Controle biológico de pragas

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
Coordenação de Tecnologia Ambiental
CONTROLE BIOLÓGICO DE
PRAGAS
Alunos: Camila Esteves, Fernanda Faria, Patrícia Fernanda e Rodrigo Passos
Turma: 2º NA
Disciplina: Química Ambiental II
Professor: Marcos Ribeiro
BELO HORIZONTE
2010
1 DEFINIÇÃO
Controle biológico é um fenômeno que acontece espontaneamente na natureza e
consiste na regulação do número de plantas e animais por inimigos naturais. É uma estratégia
que o homem há muito tempo vem utilizando, explorando inimigos naturais para o controle
de patógenos, pragas e ervas daninhas - ação considerada uma arte por muitos cientistas,
embora vários esforços tenham sido feitos para transferir o controle biológico para o domínio
da ciência.
Segundo Cancela, existem quatro estratégias pelas quais os inimigos naturais
podem ser manejados através do controle biológico:
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Controle biológico artificial, quando o homem interfere de modo a proporcionar um
aumento de seres predadores, parasitos ou patógenos.
Controle biológico clássico é a importação e a colonização de parasitóides ou predadores,
visando ao controle de pragas exóticas (eventualmente nativas).
Controle biológico natural ou por conservação, refere-se à população de inimigos que
ocorrem naturalmente. São muito importantes em programas de manejo de pragas.
Controle biológico Aumentativo/ por Incremento ou aplicado trata-se de liberações
inundativas de parasitóides ou predadores, após criação massal em laboratório.
2 FORMAS DE UTILIZAÇÃO
Na agricultura convencional, os inimigos naturais são geralmente utilizados como
um método complementar aos agrotóxicos no manejo integrado de pragas, enquanto que na
agricultura orgânica, eles se inserem em substituição a esses produtos químicos sintéticos.
Todavia, a tendência do controle biológico é aumentar consideravelmente no âmbito global,
atendendo às demandas mundiais pela utilização de práticas agrícolas menos agressivas ao
meio ambiente, uma vez que em comparação ao controle químico, o controle biológico tem as
seguintes vantagens: protege a biodiversidade, maior especificidade e, portanto, com menor
risco de atingir organismos não-alvos, não deixa resíduo tóxico em alimentos, água e solo e
aumenta o lucro do produtor, uma vez que tende a ser mais barato que os agrotóxicos.
O homem através dos tempos descobriu como manipular ou manejar esses
inimigos naturais para uso na agricultura, surgindo assim o Controle Biológico Aplicado
como biotecnologia baseada na utilização de recursos genéticos microbianos, insetos
predadores e parasitóides para o controle de pragas e insetos e ácaros fitófagos, nos sistemas
de produção agrícola. As técnicas comumente empregadas na agricultura são:
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feromônios - semioquímicos (sinalizadores químicos) de atuação entre indivíduos da
mesma espécie. Na agricultura emprega-se os feromônios para o manejo de insetospragas, no monitoramento com armadilhas, no controle, através das técnicas de coleta
massal, atrai-e-mata ou confusão sexual;
bioinseticida - inseticida microbiológico que age através da ingestão. Após a eclosão dos
ovos, as lagartas de lepidóptero se alimentam da planta tratada, ingerindo os Bacillus e
suas toxinas, que atuarão no aparelho digestivo e causará a morte do inseto;
lesmicidas - produto que contém como ingrediente ativo um componente natural do solo,
o fosfato de ferro (FePO4 ), ele age por ingestão, após se alimentarem da isca cessam a
alimentação, ou seja, imediatamente o cultivo é protegido do dano causado pelas lesmas e
caracóis;
atrativos Alimentares - os atrativos alimentares são proteínas hidrolisadas,
desenvolvidas para o manejo específico de moscas-das-frutas;
armadilhas - Através de um atrativo aplicado à armadilha, os insetos são capturados. Os
atrativos a serem utilizados nas armadilhas podem ser feromônios sintéticos, atrativos
alimentares, luz com intensidade luminosa específica ou sua própria cor, que pode ser
atrativa ao inseto.
2.1 Objetivo
Melhorar e aumentar a qualidade do produto agrícola e reduz a poluição do meio
ambiente contribuindo para a preservação dos recursos naturais e aumentando a
sustentabilidade dos agroecossistemas.
2.2 Espécies
O controle biológico envolve o reconhecimento de todas as espécies de plantas e
animais que têm inimigos naturais atacando seus vários estágios de vida. Dentre tais inimigos
naturais existem grupos bastante diversificados, como insetos, vírus, fungos, bactérias,
aranhas, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. . As espécies mais conhecidas de controle
biológico aplicado à agricultura são (TAB. 1):
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vírus - Os vírus contaminam os insetos por via oral sendo ingeridos junto com órgãos e
tecidos foliares, principalmente folhas e caules.
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bactérias - que produzem esporos e mesmo bactérias não-esporulantes podem causar
doenças em insetos. As bactérias contaminam os insetos por via oral, multiplicam-se no
interior dos mesmos, e no caso de certos Bacillus produzem protoxinas na forma de
cristais. Os cristais atacados por proteases liberam toxinas que afetam os insetos com
paralisia intestinal e suspensão da alimentação.
fungos - podem eventualmente causar doenças em plantas e mamíferos, também os
insetos podem ser atacados por certos fungos A principal forma de ação dos fungos é por
contato, porém, este ocorre de forma lenta. Os insetos também podem ser contaminados
por fungos por via oral, entretanto, este modo de ação não é significativo.
protozoários – Apesar da grande importância dos protozoários como controladores de
algumas populações de insetos, este grupo de patógenos não tem desenvolvimento
satisfatório como inseticida microbiano;
nematóides - Já os nematóides, como agentes de controle biológico apresentam a
vantagem de serem mais eficientes, principalmente em nível de espécie. Esta vantagem
esta associada com a habilidade de busca do hóspede e a segurança que representam para
os mamíferos.
Tabela 1
Exemplos de agentes de controle biológicos utilizados no Brasil.
Fonte: www.todafruta.com.br/todafruta/imgsis/7210.jpg
2.2.1 Estudo de caso: controle da cigarrinha da cana-de-açúcar através de fungos
Bons resultados têm sido obtidos com o controle de cigarrinha da cana-de-açúcar
com o fungo Metharizium anisopliae, em especial no nordeste do Brasil, onde o inseto ataca
as folhas. Com a mudança radical na cultura por meio da eliminação de queimada da cana e
da adoção do corte mecanizado ocorre o aumento significativo da matéria orgânica depositada
no solo, influenciando diretamente a ocorrência de pragas e doenças, tais como: Migdolus
spp, cupins, formigas cortadeiras, cigarrinhas, fungos, bactérias, nematóides e plantas
daninhas infestantes. O ataque das ninfas e adultos da cigarrinha provoca danos visíveis à
lavoura, com colmos de cana mais finos e até mortos, causando redução de até 60% de peso e,
principalmente, do teor de sacarose, devido à contaminação por toxinas e microrganismos,
provocando perdas na produção de açúcar e de álcool. O trabalho desenvolvido pelo Instituto
Biológico permitiu a utilização de novas cepas do fungo, mais efetivas no controle do inseto e
hoje é difundida para produtores, empresas interessadas na produção de formulações
comerciais.
Em, pelo menos, 160 mil hectares de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo, já
está sendo utilizado o controle de cigarrinhas, representando economia e redução de aplicação
de defensivos químicos. A implantação do projeto reduziu em 3.238 toneladas o uso de
produtos químicos no período de 2002/2003. A queda nos custos também foi bastante
sensível: o custo médio de tratamento utilizando defensivos químicos é de R$160,00/ha. O
gasto com controle biológico cai para, apenas, R$40,00/ha, em média. Redução de R$
120,00/ha.
3 CONCLUSÃO
A agricultura sustentável, produtiva e ambientalmente equilibrada, apóia-se em
práticas agropecuárias que promova a agrobiodiversidade e os processos biológicos naturais,
baseando-se no baixo uso de insumos externos. Infere-se daí que o controle biológico é uma
alternativa promissora para o manejo de pragas em sistemas agrícolas sustentáveis, visto
constituir-se num processo natural de regulação do número de indivíduos da população da
praga por ação dos agentes de mortalidade biótica.
Considerando as vantagens da produção com custos mais baixos, da diminuição
dos impactos ambientais, do aumento da segurança alimentar e da menor exposição dos
trabalhadores rurais a substâncias tóxicas, o controle biológico de doenças, insetos e plantas
daninhas se torna, cada vez mais, uma prática comum em nosso meio rural, tornando a
agricultura e os alimentos mais saudáveis. É possível reduzir em até 60% a aplicação de
agrotóxicos realizando-se o manejo ecológico adequado. Práticas como as do controle
biológico, além de ser ecologicamente recomendáveis e moralmente satisfatórias, diminuem o
custo de produção ao agricultor e permite uma produção desprovida de agentes químicos, tão
valorizados hoje em dia no mercado internacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIOCONTROLE. Disponível em: < http://www.biocontrole.com.br/>. Acesso em: 13 abr.
2010.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária. Controle Biológico: na busca pela sustentabilidade da agricultura
brasileira. Disponível em:<
http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/artigo_controle_biologico.html>. Acesso
em: 25 abr. 2010.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária. Controle Biológico. Disponível em:<
www.cenargen.embrapa.br/conbio/conbio.html>. Acesso em: 25 abr. 2010.
CANCELA, Kelly Cristina. Conceitos, terminologia, descrição e caracterização de agente.
Disponível em: <http://www.floresta.ufpr.br/~lpf/contbio01.html>. Acesso em: 25 abr. 2010
PLANETA ORGÂNICO. Controle Biológico. Disponível em:
<http://www.planetaorganico.com.br/controle.htm>. Acesso em: 25 abr. 2010.
PROTEÇÃO FLORESTAL. Disponível
em:<http://www.floresta.ufpr.br/~lpf/contbio01.html>. Acesso em: 13 abr. 2010.
PROTEÇÃO FLORESTAL. Disponível
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PROTEÇÃO FLORESTAL. Disponível
em:<http://www.floresta.ufpr.br/~lpf/contbio03.html>. Acesso em: 13 abr. 2010.
TODA FRUTA. Controle Biológico. Disponível em:<
http://www.todafruta.com.br/todafruta/imgsis/7210.jpg>. Acesso em: 25 abr. 2010.
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