1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS MARIA DE FÁTIMA RUIZ MARTINS ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE PRECURSORES E DERIVADOS QUINOLÔNICOS ANÁLOGOS DE NORFLOXACINO ITAJAÍ - 2009 2 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO MICROBIOLOGIA MARIA DE FÁTIMA RUIZ MARTINS ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE PRECURSORES E DERIVADOS QUINOLÔNICOS ANÁLOGOS DE NORFLOXACINO Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz Itajaí, Agosto de 2009. 3 ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE PRECURSORES E DERIVADOS QUINOLÔNICOS ANÁLOGOS DE NORFLOXACINO MARIA DE FÁTIMA RUIZ MARTINS “Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Microbiologia e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências. Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.” ____________________________________ Prof. Alexandre Bella Cruz, Dr. Orientador __________________________________________________________ Profª. Tânia Mari Bellé Bresolin, Drª. Coordenadora do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores: ______________________________________ Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz (UNIVALI) Presidente ______________________________________ Profª. Drª. Ednéia Casagranda Bueno (UNIVALI) Membro ______________________________________ Prof. Dr. Ricardo José Nunes (UFSC) Membro Itajaí (SC), Agosto de 2009. 4 Dedicatória Dedico integralmente ao meu pai (in memorian) e a minha mãe que sempre me incentivaram em minha vida profissional. 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus por ter me concedido sabedoria e serenidade em todos os momentos. Ao professor Dr. Alexandre Bella Cruz, pela orientação que me foi dada com muita competência, sabedoria e profissionalismo. Ao professor Rogério Corrêa, pela parceria e confiança na elaboração desse trabalho. Aos professores Ruth, Maique, Niero, Angela e Rilton, pelos valiosos ensinamentos recebidos durante as disciplinas. A professora Ednéia Casagranda Bueno, pela colaboração na parte escrita do trabalho, bem como pela carinhosa amizade. A professora Fátima de Campos Buzzi, pelas valiosas considerações na parte escrita do trabalho. A todos os meus colegas do mestrado, pelos bons momentos compartilhados durante estes dois anos, principalmente pelos nossos divertidos jantares entre Itapema e Balneário Camboriú. A minha mãe, pelas suas incansáveis orações. A toda minha família, pela compreensão nos vários momentos de ausência. Ao meu namorado, pela paciência, compreensão, amor e companheirismo nos momentos de estudo. Obrigada pelo carinho. A Direção do Hospital e Maternidade Jaraguá, por acreditar em meu potencial e dar a oportunidade de trabalhar nesta instituição podendo assim, concluir esse sonho. Aos funcionários da farmácia do Hospital e Maternidade Jaraguá, agradeço a torcida. A todos os amigos que de alguma forma torceram por mim, especialmente minha amiga Cassandra, todo o meu carinho e muito obrigada por tudo. 6 EPÍGRAFE “Cada um que passa em nossa vida passa sozinho... porque cada pessoa é única para nós, e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas não vai só... Levam um pouco de nós mesmos e nos deixam um pouco de si mesmos. Há os que levam muito, mas não há os que não levam nada. Há os que deixam muito, mas não há os que não deixam nada. Esta é a mais bela realidade da vida... a prova tremenda de que cada um é importante e que ninguém se aproxima do outro por acaso.” Saint-Exupéry 7 ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE PRECURSORES E DERIVADOS QUINOLÔNICOS ANÁLOGOS DE NORFLOXACINO MARIA DE FÁTIMA RUIZ MARTINS Agosto/2009 Orientador: Prof. Alexandre Bella Cruz, Dr. Área de Concentração: Microbiologia Número de Páginas: 68 RESUMO As fluoroquinolonas são agentes que pertencem a uma classe de fármacos capazes de inibir a DNA girase, enzima essencial envolvida na replicação do DNA bacteriano. Apesar das fluoroquinolonas possuírem uma ampla atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-negativas e anaeróbias, esta classe de compostos é relativamente menos ativa contra bactérias Gram-positivas. Esforços têm sido direcionados para a síntese de novas fluoroquinolonas, visando o aumento da atividade antibacteriana inclusive contra bactérias Gram-positivas, menores efeitos colaterais, melhores perfis farmacocinéticos e menor custo. No presente trabalho, os compostos utilizados nos ensaios para avaliação de atividade antibacteriana foram obtidos a partir de modificações da molécula de norfloxacino resultando em quatro grupos: a) precursores fenacílicos; b) precursores imínicos; c) derivados do norfloxacino e, d) análogos do norfloxacino. A avaliação da atividade antimicrobiana incluiu cepas padronizadas e cepas de isolados clínicos de micro-organismos Gram-negativos e Gram-positivos. A determinação do perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos foi realizada através da difusão radial em ágar e a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) foi realizada através do método de microdiluição e diluição em ágar, enquanto que e a concentração bactericida mínima (CBM) foi determinada a partir do subcultivo das análises de CIM em placas de Petri com ágar MuellerHinton. Os resultados revelaram que todos os derivados de norfloxacino testados neste estudo, apresentaram atividade antibacteriana, bem como o seu análogo (derivado do ácido nalidíxico), porém nenhum deles foi mais ativo ou equivalente ao norfloxacino e ácido nalidíxico. Embora os resultados não foram favoráveis para estabelecer uma conclusiva correlação entre as mudanças estruturais da molécula de norfloxacino e sua respectiva atividade antibacteriana, foi verificado que para as cepas de Escherichia coli e Klebsiella oxytoca houve indício de correlação dos compostos 6, 9, 12, 14 e 15, com os parâmetros de efeito eletrônico preconizados por Topliss. Palavras-chave: atividade antimicrobiana, fluoroquinolona, norfloxacino. ANALYSIS OF ANTIMICROBIAL POTENTIAL OF QUINOLINIC DERIVATIVES AND PRECURSORS OF NORFLOXACIN ANALOGS MARIA DE FÁTIMA RUIZ MARTINS August 2009 Supervisor: Prof. Alexandre Bella Cruz, Dr. Area of Concentration: Microbiology Number of Pages: 67. ABSTRACT Fluoroquinolones are agents that belong to a class of drugs capable of inhibiting the DNA gyrase, an essential enzyme involved in the replication of bacterial DNA. Although fluoroquinolones have broad antimicrobial activity against Gram-negative and anaerobic bacteria, this class of compounds is relatively less active against Gram-positive bacteria. Attempts have been made to synthesize new fluoroquinolones, seeking to increase the antibacterial activity, including against Gram-positive bacteria, with lower side effects, improved pharmacokinetic profiles, and lower cost. In this work, the compounds used in the tests to evaluate antibacterial activity were obtained from modifications to the norfloxacin molecule, resulting in four groups: a) phenacyl precursors; b) imine precursors; c) norofloxacin derivatives, and d) norfloxacin analogs. The assessment of antimicrobial activity included standard strains and clinical isolates of Gram-negative and Gram-positive micro-organisms. The antimicrobial susceptibility profile was determined by agar disk diffusion and the minimum inhibitory concentration (MIC) was determined by the microdilution broth and agar dilution methods, while the minimum bactericidal concentration (MBC) was determined from the subculture of the MIC analyses in MuellerHinton agar Petri dishes. The results showed that the norfloxacin derivatives tested in this study presented antibacterial activity, as did its analog (nalidixic acid derivative). However, none of them were more active than or equivalent to norfloxacin and nalidixic acid. Although these results did not enable any conclusive correlation to be drawn between the structural changes of the norfloxacin molecule and its respective antibacterial activity, it was verified that the Escherichia coli and Klebsiella oxytoca strains showed signs of correlation between compounds 6, 9, 12, 14 and 15 and the electronic parameters recommended by Topliss. Key words: antimicrobial activity, fluoroquinolone, norfloxacin. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Diferenças estruturais entre as bactérias Gram-negativas e positivas ..... Figura 2 Representação esquemática da relação entre estrutura química e 18 atividade biológica de quinolonas ............................................................. 22 Figura 3 Representação da evolução das quinolonas ............................................ 23 Figura 4 Desenvolvimento cronológico das fluoroquinolonas ................................. 26 Figura 5 Representação da estrutura química do norfloxacino .............................. 33 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Padrões interpretativos de diâmetros de halo de inibição para as cepas bacterianas Gram-negativas ....................................................................... Tabela 2 Padrões interpretativos de diâmetros de halo de inibição para as cepas da bacteria Gram-positiva Staphylococcus aureus ..................................... Tabela 3 46 Ordem de potência de Topliss para várias dependências paramétricas ............................................................................................... Tabela 5 42 Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos de cepas bacterianas padrão e de material clínico ........................................................................ Tabela 4 41 53 Ordem de potência de atividade antibacteriana observada para cinco derivados destacados, em ensaio envolvendo as cepas de E. coli e K. oxytoca ................................................................................................... Tabela 6 54 Atividade antibacteriana (CIM em µg/mL) dos compostos modificados do norfloxacino frente às cepas das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas .......................................................................................... Tabela 7 56 Atividade antibacteriana (CIM em µM) dos compostos modificados do norfloxacino frente às cepas das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas ........................................................................................... Tabela 8 57 Atividade antibacteriana (CBM em µg/mL) dos compostos modificados do norfloxacino frente às cepas das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas .......................................................................................... Tabela 9 58 Atividade antibacteriana (CBM em µM) dos compostos modificados do norfloxacino frente as cepas das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas .......................................................................................... 59 11 LISTA DE ABREVIATURAS ATCC: American Type Culture Collection CAP: Pneumonia Adquirida na Comunidade CBM: Concentração Bactericida Mínima CCS: Centro de Ciências da Saúde CIM: Concentração Inibitória Mínima CLSI: Clinical and Laboratory Standards Institute DMF: Dimetilformamida DNA: Ácido Desoxirribonucléico LPS: Lipopolissacarídeo NCCLS: National Commitee for Clinical Laboratory Standards NIQFAR: Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas RNA: Ácido ribonucléico UNIVALI: Universidade do Vale do Itajaí 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13 2 OBJETIVOS ................................................................................................... 15 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 15 2.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 15 3 EMBASAMENTO TEÓRICO .......................................................................... 16 3.1 Doenças infecciosas ................................................................................... 16 3.2 Micro-organismos ........................................................................................ 17 3.3 Agentes Antimicrobianos ............................................................................. 19 3.4 Quinolonas .................................................................................................. 21 3.5 Resistências às quinolonas ......................................................................... 29 4 Materiais e Métodos ...................................................................................... 33 4.1 Compostos para análise de atividade antimicrobiana ................................ 33 4.2 Material Microbiológico ............................................................................... 39 4.2.1 Isolamento e identificação dos micro-organismos ................................... 39 4.2.2 Manutenção dos micro-organismos ......................................................... 39 4.2.3 Preparo dos inóculos bacterianos ............................................................ 40 4.3 Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos ........................................... 40 4.4 Concentração inibitória mínima (CIM) ......................................................... 43 4.5 Concentração bactericida mínima (CBM) .................................................... 43 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 44 5.1 Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos ............................................ 44 5.2 Atividade antibacteriana .............................................................................. 48 6 CONCLUSÕES .............................................................................................. 60 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 61 13 1 INTRODUÇÃO A descoberta dos antimicrobianos representou o maior avanço na farmacoterapia nos últimos 50 anos, pois possibilitou o controle efetivo de muitos micróbios patogênicos que causam incapacidade prolongada ou a morte de seres humanos. A era da quimioterapia antimicrobiana iniciou-se em 1936 com a introdução, na clínica, das sulfonamidas (SOUZA et al., 2004). A introdução da penicilina em 1941 tornou-se um marco histórico na medicina, por revolucionar os princípios terapêuticos até então usados nos tratamentos das doenças infecciosas. Atualmente são conhecidas centenas de antimicrobianos (SOUZA et al., 2004). As quinolonas são uma grande família de agentes antibacterianos. Como usual, sua descoberta foi fruto da casualidade. Durante o desenvolvimento de um fármaco antimalárico, observou-se que o ácido nalidíxico foi efetivo na eliminação de bactérias (BUSH, 2004). Os agentes sintéticos quinolônicos apresentam o anel bicíclico heteroaromático como estrutura farmacofórica, acrescido da natureza dos substituintes periféricos e as relações espaciais (DIZMAN; ELASRI; MATHIAS, 2005). Desde a sua descoberta no início dos anos 1960, o grupo de agentes antibacterianos denominados de quinolonas gerou considerável interesse clínico e científico, incluindo o desenvolvimento de fármacos da segunda geração desta classe terapêutica, como a ciprofloxacina (BENSIKADDOUR et al., 2008). As fluoroquinolonas são agentes antibacterianos de largo espectro que apresentam maior crescimento na utilização clínica. Em 2006, estes agentes representaram 18% das vendas de antibacterianos no mercado farmacêutico (DRLICA et al., 2008). Após quatro décadas da descoberta do ácido nalidíxico - o primeiro membro da família de antibacteriano quinolônico mais de 7000 novos análogos tem sido registrado na literatura (LI et al., 2007). O grande avanço da quimioterapia antibacteriana das fluoroquinolonas ocorreu no final da década de 1970, quando houve a introdução de um átomo de flúor na posição do carbono 6 (C-6) e um grupo piperazina na posição do carbono 7 (C-7) no anel quinolônico conferindo um amplo e potente espectro de atividade antimicrobiana. Esta nova molécula, denominada de norfloxacino, foi patenteado em 14 1978, sendo a primeira fluoroquinolona a apresentar potente atividade bacteriana (SOUZA et al., 2004). As fluoroquinolonas são uma importante classe de antimicrobianos sintéticos, ativos contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas através da inibição de suas DNA girases (SALEM; FADA; KHATER, 2007). O norfloxacino é uma fluoroquinolona usada no tratamento de algumas doenças bacterianas, incluindo infecção do trato urinário e doenças respiratórias crônicas em crianças (ADJEI et al., 2006). As resistências às diferentes classes de antimicrobianos, incluindo β lactâmicos, macrolídeos, clindamicina, tetracilina e cloranfenicol, têm proporcionado o estudo com compostos com maior atividade in vitro frente a cepas resistentes, incluindo as fluoroquinolonas (VISCONTI; GARRIGUES; CANTÓN, 2002). Diante do exposto, é de interesse do grupo dar continuidade aos estudos realizados preliminarmente com este composto, tornando relevante a sua investigação no que diz respeito à sua atividade biológica, bem como, a necessidade da busca de novos fármacos como opção terapêutica. 15 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: Avaliar a atividade antimicrobiana de precursores e de derivados quinolônicos análogos da molécula de norfloxacino, utilizando cepas bacterianas padrão e clinicamente resistentes. 2.2 Objetivos Específicos: Identificar cepas bacterianas resistentes aos antimicrobianos de uso clínico; Determinar o perfil de susceptibilidade das cepas bacterianas; Verificar a atividade antimicrobiana de precursores fenacílicos e derivados quinolônicos; Comparar a atividade antimicrobiana dos compostos quinolônicos com o ácido nalidíxico e o fármaco de referência norfloxacino. 16 3. EMBASAMENTO TEÓRICO 3.1 Doenças Infecciosas As doenças infecciosas constituem um grande problema da saúde, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Velhas e emergentes doenças infecciosas contribuem substancialmente para a morbidade e mortalidade em todo o mundo. Por esta razão, a sociedade investe consideravelmente na investigação de doenças infecciosas, a fim de alcançar o progresso científico e desenvolver novas intervenções terapêuticas (BLIZIOTIS et al., 2005). As infecções ocorrem mais frequentemente quando a pele ou as barreiras de proteção são rompidas, depois da inserção de um corpo estranho ou em paciente imuno-comprometido. Os traumas que comprometem a integridade da barreira cutânea constituem-se na principal causa de mudança de comportamento dos microorganismos que colonizam tal região, para agente etiológico mais comum das infecções (ZAVADINACK-NETO et al., 2001; O'RIORDAN; LEE, 2004). A infecção é uma doença que envolve a presença de micro-organismos como bactérias, fungos, vírus e protozoários em um hospedeiro vivo. Uma infecção ocorre quando micro-organismos invasores estimulam uma evidente resposta do hospedeiro. Inicialmente ocorre a penetração do agente infeccioso, no corpo do hospedeiro e há proliferação do mesmo, com consequente apresentação de sinais e sintomas. Um micro-organismo capaz de causar uma infecção é, com frequência, referido como patogênico. O grau ou a patogenicidade na qual um micro-organismo pode causar dano a um hospedeiro infectado é conhecido como virulência (KONEMAN et al., 2001). Os micro-organismos podem alcançar o hospedeiro por vias exógenas como inalação, ingestão, contato direto ou inoculação ou endógenas, que é a ruptura de barreiras naturais, modificações na virulência da “microbiota normal” ou modificações nos mecanismos de defesa do hospedeiro (SCHAECHTER et al., 2002). 17 O corpo humano representa para as bactérias uma coleção de nichos ambientais, capazes de fornecer calor, umidade e nutrientes, essenciais para o crescimento bacteriano. Assim, a obtenção de determinadas características genéticas pode tornar as bactérias capazes de penetrar no ambiente, ter acesso aos alimentos e também conseguir evadir-se do processo de eliminação pela resposta imunológica do hospedeiro. Deste modo, toda essa adaptação da bactéria pode resultar em danos e problemas à saúde do hospedeiro (MURRAY et al., 2002; FOXMAN, 2007). 3.2 Micro-organismos As bactérias são seres procarióticos com organização relativamente simples e que se reproduzem por divisão assexuada. Esses micro-organismos são formados por várias estruturas que diferem de uma espécie para outra (MURRAY et al., 2002). As bactérias podem ser divididas em duas importantes classes, Gram-positivas e Gram-negativas (Figura 1). Essa classificação está baseada na reação de coloração dos micro-organismos, através do método de Gram. A reação das bactérias à técnica de Gram expressa diferentes características, de modo especial no que diz respeito à composição química, estrutura, permeabilidade da parede celular, fisiologia, metabolismo e patogenicidade (RUSSELL; CHOPRA, 1990; TRABULSI et al., 2005). As paredes das bactérias Gram-negativas e Gram-positivas apresentam diferenças marcantes. As bactérias Gram-negativas possuem uma parede composta de várias camadas, sendo elas uma camada de peptideoglicano e três outros componentes que a envolvem externamente, lipoproteína, membrana externa e lipopolissacarídeo que diferem em sua composição química e, consequentemente, é mais complexa que a parede das Gram-positivas, que apesar de espessa, apresenta predominantemente múltiplas camadas de peptideoglicano (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1998). A lipoproteína tem como função estabilizar a membrana externa e ancorá-la à camada de peptideoglicano. A membrana externa possui uma dupla camada de 18 lipídeos, com moléculas de proteínas e lipoproteínas ligadas ao peptideoglicano onde se encontra o lipopolissacarídeo (LPS), que é capaz de conferir propriedade de patogenicidade nas bactérias. O LPS é conhecido também como uma endotoxina, pois é tóxico, e considerado um ativador nas reações inflamatórias de fase aguda (TRABULSI et al., 2005). As bactérias Gram-positivas protegem a membrana citoplasmática com uma parede celular espessa. As muitas camadas de peptideoglicano impedem a passagem de compostos hidrofóbicos devido à presença de açucares e aminoácidos (SCHAECHTER et al., 2002). Entre os fatores diferenciais das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, pode-se ressaltar que as bactérias Gram-negativas não possuem o ácido teicóico, além de possuir menor concentração de peptideoglicano, sendo que estas características as tornam mais suscetíveis a permeabilidade da membrana, quando comparadas às bactérias Gram-positivas (RUSSELL; CHOPRA, 1990; RANG et al., 2003). Figura 1: Diferenças estruturais entre as bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Fonte: Adaptado de BARON, 1996 19 3.3 Agentes Antimicrobianos As primeiras descrições sobre o uso de antimicrobianos datam 3.000 anos, quando os médicos chineses utilizavam bolores com ação antibacteriana e antifúngica, para tratar tumores inflamatórios e feridas infecciosas, com a recomendação de uso de emplastros com uma mistura de vinho, cerveja, zimbro e ameixa. Na época, a descoberta de novos agentes antimicrobianos costumava ser uma questão meramente casual (TAVARES, 1999). O empirismo reinou até a descoberta das bases microbiológicas da infecção, no século XX, com a introdução das sulfonamidas em 1936 e das penicilinas no início dos anos 40 (OLIVEIRA, 2001). Em 1928, Alexander Fleming descobriu as propriedades antibacterianas da penicilina, porém, seu uso clínico, só se tornou difundido após 1942. A penicilina era o milagre da cura para muitas doenças infecciosas, mas não era eficaz para infecções do trato urinário causada por E. coli devido a grande proporção de infecções urogenitais persistentes durante o tratamento. Consequentemente, a introdução da penicilina que marcou o início da revolução antibiótica para muitas doenças infecciosas não teve o mesmo impacto no que diz respeito ao tratamento de infecções do trato urinário (NICKEL, 2005). Os antimicrobianos são fármacos utilizados para o tratamento de doenças infecciosas devido à atuação e interferência no crescimento dos micro-organismos. O antimicrobiano ideal inviabiliza o micro-organismo nocivo sem prejudicar o hospedeiro correspondendo ao princípio da toxicidade seletiva. Os fármacos utilizados na quimioterapia das doenças infecciosas são classificados em dois grupos. Aqueles que são sintetizados por procedimentos químicos em laboratórios são denominados fármacos sintéticos, enquanto que aqueles produzidos por bactérias ou fungos são denominados antibióticos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2000). Agentes antimicrobianos são, via de regra, classificados como sendo específicos ou inespecíficos. Os específicos atuam principalmente sobre os microorganismos invasores, sem afetar significativamente o hospedeiro. Os antimicrobianos inespecíficos, ou seja, compostos capazes de matar ou inibir o 20 crescimento de qualquer micro-organismo in vitro, não são considerados quimioterápicos, e sim, desinfetantes, anti-sépticos, germicidas, biocidas, esterilizantes e sanitizantes, com uso exclusivamente tópico (SOUZA et al., 2003). Os antimicrobianos são distribuídos em grupos ou classes de acordo com certas características ou propriedades comuns aos membros de cada grupo. Estas propriedades são: estrutura química, mecanismo de ação e espectro de atividade (LOPES, 2005). Segundo Mims et al. (1999), Tavares (1999), e Schaechter et al. (2002), o sítio alvo dos grupos de agentes antimicrobianos, podem ser abordados da seguinte maneira: • Inibidores da síntese de parede celular: os antimicrobianos que agem sobre a síntese da parede celular atuam produzindo uma parede com defeitos estruturais atuando sobre o processo de replicação celular; • Inibidores da Síntese de Proteínas: a síntese protéica pode sofrer interferência em várias fases do seu desenvolvimento como na formação do RNA-mensageiro, na fixação do RNA-mensageiro ao ribossoma, por alterações no ribossoma e na fixação do RNA-transportador ao ribossoma; • Inibidores da síntese de ácidos nucléicos: para iniciar a síntese de DNA é necessária a ativação prévia da enzima DNA-girase ou topoisomerase II para desenrolar a dupla fita de DNA e introduzir uma superespiral negativa, sendo possível interferir na síntese de ácidos nucléicos através de cinco mecanismos diferentes: inibição da síntese de nucleotídeos, alteração da propriedade de pareamento das bases modelo, inibição da DNA ou RNApolimerase, inibição da DNA-girase, efeitos diretos sobre o próprio DNA; • Inibidores da função da membrana citoplasmática: a membrana citoplasmática é composta por cerca de 66% de proteínas e 33% lipídeos, que confere a ela permeabilidade seletiva responsável por controlar a passagem de nutrientes para o interior da célula e a saída de compostos resultantes do catabolismo. As alterações físico-químicas da membrana citoplasmática levam a morte bacteriana, pois a permeabilidade seletiva é rompida, causando a saída de elementos vitais a células como fosfatos, íons, porinas e ácidos nucléicos ou a entrada de compostos nocivos ao metabolismo bacteriano (TAVARES, 1999). 21 • Antimetabólitos: de acordo também com sítio-alvo, os antimicrobianos que interferem na biossíntese do ácido tetrahidrofólico (THFA), são poderosos inibidores indiretos. Isto porque o THFA é o doador de um átomo de carbono em alguns estágios na síntese de porina e pirimidima. A síntese dos THFA na bactéria está sujeita a inibição através de dois grupos de compostos, as sulfonamidas (por exemplo, o sulfametoxazol) e o 2,4-diaminopirimidina (por exemplo, trimetoprim) (RUSSEL; CHOPRA; 1990). Além destes, existem os compostos que inibem a respiração e/ou fosforilação oxidativa, que não podem ser usados na terapêutica, pois atuam em processos comuns a todas as células e são igualmente tóxicos para a bactéria e para o hospedeiro (FONSECA, 1999; SCHAECHTER et al., 2002; SOUZA et al., 2003) Os micro-organismos geralmente adquirem resistência aos antimicrobianos por mutações genéticas, mas muitas vezes pode não ser a mutação o fator responsável pela resistência. Os mecanismos de resistência clinicamente relevantes incluem a síntese de enzimas que inativam a droga, prevenção do acesso ao sítio alvo (inibição da absorção ou mesmo aumento da excreção) ou modificação do sítio alvo (SCHAECHTER et al., 2002; TENOVER, 2006). O problema da resistência microbiana vem crescendo continuamente e a perspectiva para o uso de drogas antimicrobianas no futuro é ainda incerta. Devido à grande propagação da resistência antimicrobiana torna-se muito importante o entendimento do mecanismo de ação dos novos agentes antibacterianos (FOROUMADI et al., 2003). Além do mais, podem ser tomadas ações para reduzir este problema, por exemplo, o uso racional de antimicrobianos, o desenvolvimento ou pesquisas para melhor compreensão dos mecanismos genéticos de resistência, e continuidade de estudos de desenvolvimento de novos compostos, sintéticos ou naturais (NASCIMENTO et al., 2000). 3.4 Quinolonas As quinolonas são compostos heterocíclicos que tem em sua estrutura um núcleo bicíclico e a maioria daquelas clinicamente relevantes, contém um ácido 22 carboxílico na posição 3 e substituintes nas posições 1 e 7 e/ou 8 (SIEGMUND et al., 2005) (Figura 2). G rupo com o N H 2 ou um átom o de F conferem atividade biológica. C = S ou O conduzem a perda de atividade biológica. Im portante para a atividade biológica. G rupos com o N O 2,N H 2 e principalm ente um átom o de F conferem atividade biológica. R3 G rupos com o piperazila, pirrolidinas substituídas ou não, conferem atividade biológica. R2 R4 5 O 4 3 1 N 2 6 7 8 R1 R C O2 H Á tom os com o C ou O conduzem a perda da atividade biológica. G rupos com o ciclopropil, terc-butil, etil, m -fluorbenzeno, 2,4-difluorbenzeno, O C H 3 , N C H conferem atividade biológica. 3 O átom o de N conferem atividade biológica. Á tom os com o H , C l, F ou O m e conferem atividade biológica. A nel Q uínolônico Figura 2: Representação esquemática da relação entre a estrutura química e a atividade biológica de quinolonas. Fonte: Adaptado de SOUZA et al., 2004 A partir da estrutura básica das quinolonas se têm efetuado inúmeras modificações nas posições N-1, C-6, C-7 e C-8, dando origem a mais de 10.000 derivados (Figura 3). As trocas mais relevantes na obtenção de novos derivados ocorreram sobre as aminas na posição de C-7, devido à facilidade de incorporar diferentes cadeias laterais como grupos piperazina, aminopirrolidina e derivados com diferentes substituições (ROTHLIN, 1999). Os antibacterianos quinolônicos, originalmente derivados de compostos antimaláricos foram desenvolvidos através da adição de piperazina e outros mono ou bi substituições cíclicas na posição 7, dando aumento de atividade antipseudomonas e bactérias Gram-negativas, e fluoração em vários sítios, que por sua vez, aumenta a atividade para bactérias Gram-positivas. A classe já se encontra em uso clínico por mais de 40 anos. O aumento na atividade acarretou também alguns problemas, como, reações idiossincráticas em agentes como os compostos 1-(2,4)difluorofenill, tais como temafloxacino (síndrome hemolítica urêmica) e trovafloxacino (reações hepatotóxicas), com a restrição, suspensão ou até mesmo a retirada do mercado consumidor (BALL, 2003). 23 Figura 3: Representação da evolução das quinolonas. Fonte: Adaptado de BRYSKIER, 2004 As principais estratégias, ambas procedentes de intermediários do tipo enaminomas, tem sido descritas na literatura para construção do anel quinolônico. A primeira delas foi desenvolvida por químicos da Bayer AG, sendo o anel quinolônico formado pela ciclização de intermediário 3-aminoacrilatos-2 (2-halobenzoil). Outra rota alternativa é conhecida como ciclização de Gould-Jacob. Esta estratégia é baseada na ciclização térmica ou catalizada em meio ácido, de malonatos anilinometilênicos. Essa ciclização é, essencialmente, uma modificação do clássico método de preparação 4-quinolonas, realizado por Conrad-Limpach a partir de anilinas e ésteres acetoacéticos. Estas metodologias, anteriormente mencionadas, permitem a introdução de diferentes substituintes nas posições C-2, C-5, C-6, C-7, C-8 e N-1 do anel quinolônico, com o objetivo de se obter fármacos mais eficazes (SOUZA et al., 2004). A atividade antibacteriana da 4-quinolona não somente depende da natureza do substituinte, bem como, de seu arranjo espacial. Esses substituintes desempenham um papel importante influenciando na atividade antibacteriana e nas propriedades farmacocinéticas através da afinidade com enzimas bacterianas 24 (BHANOT; SINGH; CHATTERJEE, 2001) Os agentes antibacterianos derivados quinolônicos possuem amplo espectro, boa absorção oral e larga distribuição no tecido. Tais agentes são usados extensivamente no tratamento de doenças infecciosas. Estas moléculas biologicamente ativas são ionizadas inteiramente ou parcialmente no pH fisiológico. Nestas condições, frequentemente, mostra-se a presença de grupos, que são responsáveis pela a atividade biológica e pela solubilidade e consequente maior biodisponibilidade. A estrutura não-ionizada, entretanto, tem um coeficiente mais favorável à subdivisão referente aos produtos não aquosos. Consequentemente, o conhecimento das constantes de dissociação destes compostos pode ser essencial para finalidades práticas (avaliação de absorção gastrointestinal, dissolução, etc.) e para a interpretação de relação estrutura-atividade (PATRICK, 1995; BARREIRO; FRAGA, 2001). O ácido nalidíxico, o cinoxacino e o ácido oxolínico são os agentes mais representativos das quinolonas de primeira geração. A síntese da molécula de norfloxacino incorporou ao arsenal terapêutico a primeira fluoroquinolona, tendo como precursor a flumequina em relação à presença do átomo de flúor na posição de C-6 e o ácido pipemídico pela presença do grupo piperazina (ROTHLIN, 1999). O ácido nalidíxico foi a primeira quinolona a apresentar atividade antimicrobiana, em 1962. No entanto, o grande avanço das fluoroquinolonas ocorreu em 1970, com a introdução de um átomo de flúor em posição C-6 e um grupo piperazina em posição C-7. Esta alteração conferiu um amplo e potente espectro de atividade antimicrobiana, obtendo-se assim o norfloxacino, mas que foi patenteado somente em 1978. O norfloxacino foi a primeira fluoroquinolona a apresentar potente atividade bacteriana (SOUZA et al., 2004). As quinolonas são potentes agentes antibacterianos. A maioria das bactérias é sensível as quinolonas, sendo que os derivados contendo um átomo de flúor têm considerável sucesso clínico quando usado para tratamento das infecções. Todavia, algumas espécies patogênicas, tais como Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, e Mycobacterium tuberculosis, facilmente adquirem mutações que limitam o uso das fluoroquinolonas (ZHAO et al., 1997). Em geral, as quinolonas demonstram excelente atividade in vitro contra 25 membros da família Enterobacteriaceae, bem como Haemophilus influenza, e cocos Gram-negativos, incluindo Neisseria gonorrhoeae, Neisseria meningitidis e Branhamella catarrhalis. Os antimicrobianos quinolônicos também apresentam boa potência contra Pseudomonas aeruginosa, demonstrando boa atividade contra Staphylococcus aureus e outras espécies estafilocócicas, porém é pouco potente contra estreptococos, sendo ainda inativas contra Candida albicans (WOLFSON; HOOPER, 1989). As quinolonas são ativas in vitro contra todos os patógenos bacterianos causadores de infecção do trato urinário e gastroenterites bacterianas. O fármaco é também potente contra alguns patógenos causadores de doenças sexualmente transmissíveis e infecções do trato respiratório. As quinolonas representam a primeira classe de agentes orais com atividade contra Pseudomonas aeruginosa (WOLFSON; HOOPER, 1989). A fluoroquinolona tem excelente atividade in vitro e eficácia in vivo contra muitos patógenos respiratórios, incluindo Streptococcus pneumoniae multi- resistentes (OLSEM et al., 2006). As quinolonas são agentes antimicrobianos que inibem rapidamente a síntese de DNA, e sua potência nesta inibição se correlaciona diretamente com a atividade antibacteriana (WOLFSON; HOOPER, 1989). O agente antibacteriano 4-quinolona tem como alvo duas enzimas bacterianas, DNA girase e topoisomerase IV (DRLICA; ZHAO, 1997). De modo geral, se pode afirmar que a ação das quinolonas consiste em inibir estas duas enzimas (VISCONTI; GARRIGUES; CANTÓN, 2002). Os alvos intracelulares das quinolonas são duas DNA topoisomerases: girase e topoisomerase IV. A enzima girase tem como alvo principal as bactérias Gramnegativas, enquanto a topoisomerase IV é inibida pela maior parte das quinolonas preferencialmente em organismos Gram-positivos (DRLICA et al., 2008). Segundo Bhanot e colaboradores (2001), em geral as pirrolidinas apresentam elevada potência frente às bactérias Gram-positivas, enquanto as piperazinas oferecem melhor atividade antibacteriana para as Gram-negativas. Todas as quinolonas parecem quebrar o DNA durante o crescimento aeróbico, anaeróbico e quando há quebra na síntese de proteínas. Porém, a capacidade para a rápida morte celular nestas condições depende da estrutura da quinolona (MALIK; HUSSAIN; DRLICA, 2006). 26 Todavia, o desenvolvimento de novas quinolonas e a análise da relação estrutura-atividade destes compostos poderá fornecer novas estruturas quinolônicas para uso clínico (WOLFSON; HOOPER, 1989). As fluoroquinolonas são muito eficazes para o tratamento de diversas infecções bacterianas. Foi demonstrado que um grupo ciclo propil na posição 1, em combinação com um grupo 3-aminopirrolimidil na posição 7 e um átomo de um halogênio, como flúor ou cloro na posição 8, confere uma melhor atividade antibacteriana a molécula de fluoroquinolona. Em particular, a introdução de um átomo de um halogênio na posição 8 de uma quinolona fornece à molécula uma potente atividade antibacteriana in vivo bem como aumento do espectro antibacteriano e melhorias na biodisponibilidade oral (HAYASHI; NAKATA; YAZAKI, 2004) (Figura 4). 1997 1962 1966 x Oxo lin l ifl o P ru ic id ( L E. i l ly 1970 ) in o xa c , Ros in c g) xa e r li n M il o o, St ox ofl ox ac Tr Le o v a fl v i (Da i n( A dis oxa c in ) (P f iz e r ) G r e p a f lo x a c in , P a z u f lo x a c in ( W a r n e r L a m b e r t , To y a m a S par f lo tt) ) bo r in yo Ab K ( a, c in am xa n) ip p o fl o oy (D a in (T C i n a x a c in in n) ac pa ni p im og er Ba lla n) 1978 G) 1979 1983 1980 1982 1972 e ( R ik e P in r) e d im No i c 1973 A c id Pe rf lo x (D a ac fl o in ip in p on xa (K ) ci y or n i n (R 1974 ) acin x ,T afl ox 1985 id (D m in ro ac Pi i n o x C x Eno n) in (Kyori Fleroxac Ofloxacin (Daiic hi) u fl o ac in 1986 Ac 1967 ) on pi p n ai i to m (S u m F le m iq u in C ipr oflo Ta xa c s in (Ray er A . 1987 M ci n 1989 if l ox a n) 1992 (N ip po 1994 on i pp N ( acin ) Nalidixic Acid (Lapp in) 1995 ic A cid ( Wa mer - Lam bert ) 1996 1981 Figura 4: Desenvolvimento cronológico das fluoroquinolonas. Fonte: Adaptado de BHANOT; SINGH; CHATTERJEE, 2001 27 A introdução das fluoroquinolonas em 1980 foi um efeito revolucionário no tratamento das salmoneloses sendo que, geralmente tem boa atividade in vitro contra espécies isoladas de Salmonella (KOTILAINEN et al., 2005). Desde a introdução do norfloxacino, um enorme esforço tem sido despendido mundialmente na síntese de um considerável número de fluoroquinolonas, no sentido de obter-se um aumento no espectro geral antibacteriano, associado às outras propriedades desejáveis, como melhor absorção, permeação celular, biodisponibilidade, etc. Estas iniciativas acabaram por produzir muitos novos fármacos de sucesso e outros tantos que ainda se encontram em desenvolvimento. Algumas dessas novas fluoroquinolonas incluem modificações não somente na estrutura básica anelar com a ausência do átomo de flúor na posição seis do grupamento farmacofórico, mas, também, utiliza-se de novas aminas cíclicas ou heterocíclicos nitrogenados, apropriamente substituídos na posição sete do farmacóforo (BHANOT; SINGH; CHATTERJEE, 2001). Uma série de derivados quinolônicos substituídos foi sintetizada e avaliada quanto às atividades antibacteriana e citotóxica. Tomou-se como substrato de partida o norfloxacino, sendo esta submetida à condensação com brometos de fenacila substituídos. Os substituintes possuíam diversidade química capaz de possibilitar uma análise quanto à variação de parâmetros eletrônicos e estéricos. Os compostos oriundos da condensação foram, então, submetidos à reação com hidroxilamina, metoxiamina, hidrazina, semicarbazina e tiosemicarbazida, originando, assim novos compostos imínicos (CHEN et al., 2001). As novas fluoroquinolonas diferem entre si principalmente pela natureza dos substituintes atacarem o nitrogênio na posição 1 e a presença de um carbono ou nitrogênio na posição 8 do núcleo quinolônico. Os compostos que apresentam um nitrogênio na posição 8 podem ser referenciados simplesmente como quinolonas (WOLFSON; HOOPER, 1989). Após a descoberta da atividade antimicrobiana do norfloxacino, inúmeros análogos foram sintetizados nos últimos 35 anos, identificando-se assim, posição e grupos farmacofóricos e toxicofóricos. Várias substituições têm sido realizadas em diferentes posições do anel quinolônico, no entanto, as posições críticas para a atividade biológica são a C-6 (contendo um átomo de flúor), C-7 (contendo grupos 28 piperazila e pirrolidina) e N-1 (contendo grupos etila, ciclopropila, ter-butila e arilas fluorados). Existem também algumas fluoroquinolonas que possuem modificações em posição C-5 e/ou C-8 com potentes atividades antibactericidas como, por exemplo, BMY-40062, perfloxacina, fleroxacina e sparfloxacina (SOUZA et al., 2004). O norfloxacino [1-etil-6-fluro-1, 4-dihidro-4-oxo-7-(1-piperazinil)-3-ácido quinolinocarboxílico] é um agente antibacteriano sintético, de amplo espectro que apresenta elevada atividade antimicrobiana in vitro contra uma variedade de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, incluindo Pseudomonas aeruginosa gentamicina-resistente e Neisseria gonorrhoeae β-lactamase positiva. Este agente antibacteriano tem mostrado excelente efeito terapêutico no tratamento de doenças respiratórias, do trato biliar e infecção do trato urinário (SUN et al., 2006). A administração do norfloxacino por via oral tem sido amplamente utilizada no tratamento de infecções bacterianas, tais como infecção do trato urinário, gonorréia e infecções da próstata (UPADHYAY; KUMAR; ARORA, 2006). A atividade antibacteriana das fluoroquinolonas depende não somente do anel farmacofórico heteroaromático bicíclico, mas também da natureza do substituinte e sua relação espacial. Esses substituintes exercem sua influência na atividade antibacteriana tendo afinidade para as enzimas bacterianas, aumentando a penetração na célula, ou alterando a farmacocinética (FANG et al., 2000). As fluoroquinolonas são conhecidas pela capacidade de inibir as topoisomerases bacterianas e têm sido usadas clinicamente há mais de 40 anos. Alguns medicamentos obtidos a partir desta classe de antibacterianos, tais como levofloxacino e ciprofloxacino, não estão apenas entre os anti-infecciosos mais frequentemente receitados no mundo, mas também constituem o medicamento de escolha contra algumas infecções bastante graves; incluindo aquelas por antraz. Mesmo infecções micobacterianas podem ser tratadas com fluoroquinolonas (FANG et al., 2000). Como terapêutica de primeira escolha na para Pneumonia Adquirida na Comunidade (CAP) têm a levofloxacina e moxifloxacina em pacientes ambulatoriais e hospitalizados. A farmacocinética da levofloxacina e moxifloxacina difere, pois a levofloxacina é eliminada predominantemente pelo rim, enquanto a maior eliminação para moxifloxacina é hepática (OLSEM et al., 2006). 29 As fluoroquinolonas podem combater as infecções bacterianas, já que são capazes de inibir a DNA girase, uma enzima essencial e envolvida na replicação, transcrição e reparação do DNA bacteriano. A DNA girase bacteriana é um tetrâmero, composto de duas subunidades A e duas subunidades B. Os antibacterianos fluoroquinolônicos ligam-se especialmente com as subunidades A. A habilidade de penetração em diferentes espécies de bactérias, bem como de se ligar a DNA girase, são processos determinantes no espectro de atividade de um agente antimicrobiano (SOUZA et al., 2004). As atividades antimicrobianas e farmacológicas das fluoroquinolonas sugerem seu uso para tratamento de infecções do trato urinário e gonorréia. Em geral, as fluoroquinolonas, são eficazes para pacientes com infecções bacterianas que estão em uso de β-lactâmicos ou aminoglicosídeos, pois estes são contra-indicados em infecção com bactérias multi-resistentes (HOOPER; WOLFSON, 1985). O norfloxacino é ativo contra um grande número de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas incluindo Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter cloacae, Proteus mirabilis, Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, Citrobacter freundii, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Enterococcus faecalis, Enterobacter aerogenes, Staphylococcus saprophyticus, Serratia marcescens, e Streptococcus agalactiae. O composto é utilizado no tratamento de várias complicações do trato urinário causada por essas bactérias, assim como, no tratamento de prostatite devido à infecção por Escherichia coli. O tratamento de infecções oculares superficiais envolvendo a córnea ou a conjuntiva também utilizam o norfloxacino, principalmente aquelas causadas por Staphylococcus aureus, Staphylococcus pneumoniae, Escherichia coli, Haemophilus aegyptius, Haemophilus influenzae, Klebsiella pneumoniae, Neisseria gonorrhoeae, espécies de Proteus, Enterobacter aerogenes, Serratia marcescens, Pseudomonas aeruginosa, e espécies de Vibrio (RONER et al., 2004). Apesar das fluoroquinolonas possuírem uma ampla atividade antimicrobiana esforços têm sido direcionados para a síntese de novas fluoroquinolonas visando o aumento da atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas, com menores efeitos colaterais, melhores perfis farmacocinéticos e menores custos (SOUZA et al., 2004). 30 3.5 Resistências às Quinolonas No século XX, houve um avanço no desenvolvimento de antimicrobianos que ajudaram no tratamento de várias infecções, porém a euforia da descoberta desses agentes no combate as infecções foi vivida brevemente, pois as bactérias responderam rapidamente manifestando vários mecanismos de resistência a esta classe de fármacos. Assim a resistência bacteriana demonstrou ser um fator importante a ser considerado, visto que a complexidade dos mecanismos de resistência exibida pelos patógenos bacterianos está em constante desenvolvimento (TENOVER, 2006). A resistência bacteriana é uma resposta evolucionária inevitável ao uso de antimicrobianos. Este fenômeno de alteração de patógenos susceptíveis por uma espécie mais resistente continua até os dias de hoje, principalmente em ambientes hospitalares (FRENCH, 2005). A resistência bacteriana causa enormes problemas terapêuticos com implicações na saúde pública. Muitas bactérias possuem resistência intrínseca a vários grupos de antimicrobianos, mas o problema da resistência aos antimicrobianos é geralmente colocado quando emerge por alterações genéticas originando mutações resistentes (SOARES, 2001). O contínuo aparecimento de bactérias resistentes reflete o problema emergente de resistência, complicando e impedindo o tratamento de diversas doenças infecciosas. O problema de resistência abrange não somente as bactérias, mas também infecções fúngicas, virais e parasitárias. O diagnóstico correto dos agentes responsáveis pela infecção, identificando o micro-organismo e a seleção apropriada da terapia para o tratamento destas infecções assegura o uso rápido e eficaz dos agentes antimicrobianos (LEVY, 2005). O aparecimento de bactérias resistentes aos antimicrobianos é um problema crescente que pode causar falhas do tratamento, o que levou ao aumento das taxas de morbidade e mortalidade. Durante a última década houve vários relatórios sobre o aparecimento de bactérias resistentes frente às terapias antibacterianas, como os enterococos resistentes à vancomicina, Staphylococcus aureus resistente a meticilina e vancomicina, Streptococcus pneumoniae resistente a penicilina, 31 macrolídeos, e fluoroquinolona (GROSSMAN et al., 2007). Devido ao aumento da atividade in vitro do ciprofloxacino em relação ao levofloxacino contra Pseudomonas aeruginosa, a probabilidade de isolamento de espécies de P. aeruginosa quinolona-resistente pode ser maior após a exposição ao levofloxacino que ao ciprofloxacino (KAYE et al., 2006). O uso de terapia empírica inapropriada foi encontrado como sendo causa de mortalidade em pacientes com bacteremia originada no trato urinário. Além disso, alguns estudos mostram que a terapia empírica inadequada pode levar ao uso desnecessário de antimicrobianos (BAIL; ITO; ESMERINO, 2006). A resistência a mais de uma classe de antimicrobianos é considerada comum e tem proporcionado a realização de estudos com compostos com maior atividade in vitro, incluindo as próprias fluoroquinolonas (VISCONTI; GARRIGUES; CANTÓN, 2002). O desenvolvimento da resistência das fluoroquinolonas é um resultado espontâneo de mutações cromossômicas, ou através da indução de multidrogas (LOWY, 2003). Os mecanismos de resistência as quinolonas podem se agrupar em três categorias: resistência do tipo cromossômico, resistência por alteração na membrana externa bacteriana e resistências baseadas na expulsão do fármaco (VISCONTI; GARRIGUES; CANTÓN, 2002). Somente duas mutações para resistência das quinolonas têm sido identificadas no gene gyr B, ambos relacionados com o ácido nalidíxico. Uma mutação (terminal nalD) aumenta a resistência a novas quinolonas, enquanto a outra (terminal nalC) confere hipersusceptibilidade para as quinolonas (WOLFSON; HOOPE, 1989). A resistência que foi desenvolvida à fluoroquinolona teve como resultado as mutações cromossômicas espontâneas no alvo do antimicrobiano, topoisomerase IV ou DNA girase, ou pela indução de uma bomba de efluxo multirresistente. Quando uma classe de antimicrobianos como as quinolonas, é usada no tratamento de infecções causadas por outras bactérias patogênicas, como colonizações por S. aureus, provavelmente são expostos a concentrações subterapêuticas do medicamento e se tornam, portanto, um risco das colônias bacterianas transformarem-se em micro-organismos resistentes. Estas espécies resistentes então se tornam o reservatório para futuras infecções (LOWY, 2003). 32 Enquanto que para a E.coli e outras bactérias Gram-negativas as quinolonas tem como alvo a DNA girase, para algumas bactérias Gram-positivas, apresentam situação inversa: a primeira resistência tem lugar por mutações produzidas na topoisomerase IV, deste modo, as mutações na girase proporcionam resistências adicionais (VISCONTI; GARRIGUES; CANTÓN, 2002). As resistências por alterações na membrana externa diminuem a penetração intracelular do fármaco. Estas modificações se originam por alterações dos genes que codificam os canais de porinas, que exercem papel fundamental na difusão da quinolona através da membrana externa das bactérias Gram-negativas. Vários mutantes tem demonstrado resistência às quinolonas hidrofílicas, e todas tem em comum a redução do número de OmpF, a principal e maior proteína das porinas na membrana externa de Escherichia coli (VISCONTI; GARRIGUES; CANTÓN, 2002). O aumento de resistência entre os estreptococos é uma questão de grande preocupação. Além de uma bomba de efluxo, o que só contribui minimamente para resistência das fluoroquinolonas, o principal mecanismo de resistência é mediado por mutações pontuais na região determinante de resistência as quinolonas das enzimas bacterianas topoisomerase II, ou seja, DNA girase e topoisomerase IV (PLETZ et al., 2006). Em contrapartida, o desenvolvimento de resistência ao norfloxacino é pouco frequente. Porém são considerados como principais mecanismos de resistência a diminuição da permeabilidade da membrana e alterações na estrutura da DNA girase (MANDELL et al., 1988). A resistência bacteriana aos antimicrobianos é uma crise global emergente e a compreensão dos mecanismos de resistência é fundamental para o desenvolvimento de novas estratégias para a terapia antiinfecciosa (KUMAR; SCHWEIZER, 2005), bem como a, pesquisa, descoberta e produção de novos agentes antimicrobianos torna-se de relevante importância no sentido de buscar uma solução para o problema de resistência desenvolvida pelos patógenos. 33 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Compostos para análise de atividade antimicrobiana Os compostos utilizados nos ensaios de atividade antimicrobiana foram sintetizados no Laboratório de Síntese Orgânica por Karine Cordeiro de Souza, sob orientação do Prof. Dr. Rogério Corrêa, como descrito em SOUZA, 2009. A partir do ácido nalidíxico (19) e do norfloxacino (1) (Figura 5), foram sintetizados dezoito compostos (Quadros 1, 2, 3 e 4). Os compostos incluíram seis brometos de fenacila codificados com os seguintes números: 2, 5, 8, 11, 13 e 15; oito derivados do norfloxacino com os brometos fenacílicos cujos números são: 3, 4, 6, 9, 12, 14, 16 e 18; três derivados imínicos com os números 7, 10 e 17; um derivado do ácido nalidíxico com brometo fenacilico codificado pelo número 20. O F N H O OH N N Norfloxacino (1) Figura 5: Representação da estrutura química do norfloxacino. 34 Quadro 1: Representação das estruturas químicas dos brometos de fenacila utilizados para a avaliação de atividade antimicrobiana. Legenda: 2-bromo-1-(4-fluorfenil)etanona (2), 2-bromo-1-(4-clorofenil) etanona (5), 2-bromo-1-feniletanona (8), 2-bromo-1-(4-metilfenil) etanona (11), 2-bromo-1-(4-metóxilfenil) etanona (13), 2-bromo-1-(3,4diclorofenil)etanona (15). 35 Quadro 2: Representação das estruturas químicas dos compostos derivados do norfloxacino utilizados para a avaliação de atividade antimicrobiana. Legenda: Ácido 1-etil-6-fluor-4-oxo-7-piperazinil-1,4-di-hidroquinolino-3-carboxílico (1), Ácido 1etil-6-fluor-4-oxo-7-piperazinil-4(4-fluorfenacil)-1,4-di-hidroquinolino-3-carboxílico (3), 1-etil-6fluor-4-oxo-7-(piperazinil)-4(4-fluorfenacil)-1,4-di-hidroquinolino-3-etilcarboxilato (4), Ácido 1etil-6-fluor-4-oxo-7-(piperazinil)-4(4-clorofenacil)-1,4-di-hidroquinolino-3-carboxílico (6), Ácido 1etil-6-fluor-4-oxo-7-piperazinil-4(fenacil)-1,4-di-hidroquinolino-3-carboxílico (9), Ácido 1-etil-6fluor-4-oxo-7-(piperazinil)-4(4-metilfenacil)-1,4-di-hidroquinolino-3-carboxílico (12), Ácido 1etil-6-fluor-4-oxo-7-(piperazinil)-4 (4-metóxifenacil)-1,4-di-hidroquinolino-3-carboxílico (14), Ácido 1-etil-6-fluor-4-oxo-7-(piperazinil)-4 (3,4-diclorofenacil)-1,4-di-hidroquinolino-3-carboxílico (16), Ácido 1-etil-6-fluor-7-{4-[1-(4-fluorfenil) etilideno] hidrazinopiperazin-1-il}-4-oxo-1,4dihidroquinolino-3-carboxílico (18). 36 Quadro 3: Representação das estruturas químicas dos compostos derivados imínicos utilizados para a avaliação de atividade antimicrobiana. Legenda: (1E)-[2-bromo-1-(4-clorofenil)etilideno]hidrazina (7); (1E)(2-bromo-1-feniletilideno) hidrazina (10); (1E)-[2-bromo-1-(4- fluorofenil)etilideno]hidrazina (17) Quadro 4: Representação das estruturas químicas dos derivados do ácido nalidíxico utilizados para a avaliação de atividade antimicrobiana. Legenda: Ácido 1-etil-7-metil-4-oxo-1,4-di-hidro-1,8-naftiridino-3-carboxilico (19), 1-etil-7-metil-4-oxo-1,4-di-hidro-1,8-naftiridino-3-etilcarboxilato (20). 37 A seguir, são apresentadas as rotas sintéticas para obtenção dos compostos, sendo que, para obtenção dos brometos de fenacila (Quadro 1), foram utilizadas acetofenonas substituídas e adicionado o reagente bromo usando o ácido acético como solvente (SOUZA, 2009). Onde X= H; 4 Cl; 3, 4 Cl2; F; CH3; OCH3 Para obtenção dos derivados do norfloxacino (Quadro 2), o mesmo foi tratado com bicarbonato de sódio e bromometilacetofenonas substituídas, em quantidades equimolares, utilizando a dimetilformamida como solvente, para obter-se os N-(2oxo-2-(4-fenil substituído) etil derivados (SOUZA, 2009). O nde X= H; 4 Cl; 3, 4 Cl2; F; CH3; OCH3 38 Já para obtenção dos derivados imínicos (Quadro 3), os derivados fenacílicos do norfloxacino e os brometos de fenacila com hidroxilamina em etanol forneceram os derivados imínicos de norfloxacino (SOUZA, 2009). Onde X= H; 4 Cl; 3, 4 Cl2; F; CH3; OCH3 Onde: X= 4-H; 4-Cl; 4-F 39 4.2 Materiais microbiológicos Os micro-organismos utilizados para a realização dos ensaios de atividade antimicrobiana foram as bactérias: Enterobacter aerogenes (isolado clínico) Escherichia coli 1 (ATCC 25922) Escherichia coli 2 (isolado clínico) Klebsiella oxytoca (isolado clínico) Pseudomonas aeruginosa 1 (ATCC 27853) Pseudomanas aeruginosa 2 (isolado clínico) Staphylococcus aureus 1 (ATCC 25923) Staphylococcus aureus 2 (isolado clínico) Todas as cepas ATCC foram adquiridas da Coleção de Culturas da Newprov Produtos para Laboratório (Pinhais/PR), e as cepas de isolado clínico foram fornecidas pelo Laboratório Escola de Análises Clínicas da UNIVALI (Itajaí/SC). 4.2.1 Isolamento e identificação dos micro-organismos Antes do uso, as cepas bacterianas foram submetidas à confirmação de pureza, por meio de testes clássicos de identificação, através da verificação das características de morfologia celular, rearranjo celular, reação à coloração de Gram, isolamento em meios de cultivo específicos e provas bioquímicas, como descrito em Koneman et al. (2001) e ANVISA (2004). Também foram realizados ensaios de susceptibilidade aos antimicrobianos (antibiograma) como padronizados pelo CLSI (2007). 4.2.2 Manutenção dos micro-organismos As cepas bacterianas foram mantidas em ágar nutriente e conservadas sob refrigeração (4 ºC) no Laboratório de Pesquisa em Microbiologia do curso de 40 Farmácia da UNIVALI, sendo repicadas em intervalos de 30 dias para a manutenção da viabilidade celular. 4.2.3 Preparo dos inóculos bacterianos O preparo dos inóculos teve início com a seleção de 4 a 5 colônias da bactéria em análise previamente ativada em ágar Mueller-Hinton. As colônias selecionadas foram transferidas para um tubo de ensaio com 5 mL de solução salina (NaCl 0,86%) estéril, seguido de homogeneização em agitador de tubos por 15 segundos. A densidade do inóculo foi ajustada por espectrofotometria a 520 nm, em comparação com a escala de 0,5 de McFarland (CLSI, 2007). A determinação da susceptibilidade aos antimicrobianos de uso clínico utilizou tamanho do inóculo final de aproximadamente 1,5x10 8 células/mL, enquanto que para o ensaio de determinação da concentração inibitória mínima (CIM), utilizou o tamanho do inóculo final entre 1 a 5x105 células/mL (CLSI, 2007). 4.3 Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos A avaliação do perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos (antibiograma) foi realizada pelo ensaio de difusão radial em ágar, como preconizado por CLSI (2007). O meio de cultura utilizado foi o ágar Mueller-Hinton em quantidade suficiente para a obtenção de uma espessura uniforme equivalente a 4 mm. Para cada bactéria em análise, sobre a superfície do meio de cultura, com auxílio de zaragatoa (swab), foi semeado o inóculo previamente preparado como descrito no item 4.2.3. Posteriormente, os discos com antimicrobianos foram depositados sobre a superfície do meio inoculado. Os antimicrobianos testados para as cepas das bactérias Gram-negativas foram: ácido nalidíxico 30 μg, amicacina 30 μg, amoxicilina + ácido clavulânico 30 μg, ampicilina 10 μg, cefalotina 30 μg, cefepime 30 μg, ceftriaxona 30 μg, ciprofloxacino 5 μg, gentamicina 10 μg, nitrofurantoína 300 μg, norfloxacino 10 μg e sulfazotrim 25 μg. Os antimicrobianos citados foram obtidos da DME - Diagnósticos Microbiológicos Especializados (Araçatuba/SP). 41 Para as cepas da bactéria Gram-positiva S. aureus, os antimicrobianos testados foram: vancomicina 30 μg, ampicilina 10 μg, eritromicina 15 μg, sulfazotrina 25 μg, gentamicina 10 μg, cefoxitina 30 μg, penicilina G 10 U, oxacilina 1 μg, tetraciclina 30μg, amoxicilina 10 μg, clindamicina 2 μg e cefalotina 30 μg, que foram obtidos da Laborclin (Pinhais/PR). As placas de antibiograma foram incubadas entre 35 e 37 ºC por 18 a 24 horas, e posteriormente os diâmetros dos halos de inibição foram medidos com auxílio de uma escala em milímetros (mm), determinando a sensibilidade aos antimicrobianos, por comparação com critérios descritos em CLSI (2007), como apresentado nas Tabelas 1 e 2. Tabela 1: Padrões interpretativos de diâmetros de halo de inibição para as cepas bacterianas Gram-negativas. Antimicrobiano Concentração Ácido nalidíxico Diâmetro do halo de inibição (mm) R I S 30 μg ≤13 14-18 ≥19 Amicacina 30 μg ≤14 15-16 ≥17 Amoxacilina + Ác. clavulânico 30 μg ≤13 14-17 ≥18 Ampicilina 10 μg ≤13 14-16 ≥17 Cefalotina 30 μg ≤14 15-17 ≥18 Cefepime 30 μg ≤14 15-17 ≥18 Ceftriaxona 30 μg ≤13 14-20 ≥21 Ciprofloxacino 05 μg ≤15 16-20 ≥21 Gentamicina 10 μg ≤12 13-14 ≥15 Nitrofurantoína 300 μg ≤14 15-16 ≥17 Norfloxacino 10 μg ≤14 13-16 ≥17 Sulfazotrim 25 μg ≤10 11-15 ≥16 Legenda: R (resistente); I (intermediário); S (sensível) Fonte: CLSI, 2007. 42 Tabela 2: Padrões interpretativos de diâmetros de halo de inibição para as cepas da bacteria Gram-positiva Staphylococcus aureus. Antimicrobiano Concentração Diâmetro do halo de inibição (mm) R I S Ampicilina 10 μg ≤28 - ≥29 Amoxacilina 10 μg ≤28 - ≥29 Cefalotina 30 μg ≤14 15-17 ≥18 Cefoxitina 30 μg ≤24 - ≥25 Clindamicina 2 μg ≤14 15-20 ≥21 Eritromicina 15 μg ≤13 14-22 ≥23 Gentamicina 10 μg ≤12 13-14 ≥15 Oxacilina 1 μg ≤10 11-12 ≥13 Penicilina G 10 U ≤28 - ≥29 Sulfazotrina 25 μg ≤10 11-15 ≥16 Tetraciclina 30 μg ≤14 15-18 ≥19 Vancomicina 30 μg - - ≥15 Legenda: R (resistente); I (intermediário); S (sensível) Fonte: CLSI, 2007 43 4.4 Concentração inibitória mínima (CIM) A determinação da CIM foi realizada através do método de diluição em ágar e caldo, respectivamente macrodiluição e microdiluição, conforme descrito em CLSI (2007). Foram utilizados os meios de cultura ágar Mueller-Hinton e caldo MuellerHinton, ambos suplementados com magnésio e cálcio. Os compostos testes foram dissolvidos em solução de dimetilformamida (DMF) e água destilada (4:6) e posterior diluição em placa de microdiluição atingindo concentrações entre 0,03 a 64 μg/mL, e 31,25 a 1000 μg/mL. Após a adição do inóculo bacteriano, previamente preparado conforme descrito no item 4.2.3, as culturas foram incubadas a 37 ºC por 12 horas. A CIM foi determinada por verificação visual para a macrodiluição em ágar e em espectrofotômetro Drake/QUICK ELISA a 405 nm, para a microdiluição em caldo, sendo que a CIM foi definida como a menor concentração do agente antimicrobiano que inibe o crescimento do micro-organismo (GRADELSKI et al., 2002). Todos os ensaios foram realizados em triplicata. As cepas bacterianas estudadas foram classificadas como sensível, intermediária ou resistente, para o norfloxacino, de acordo com CLSI (2007), onde os critérios de classificação foram os seguintes: sensível (CIM ≤ 4 μg/mL); sensibilidade intermediária (CIM de 8 μg/mL) e resistentes (CIM 16 μg/mL). 4.5 Concentração bactericida mínima (CBM) A determinação da CBM foi realizada a partir da determinação das CIM, que foram submetidas à suas respectivas subculturas em meio ágar Mueller-Hinton, isento de compostos teste e incubadas a 37 ºC por 18 a 24 horas. Após a incubação as culturas foram inspecionadas para a verificação visual do crescimento microbiano. Para a interpretação dos resultados foi considerado que, a inibição no ensaio de CIM e crescimento do micro-organismo na subcultura (CBM) significou ação bacteriostática, e inibição em ensaio de CIM e a ausência de crescimento na subcultura significou ação bactericida (EUCAST, 2000). 44 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos A avaliação da atividade antibacteriana identificou e empregou oito cepas bacterianas, sendo três cepas padrão: Escherichia coli (ATCC 11775), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853) e Staphylococcus aureus (ATCC 25923); e cinco cepas de isolados clínicos: Enterobacter aerogenes, Escherichia coli, Klebsiella oxytoca, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus, que passaram por testes de identificação para confirmação de pureza. As bactérias padrão acima citadas, foram empregadas por serem representantes de bacilos Gram-negativos (E. coli e P. aeruginosa) e cocos Grampositivos (S. aureus), e geralmente são micro-organismos clássicos de escolha para a avaliação de atividade antimicrobiana, pois também apresentam grande importância médica. Em contrapartida, as bactérias de isolado clínico, foram empregadas com o objetivo de verificar a ação dos compostos testados sobre cepas resistentes aos antimicrobianos de uso clínico. A determinação da susceptibilidade bacteriana em isolado clínico é importante para a terapia de pacientes infectados, mas também são necessários para acompanhar o desenvolvimento dos micro-organismos resistentes e dos genes de resistência na comunidade e nos hospitais (SUNDSFJORD et al., 2004; REMONATTO et al., 2005), assim como na pesquisa de novos agentes antimicrobianos. Visto que o objetivo geral deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana dos compostos obtidos principalmente através de modificações da molécula de norfloxacino, utilizando cepas bacterianas padrão e clinicamente resistentes, a determinação do seu perfil de susceptibilidade foi de fundamental importância. A avaliação do perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos foi realizada através da difusão radial em ágar. Devido ao fato desta metodologia ser padronizada e amplamente utilizada nos laboratórios de microbiologia, além de fácil implementação e custo acessível, permitindo classificar as cepas microbianas em sensíveis, intermediárias ou resistentes aos antimicrobianos testados, os quais estão 45 diretamente relacionados com o seu grau de sensibilidade (CLSI 2007) (Tabelas 1 e 2). A classificação da cepa bacteriana em sensível sugere que a mesma pode ser tratada com doses usualmente recomendadas do antimicrobiano; intermediário significa que a cepa bacteriana deve ser exposta a uma dosagem mais elevada do fármaco que a habitual para se obter o resultado terapêutico esperado, e resistente indica que o micro-organismo não é inibido pela concentração usual do antimicrobiano avaliado. Para a determinação do perfil de susceptibilidade foram testadas várias classes de antimicrobianos: aminoglicosídeos (gentamicina e amicacina), penicilinas (ampicilina e amoxicilina com ácido clavulânico), cefalosporinas (cefalotina, cefepime e ceftriaxona), fluoroquinolonas (ciprofloxacino e norfloxacino), quinolona (ácido nalidíxico), nitrofurano (nitrofurantoína) e sulfa (sulfazotrim). O resultado do perfil de susceptibilidade das cepas bacterianas testadas está apresentado na Tabela 3 e revela que várias cepas apresentaram resistência à muitos agentes antimicrobianos. De acordo com os estudos realizados por Tonkic, Barisic e Punda-Polic (2005), a elevada prevalência de organismos multirresistentes, talvez esteja relacionada à escolha equivocada dos agentes terapêuticos, bem como ao seu uso indiscriminado. Foi verificado que todas as cepas demonstraram resistência a ampicilina. A resistência a este antimicrobiano talvez esteja relacionada a diferentes mecanismos tais como a produção de β-lactamase por diferentes micro-organismos como a E. aerogenes, E. coli, P. aeruginosa e S. aureus, entre outros. Também deve ser levado em consideração que vários dos micro-organismos apresentam uma resistência intrínseca a agentes antimicrobianos, sendo considerado como uma característica natural das espécies bacterianas. Ainda, cabe ressaltar que a descoberta das penicilinas data muitos anos e o seu uso indiscriminado ao longo dos tempos contribuíram para o aparecimento de cepas resistentes (TENOVER, 2006). Com relação à associação de amoxicilina com ácido clavulânico, foi observada uma situação diferente, onde os dados experimentais mostraram que cepas de E. aerogenes e E. coli apresentaram sensibilidade ao antimicrobiano, talvez pelo fato de o ácido clavulânico ser um inibidor da β-lactamase com boa 46 atividade contra bactérias produtoras da respectiva enzima. Embora existam diversos mecanismos de resistência aos β-lactâmicos, como modificação do alvo (transpeptidases), redução de permeabilidade e de efluxo do antimicrobiano, a principal razão para a resistência é a inativação pela ação de uma variedade de β-lactamases que são encontradas em um grande número de patógenos clinicamente importantes (PAGE; BADARAU, 2008). De acordo com estudos anteriores, a disseminação de bactérias Gramnegativas e Gram-positivas resistentes a vários β-lactâmicos de amplo espectro está se tornando cada vez mais prevalente (SADER et al., 2001; TORRES et al., 2006; AUGUSTI; SUPERTI; ZAVASCKI, 2007), conforme observado também nos dados apresentados na Tabela 3. Tabela 3 Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos de cepas bacterianas padrão e de material clínico. Antimicrobiano Susceptibilidade bacteriana E. aero E. coli 1 E. coli 2 K. oxy P. aer 1 P. aer 2 S. aur 1 S. aur 2 AMP R R R R R R R R AMC S S R I R R R R CFL S S R R R R S S CPM S S I S S S S S CRO S S R R I I S R GEN S S R R S S R R AMI S S I S S S R R NIT S S S S R R S S SUT S S R R R R S S NAL R R R S R R R R CIP R R R S S S S S NOR R R R S S S S S Legenda: E. aero (Enterobacter aerogenes, isolado clínico), E. coli 1 (Escherichia coli 1, ATCC 25922), E. coli 2 (Escherichia coli 2, isolado clínico), K. oxy (Klebsiella oxytoca, isolado clínico), P. aer 1 (Pseudomonas aeruginosa 1, ATCC 27853), P. aer 2 (Pseudomanas aeruginosa 2, isolado clínico)., S. aur 1 (Staphylococcus aureus 1, ATCC 25923), S. aur 2 (Staphylococcus aureus 2, isolado clínico), AMP (ampicilina 10μg); AMC (amoxicilina/ ác clavulânico 30μg); GEN (gentamicina 10μg); AMI (amicacina 30μg); CFL (cefalotina 30μg); CPM (cefepime 30μg); CRO (ceftriaxona 30μg); NIT (nitrofurantoína 300μg); SUT (sulfazotrim 25μg);NAL (ácido nalidíxico 30μg); CIP (ciprofloxacino 05μg); NOR (norfloxacino 10μg); R (resistente); I (intermediário); S (sensível). 47 As cefalosporinas de um modo geral apresentam elevada potência antimicrobiana contra bactérias Gram-negativas e boa estabilidade frente às β-lactamases produzidas por esses micro-organismos. O presente estudo mostrou alta incidência de resistência das cepas Gram-negativas a essa classe de antibacterianos, onde dados do trabalho mostram que 66,7% e 33,3% apresentaram resistência a cefalotina e ceftriaxona, respectivamente, sendo que outros autores têm descrito resistência semelhante aos aqui obtidos (MENEZES et al., 2003; AUGUSTI; SUPERTI; ZAVASCKI, 2007). A classe dos aminoglicosídeos testada por meio da amicacina e gentamicina apresentaram sensibilidade para as bactérias Gram-negativas E. aerogenes, algumas espécies de E. coli e P. aeruginosa, enquanto que a cepa Gram-positiva S. aureus mostrou resistência a esses antimicrobianos. Conforme pesquisa realizada por Menezes e colaboradores (2003), a amicacina apresenta propriedades que a diferenciam dos demais aminoglicosídeos por ser, quase na sua totalidade, resistente à inativação das enzimas produzidas pelas P. aeruginosa. A gentamicina, por outro lado, apresenta propriedades antimicrobianas e farmacológicas semelhantes aos demais aminoglicosídeos, caracterizando-se pela atividade sobre a P. aeruginosa. Embora a gentamicina se destaque como sendo um dos primeiros aminoglicosídeos, ainda hoje, constitui um dos antimicrobianos de escolha para o tratamento de infecções causadas por P. aeruginosa, visto que, esse medicamento apresenta excelente ação de combate a esse micro-organismo. No perfil de susceptibilidade frente às cepas bacterianas para a nitrofurantoína, foi observado que apenas a P. aeruginosa apresentou resistência a este antimicrobiano. A baixa frequência de resistência dos nitrofuranos foi relatada também em outros trabalhos, mostrando que a elevada susceptibilidade a nitrofurantoína permite que este antimicrobiano possa ser opção terapêutica no tratamento empírico das cistites não complicadas, face às resistências detectadas em relação à associação de trimetoprim/sulfametoxazol e quinolonas (SILVA, MACHADO, DUARTE, 2008). Vários micro-organismos testados frente à classe de antimicrobiano das quinolonas mostraram elevado índice de resistência. Todas as cepas de E. aerogenes e E. coli foram resistentes ao ácido nalidíxico, ciprofloxacino e 48 norfloxacino. A determinação do perfil de susceptibilidade das cepas bacterianas mostrou que 87,5% do total geral das cepas apresentaram resistência ao ácido nalidíxico e 37,5% destas foram resistentes ao ciprofloxacino e ao norfloxacino. Esta constatação sugere a necessidade contínua de busca por compostos que sejam sensíveis às cepas bacterianas e que melhorem os resultados obtidos na terapêutica clínica. Segundo Akbari-Nakhjavani e colaboradores (2007), as infecções do trato urinário são frequentes e afetam entre 40 e 50% das mulheres adultas, apesar deste impacto variar em diferentes populações. A maioria dos casos de infecção do trato urinário é causada por E. coli, tendo as fluoroquinolonas como fármacos de primeira escolha para o tratamento. Nos últimos anos, tem sido cada vez mais frequente o aparecimento de bactérias resistentes as diversas quinolonas, sendo essa classe de medicamentos de primordial importância no tratamento de várias doenças infecciosas (HARGREAVES; KOK, 2003; MASUNARI; TAVARES, 2007; AKBARINAKHJAVANI et al., 2007; KARAGEORGOPOULOS et al., 2008; JENKINS; BROWN; FARRELL, 2008). Por esta razão, torna-se de fundamental importância o estudo de novos compostos que visem melhorar a atividade antimicrobiana, e seus perfis farmacocinéticos com o objetivo de combater as doenças infecciosas causadas pelos diversos micro-organismos. 5.2 Atividade antibacteriana Desde a introdução do primeiro antimicrobiano, a resistência bacteriana a estes agentes vem sendo descrita e, atualmente, vem emergindo em uma ampla variedade de patógenos tanto de origem nosocomial quanto comunitária (POWERS, 2004; BERTONCHELI; HÖRNER, 2008). A busca de novos antimicrobianos eficazes no tratamento de infecções causadas por bactérias multirresistentes considera de fundamental importância a descoberta de novos alvos e a potencialização da atividade de compostos com atividade antimicrobiana conhecida (FERNANDES et al., 1999; TSE-DINH, 2009). Levando este fato em consideração, diferentes compostos derivados do norfloxacino foram testados. Para a avaliação da atividade antibacteriana dos compostos precursores, 49 derivados de norfloxacino e análogo, bem como para os fármacos norfloxacino e ácido nalidíxico, empregou-se cepas padrão e de isolados clínicos de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, visando à observação de possíveis influências das mudanças na estrutura química sobre diferentes tipos de bactérias. Os resultados de atividade obtidos com os novos compostos foram comparados, principalmente entre os valores de CIM (μg/mL e μM) do norfloxacino (1) e do ácido nalidíxico (19), com os precursores e compostos sintetizados derivados do norfloxacino e do ácido nalidíxico (Tabelas 6 e 7). Devido ao fato da grande maioria dos estudos de avaliação de atividade antimicrobiana empregarem valores expressos em micrograma por mililitro (μg/mL), optamos por esta forma para discutir os resultados, embora também apresentamos os resultados de micromolar (μM). Para possibilitar a avaliação da atividade antibacteriana e a possível influência das modificações realizadas na molécula de norfloxacino e o análogo, foi empregado uma faixa de concentração dos compostos, partindo desde 1000 μg/mL, seguindo com diluições até 0,03 μg/mL. Embora concentrações superiores a 10 μg/mL não sejam interessantes para aplicação dos compostos na clínica, as análises de concentrações superiores podem contribuir no estudo de correlação estrutura e atividade. Os compostos empregados em concentrações maiores que 100 μg/mL nas análises apresentaram baixa solubilidade em meio aquoso, inviabilizando a análise através da microdiluição em caldo, por esta razão foi necessário o emprego de uma metodologia que permitisse a avaliação da atividade antimicrobiana onde a suspensão dos compostos não interferissem nos resultados, como o método de diluição em ágar. Como pode ser verificado nas Tabelas 6 a 9, diversos compostos estudados apresentaram atividade contra as bactérias testadas. Tanto o norfloxacino (1) como o ácido nalidíxico (19) mostraram-se ativos contra todas as cepas bacterianas, possibilitando a comparação com os demais compostos, sejam precursores ou derivados. Foram detectadas algumas diferenças encontradas nos resultados da CIM do ácido nalidíxico (19) e do norfloxacino (1) apresentados na Tabela 6 em relação ao 50 perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos na Tabela 3. Provavelmente isso se deva ao fato das diferenças entre as metodologias adotadas conforme descritas nos itens 4.3 e 4.4, bem como as concentrações utilizadas dos compostos. Levando-se em consideração os critérios para classificação de atividade descritos no item 4.4, as cepas bacterianas estudadas foram classificadas como sensível e intermediária. De modo geral as cepas bacterianas padrão de E. coli, P. aeruginosa e S. aureus, foram mais sensíveis que as respectivas cepas resistentes, indicando que as modificações estruturais do composto de norfloxacino (1) como do ácido nalidíxico (19) não interferiram nos mecanismos de resistência bacteriano. Todos os precursores brometos fenacílicos utilizados para a obtenção dos derivados do norfloxacino apresentaram atividade contra todas as cepas das bactérias testadas. Comparando os resultados entre os brometos de fenacila, os compostos mais ativos foram 8 e 11, seguido do 2, 5, 13 e 15. Os precursores fenacílicos 2, 5, e 8, que apresentaram significativa atividade antibacteriana com CIM <64 μg/mL, entretanto quando na forma de derivados imínicos (7, 10 e 17), demonstraram grande redução de atividade. Embora o átomo de bromo tenha sido mantido na estrutura química, quando foi adicionado o grupamento hidrazina observou-se uma perda de atividade antibacteriana com CIM entre 125 μg/mL a valores >1000 μg/mL. Para a maioria das bactérias, os precursores fenacílicos foram mais ativos que os respectivos derivados (adutos obtidos pela condensação com o norfloxacino), como para o precursor 8 e o derivado 9; precursor 2 e os derivados 3 e 4; precursor 11 e o derivado 12; precursor 13 e o derivado 14; precursor 15 e o derivado 16; e finalmente precursor 17 e o derivado 18. Embora os resultados sejam evidentes, não podemos simplesmente comparar precursores com seus respectivos derivados, especialmente os precursores brometos fenacílicos, pois provavelmente exercem sua atividade antibacteriana por mecanismo(s) de ação diferente(s) dos seus compostos derivados, devido sua característica de serem muito reativos (presença de uma carbonila ainda mais eletrofílica e presença do efeito indutivo exercido pelo átomo de bromo), podendo 51 reagir com diversos sistemas biológicos. O objetivo, ao mensurar a atividade dos precursores, foi verificar se a condensação destes com o Norfloxacino poderia causar alterações significativas na magnitude da atividade biológica aferida, já que tal fato poderia ser um indicativo do caminho de interação biológica observado quando da ação dos adutos (precursores fenacílicos com norfloxacino) Comparando os resultados do derivado do norfloxacino com o derivado do seu análogo, foi verificado que o derivado éster do norfloxacino (4) foi mais ativo que o derivado éster do ácido nalidíxico (20), assim como ocorreu com os respectivos fármacos de referência (1 e 19). Conforme se pode observar na estrutura química dos compostos 4 e 20 no radical carboxila foram adicionados um grupamento etil, conferindo um melhor resultado de atividade antibacteriana quando comparados apenas ao radical carboxila. Isto pode ser um indicativo de que a mudança da polaridade média das moléculas, diminuída pela substituição do grupamento hidroxila (–OH), pelo grupamento etila (–CH2CH3), pode ser importante para a obtenção de um melhor efeito biológico, nas condições em que o ensaio foi realizado. Inicialmente as fluoroquinolonas foram introduzidas para o tratamento de infecções por bactérias Gram-negativas na década de 1980. No entanto, devido ao seu espectro para bactérias Gram-positivas, elas também têm sido usadas no tratamento de infecções bacterianas causadas por pneumococos e estafilococos. A resistência a quinolonas entre S. aureus surgiu rapidamente, mais proeminente entre as espécies meticilina-resistentes, provocando uma drástica redução no seu emprego como agente antiestafilocócico (LOWY, 2003). No entanto, vários estudos têm sido dirigidos com a finalidade de sintetizar substâncias fluoroquinolônicas que apresentem atividade antimicrobiana para bactérias Grampositivas. Segundo Letafat e colaboradores (2007), o aparecimento de bactérias Grampositivas resistentes, notadamente S. aureus e Streptococcus pneumoniae tem levado ao desenvolvimento de novos agentes quimioterápicos que seletivamente ataquem novos alvos bacterianos. Considerando os resultados obtidos, os compostos 4 e 9 parecem promissores, pois foram bem ativos contra a cepa resistente de S. aureus 2. Mais uma vez podemos observar a presença de um 52 radical etil na carboxila do composto 4, no entanto, o átomo de flúor foi retirado na posição da fenacila no composto 9. Contudo, há que se observar que a polaridade média destas duas moléculas ficou muito próxima, havendo uma “compensação” pela substituição da hidroxila pelo grupo etil, no composto 4, com a introdução de um átomo de flúor. Com relação à cepa de E. coli padrão, os compostos derivados do norfloxacino (3, 6 e 16), apresentaram excelente atividade antibacteriana, embora que para a cepa resistente da mesma bactéria, os mesmos compostos não apresentaram atividade. É importante registrar que o composto 16, apresentou valor de CIM comparável com o fármaco de referência (<0,03 μg/mL) para a cepa padrão, embora de 32 μg/mL para a cepa resistente. Comparando os compostos testados frente às cepas de Klebsiella oxytoca os compostos fenacílicos 2, 8 e 11, demonstraram atividade com CIM de 8 μg/mL. Já para a mesma cepa bacteriana, os respectivos derivados do norfloxacino apresentaram atividade intermediária à fraca, com valores de CIM 32,25 μg/mL para os compostos 3, 4 e 9, e 250 μg/mL para o composto 12. Entre os compostos derivados do norfloxacino 3, 6, 9, e 16 foi observado que o composto 3 apresentou CIM de 8 μg/mL e 0,125 μg/mL para as cepas padrão de S. aureus e E. coli respectivamente. Para o composto 6 foi encontrado o valor de CIM equivalente a 0,5 μg/mL para a cepa S. aureus obtido de isolado clínico, e CIM de 0,25 μg/mL para E. coli padrão. Já para o composto 9, a CIM foi de 8 μg/mL e 0,25 μg/mL para a cepa de S. aureus padrão e de isolado clínico respectivamente. Salientando que o composto 16 apresentou a CIM comparada ao fármaco de referência, bem como, em todos esses compostos foram mantidos o radical carboxílico, e no composto 16, dois átomos de cloro na sua estrutura. As cepas de E. aerogenes e P. aeruginosa, foram as bactérias que apresentaram as maiores resistências aos compostos testados, sobretudo para os derivados de norfloxacino e o análogo, entretanto grande parte dos precursores fenacílicos, foram bem ativos. Vale salientar a afirmação de que, a ação terapêutica dos fármacos resulta de interações dos mesmos com os sistemas biológicos e é dependente de fatores relacionados com sua estrutura química e, consequentemente de suas propriedades 53 físico-químicas. Dois fármacos com estruturas químicas semelhantes, diferenciandose apenas por um átomo ou posição que este ocupa na molécula, podem apresentar diferenças quanto as suas propriedades físico-químicas bem como, quanto a sua atividade biológica (TAVARES, 2004; MASUNARI, TAVARES, 2007). Ao longo dos anos, um grande número de quinolonas com substituição no grupamento piperazina na posição de carbono 7 da estrutura básica das quinolonas tem sido sintetizados e avaliados quanto à atividade antibacteriana (FOROUMADI et al., 2003). Lembrando que o ácido nalidíxico (19) foi o primeiro membro da família das quinolonas, bem como o análogo estrutural do norfloxacino (1). Após a descoberta dos efeitos terapêuticos do ácido nalidíxico na década de 1970, começou o estudo em cada posição dentro do núcleo quinolônico numa tentativa de melhorar a potência, aumentar o espectro de atividade antibacteriana reconhecida e reduzir os efeitos secundários (FANG et al., 2000; LETAFAT et al., 2007). No entanto, vale salientar que a natureza do grupo funcional na posição do carbono 7 do anel quinolônico tem grande influência sobre o espectro e atividade antibacteriana (FOROUMADI et al., 2003), razão pela qual, no presente estudo foi mantido o anel piperazínico nesta posição, as modificações da molécula do norfloxacino foram realizadas neste anel. De modo geral, embora os resultados não foram favoráveis para estabelecer uma conclusiva correlação entre estrutura e atividade, foi verificado que para as cepas E. coli padrão e K. oxytoca, houve indício de correlação dos compostos 6, 9, 12, 14 e 15, com os parâmetros de efeito eletrônico preconizado por Topliss (1977). Este método manual, que consiste num modelo não estatístico e não computadorizado, está baseado na síntese de cinco derivados, os quais contém os seguintes substituintes: H, 4-Cl, 3,4-Cl2, 4-CH3 e 4-OCH3. Os compostos, assim substituídos, foram escolhidos em função de serem de mais fácil obtenção sintética e apresentarem variadas características estéricas e eletrônicas. Os resultados da atividade biológica, então, são analisados de acordo com os parâmetros π (constante hidrofóbica), σ (constante de Hammett), Es (efeitos estéricos) e π - σ; π -2 σ; π -3 σ; π + σ, ... (π e σ relacionados). Uma ordem de potência proposta, para várias dependências paramétricas (Tabela 4), é comparada com a ordem seqüencial quantitativa da atividade biológica dos cinco derivados 54 sintetizados. Neste ponto, o método identifica quais parâmetros estruturais estão envolvidos na obtenção do efeito biológico (TOPLISS, 1977; CORRÊA et al., 2008). Tabela 4: Ordem de potência de Topliss para várias dependências paramétricas. Substituinte Parâmetros π 2π-π σ -σ π+σ 2π-σ π-σ π-2σ π-3σ E4a 3,4-Cl2 1 1-2 1 5 1 1 1-2 3-4 5 2-5 4-Cl 2 1-2 2 4 2 2-3 3 3-4 3-4 2-5 4-CH3 3 3 4 2 3 2-3 1-2 1 1 2-5 4-OCH3 4-5 4-5 5 1 5 4 4 2 2 2-5 H 4-5 4-5 3 3 4 5 5 5 3-4 1 2 Legenda: aDesfavorável efeito estérico a partir da 4-substituição Fonte: Topliss, 1977 No presente trabalho, a série de derivados selecionados mostrou dependência no parâmetro σ, que é a constante de Hammet que está relacionada à demanda eletrônica molecular (Tabela 5). Tabela 5: Ordem de potência de atividade antibacteriana observada para cinco derivados destacados, em ensaio envolvendo as cepas de E. coli e K. oxytoca. Composto Substituinte σ Potência de atividade antibacteriana (µM) E. coli K. oxytoca 16 3,4-Cl2 1 < 0,06 63,69 6 4-Cl 2 0,53 68,34 12 4-CH3 5 553,72 553,72 14 4-OCH3 4 136,90 137,97 9 H 3 73,14 73,72 Legenda: σ (constante de Hammet); E. coli (Escherichia coli ATCC 25922); K. oxytoca (Klebsiella oxytoca, isolado clínico). Segundo a ordem de potência de Topliss, que prevê para a dependência paramétrica baseada na constante de Hammet (σ) na ordem 1, 2, 4, 5 e 3, observouse grande similaridade com pequena modificação em função da inversão de ordem 4-5. As potências observadas na série em destaque (compostos 16, 6, 12, 14 e 9) 55 demonstrando que os compostos desta série que possuam grupamentos eletrossacadores, otimizam o efeito da atividade antimicrobiana. Com relação ao ácido nalidíxico (19), o seu análogo 20 apresentou grande redução do potencial antimicrobiano, que pode estar associado a substituição do grupamento etil na posição X da molécula. No entanto, quando comparamos os derivados de norfloxacino 3 e 4, o mesmo efeito não foi observado. Após a determinação da CIM, avaliou-se a CBM para os compostos norfloxacino, ácido nalidíxico, os compostos fenacílicos e suas respectivas modificações estruturais (Tabelas 8 e 9). Os valores da CBM para o norfloxacino (1) e ácido nalidíxico (19), bem como para os seus respectivos compostos modificados variaram entre resultados <0,03 a >1000 µg/mL. Os resultados dos testes da CBM demonstraram que o composto 16 para o micro-organismo E. coli, cepa padrão, apresentou potencial microbicida, o que é considerada uma característica favorável para os agentes antimicrobianos, uma vez que inviabilizam o crescimento microbiano Corroborando com os dados da literatura em que a química medicinal tem sintetizado um grande número de análogos do norfloxacino e ciprofloxacino na intenção de melhorar a atividade antibacteriana frente às cepas de bactérias Grampositivas e Gram-negativas; os resultados encontrados neste trabalho evidenciam que as diversas modificações na estrutura química do norfloxacino (1) e ácido nalidíxico (19) sugerem o potencial dos compostos sintetizados como possíveis agentes antibacterianos. Um dos objetivos do trabalho foi a realização de um estudo entre estrutura e atividade antimicrobiana, no entanto, os resultados obtidos impossibilitaram a observação de uma correlação coerente e definitiva com as ferramentas de análise disponíveis. Portanto, outras modificações estruturais na molécula do norfloxacino, contemplando uma maior diversidade química, são necessárias para possibilitar a análise das influências que as mesmas possam provocar sobre a atividade antimicrobiana, bem como, partindo das melhores modificações estruturais, como para os compostos codificados com os números 2, 5 e 8, talvez novas modificações possam melhorar os resultados das atividades antibacterianas. 56 Tabela 6: Atividade antibacteriana (CIM em µg/mL) dos compostos modificados do norfloxacino frente às cepas das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Composto Concentração Inibitória Minima (µg/mL) E.a E.c 1 E.c 2 K.o P.a 1 P.a 2 S.a 1 S.a 2 1 4 <0,03 8 <0,03 0,125 <0,03 4 0,06 2 4 8 8 8 16 32 4 16 3 >1000 0,125 >1000 32,25 >1000 >1000 8 >1000 4 >1000 0,5 >1000 32,25 >1000 >1000 16 0,25 5 64 8 16 32 64 64 8 32 6 >1000 0,25 >1000 32,25 >1000 >1000 32 0,5 7 >1000 1000 >1000 >1000 >1000 >1000 125 >1000 8 2 8 1 8 8 16 2 8 9 >1000 32 >1000 32,25 >1000 >1000 8 0,25 10 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 11 8 2 4 8 32 32 2 1 12 1000 250 1000 250 1000 1000 1000 250 13 250 125 250 250 500 250 16 250 14 >1000 64 >1000 62,50 >1000 >1000 32 1000 15 500 500 500 500 500 500 16 500 16 >1000 <0,03 32 32,25 500 >1000 62,50 >1000 17 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 250 >1000 18 >1000 32 >1000 32,25 >1000 >1000 8 >1000 19 8 <0,03 16 0,06 0,5 <0,03 8 16 20 >1000 62,50 >1000 62,50 >1000 >1000 16 >1000 Legenda: E.a (Enterobacter aerogenes, isolado clínico), E.c 1 (Escherichia coli 1, ATCC 25922), E.c 2 (Escherichia coli 2, isolado clínico), K.o (Klebsiella oxytoca, isolado clínico), P.a 1 (Pseudomonas aeruginosa 1, ATCC 27853), P.a 2 (Pseudomanas aeruginosa 2, isolado clínico), S.a 1 (Staphylococcus aureus 1, ATCC 25923), S.a 2 (Staphylococcus aureus 2, isolado clínico). 57 Tabela 7: Atividade antibacteriana (CIM em µM) dos compostos modificados do norfloxacino frente às cepas das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Composto Concentração Inibitória Minima (µM) E.a E.c 1 E.c 2 K.o P.a 1 P.a 2 S.a 1 S.a 2 1 12,53 <0,09 25,05 <0,09 0,39 <0,09 12,53 0,19 2 18,43 36,86 36,86 36,86 73,72 147,44 18,43 73,72 3 >21955,34 0,27 >21955,34 70,80 >21955,34 >21955,34 17,56 >21955,34 4 >2068,21 1,03 >2068,21 66,70 >2068,21 >2068,21 33,09 0,52 5 274,10 34,26 68,52 137,05 274,10 274,10 34,26 137,05 6 >2119,09 0,53 >2119,09 68,34 >2119,09 >2119,09 67,81 1,06 7 >4042,85 4042,85 >4042,85 4042,85 >4042,85 >4042,85 505,35 >4042,85 8 10,04 40,2 5,02 40,2 40,2 80,38 10,04 40,2 9 >2285,87 73,14 >2285,87 73,72 >2285,87 >2285,87 18,27 0,57 10 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 11 37,54 9,38 18,77 37,54 150,18 150,18 9,38 4,69 12 2214,89 553,72 2214,89 553,72 2214,89 2214,89 2214,89 553,72 13 1091,32 545,66 1091,32 1091,32 1091,32 2182,64 69,84 1091,32 14 >2139,08 136,90 >2139,08 137,97 >2139,08 >2139,08 68,45 2139,08 15 1866,16 1866,16 1866,16 1866,16 1866,16 1866,16 59,72 1866,16 16 >1974,92 <0,06 63,20 63,69 >1974,92 987,46 127,38 >1974,92 17 >4330,88 >4330,88 >4330,88 >4330,88 >4330,88 >4330,88 1082,72 >4330,88 18 >2014,18 68,16 >2014,18 68,69 >2014,18 >2014,18 17,04 >2014,18 19 34,45 <0,13 68,90 0,26 2,15 <0,13 34,45 68,90 20 >2615,16 163,45 >2615,16 163,45 >2615,16 >2615,16 41,84 >2615,16 Legenda: E.a (Enterobacter aerogenes, isolado clínico), E.c 1 (Escherichia coli 1, ATCC 25922), E.c 2 (Escherichia coli 2, isolado clínico), K.o (Klebsiella oxytoca, isolado clínico), P.a 1 (Pseudomonas aeruginosa 1, ATCC 27853), P.a 2 (Pseudomanas aeruginosa 2, isolado clínico), S.a 1 (Staphylococcus aureus 1, ATCC 25923), S.a 2 (Staphylococcus aureus 2, isolado clínico). 58 Tabela 8: Atividade antibacteriana (CBM em µg/mL) dos compostos modificados do norfloxacino frente às cepas das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Composto Concentração Bactericida Minima (µg/mL) E.a E.c 1 E.c 2 K.o P.a 1 P.a 2 S.a 1 S.a 2 1 4 8 32 0,125 <0,03 <0,03 4 4 2 8 8 8 8 16 32 2 4 3 >1000 0,25 >1000 2 >1000 4 >1000 32 4 >1000 2 >1000 1 >1000 2 >1000 32 5 >1000 8 >1000 8 1000 1000 4 32 6 >1000 0,25 >1000 >1000 >1000 1000 >1000 >1000 7 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 8 4 8 2 16 8 16 16 4 9 >1000 >1000 >1000 32,25 >1000 1000 >1000 16 10 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 11 16 2 8 >1000 32 64 2 2 12 >1000 0,06 >1000 >1000 1000 1 >1000 >1000 13 >1000 >1000 >1000 8 >1000 >1000 250 250 14 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 15 >1000 32 >1000 500 >1000 >1000 500 500 16 >1000 <0,03 >1000 >1000 500 500 >1000 1000 17 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 18 >1000 >1000 >1000 32,25 >1000 >1000 >1000 250 19 8 <0,03 16 >1000 8 <0,03 >1000 4 20 >1000 2 >1000 32,25 >1000 2 >1000 >1000 Legenda: E.a (Enterobacter aerogenes, isolado clínico), E.c 1 (Escherichia coli 1, ATCC 25922), E.c 2 (Escherichia coli 2, isolado clínico), K.o (Klebsiella oxytoca, isolado clínico), P.a 1 (Pseudomonas aeruginosa 1, ATCC 27853), P.a 2 (Pseudomanas aeruginosa 2, isolado clínico), S.a 1 (Staphylococcus aureus 1, ATCC 25923), S.a 2 (Staphylococcus aureus 2, isolado clínico). 59 Tabela 9: Atividade antibacteriana (CBM em µM) dos compostos modificados do norfloxacino frente as cepas das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Composto Concentração Bactericida Minima (µM) E.a E.c 1 E.c 2 K.o P.a 1 P.a 2 S.a 1 S.a 2 1 12,53 25,05 100,21 0,39 <0,09 <0,09 12,53 12,53 2 36,86 36,86 36,86 36,86 73,72 147,44 9,21 18,43 3 >2195,53 0,55 >2195,53 4,39 >2195,53 8,78 >2195,53 66,18 4 >2068,21 4,14 >2068,21 2,07 >2068,21 4,14 >2068,21 66,18 5 >4282,84 34,26 >4282,84 34,26 >4282,84 4282,84 17,13 137,06 6 >2119,09 0,53 >2119,09 >2119,09 >2119,09 2119,09 7 >4042,85 >4042,85 >4042,85 >4042,85 >4042,85 >4042,85 >4042,85 >4042,85 8 20,09 40,18 10,04 >2119,09 >2119,09 80,38 40,18 80,38 80,38 20,09 73,72 >2285,87 2285,87 >2285,87 36,57 9 >2285,87 >2285,87 >2285,87 10 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 >4697,04 11 75,09 9,38 37,54 >4693,07 150,18 300,36 >2214,89 >2214,89 2214,89 2,21 12 >2214,89 0,132 13 >4365,28 >4365,28 >4365,28 14 >2139,08 >2139,08 >2139,08 >2139,08 >2139,08 >2139,08 >2139,08 >2139,08 15 >3732,32 119,43 >3732,32 16 >1974,92 <0,06 >1974,92 >1974,92 17 >4330,88 >4330,88 >4330,88 >4330,88 >4330,88 >4330,88 >4330,88 >4330,88 18 >2130,02 >2130,02 >2130,02 34,92 1866,16 68,69 >4365,28 >4365,28 >3732,32 >3732,32 987,46 987,46 9,38 >2214,89 >2214,89 1091,32 34,45 <0,129 68,89 >4306,07 34,45 <0,129 20 >2615,16 5,23 >2615,16 84,34 >2615,16 5,23 1091,32 1866,16 1866,16 >1974,92 1974,92 >2130,02 >2130,02 >2130,02 19 9,38 >4306,07 532,50 17,22 >2615,16 >2615,16 Legenda: E.a (Enterobacter aerogenes, isolado clínico), E.c 1 (Escherichia coli 1, ATCC 25922), E.c 2 (Escherichia coli 2, isolado clínico), K.o (Klebsiella oxytoca, isolado clínico), P.a 1 (Pseudomonas aeruginosa 1, ATCC 27853), P.a 2 (Pseudomanas aeruginosa 2, isolado clínico), S.a 1 (Staphylococcus aureus 1, ATCC 25923), S.a 2 (Staphylococcus aureus 2, isolado clínico). 60 6 CONCLUSÕES 1 Para a maioria das bactérias estudadas, os precursores fenacílicos utilizados para a obtenção dos derivados de norfloxacino apresentaram maior atividade antibacteriana que os respectivos derivados. 2 Embora os precursores fenacílicos codificados com os números 2, 5, e 8 tenham apresentado excelente atividade antibacteriana, com CIM entre 1 e 64 μg/mL, os seus respectivos derivados imínicos 17, 7 e 10, demonstraram acentuada redução de atividade antibacteriana, onde a adição de um grupamento hidrazina reduziu consideravelmente a atividade antibacteriana do respectivo precursor fenacílico. 3 As cepas bacterianas padrão de Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus, foram mais sensíveis que as respectivas cepas resistentes, indicando que as modificações estruturais dos derivados de norfloxacino não interferiram no mecanismo de resistência bacteriano. 4 Todos os derivados de norfloxacino testados apresentaram atividade antibacteriana, bem como o derivado do ácido nalidíxico, porém nenhum deles apresentou atividade superior ou equivalente ao norfloxacino ou ácido nalidíxico. 5 Os derivados do norfloxacino mais ativos foram os compostos 3 e 6, onde o primeiro apresentou valores de concentração inibitória mínima (CIM) entre duas e cinco vezes maiores que o norfloxacino e o ácido nalidíxico, para as bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus padrão, e o segundo composto (6) com CIM entre duas e oito vezes maiores que o os mesmos antimicrobianos para as bactérias citadas. 61 REFERÊNCIAS ADJEI, M. 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