sua vivência nos parece mais intensa quando feita
em grupo, onde cada pessoa interpreta parte do poema. É também uma forma de se trabalhar a
poesia de um jeito dinâmico, divertido e até mesmo emocionante e surpreendente.
Assim os conteúdos de ciências explorados nas poesias nesta SDI como
conhecimentos prévios, foram identificados como parte do cotidiano desses alunos, os
mesmos podem ser considerados como material significativo, a fim de que possa completar e
reconstruir novos conhecimentos.
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Considerações Finais
A compreensão adquirida neste estudo nos revela que a atuação do professor
numa sala de aula deverá estar voltada para a utilização de estratégias que facilitem, nos seus
alunos, a aquisição de uma estrutura cognitiva adequada, na qual os conceitos mais amplos
das diversas disciplinas estejam claramente estabelecidos.
As atividades sobre o ecossistema manguezal nos remetem a um estudo próximo
da realidade desses alunos, considerando os recursos naturais como os conteúdos
identificados no manguezal importante ao Ensino de Ciências.
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