Área: CV ( ) CHSA ( x ) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] REFERÊNCIAS ÉTICO-POLÍTICAS E NORTEADORES TÉCNICOS QUE ORIENTAM O PROJETO DA PROFISSÃO E FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO BRASILEIRO. Karlene Maria da Rocha Freitas (bolsista do ICV/CNPq), João Paulo Sales Macedo (Orientador, Depto de Psicologia – UFPI) Introdução: A pretensão desse trabalho é apreender alguns dos movimentos que produziram a história da Psicologia no Brasil, em suas condições de emergência, consolidação, orientação do projeto da profissão e da formação do psicólogo brasileiro, com ênfase em seus referencias ético-políticos e norteadores técnicos. No tocante a este aspecto, situaremos a trajetória da Psicologia até meados da década de 1970, sinalizando as mudanças significativas que o país assume na década de 1980, com a formulação da Constituição Federal de 1988 e as implicações que o modelo neoliberal assumido pelo país na década de 1990 produz sobre as políticas de Bem-Estar e estas sobre a Psicologia e seu mercado de trabalho (Yamamoto e Oliveira, 2010).Para tanto, foi feito umarevisão do estudo documental, encontrado na sistematização teórica e conceitual presente no livro O Serviço Social e o Popular, coordenado por Maria Ozanira da Silva e Silva (2011) que retrata o processo de institucionalização, consolidação e construção do Projeto Ético-Político e de Ruptura da Profissão do Serviço Social no Brasil.E a partir da contraposição da trajetória do Serviço Social, buscamos construir linhas de investigações e marcadores que possibilitassem parâmetros para reflexão e problematização acerca dos saberes e fazeres da Psicologia e da sua caminhada de institucionalização em se construir e ser reconhecida como ciência e profissão no Brasil. Metodologia: trata-se de um estudo exploratório com base no levantamento bibliográfico e documental que trata sobre a formação e atuação do psicólogo no Brasil. Uma vez identificado o material disponível que trata sobre o tema na literatura brasileira, procederemos na análise do material tendo como base as dimensões ético-política e teórico-metodológica da profissão. Resultados e discussões: Como análise e discussão dos resultados emergem queo Serviço Social em sua vertente inicial se apresenta ancorado na Doutrina da Igreja como uma atividade prioritariamente caritativa, de assistência a população mais necessitada principalmente dos centros urbanos em desenvolvimento.Desvela-se que a atuação profissional esteve subordinada aos interesses da classe dominante com caráter de coerção sobre a classe proletariado, possuindo uma vinculação frágil com a sua clientela, cuja prática assumia uma visão acrítica, aclassista e prioritariamente entendida como “neutra”. De um modo geral, entende-se historicamente a profissão do assistente social sob duas funções: 1) a de prestador de serviços sociais vinculados às questões da pobreza e das políticas sociais; 2) educadororganizador nas ações de democratização e da politização diante as demandas sociais (Silva 2011).No tocante a Psicologia, destaca-seque como um campo de saber se constrói e “confunde-se” com o próprio desenvolvimento capitalista presente na recente sociedade, onde os conhecimentos psicológicos são desenvolvidos e aplicados ao mundo do trabalho, pois partilham dessa ideologia nacional desenvolvimentista (Dantas, 2013). De modo queà medida que foi desenvolvendo seu campo de fundamentação teórica, foi também se produzindo como uma técnica e uma ciência que contribuiu para o país ao produzir saberes e práticas e aplicálas à nova ordem a partir: 1) dos princípios tayloristas de administração e racionalização do trabalho, com enfoque para o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT) em 1931 em São Paulo e o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) em 1947 no Rio de Janeiro; 2) da psicometria; e 3) da articulação com os saberes médicos (Motta,2004). A esse respeito, destaca-se que a prática da Psicologia no Brasil ainda permaneceu vinculada a esses campos de saber por um longo tempo, até que em 27 de agosto de 1962, sob a Lei nº 4.119 é regulamenta a profissão de psicólogo no Brasil (Rosas, Rosas e Xavier, 1988).Tais desvelamentos e acordos nos possibilitaram compreender que a Psicologia prioritariamente se desenvolveu e se consolidou no Brasil como uma profissão de identidade autônoma, liberal, elitista e conservadora ancorada no modelo médico com atuação exclusiva nas grandes cidades tendo como público alvo os trabalhadores urbanos e a população que podia pagar por seus serviços.Ao se institucionalizar a Psicologia se torna uma profissão assalariada com a entrada nas políticas sociais, em particular no Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Único da Assistência Social (SUAS), passando a ocupar novas relações de poder em contextos de realidades diversas, direcionando-se não apenas aos centros urbanos, mas atingindo também as cidades de pequeno e médio porte, influenciada pelo processo de “interiorização da Psicologia”, como forma de ampliar a clientela atendida pelos serviços psicológicos e como uma renovação e alargamento do campo de atuação (Leite, Macedo, Dimenntein e Dantas, 2013).Nessaslinhas de investigação,verificamos que o Serviço Social, em 1980consolida o movimento de construção de um projeto profissional caracterizado pela tentativa de rompimento com os fundamentos funcionalista-positivista que orientavam a profissão e passando a se associar a raiz marxista, procurando criar um vínculo orgânico com os movimentos populares e suas lutas tendo como horizonte a transformação da sociedade, entendendo-a como relações contraditórias, excludentes e antagônicas. Com isso, o Serviço Social reflete e ressignifica suas bases teórica e metodológica (Silva, 2011).O Movimento de Reconceituação do Serviço Socialnos possibilita refletir acerca da Psicologia. Podemos falarem movimentos de reconceituação na Psicologia? Há tentativas de ruptura com as práticas tradicionais e conservadoras? Essas problematizações nos levam a desembocar em uma questão necessária e urgente: qual o compromisso ético e político que a Psicologia enquanto ciência e profissão assumiu com a sociedade ao adentrar no campo do Bem-Estar social?Em refletir a dimensão da “política da ação profissional” que a Psicologia tem (ou não) fundamentado suas ações, pois “toda ação comporta uma dimensão política” pelo fato de que na ação ou na ausência dela, esta circunscrita por relações, ideologias, interesses e jogos de poder. Com isso o autor nos possibilita refletir as escolhas, acordos e interesses que produzem saberes e poderes, seja para ratificar um modelo ideológico, ou para caminhar em busca de mudança social, produzir rupturas e interferências sobre o instituído ao legitimar outros modos de subjetivação, de construção de saberes e prática e de projetos societários alternativos(Yamamoto, 2012). Com essa discussão adentramos ao terreno da complexidade presente no “alcance social” da profissão, que por décadas foi limitado pelo caráter elitista, se expandindo com as políticas públicas.Junto as mudanças vem o desafio de se pensar em um compromisso e um projeto ético-político da profissão de psicólogo para com as classes menos favorecidas e as necessidades sociais, vislumbrando a mudança social (Yamamoto e Oliveira, 2010). Conclusões: Entendemos que esse trabalho se aventurou a produzir movimentos, que atravessados por todas as questões aqui refletidas e analisadas, seguiram em direção a tentativa dehistoricizar a Psicologia, pois compreendemos que isso é uma das nuances presentes no compromisso ético-estético-político. O que simboliza também instrumento para (re)construção de nossos saberes e práticas. Cujo significado pode se expressar no caminho de problematizar as vinculações, subordinações, exclusões, capturas, normatizações, desigualdades, tradicionalismos e silenciamentos que hegemonicamente a Psicologia (se)desenvolveu e os modelos que elegeu ao status de verdade sob o nome de científico. Apoio: UFPI Palavras-chave: Institucionalização da Psicologia. Políticas Públicas. Projeto Ético-Político. Referências DANTAS, C. M. B. A ação do Psicólogo na Assistência social: “interiorização da profissão” e combate à pobreza. Natal, RN, 2013. Originalmente apresentada como tese de doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2013. LEITE, J. F., MACEDO, J. P. S., DIMENSTEIN, M., DANTAS, C. A formação em Psicologia para a atuação em contextos rurais. In LEITE, J. F., DIMENSTEIN, M. (org). Psicologia e contextos rurais. EDUFRN: Natal, 2013. MOTTA, J. M. C. Fragmentos da história e da memória da psicologia no mundo do trabalho no Brasil: relações entre a Industrialização e a Psicologia. Campinas, SP, 2004. Originalmente apresentada como tese de doutorado pela Universidade de Campinas, 2013. ROSAS, P, ROSAS, A, XAVIER, I. B. Quantos e quem somos. Quem é o Psicólogo Brasileiro. Conselho Federal de Psicologia. São Paulo: EDICON, 1988. SILVA, M. O. e S. O Serviço Social e o popular: resgate teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2001. YAMAMOTO, O. H, OLIVEIRA, I. F. de. Política Social e Psicologia:Uma trajetória de 25 anos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, n. especial, p. 9-24, 2010. YAMAMOTO, O. H. 50 anos de profissão:responsabilidade social ou Projeto Ético-Político. Psicologia Ciência e Profissão, v. 32, n. especial, p. 6-17, 2012.