1 • Forças fictícias ou pseudoforças Para se poder aplicar a 2ªlei de Newton a referenciais acelerados é necessário utilizr forças fictícias – pseudoforças. Estas forças não são exercidas por nenhum agente. São introduzidas apenas para que a equação FR = m a seja válida num referencial não inercial. Utilizando a lei do movimento relativo para relacionar as acelerações nos referenciais inercial (fixo) e não inercial (móvel e acelerado): aobj / ref .móvel = aobj / ref .fixo − aref .móvel / ref .fixo mobj aobj / ref .móvel = mobj aobj / ref .fixo − mobj aref .móvel / ref .fixo ↓ 2ª lei é válida no ref. fixo mobj aobj / ref .móvel = FR − mobj aref .móvel / ref .fixo mobj aobj / ref .móvel = FR + FP FP = −mobj aref .móvel / ref .fixo Pseudoforça devida à aceleração do referencial em relação ao qual se está a tentar aplicar a 2ª lei de Newton 2 Exemplos 1 – Corpo em queda dentro de um comboio acelerado FP aC P aC P P + FP = maB / C P = mB aB P − mB aC = maB / C Note-se que, tal como vimos anteriormente, as duas observações são conciliadas através da equação do movimento relativo: aB/C = aB − aC ⇔ aB = aB/C + aC 2 – Corpo pendurado num comboio acelerado y α T y aC α T aC x x P FP P T + P = mB aB T + P + FP = m B a B / C como a bola não se move relativame nte a bola não se move relativame nte ao comboio ao comboio T + P + FP = 0 aB/C = 0 = aB − aC ⇒ aB = aC T + P − mB a C = 0 T + P = mB a C a ( x ) Tsen(α ) = m B a C ⇒ tg(α ) = C g ( y ) T cos(α ) − P = 0 T + P = mB a C 3 Movimento Curvilíneo • • • • Quando a força resultante tem a direcção da velocidade o movimento é rectilíneo O movimento curvilíneo ocorre quando a força resultante não é colinear com a velocidade. Existe então uma componente da aceleração perpendicular à velocidade. A componente da aceleração perpendicular à velocidade permite a variação da direcção do movimento da partícula (através da variação da direcção da velocidade) Se a massa fôr constante então a aceleração é paralela à força ûT v FT aT ûN aN F FN De F = m a e a = aT + aN obtém-se F = m aT + m aN F =m A força tangencial, FT, origina uma variação do módulo da velocidade, e é tangente à trajectória. Se fôr nula o movimento será uniforme ( v = constante) d v dt ûT + m v 2 ρ ûN dv v2 F =m ûT + m ûN dt ρ FT FN Variação da direcção da velocidade. A força normal, FN, aponta sempre para o centro da curvatura da trajectória (no movimento rectilíneo é ρ=∞ e logo FN=0) v = v=constante <=> mov. uniforme se FN=0: mov. rectilíneo uniforme se FN≠0: mov. circular uniforme FT=0 => FN=0 => direcção de v constante <=> mov. rectilíneo se FT=0: mov. rect. uniforme se FT≠0: mov. rect. variado 4 • No caso do movimento circular o raio de curvatura, ρ, é constante e igual ao raio, R, da circunferência e v = ω R . Logo a força normal, ou força centrípeta, é v2 = m ω2 R FN = FN = m aN = m R • Quando o movimento é circular uniforme então F = FN (aT = 0) ou seja: F = m aN ûN = m ω2R ûN = m(ω v ûN ) = m ω × v = ω × p • No caso geral podendo a massa variar tem-se: F = ( ) d ûT d p d p d p ûT d p v = = ûT + p = ûT + p ûN dt dt dt dt dt ρ FT FN Exemplo 1: Um fio de comprimento L ligado a um ponto fixo, tem na sua extremidade uma massa m que gira em torno da vertical com velocidade angular constante ω. Determinar o ângulo α que a corda faz com a vertical. Este dispositivo designa-se por pêndulo cónico. α ω ûz ûN R T v FN P A massa m move-se descrevendo um círculo de raio R = L sen(α). As forças que actuam na massa m são o peso, P, e a tensão T. A resultante das forças deverá ser a força centrípeta, FN, necessária ao movimento circular: T + P = FN Tomando as componentes das forças nas direcções vertical (ûz) e normal (ûN) T cos(α ) − P = 0 T = mg cos(α ) ⇒ Tsen(α ) = FN FN = mg sen(α ) cos(α ) tem-se: 2 2 2 como FN=maN=mω R=mω L sen(α) conclui-se que cos(α ) = g ω L 5 Exemplo 2: Corpo preso por um fio em cima de uma mesa rotativa (a “força centrífuga) R T B T + P + R = mB aB como a bola descreve uma trajectória circular Z L P x Z R T x L B P vB2 ^ com uma velocidade constante aB = aN = ux L vB2 ( x ) T = m B L ( z) R − P = 0 T + P + R + FP = m B a B / Mesa T + P + R − m B a Mesa = m B a B / Mesa como a bola está parada em relação à mesa e como a mesa roda com uma velocidade cons tan te a B/Mesa = 0 e Força centrífuga que o observador em cima da mesa tem de inventar de modo a equilibrar a tensão explicando assim a ausência de aceleração do corpo (em relação à mesa) a Mesa v 2Mesa ^ v 2B ^ = aN = ux = ux L L 2 v v 2B B = 0 ( x ) T − m B ⇔ T = mB L L ( z ) R − P = 0 No ponto em que o corpo B se encontra a velocidade da mesa e do corpo B são iguais (o corpo B está parado relativamente à mesa) 6 Momento Angular Momento angular, Lo, relativamente ao ponto O. Lo = r × p Lo Lo = m r × v Pode variar quer em direcção quer em intensidade no decorrer do movimento. O r As unidades do momento 2 -1 angular são Kg m s v m Se o movimento ocorrer num plano que contém o ponto O, então a direcção de Lo é constante e perpendicular a esse plano. ( r e v estão contidos no plano do movimento) Movimento Circular Sendo O o centro da circunferência, r e v são perpendiculares e v = ω r. Logo: L Lo = m r × v ω O r v m 90° Lo = Lo = m r v Lo = m r 2ω e o sentido de Lo corresponde ao sentido de ω sendo r constante. 7 Movimento Curvilíneo num plano A velocidade pode ser decomposta nas suas componentes radial, vr , e transversal, vθ : v = vr + v θ então ( Lo = m r × v = m r × vr + v θ ) L como r e vr são paralelos obtém-se: Lo = m r × v θ vθ O θ x A intensidade de Lo é então dada por: dθ Lo = Lo = m r v θ = m r r dt L o = m r 2ω mas r pode variar no decorrer do movimento. Cálculo do momento angular Cálculo genérico de Lo : ûx L o = rx px ûy ry py ûz ûx rz = m rx pz vx ûy ry vy ûz rz vz r v m vr 8 Variação temporal do momento angular ( ) Variação temporal de Lo : d Lo d r × p dr dp dp = = ×p+r× =m v×v +r × dt dt dt dt dt = 0 +r ×F d Lo = Mo dt Momento da força F relativamente ao ponto O (o mesmo em relação ao qual se determina o momento angular) A variação temporal do momento angular de uma partícula é igual ao momento da força aplicada na partícula Se Mo = 0 então Lo = constante ou seja Existe conservação do momento angular sempre que Mo=0 Partícula livre m θ θ r b O v Numa partícula livre F = 0. Assim Mo = 0 pelo que o momento angular, Lo, mantémse constante e L o = L o = m v r sen(θ) = m v b (v é constante pois não existem forças aplicadas na partícula livre) 9 Partícula sob acção de forças centrais Uma força central é uma força cuja direcção passa sempre por um ponto fixo. Se esse ponto fôr escolhido como origem, O, os vectores F e r são paralelos pelo que Mo = 0. Assim numa partícula sob a acção de uma força central existe conservação do momento angular (relativo ao centro da força). F2 F1 L o = mr 2 r1 o O movimento devido a uma força central é sempre plano pois o momento angular é constante: r2 v1 v2 dθ = constante dt r 2 ω = constante Exemplos de forças centrais: Rotação da Terra em torno do Sol. A força gravítica de atracção entre a Terra e o Sol passa sempre pelo Sol. O momento angular da Terra relativamente ao Sol é constante. Movimento de um electrão num átomo de hidrogéneo. O electrão desloca-se relativamente ao núcleo (mais pesado) sob a acção de uma força electrostática que passa sempre pelo núcleo atómico. Assim o momento angular do electrão relativamente ao núcleo é constante. 10 Exemplo: Determinar para um projéctil lançado horizontalmente do cimo de um edifício, o momento angular e o momento da força e verificar a relação entre eles. Y v0 o y X x r vx=v0 g vy=g t v v = v oû x − (gt )û y r = x ûx + y ûy ûx ûy Lo = m x y vo ûz 0 = m(− x g t − y v o )û z − gt 0 1 mas x = v o t e y = − g t 2 2 1 1 logo L o = m − v o t g t + g t 2 v o û z = − mg v o t 2 û z 2 2 F = m g = −m g û y ûx ûy Mo = m x y 0 −g ûz 0 = −m x g û z = −m g v o t û z 0 Verifica − se então que d Lo d 1 = − mg v o t 2 û z = −m g v o t û z = Mo dt dt 2