A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO TERRITÓRIOS E REDES INFORMACIONAIS: O CASO DO CINTURÃO DIGITAL DO CEARÁ MS. NICOLAI VLADIMIR GONÇALVES DE ARAUJO 1 DR. JOSE MENELEU NETO2 Resumo: O Ceará possui grande número de cidades, mantenedoras de recursos para os médios e grandes centros urbanos, se mantendo e reinventando seus espaços. Elas enfrentam problemas, principalmente, em sua estrutura e possibilidade de geração de emprego e renda, sofrendo estagnação e/ou desaparecimento. Esse quadro se acirra com chegada de redes informacionais, vide projetos como o Cinturão Digital do Ceará – CDC (GOMES, 2014), que visam ampliar o acesso a informação e internet em território cearense. Como essas demandas se ligam a usos do espaço, gerando sociabilidades híbridas e demandas, produzindo um território rico em tensões (SANTANA, 2011). A rede, que é de informação, torna possível o urbano antes do urbano, como processo e não concretude, como extensão e não resultado. Palavras-chave: Ceará; Redes; Território Abstract:. Ceará has a large number of cities, resource maintainers for medium and large urban centers, keeping and reinventing their spaces. They face problems, especially in its structure and ability to generate employment and income, suffering stagnation and / or disappearance. This situation intensifies with the arrival of informational networks, see projects like the Digital Belt of Ceará - DCC (GOMES, 2014), aimed at improving access to information and internet in territory Ceará. As these demands bind the uses of space, generating hybrid sociability and demands, producing a territory rich in tensions (SANTANA, 2011). The network, which is information makes it possible urban before the urban, process and not as concrete,extension, not result. Key-words: Ceará; Networks; Territory 1 – Introdução O contexto socioespacial vivido hoje em escala mundial, nacional e local indica uma enorme valorização do aporte técnico, configurando o espaço geográfico, transfigurando o espaço vivido em tecnificado, suporte de um território rizomático (HAESBAERT, 2003). Redes das mais dispares, que se aglomeram 1 e Doutorando, Aluno do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Ceará. E-mail de contato: [email protected] 2 Orientador, Docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Ceará. E-mail de contato: [email protected] 7019 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO complementam, estão presentes no dia a dia dos centros urbanos, sejam eles grandes, médios ou pequenos. Estradas, estruturas físicas de prédios, bancos, universidades, escolas, rede elétrica, interligados por redes informacionais . Estas últimas, as redes informacionais, tem uma característica ímpar, são possuidoras de características físicas e imateriais simultaneamente, desprendendo esforços na constituição de fixos na paisagem ou de normas controladoras dos mesmos e seus usuários. Permeiam, assim, os meios natural e social ao qual estamos vinculados, sendo em alguns casos, onipresentes na realização da vida moderna (SANTOS, 1996). O Ceará está encaixado nesta perspectiva, que tem sua gênese, no Brasil e no Ceará, no século XIX, através da estruturação das redes telegráfica, telefônica e de acesso a internet, ensejando este novo contexto reticular de fluxo de informação (ARAUJO, 2008). Assim o estado, buscando o papel de centro regional, ligou-se com outros estados e regiões do país, por uma rede de relações (econômicas e sociais) que exigiam o aporte de uma rede de fluxos informacionais, (COELHO, 2005), constituindo esta situação um quadro extremamente dinâmico. O referido dinamismo contribuiu para a formação de pequenos centros de excelência nas áreas de saúde, educação e pesquisa 3, que por sua vez, reabastecem esse fluxo. Na estruturação desse cenário, desenvolve-se uma complexa rede, em duas modalidades: uma “pesada” – constituída pelo transporte de matérias-primas, pessoas e produtos - e uma “leve” – constituída por elementos como a informação, energia, ordens. No primeiro caso: pontes, rodovias, estações rodoviárias, aeroporto, linhas de transmissão de energia e de telefonia, elementos que auxiliam o Ceará em sua conexão com áreas como sua capital Fortaleza, litoral oeste, sertão central, centros menores da própria região, outros estados e com o exterior. No segundo caso, está se territorializando a “rede leve”, responsável pela circulação e mobilidade do imaterial, “...mobilidade das ideias e das ordens...” (CLAVAL, apud 3 No âmbito da saúde teríamos a construção de Hospitais Regionais e Unidadese Pronto Atendimento (UPAs), no setor educacional a implementação de uma redes de ensino tecnológico, com os Centro Vocacional Tecnológico(CVT) e os Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC), instalados no Cariri (sede em Juazeiro do Norte), no Vale do Acaraú (sede em Sobral) e no Baixo Jaguaribe (QUINTILIANO, 2008). 7020 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO DIAS, 2003: 148). Elementos como a telecomunicação, a rede mundial de computadores, correios, redes financeiras, redes de mídia (rádio, TV), elementos que estão diretamente vinculados à principal riqueza do período histórico atual, a informação (CASTELLS, 1999). Analisando o cenário construído a partir de Dias (2003), a lógica em rede constituída na atual fase histórica, trouxe a ordem, de nível nacional, ao mesmo tempo em que, em escala local, trouxe a desorganização e a exclusão. Esta lógica faz parte da realidade de cidades médias do Brasil; cidades que se caracterizam por serem espaços em transformação constante, na medida em que buscam as condições necessárias ao desenvolvimento de suas forças produtivas. Neste movimento, o choque dos opostos – organização e desorganização – se manifestaria como uma tendência contemporânea, trazendo desafios até então desconhecidos. O Ceará esta, portanto, inserido nesta situação. A observação da realidade deixa perceber a frenética mudança em seus espaços urbanos, resultante do esforço para estruturar e reestruturar a capacidade instalada, a fim de receber novos empreendimentos, mudança expressa nas obras de infraestrutura – em especial para ampliar a malha viária e rodoviária – e na ampliação das redes, destacando-se as de distribuição de energia elétrica e de informações. Em momentos mais recentes este quadro pode ser identificado a partir da primeira eleição de Tasso Jereissati, ao governo do estado em 1986 e sua proposta de modernização do território sobre várias frentes. Dentre as ações governamentais, têm-se: SANEAR, METROFOR, HABITAR-BID, CIPP, PRODETUR, CEARA II, Energização, Castanhão, Nova Jaguaribara, Caminho das Águas (Canal da Integração), Caminhos de Israel, São José, PROGERIRH, PROAGUA, PROURB (Hídrico e Urbano), Ensino Profissionalizante, Programa de Capacitação Tecnológica (CENTEC-CVTUNIVERSIDADES), PROASIS, PROARES, PRONAF, Ação Fundiária e Saneamento Básico. São exemplos de projetos reestruturadores do território cearense, obras públicas que interagem em função de um Ceará mais capacitado e dotado de infraestrutura física para o acirrado mercado globalizado (QUINTILIANO, 2008: 24). 7021 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Santos (1996), afirma que a forma está relacionada diretamente com o conteúdo, constituindo um par dialético componente do meio técnico-científicoinformacional, assim, podemos inferir uma mudança na forma/função desses núcleos urbanos cearenses. O conteúdo desta nova realidade é por muitos desconhecido, e principalmente o seu papel como elemento definidor de transformações e estratégias de desenvolvimento, ou a forma. A transmissão e distribuição de informações – entre outros fatores - são elementos definidores das novas ações de transformação do território do estado. Como derivado dessa lógica temos o Cinturão Digital do Ceará - CDC (Figura 01), ação audaciosa do governo do estado, que instaura cobertura de sinal de alta velocidade de acesso à internet em mais de 80% do território cearense. O projeto propõe a estruturação de um backbone de fibra ótica a fim de viabilizar o acesso à internet nos locais mais distantes do Ceará, possibilitando o fornecimento de serviços de governo ligados à saúde pública, segurança e justiça. A distribuição do sinal é feita via fibra ótica e também através de torres de irradiação de sinal de acesso à internet WIFI (tecnologia Wimax), que possuem alcance de até 10 km. Além de possibilitar a inclusão digital o projeto ainda tem como meta atrair empresas do setor de tecnologia e/ou que se utilizem dessa tecnologia para se fixar no estado, desenvolvendo oportunidades de geração de emprego e renda. Previsto para ser concluído em 2009, hoje já tem sua infraestrutura quase toda montada, sendo ainda implementada suas formas de uso, tanto pelo setor público como pela iniciativa privada (GOMES, 2014). Temos, assim, uma reconstrução da história técnica do Ceará, a partir das redes de acesso à internet e do modo de produção informacional (ARAUJO, 2008; LIMA, 2005; CASTELLS, 1999). Segundo Gomes (2014), iniciativas semelhantes a essa podem ser identificadas em estados como Pará, Maranhão, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, na busca da inclusão digital e estruturação de verdadeiras infovias. O caso específico do Ceará, segundo o autor, conta com elementos que o tornam especial, com relação a uma infraestrutura nacional e internacional de amparo a iniciativa (Figura 02). 7022 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO O estado do Ceará pode se considerar privilegiado no que diz respeito aos backbones nacionais de fibra óptica. Pelo fato de ser a cidade de maior proximidade, simultaneamente, entre a Europa e a América do Norte, Fortaleza concentra todos os cabos submarinos de comunicação da América do Sul. A vazão potencial de dados na cidade é superior a qualquer outra no país (Cordeiro, 2008). Ademais, existem outros backbones terrestres que ligam Fortaleza às Regiões Norte e Sudeste do país (GOMES, 2014: 04). Figura 01 - Cinturão Digital do Ceará – CDC Fonte: ETICE, 2015. 7023 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Figura 02 - Cabos de acesso à internet, existentes e/ou projetados, que passam por Fortaleza/CE. Fonte dos dados: Greg's Cable Map, 2015. A análise de como estes fatores, através do CDC, estão sendo implantados e como agem no território cearense, nos usos diários e nas transformações postuladas nos serviços oferecidos pelo governo (educação, saúde, segurança e justiça), são esclarecedores de novas formas de sociabilidade e de espacialidades, alicerçadas ou não no paradigma informacional proposto por Castells (1999), desempenhado atualmente na rede urbana cearense. Temos no território cearense, repetindo uma lógica maior, um grande número de cidades que funcionam como fornecedoras de recursos (sejam eles financeiras ou humanos) das cidades medias e grandes, orbitando nesse sistema urbano atual e se mantendo, umas sim outras não, em funcionamento, vivas, reinventando seu espaço. Estas cidades enfrentam problemas que incidem, principalmente, sobre sua estrutura e possibilidade de geração de emprego e renda, levando a estagnação ou desaparecimento das mesmas, tais como: falta de sistema de transporte adequado, acesso restrito a sistema de distribuição de energia, inexistência de sistemas de saneamento esgoto, dificuldade de acesso ao sistema de saúde e educação, são dificuldades enfrentadas diariamente nestes sítios urbanos (FERNANDES, 2009; MOURA, 2009). Este quadro se acirra com chegada das já apresentadas redes informacionais, presentes no interior do estado na figura do CDC. 7024 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Percebemos uma alteração dos usos do espaço nessas cidades, gerando novas sociabilidades híbridas, um espaço vivido (território). A rede, que é de informação, torna mais agudo o urbano antes do urbano, como um processo e não como concretude. Amplia urbano como extensão e não como resultado. 2 – Desenvolvimento Para desenvolver a analise proposta, alguns conceitos se apresentam como indispensáveis. Trabalharemos o conceito de redes e a categoria território. A procura de uma concepção que seja o ponto de partida das análises sobre redes temos o pensamento de Curien (2014: 49-50), segundo o qual a mesma corresponde a [...] toda infraestrutura, permitindo o transporte de matéria, de energia ou de informação, que se insere sobre um território onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus arcos de transmissão, seus nós de bifurcação, de comunicação. 4 Ressalte-se também, diante da realidade contemporânea, a necessidade de evitar a simplificação da noção de rede, identificando-a com meros equipamentos ou objetos, e sim incorporando à noção a existência das novas tecnologias da informação, que “... não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos” (CASTELLS, 1999: 69). Partindo da convicção de que “pela primeira vez na história, a mente humana é uma força direta de produção, não apenas um elemento decisivo no sistema produtivo”, Castells (1999: 69) busca o entendimento do funcionamento da lógica informacional. A rede que se encontra estruturada hoje no mundo, segundo a autor, seria uma consequência, ou adequação, às demandas dos novos “modos produtivos”, 4 "... toute infrastructure permettant le transport de matière, d'énergie ou d'information, qui s'inscrit sur un territoire où elle est caractérisée par la topologie de ses pointe d'accès ou points terminaux, de ses arcs de transmission, de ses noeuds de bifurcation ou de commutation". 7025 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO historicamente constituídos e socialmente consumidos, tendo a informação como produto e mercadoria por excelência, através de uma reestruturação do modo produtivo capitalista do fim do século XX. No horizonte desta perspectiva, algo a ser analisado é a constituição, o uso e o sentido das redes informacionais nessa nova estrutura. Diante do fato de que as redes buscam ao mesmo tempo descentralizar e concentrar, incluir e excluir espaços, existiria um conflito entre o espaço dos fluxos e espaço dos lugares, podendo como resultado haver um aniquilamento da hierarquia imposta pelo sistema de redes à cidade. A disseminação de poder através do espaço, se estruturando através do privilégio da fluidez e buscando cada vez mais a capacitação para atingir o objetivo máximo: conectividade. Redes que denominaríamos de “pesadas” e “leves”, no sentido de o que transportam. A rede pautada fundamentalmente na informação, ela mesma a matéria-prima e o produto desse novo modo produtivo, o informacional, uma infraestrutura que se inscreve sobre um espaço, territorializando-se. À contribuição teórica e metodológica de Castells (1999), acrescentamos a contribuição metodológica indicada por Santos (1996), pois ambos sugerem elementos para análise das redes. Durante o desenrolar da pesquisa também poderão ser elencados outros elementos que dão forma a essa rede, uma vez ser ela tão dinâmica. Todas estas premissas e estruturas acabam por se espacializar. Uma vez que “o espaço organizou o tempo na sociedade em rede” (CASTELLS,1999: 467), a imposição da rede informacional é uma necessidade do modo produtivo capitalista contemporâneo. Sua materialização espacial se dá através do território, entendido como espaço perpassado e configurado através de relações de poder (equipamentos, metodologias etc.), no caso, para compor uma demanda externa. Ao analisar este fenômeno como uma forma do poder hegemônico que se estabelece e controla o espaço, teremos na categoria território também a discussão do componente político (intencionalidade) do processo de redes. Analisando o ponto de influência da rede sobre a (re)(des)construção da cidade e suas novas territorialidades. 7026 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Nesta perspectiva parece produtivo nos servirmos de contribuições da teoria marxista, a partir de Harvey (2005), utilizando a perspectiva do autor com relação à formação do espaço e do Estado na estruturação do modo capitalista de produção. Respondendo à máxima de Rasffestin, segundo a qual “a rede faz e desfaz as prisões do espaço tornado território” (apud DIAS, 2003:147), o Ceará está caracterizado naquilo que Harvey (2005) denomina de mudança do administrativismo urbano para o empreendedorismo urbano, uma necessidade para a auto sustentação das cidades, uma vez que elas passaram a um novo paradigma da produção flexível e da informação. A busca por novos espaços que viabilizem essa produção, ocasiona disputa entre as cidades, inclusive das pequenas cidades, através da aglutinação de recursos e construção de estruturas que deem suporte a nova ordem produtiva. A chamada “guerra dos lugares”, surgiria, assim, como uma resposta a uma diminuição dos lucros e indiretamente a anulação do espaço dentro deste processo. O processo de valorização e capacitação de um espaço para se tornar apto a receber essa produção flexível e da informação é baseado na tecnologia. As redes estariam relacionadas de forma refinada com esta realidade, tecnologia territorializada a serviço da fluidez, pois, “embora não determine a evolução e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformação das sociedades, ...” (CASTELLS, 1999: 44). Essa rede, no caso, o projeto CDC, tem como objetivo levar internet de alta velocidade para a população urbana do estado, instalando-se em locais remotos a um preço acessível a todos. Ela serviria de alicerce para essa dinâmica tão almejada, criando o novo em relação aos demais focos urbanos do estado, territorializando o poder da nova lógica dos fluxos num arranjo territorial sobre os chamados serviços de governo (saúde, educação, segurança e justiça), permitindo, talvez, as mesmas se reinventarem enquanto espaços urbanos no meio rural. Existe uma nova territorialidade sendo constituída a partir das mudanças dos referenciais de serviços de governo com a chegada do Cinturão Digital do Ceará (CDC)? Ou teríamos velhas realidades com tentativas de nova roupagem, atadas a alienação de um “sistema mundo” severo. Se for positiva a primeira hipótese, quais seriam elas (as novas territorialidades) e como identificá-las e analisá-las no espaço 7027 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO cearense. Se a segunda hipótese for corroborada, cabe a nós esclarecermos os pontos de sua existência nesse novo cenário. 3-Conclusões Ao propor esta perspectiva, partimos do interesse de verificar, através da análise das territorialidades, até que ponto e de que maneira a afirmação de Dias (2003), acerca da lógica organizadora e desorganizadora das redes, se realiza na rede de cidades do Ceará. Em outros termos, o processo de formação de redes no Ceará atende os interesses das cidades (via poder municipal) ou apenas transformaas em um canal de condução de fluxos, vinculados a interesses externos? Mais o que nos parece mais provável, conclusão prévia, diante do quadro apresentado, é a coexistência dessas duas hipóteses, uma vez que para se gerar o novo, temos de partir de uma base, ou mesmo algo que possa ser negado por esse “novo”. Poderíamos contar com uma negação, mas não completa, do sistema anterior por parte das cidades pequenas no Ceará. Mas, a lógica parece permanecer a mesma: organizar para melhor usufruir e consumir, uma organização exógena que corrói a autonomia do lócus urbano, da diversidade. Uma rede que nos possibilita uma diversidade imensa de caminhos, mas infelizmente uma realidade, pobre de criatividade e de equidade. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA ARAUJO, Nicolai Vladimir Gonçalves de. Dos fios a teia: as tramas territoriais tecidas pela internet em Sobral-CE. Fortaleza: UECE, 2008 (Dissertação de Mestrado). CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede - A era da informação: economia, sociedade e cultura. 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