CONTACTOS Rua Prof. Egas Moniz, nº 7 | 4524-909 SANTA MARIA DA FEIRA Tel: 256 371 455 • Fax: 256 371 459 E-mail: [email protected] Visita domiciliária à Puérpera e ao recém-nascido Actualmente, os objectivos dos cuidados de saúde para “famílias em gestação” são uma gravidez saudável, um recém-nascido saudável e pais preparados e confiantes nos seus novos papéis. P ara alcançar estes objectivos, os padrões actuais de cuidados preconizam cuidados pré-natais numa fase inicial e de forma regular através de consultas multidisciplinares de saúde materna e nascimento num hospital ou maternidade. Contudo, não existe qualquer padrão que reconheça as reais necessidades das mães, recém-nascidos e famílias após a hospitalização. Por este motivo e para satisfazer os objectivos em cuidados de saúde para famílias com filhos recém-nascidos, a equipa da Unidade de Saúde Familiar Terras de Santa Maria implementou a visita domiciliária de enfermagem à puérpera e ao recém-nascido. A visita domiciliária consiste numa visita realizada à puérpera e ao recém-nascido no seu domicílio nos primeiros 15 dias após o parto. Para ter acesso à visita, os pais devem entrar em contacto com o enfermeiro de família após o parto para juntos programarem a visita. A enfermagem pós-parto tem dado uma contribuição valiosa para a recuperação de mães e bebés depois do parto e para o início bem sucedido de novas famílias. Os objectivos principais da visita são: (1) obter informação ampla e objectiva sobre o meio físico e familiar; (2) detectar precocemente riscos para a vida e saúde da mulher e do recém-nascido; (3) promover a higiene e prevenir infecções; (4) favorecer a vinculação entre a mãe e o recém-nascido; (5) promover o aleitamento materno; (6) proporcionar apoio psicológico e (7) informar sobre os serviços existentes na Unidade de Saúde Familiar para a mulher e para o recém-nascido. Embora a principal intervenção do enfermeiro durante a visita domiciliária envolva aconselhamento de apoio, orientação antecipada, ensino ou acompanhamento, ocasionalmente podem ainda ser prestados cuidados de saúde, como por exemplo: tratamento à ferida abdominal (em caso de cesariana) e realização do Teste de Diagnóstico Precoce ou Teste do Pezinho entre o 3º e o 7º dias de vida. A visita domiciliária à puérpera e recém-nascido representa uma evolução natural na reestruturação dos cuidados maternos, sendo um momento importante na transição segura entre o meio hospitalar e domiciliar. Artigo realizado por: Ana Raquel Pereira1 e Nathalie Silva2 1,2 Enfermeiras na USF Terras de Santa Maria – Centro de Saúde de Santa Maria da Feira ABRIL 2010 Apoio: Responsáveis: Maria Alice Oliveira, Maria Eduarda Vidal, Sónia Sá. Colaboradores: Ana Castro Sousa; Ana Luzia Ramalho; Ana Raquel Pereira; Catarina Pinto; Fátima Gonçalves; Fernando Almeida; Hugo Fardilha; Maria de Fátima Albergaria; Maria José Ventura; Nathalie Silva; Paula Santos; Susana Castro; Susana Ferreira; Rosário Lima. Convidado desta edição: Pedro Cantista. 1 EDITORIAL ALERGIA A alergia é uma resposta inadequada e exagerada do mecanismo de defesa do nosso organismo 2 “AS TERMAS E AS VIAS RESPIRATÓRIAS” Os tratamentos termais não devem ser encarados como “alternativos” mas antes como complementares 5 ALEITAMENTO MATERNO UM ACTO DE AMOR! A preparação para a amamentação deve iniciar-se ao longo das consultas de saúde materna. 6 VISITA DOMICILIÁRIA DE ENFERMAGEM À PUÉRPERA E AO RECÉM-NASCIDO 8 Viva a Saúde! É com muito orgulho que iniciamos o nosso jornal, um marco mágico que fizemos coincidir com Abril, quando se comemora o dia Mundial da Saúde, que foi criado para celebrar o nascimento da Organização Mundial da Saúde, em 1948. E saúde não se resume ao facto de não estarmos doentes... A saúde é mais que isso, é... uma soma de várias partes que forma um todo e cabe-nos a todos preservar cada uma dessas partes para que o todo seja o melhor possível. Se conseguirmos colocar em prática essa definição em nós, nas nossas casas, estaremos diariamente a celebrar o essencial da saúde! Neste primeiro número, preparámos temas como as alergias (prevenção e tratamento), a importância “das termas” como terapia complementar, a visitação domiciliária, o Aleitamento Materno, por fim, apresentamos alguns mitos: soluções que curam ou nem por isso? Queremos que este jornal seja o seu jornal, que aqui encontre artigos práticos onde pode tirar dúvidas, rever conceitos, saber mais de nós, o que fazemos, o que queremos fazer. A sua opinião é muito importante. Aguardamos as suas críticas e sugestões, que são importantes para continuarmos com o nosso entusiasmo e jovialidade de sempre. Juntos, pela sua saúde! Maria Eduarda Vidal J O R N A L U S F T E R R A S S A N TA M A R I A Nº1 ABRIL 2010 3 2 A alergia é uma resposta inadequada e exagerada do mecanismo de defesa do nosso organismo, o sistema imunológico, a substâncias que normalmente são inofensivas, portanto, é um “excesso de zelo” do nosso sistema imunitário às substâncias que normalmente são inofensivas, mas nocivas para indivíduos alérgicos, chamamos alérgeno e podem ser pólenes das plantas, componentes do pó da casa, alimentos como o leite ou os ovos. Quando um dos alérgenos entra em contacto com o organismo de uma pessoa susceptível a alergias, ocorre uma série de reacções que levam à produção de anticorpos específicos para esse alérgeno, chamados imunoglobinas do tipo E, que são moléculas que nos protegem de agentes estranhos ao organismo, fazendo parte de um dos sistemas de defesa do nosso organismo. Estes anticorpos vão-se colar a um tipo de células chamadas mastócitos, que se encontram, especialmente, e em maior quantidade, no nariz, olhos, pele, pulmões e intestino. Isto tudo acontece no primeiro contacto com o alérgeno. Do segundo contacto com o mesmo alérgeno, e porque o nosso organismo tem uma grande capacidade de memorização, este vai reconhecer o referido alérgeno, que será captado pela IgE, que, por sua vez, se liga aos mastócitos, ocorrendo a libertação de uma série de mediadores químicos, contidos no interior dos mastócitos. O mais conhecido será a histamina. É a libertação imediata e explosiva destas substâncias químicas que provoca rapidamente (15 a 30 minutos) uma intensa resposta inflamatória, originando os sintomas típicos de uma reacção alérgica. Se a exposição a esse alérgeno é intensa e a inflamação muito prolongada, a doença alérgica pode tornar-se crónica e persistente. Alergias Aaaaatchim... Há pó(len) no ar... Iniciamos uma estação tão bonita como a Primavera, logo a escolha deste tema. E porquê esta analogia? A Primavera é realmente uma estação deslumbrante, que para a maioria das pessoas se traduz numa imensidão de sentimentos positivos. Todavia, para certas pessoas, a chegada desta nova estação, pode significar o surgimento de situações menos agradáveis: uns espirros frequentes, nariz a pingar, olhos vermelhos, tosse ou comichão na pele… as chamadas alergias, neste caso com sintomas do foro respiratório, pele e olhos. As alergias são um tema actual, dada a sua prevalência aumentada. Ana Castro e Sousa Médica da USF Terras Santa Maria Alérgenos mais frequentes… Dentro dos mais frequentes, temos os alérgenos existentes no ar e que podem ser inalados: pólen das árvores ou gramíneas, ácaros do pó, pêlo e dejectos de animais domésticos, esporos dos bolores, que são responsáveis na sua maioria por reações alérgicas em que os sintomas típicos aparecem sob a forma de rinite alérgica, asma; os que podem ser ingeridos nos alimentos: no leite de vaca, ovos, peixe, marisco, amendoim, as chamadas alergias alimentares com manifestações diversas; ou os presentes em certos medicamentos, como por exemplo antibióticos, e há casos descritos de alergias a medicamentos. O veneno da picada de insectos, por exemplo da abelha, vespa, mosquito, também podem provocar reacções alérgicas. Manifestação deste tipo de reacções alérgicas… Dependendo do tipo de alérgeno e do seu contacto no organismo, podemos ter vários tipos de apresentação sintomática da reacção alérgica: sobe para 40 a 60%. No entanto, o contacto precoce com os alérgenos e certos factores ambientais como a exposição ao fumo do tabaco e a poluição atmosférica parecem desempenhar um papel importante. É importante que a criança saia de casa e, dentro dos limites do seguro e do razoável, possa contactar com o ar do campo, praia, jardins, mundo exterior. Assim estimulam as suas defesas. Por outro lado, tem ser dada importância ao aleitamento materno, que parece ser outro factor de reforço das defesas do sistema imunitário. Há alergias relacionadas com uma respectiva Estação do ano… Em determinado tipo de Alergias, há um contexto de sazonalidade, ou seja, a sua manifestação está relacionada com uma respectiva estação do ano ou período, no qual o alérgeno está mais presente, provocando, portanto, precipitação da doença base. Susceptibilidade para desenvolver estas reacções alérgicas… A Rinite alérgica ou Febre dos Fenos está muito relacionada com a exposição ao pólen, e não como o nome indica aos fenos. Portanto, vão ser nessas alturas em que a exposição ao referido alérgeno vai ser mais intensa, e logo, o surgimento ou reactivação dos sintomas incomodativos, tais como, espirros sucessivos, pingo no nariz, comichão no nariz, com uma irritabilidade e desconforto tremendos. Por exemplo se tem alergia a pó doméstico, ácaros, animais domésticos preferencialmente, manifestado sob a forma ou de rinite ou asma, a manifestação desta ocorrerá praticamente todo o ano, pelo menos porque é frequente o contacto com estes alérgenos nas nossas casas. Contudo, as queixas vão ser mais comuns no Inverno, pois no Verão temos mais tendência a passar mais tempo fora de casa e as nossas casas estão mais ventiladas. No caso em que se desenvolve reacção alérgica a picadas de insectos, é óbvio que a sintomatologia será mais exuberante no Verão. Um dos principais factores de risco para o desenvolvimento de alergias é a história familiar de doenças alérgicas. Sabese que quando uma criança tem um dos pais com alergias, tem um risco de 20 a 40% de vir a ter alguma doença alérgica. Se os dois pais forem alérgicos o risco de ser afectada As alergias alimentares podem também causar problemas durante todo o ano, embora alguns alimentos sejam ingeridos mais abundantemente numa estação particular (por exemplo, as frutas de verão). Portanto, a altura de aparecimento da sintomatologia da alergia depende muito do tipo • Alergia alimentar, que se pode manifestar por vómitos, diarreia, inchaço da língua, lábios e olhos, manchas na pele, falta de ar, chiadeira ou gatinhos. • Rinite alérgica, caracterizada por nariz obstruído, comichão no nariz, espirros e pingo no nariz • Conjuntivite alérgica, caracterizada por edema ou inchaço das pálpebras, olho vermelho e comichão. • Asma, caracterizada por tosse seca, falta de ar e chiadeira. • Dermatite ou Eczema atópico, caracterizada pela manifestação alérgica na pele, sob a forma de vermelhidão, comichão, descamação da pele, a acometer, predominantemente, a face, dobras dos cotovelos ou joelhos. J O R N A L U S F T E R R A S S A N TA M A R I A Nº1 ABRIL 2010 4 5 de alérgeno em questão. Testes que nos permitem confirmar este diagnóstico de Doença alérgica… Existem testes específicos que nos ajudam a confirmar o diagnóstico. Serão realizados, com suspeita de estarem relacionadas com uma exposição a um alérgeno específico. Existem essencialmente dois tipos de testes, o PRICK teste e o RAST. No primeiro uma gota de solução contendo cada alérgeno é colocada na pele, depois pica-se a pele com uma pequena agulha e marca-se a posição de cada alérgeno com uma caneta. Se houver reacção, forma-se uma pápula que é medida para comparar com o controlo. O RAST consiste na medição no sangue da IgE específica para determinados alérgenos. No caso de alergia alimentar é necessário realizar testes de provocação especiais com o alimento suspeito de provocar a reacção alérgica. Este teste só deve ser realizado com vigilância médica. E como se trata…. O primordial é tentarmos evitar o contacto com o alérgeno, ou alérgenos identificados nos testes, para evitar a precipitação da reacção alérgica, e a respectiva sintomatologia. Por exemplo, no caso das alergias alimentares, deve-se estar muito atento aos rótulos dos produtos, e não adquirir os que contenham os alérgenos ou que apresentem palavras ou substâncias desconhecidas. No entanto, por vezes isso é impossível, no caso do pólen ou ácaros do pó doméstico. Aí, têm de ser tomadas medidas para reduzir ao máximo o contacto com esses alérgenos. Por exemplo, no caso dos ácaros, boas atitudes de limpeza e arejamento das casas são ideais. forto ao doente. A prescrição deve ser inteiramente da responsabilidade do médico assistente. No caso de pessoas com sintomas persistentes, em que é difícil ou quase impossível a evicção do alérgeno, com repercussões negativas na qualidade de vida, é importante centrarmo-nos num tratamento a longo prazo, mais crónico. E aqui entram as vacinas para a alergia! Estas vacinas vão fazer diminuir a sensibilidade aos alérgenos alterando a resposta imunológica do organismo. Para isso são administradas doses progressivamente crescentes e a intervalos regulares de um extracto alergénico específico por um período de alguns anos (normalmente, 3 a 5 anos). Esta forma de tratamento vai então reduzir os sintomas que ocorrem após a exposição às substâncias a que se é alérgico, Durante a administração da vacina, é importante que o paciente permaneça 30 a 60 minutos no local de administração, no qual deve existir um médico presente, caso surjam reacções adversas, já que há administração directa do respectivo alérgeno. A imunoterapia específica ou vacina da alergia é realmente o único tratamento que pode alterar o curso natural da doença alérgica, sendo possível obter benefícios que se mantêm por alguns anos após a paragem das vacinas. No entanto, as vacinas deverão ser conjugadas com estratégias eficazes de evitar o contacto com os estímulos alérgicos. Mais informações em www.spaic.pt (Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica) As termas e as vias respiratórias A s doenças das vias respiratórias constituem um dos principais motivos da procura de tratamentos termais. Sobretudo nos casos de rinite, sinusite e asma brônquica é muito usual o recurso à crenoterapia (assim se designa em termos médicos o tratamento que utiliza água mineral natural). São particularmente as águas sulfúreas (como por exemplo as das Termas de S. Jorge) as que melhores resultados evidenciam neste grupo de patologias. Os tratamentos termais não devem ser encarados como “alternativos”, mas complementares, dentro do conjunto de medidas que o médico assistente preconiza numa estratégia terapêutica de conjunto (global). Pedro Cantista Médico director das Termas de Caldas de S. Jorge Quando o termalista é referenciado para umas termas, deve aí ser observado por um médico hidrologista. Cada caso é avaliado individualmente, sendo prescrito um conjunto de técnicas de tratamento julgadas mais adequadas a cada situação clínica particular. No caso, em que existe predominância de sintomatologia mais aguda, incomodativa, podemos recorrer a certo tipo de medicamentos que actuam na fase aguda e aliviam, temporariamente, a sintomatologia aguda, garantindo maior conALERTA: HÁ PÓ(LEN) NO AR! QUAIS OS MESES MAIS CRÍTICOS? Ervas, plantas e árvores Período de Polinização Gramíneas: existem várias espécies por todo o país, nos jardins, nos campos: são as ervas que crescem espontaneamente (daninhas) como a relva, o feno, a festuca e a cauda de raposa. Também alguns cereais como a cevada, trigo e milho Março a Julho Artemisa: mais comum no interior do país Abril a Setembro Plantago: conhecida como língua de ovelha Março a Julho Chaenopodium: conhecida como pé de ganso, presente nas zonas rurais Abril a Junho Oliveira: Pólen de árvore que mais alergias provoca Maio a Julho Pinheiro: Tal como a oliveira, o pó de pinheiro é responsável por grande número de alergias Março a Maio Plátano: presente nas zonas urbanas Março a Maio Bétula ou vidoeiro: presente no campo e cidades Abril a Maio Parietária, erva conhecida como alfavaca de cobra Fevereiro a Junho e de Setembro a Outubro Acácia Fevereiro a Maio Cipreste Novembro a Dezembro Castanheiro e Carvalho Abril a Julho Salgueiro Fevereiro a Abril Dentro das técnicas mais utilizadas na crenoterapia das vias respiratórias, incluem-se as irrigações nasais, as pulverizações faríngeas, as inalações, as nebulizações e os aerossóis. Isto para além da possível ingestão de água termal (hidropinia) que, no caso das águas sulfúreas, é indicada em volumes muito reduzidos (30 - 70cc /dia, em geral numa única toma). É desejável que os tratamentos possam compreender um período de três semanas, pelo menos nos primeiros anos em que o termalista frequenta o balneário. Havendo resultados positivos, aconselha-se, posteriormente, épocas de pelo menos duas semanas (uma ou duas vezes por ano). Existe uma comprovação, alicerçada na tradição, de muito bons resultados com os tratamentos termais neste grupo de doenças. Hoje, para além desta constatação empírica cimentada ao longo de muitos anos, existem já provas científicas irrefutáveis dos benefícios que as termas podem proporcionar. J O R N A L U S F T E R R A S S A N TA M A R I A Nº1 ABRIL 2010 6 1 7 Aleitamento Materno um acto de amor! O leite materno é o alimento completo e natural adequado a todos os recém-nascidos. mento materno. O contacto corpo a corpo permite que o filho explore a mama da mãe, estimula o reflexo de ocitocina da mãe produzindo mais leite e desta forma garante o sucesso do aleitamento materno. O bebé chora menos e deste modo a mãe está mais tranquila e feliz o que faz com que a produção do leite aumente; Bebé: Protege contra as infecções (otites, diarreia, vómitos), alergias. A protecção da criança até aos 6 meses é assegurada pelos anticorpos presentes no leite materno; • O stress e a ansiedade interferem com a produção do leite materno, uma vez que inibem o reflexo de ocitocina; Mãe: Amamentar contribui para o desenvolvimento intelectual do seu filho; • A mãe deve dar de mamar em horário livre, ou seja, sempre que o seu filho queira. A produção do leite materno só aumenta se o seu filho mamar; Vantagens do leite materno… bebé/mãe/família/ambiente • O leite materno é de fácil digestão; • A amamentação ajuda a mãe e o bebé a estabelecer uma relação emocional e íntima, designada por vínculo afectivo, pelo que é determinante o contacto entre mãe e filho logo após o parto. Actualmente, sabe-se que um vínculo afectivo sólido facilita o desenvolvimento da criança e o seu relacionamento com as outras pessoas; • Os bebés amamentados ao peito choram menos e desenvolvem-se mais rapidamente se tiverem um contacto corpo a corpo com a sua mãe o mais precoce após o parto; • O acto de mamar ao peito melhora a formação da boca e o alinhamento dos dentes. • A mãe que amamenta sente-se emocionalmente feliz e satisfeita pelo contacto íntimo que estabelece com o seu filho; • Amamentar faz queimar calorias e ajuda a mulher a voltar, mais depressa, ao peso que tinha antes de engravidar; Assim como a grávida ama o seu filho a partir do momento em que é gerado, a preparação para a amamentação deve iniciar-se ao longo das consultas de saúde materna. É importante transmitir um conjunto de conhecimentos essenciais ao sucesso do aleitamento materno, nomeadamente: os benefícios do aleitamento materno para a criança e para a recuperação da mãe no pós-parto, dar informações sobre como amamentar, explicar o que acontece após o parto e esclarecer dúvidas ou receios que a grávida tenha em relação há amamentação. Iniciar o aleitamento materno logo após o parto, 30 m a 1 h, é essencial para permitir uma pega correcta e contribuir para o sucesso do aleitamento materno. Após esse tempo, o bebé entra num estado de sonolência em que a mãe tem mais dificuldade em despertar o filho para amamentar e tem mais dificuldade em que o filho aprenda a fazer uma pega eficaz. • O acto de amamentar ajuda o útero a regressar ao seu tamanho normal mais rapidamente. Na primeira semana, a mãe sente dor abdominal durante a amamentação, devido a contracções uterinas e saída de sangue do útero; • A perda de sangue depois do parto acaba mais cedo; • A amamentação protege do cancro da mama; • A amamentação protege do cancro do ovário; • A amamentação protege da osteoporose; • A amamentação exclusiva protege da anemia (deficiência de ferro). As mulheres que amamentam demoram mais tempo para ter menstruações, por isso as suas reservas de ferro não diminuem com a hemorragia mensal. É mais prático: • O leite materno é económico, de fácil digestão e é o único alimento completo para o seu filho. Mesmo na época de calor não necessita de lhe dar água, porque o leite materno tem a quantidade suficiente para o seu filho. Não é necessário esterilizar e preparar biberões. Não é necessário levantar-se de noite para preparar o biberão. • O apoio familiar nas primeiras semanas é essencial para que a mãe se possa dedicar ao seu filho de uma forma serena, tranquila sem estar sobrecarregada pelas tarefas domésticas; • A amamentação é mais económica para a família. Basta multiplicar o preço de uma lata de leite em pó pelo número de latas necessárias ao longo da vida da criança e somar ainda o dinheiro gasto em biberões e tetinas. Para garantir o Sucesso do Aleitamento materno… • A amamentação deve iniciar-se logo após o parto (30 m a 1 h). O contacto próximo entre mãe e filho contribui para o sucesso do aleita- • O leite materno vai variando na sua composição ao longo dos dias. O colostro é o leite materno que a mulher produz nos primeiros dias após o parto. É espesso, de cor amarelada ou transparente. É importante que o seu filho mame este leite para ajudar a limpar o seu intestino (ajuda na saída do mecônio, ou seja, das fezes verde escuro), protege contra as infecções, ajuda na prevenção da icterícia (cor amarelada da pele) e previne doenças dos olhos no seu bebé. Entre o 3-5 º dias, dá-se a chamada subida do leite, em que a quantidade de leite é maior, as mamas ficam cheias, pesadas e endurecidas. Este leite maduro é composto por dois tipos de leite: leite inicial e leite final. O leite inicial é o leite que é produzido no início da mamada, tem uma cor azulada, é produzido em maior quantidade, rico em factores de crescimento, vitaminas, lactose e água. O leite final é o leite produzido no final da mamada, parece mais branco porque contém mais gordura. Esta gordura faz com que o seu filho fique satisfeito até à próxima mamada pelo que é importante deixar o seu filho mamar o tempo que desejar na mama; • É importante que o seu filho faça uma boa pega para garantir o sucesso da amamentação. Para isso, a cabeça e o corpo do seu filho devem estar alinhados, a mãe deve segurar o corpo do bebé junto ao seu, ou seja, barriga com barriga. O nariz do bebé deve estar de frente para a mama e, ao abocanhar a mama, a boca do bebé deve estar bem aberta. Quando está a mamar, deve ver-se mais auréola na parte de cima do mamilo do que na parte inferior, o lábio inferior deve estar virado para fora e as bochechas cheias; • No primeiro mês, é importante que não deixe passar mais de 3 horas entre mamadas, uma vez que o seu filho, nas primeiras duas semanas pode perder até 10% do seu peso ao nascer; • A mãe pode dar de mamar em diferentes posições facilitando a drenagem do leite em toda a mama: posição com o bebé por baixo do braço, posição com o bebé seguro com o braço oposto ao da mama, deitada; • Depois de dar de mamar, deve aplicar uma gota de leite nos mamilos e deixar secar ao ar, desta forma está a prevenir a formação de gretas e fissuras nos mamilos. Deve evitar usar os discos protectores, porque o contacto com o meio húmido do disco protector constitui uma fonte de infecção; • Não dar chupetas e evitar usar mamilos de silicone, pois contribuem para que o seu filho fique confuso, pois tem de se habituar a diferentes estímulos interferindo com a implementação do aleitamento materno; • Após a mamada, se sentir que a sua mama ainda tem leite, deve retirar o excesso de forma a prevenir o ingurgitamento mamário, ductos bloqueados e, em último caso, a presença de mastite; • A Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses com a introdução progressiva de alimentos a partir desta idade, devendo manter-se o aleitamento até aos 2 anos de idade. MITOS Muitas mães acham que por terem o mamilo raso ou a mama pequena não são capazes de amamentar. Isto é falso, porque o bebé mama na mama e não no mamilo. Há diferentes formas e tamanhos de mama. Os bebés podem mamar em quase todas. Existem formas de exteriorizar e formar o mamilo de forma facilitar a amamentação. O tamanho da mama não está relacionado com a capacidade de produzir leite, uma vez que a mãe tem mais leite quanto mais vezes o seu filho mamar. Está relacionado com as vezes que o seu filho mama e não com o tamanho da sua mama. Em caso de dúvidas, recorra aos profissionais de saúde da sua unidade de saúde. Estamos disponíveis para si, para o seu bebé e para a sua família. Bibliografia recomendada: www.dgs.pt www.babyfriendly.org www.sosamamentaçao.org www.aleitamento.com www.breastfeeding.com www.jeped.com.br www.amamentar.net SIMEG - Serviço de informação sobre medicamentos e gravidez LINHA VERDE 800 20 28 44 Sónia Sá «Enquanto as crianças ainda são pequenas, ofereça-lhes raízes profundas; quando crescerem, dê-lhes asas.» Provérbio Indiano CONSELHOS PRÁTICOS: • Amamentar até aos 6 meses. • As chupetas e tetinas confundem o bebé por não saberem distinguir a pega da chupeta da pega do peito da mãe. • A utilização de discos absorventes impermeáveis deve ser evitada por desidratar o mamilo e aréola. • Uma boa pega é fundamental para o sucesso da amamentação: A dor dos mamilos é sinal que a pega não está a ser feita da melhor maneira. • Pode utilizar o nosso Cantinho da amamentação e as nossas conselheiras. A USF TSM dispõe, actualmente, de 5 conselheiras da amamentação.