manejo agroecológico de cacaueiros em áreas de cabruca

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MANEJO AGROECOLÓGICO DE CACAUEIROS EM ÁREAS DE CABRUCA
1
2
3
Tarcisio Matos Costa ; Durval Libânio Netto Mello ; Thiago Guedes Viana ; Salvio
4
5
Oliveira Santos , Eduardo Gross
Resumo
Para que o ambiente esteja equilibrado é necessário que haja atividades de manejo que
busquem a melhoria das condições de cultivo, através do emprego de práticas de conservação
do macro e micro biota no solo, controle de umidade no solo, controle de plantas espontâneas
hospedeiras suscetíveis de doenças da cultura principal, manejo de restos de culturas
infectados, uso de mudas sadias, controle biológico de insetos vetores de doenças viróticas,
uso de cobertura “morta” para proteção do solo e fonte de nutrientes, plantio de variedades
adaptadas às condições edafoclimáticas da região, efetuar os plantios nos períodos
recomendados para cada cultura e promover nutrição balanceada com fornecimento de
nutrientes à base de material vegetal, verde, semi decomposto ou compostado. A rotação
planejada de culturas econômicas e o uso de “adubos verdes” e práticas agroecológicas
promovem o equilíbrio do ambiente.
Palavras-Chave
Agroecologia, cabruca, cacau, práticas de manejo.
____________________________________________________________________________
1
Engenheiro Agrônomo. Atualmente consultor do Instituto Cabruca – Ilhéus/BA. E-mail:
[email protected]
2
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Produção Vegetal (UESC). Atualmente docente em Cacauicultura pelo Instituto
Federal Baiano – Uruçuca/BA. E-mail: [email protected]
3
Engenheiro Agrônomo. Atualmente coordenador executivo do Instituto Cabruca – Ilheús/BA. E-mail:
[email protected]
4
Técnico em Agroecologia, assentado no PA Terra Vista – Arataca/BA. E-mail: [email protected]
5
Biólogo, Professor Doutor da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC – Ilhéus/BA. E-mail: [email protected]
Introdução
O Cacaueiro é uma planta nativa da floresta amazônica, o cacaueiro é cultivado sob a sombra
de árvores, seja em estado natural na Amazônia seja no estado da Bahia em plena Mata
atlântica num sistema conhecido como Cacau-Cabruca. O sistema de produção Cacau
1
Cabruca (Figura 01), talvez seja o melhor exemplo da atualidade, da viabilidade da
agroecologia e do manejo da paisagem na concepção de agroecossistemas sustentáveis
(Altieri, 2001).
O manejo agroecológico, é a associação de boas práticas que visam sanar ou evitar danos
ambientais e sócio-econômicos a um cultivo, utilizando métodos como controle.
O controle cultural é o advento de algumas práticas que contribuem para reduzir ou evitar a
incidência de doença e pragas. Essas práticas consistem em técnicas manuais de baixo custo
e de eficiência comprovada, como roçagem, remoção dos frutos atacados ou infectados,
remoção de vassouras vegetativas e secas, colheitas mais frequentes e retirada dos frutos
secos e mumificados, tratamento do casqueiro no local, retirada do limo do tronco e galhos,
poda fitossanitária, desbrota, raleamento de sombras nos locais mais densos para diminuição
da umidade para diminuir o ataque de vassoura de bruxa e da podridão-parda.
O controle genético consiste em introduzir nas áreas, plantas melhoradas geneticamente que
sejam resistentes ao principal fungo causador da doença do cacaueiro que é a Moniliophthora
perniciosa. Com o programa de melhoramento de cultivares, foram desenvolvidas algumas
plantas que apresentaram resistência ao fungo, estas plantas são conhecidas com “clones”.
(Figura 02).
Outro manejo utilizado é a biofertilização que consiste na aplicação de resíduos orgânicos de
origem vegetal e animal ao solo, melhorando as propriedades físicas, químicas e biológicas,
favorecendo também a disponibilidade de nutrientes e o aumento da produtividade. Os
biofertilizantes podem ser líquidos em forma de calda ou sólidos como tortas, farelos, pó,
compostos, resíduos, restos culturais, estercos ou cascas.
Uma atividade bastante importante é o enriquecimento florestal com a adição nas áreas
falhadas e abertas dos lotes com espécies florestais nativas, que inicialmente serviram de
sombreamento, mas dependendo das espécies também servirá de fonte de renda, em forma
de alimento, exploração madeira e não-madeireira.
Todas as práticas citadas formam o manejo integrado agroecologico do cacaueiro, práticas
essas adotadas para conversão do sistema convencional para o agroecologico.
Metodologia
O Instituto Cabruca adotou o manejo integrado agroecologico em 14 comunidades baianas,
entre assentamentos rurais, índios e quilombolas. Estas comunidades estão distribuídas nos
territórios do Litoral Sul e Baixo Sul.
As recomendações realizadas pelo Instituto Cabruca tiveram início no ano de 2010, instruindo
todos os membros das comunidades atendidas por meio de capacitações e troca de
experiências teóricas e práticas em campo. Posteriormente as recomendações foram
desenvolvidas nos lotes individuais e coletivos das comunidades, como os agricultores já
executam o controle cultural rotineiramente, a primeira providência foi à recuperação dos
stands com a implantação de mudas já de espécies clonadas, além da enxertia para a
recuperação das plantas velhas e quase mortas suscetível a doença fungica “vassoura-debruxa” (controle genético), além da introdução de espécies florestais nativas para o
enriquecimento florestal.
________________________________
1 A palavra cabruca é um termo regional derivado do verbo brocar, que surge como uma corruptela a partir da frase
vem cá brocar a mata para plantar cacau, dai derivou para cabrocar, cabrocamento, cabroca e cabruca.
Nas áreas dos agricultores familiares foi utilizado composto orgânico, que para o preparo dos
biofertilizantes foram utilizados o amontoamento dos casqueiros, depois a construção de uma
caixa de 2,4m³ com pseudocaule de banana para posteriormente organizar em camadas de
resíduos vegetais como película de cacau, casqueiro de cacau, restos culturais em geral e
calcário, deve-se preencher até em cima e depois cobrir com folhas de bananeira (Figura 03),
cada composteira aduba 450 plantas de cacau com 04 Kg de adubo por planta, além da
utilização de leguminosas como adubos verdes usando ingá, gliricidia, crotalária, feijão de
porco ou guandu, eretrina, juerana branca, etc (Figura 04). Como defensivo alternativo é
utilizado a “pimenta de macaco” (Piper aduncum) para controle de fitoparasitas, para preparo
da “pimenta de macaco” é necessário coletar folhas verdes e ramos finos da planta, bater no
liquidificador na proporção de 300g de folhas verdes para 02 litros de água e filtrar e aplicar a
4% de concentração de água.
Com a utilização das práticas de manejo agroecologico desde o ano de 2010, foi coletado
dados da produção média de cacau nos lotes individuais de 03 das 14 comunidades
contempladas para avaliação e acompanhamento da evolução da metodologia.
Resultados
No início das atividades a produtividade média dos lotes no PA Terra Vista
7,5@/ha/ano, no PA Nova Vitória de 19,2 @/ha/ano e no PA Antonio Conselheiro
@/ha/ano. Entretanto no ano de 2012 a produtividade teve um acréscimo no PA Terra
153,3 % (19@/ha/ano), no PA Nova Vitória de 79,6 % (34,5@/ha/ano) e no PA
Conselheiro de 25,5 % (80,7@/ha/ano) (figura 05).
era de
de 64,3
Vista de
Antonio
Com os resultados alcançados, pode-se visualizar que a utilização de manejos agroecologico
proporciona uma melhor exploração dos recursos naturais disponíveis, permitindo manter e
melhorar a capacidade produtiva da terra por causa da ciclagem de nutrientes, fixação de
nutrientes e micorrizas, conservando o solo, diminuindo erosões. Outro beneficio do manejo
agroecologico é a menor necessidade de insumos, por causa do aproveitamento dos resíduos
vegetais, diminuido dos investimentos para produção agrícola, além de proporcionar um
ambiente de trabalho mais sadio e de proteção do meio ambiente.
Conclusão
O manejo agroecologico conferi ao homem do campo um ambiente com sustentabilidade
produtiva-ambiental, com um uso racional do solo e da água, amenizando assim os impactos
adversos causados pela agricultura convencional. Pois possibilita a utilização de práticas de
fácil execução com materiais já existentes na área, favorecendo a viabilidade econômica e
tornando a área sustentável.
Referência Bibliográfica
ALTIERI, M. Agroecologia: Bases Cientificas para uma Agricultura Sustentável.
Guaíba; Agropecuária 2002. 592p.
CHAGAS, P. R. R. Manejo ecológico e alternativo de pragas e doenças das plantas
cultivadas. Campo Grande, Mato Grosso do Sul. 05p.
FERNANDES, M. do C. de A., Ribeiro, R. de L. D., Aguiar-Menezes, E. de L. Manejo
Ecológico de Fitoparasitas. 50p.
INSTITUTO CABRUCA. Manual de Manejo Agroecológico do Cacaueiro. Vol 01, Ilhéus/BA,
2013. 51 p.
VALLE, R. R. 2012. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro. CEPLAC/CEPEC/SEFIS.
Ilhéus, Bahia. 688p.
Figura 01- Cacau Cabruca
Figura 03- Manejo das Leguminosas
Figura 02- Clone Agroecologico
Figura 04- Preparo da Compostagem
Figura 05- Produção média de cacau nos lotes individuais
MANEJO AGROECOLÓGICO DE CACAUEIROS EM ÁREAS
DE CABRUCA.
Tarcísio Matos Costa1; Durval Libânio Netto Mello1,2; Thiago Guedes Viana1; Salvio Oliveira Santos1;
Eduardo Gross3
1- Instituto Cabruca (Ilhéus/BA) – www.cabruca.org.br
2- Instituto Federal Baiano – Campus (Uruçuca /BA)
3- Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC (Ilhéus/BA)
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
O Cacaueiro é uma planta nativa da floresta amazônica, o cacaueiro é cultivado
sob a sombra de árvores, seja em estado natural na Amazônia seja no estado da
Bahia em plena Mata atlântica num sistema conhecido como Cacau-Cabruca. O
sistema de produção Cacau Cabruca1(Figura 01), talvez seja o melhor exemplo
da atualidade, da viabilidade da agroecologia e do manejo da paisagem na
concepção de agroecossistemas sustentáveis (Altieri, 2001).
O manejo agroecológico, é a associação de boas práticas que visam sanar ou
evitar danos ambientais e sócio-econômicos a um cultivo, utilizando métodos
como controle. O controle cultural é o advento de algumas práticas que
contribuem para reduzir ou evitar a incidência de doença e pragas. Essas
práticas consistem em técnicas manuais de baixo custo e de eficiência
comprovada, como roçagem, remoção dos frutos atacados ou infectados, poda
fitossanitária, desbrota, raleamento de sombras nos locais mais densos para
diminuição da umidade para diminuir o ataque de vassoura de bruxa e da
podridão-parda. O controle genético consiste em introduzir nas áreas, plantas
melhoradas geneticamente que sejam resistentes ao principal fungo causador da
doença do cacaueiro que é a Moniliophthora perniciosa. Com o programa de
melhoramento de cultivares, foram desenvolvidas algumas plantas que
apresentaram resistência ao fungo, estas plantas são conhecidas com “clones”.
(Figura 02).
Outro manejo utilizado é a biofertilização que consiste na aplicação de resíduos
orgânicos de origem vegetal ao solo, melhorando as propriedades físicas,
químicas e biológicas. Os biofertilizantes podem ser líquidos em forma de calda
ou sólidos como tortas, farelos, pó, compostos, resíduos, restos culturais,
estercos ou cascas.
Uma atividade bastante importante é o enriquecimento florestal com a adição
nas áreas falhadas e abertas dos lotes com espécies florestais nativas, que
inicialmente serviram de sombreamento, mas dependendo das espécies também
servirá de fonte de renda, em forma de alimento, exploração madeira e nãomadeireira.
Todas as práticas citadas formam o manejo integrado agroecologico do
cacaueiro, práticas essas adotadas para conversão do sistema convencional para
o agroecologico.
O Instituto Cabruca adotou o manejo integrado agroecologico em 14 comunidades,
entre assentamentos rurais, índios e quilombolas. Estas comunidades estão
distribuídas nos territórios do Litoral Sul e Baixo Sul.
As recomendações realizadas pelo Instituto Cabruca tiveram início no ano de 2010,
instruindo todos os membros das comunidades atendidas por meio de capacitações e
troca de experiências teóricas e práticas em campo. Como os agricultores já
executam o controle cultural rotineiramente, a primeira providência foi à
recuperação dos stands com a implantação de mudas já de espécies clonadas, além
da enxertia para a recuperação das plantas velhas e quase mortas suscetível a doença
fungica “vassoura-de-bruxa” (controle genético), além da introdução de espécies
florestais nativas para o enriquecimento florestal.
Nas áreas dos agricultores familiares foi utilizado composto orgânico, que para o
preparo dos biofertilizantes foram utilizados o amontoamento dos casqueiros,
depois a construção de uma caixa de 2,4m³ com pseudocaule de banana para
posteriormente organizar em camadas de resíduos vegetais como película de cacau,
casqueiro de cacau, restos culturais em geral e calcário, deve-se preencher até em
cima e depois cobrir com folhas de bananeira (Figura 03), cada composteira aduba
450 plantas de cacau com 04 Kg de adubo por planta, além da utilização de
leguminosas como adubos verdes usando ingá, gliricidia, crotalária, feijão de porco
ou guandu, eretrina, juerana branca, etc (Figura 04). Como defensivo alternativo é
utilizado a “pimenta de macaco” (Piper aduncum) para controle de fitoparasitas,
para preparo da “pimenta de macaco” é necessário coletar folhas verdes e ramos
finos da planta, bater no liquidificador na proporção de 300g de folhas verdes para
02 litros de água e filtrar e aplicar a 4% de concentração de água.
Com a utilização das práticas de manejo agroecologico desde o ano de 2010, foi
coletado dados da produção média de cacau nos lotes individuais de 03 das 14
comunidades contempladas para avaliação e acompanhamento da evolução da
metodologia.
RESULTADOS
No início das atividades a produtividade média dos lotes no PA Terra Vista era
de 7,5@/ha/ano, no PA Nova Vitória de 19,2 @/ha/ano e no PA Antonio
Conselheiro de 64,3 @/ha/ano. Entretanto no ano de 2012 a produtividade teve
um acréscimo no PA Terra Vista de 153,3 % (19@/ha/ano), no PA Nova Vitória
de 79,6 % (34,5@/ha/ano) e no PA Antonio Conselheiro de 25,5 %
(80,7@/ha/ano).
Com os resultados alcançados, pode-se visualizar que a utilização de manejos
agroecologico proporciona uma melhor exploração dos recursos naturais
disponíveis, permitindo manter e melhorar a capacidade produtiva da terra por
causa da ciclagem de nutrientes, fixação de nutrientes e micorrizas, conservando
o solo, diminuindo erosões. Outro beneficio do manejo agroecologico é a menor
necessidade de insumos, por causa do aproveitamento dos resíduos vegetais,
diminuido dos investimentos para produção agrícola, além de proporcionar um
ambiente de trabalho mais sadio e de proteção do meio ambiente.
CONCLUSÃO
O manejo agroecologico conferi ao homem do campo um ambiente com
sustentabilidade produtiva-ambiental, com um uso racional do solo e da água,
amenizando assim os impactos adversos causados pela agricultura convencional.
Pois possibilita a utilização de práticas de fácil execução com materiais já
existentes na área, favorecendo a viabilidade econômica e tornando a área
sustentável.
Figura 01- Cacau Cabruca
Figura 02- Clone Agroecologico
Figura 03- Preparo da Compostagem
Figura 04- Manejo das Leguminosas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTIERI, M. Agroecologia: Bases Cientificas para uma Agricultura
Sustentável.
Guaíba; Agropecuária 2002. 592p.
INSTITUTO CABRUCA. Manual de Manejo Agroecológico do Cacaueiro.
Vol 01, Ilhéus/BA, 2013. 51 p.
VALLE, R. R. 2012. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro. Agradecemos a FAPESB, IF Baiano e UESC pelo
CEPLAC/CEPEC/SEFIS. Ilhéus, Bahia. 688p.
apoio neste trabalho.
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