das Faculdades Integradas Pitágoras Editorial Multitextos

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Expediente
Índice
Editorial
02
Editorial
TURANO, Fátima
Multitextos
das Faculdades Integradas
Pitágoras
Publicação Semestral das Faculdades Integradas Pitágoras
Montes Claros - Minas Gerais - Brasil
Ano: 8 - Nº 9 - Abril de 2010
ISSN 1808-6969
Cursos Integrados Periódicos
EDITORES CIENTÍFICOS RESPONSÁVEIS
Profa. Ms. Rosina Turano Mota
Profa. Dra. Regina Célia Lima Caleiro
Prof. Dr. Antônio Prates
COMISSÃO EDITORIAL
Prof. Ms. Achilles Gonçalves Coelho Júnior
Profa. Ana Augusta Maciel de Souza
Profa. Ana Beatriz César Rodrigues
Profa. Dra. Dorothea Schmidt França
04
SOUZA, Ana Augusta Maciel; LEMOS, Manoel Henrique Mattos;
MAIA, Roubilene Costa Soares; MARQUES, Ana Paula Monteiro
Lima; SILVA, José Rodrigo da.
12
21
Contribuição do farmacêutico no diagnóstico e
tratamento da Infecção do Trato Urinário (ITU)
GUERRA JÚNIOR, Geraldo Edson Souza; ROCHA, Josiane Santos
Brant; VELOSO, Daniela Araújo, FREITAS, Ronilson Ferreira
27
Análise de alguns parâmetros físico-químicos de
amostras de mel comercializadas na cidade de
Montes Claros - MG
DAMASCENO, Eurislene Moreira Antunes; SILVA, Marley Garcia;
NUNES COSTA, Mariana de Oliveira; SANTOS, Maria Thereza
Ruas
35
Os Egressos do Curso de Psicologia das FIPMoc e
o Mercado de Trabalho
MACHADO, Jacqueline Simone de Almeida.; CAMARGO, Amanda
Nogueira; FILHO, Laurindo Belém Ferreira; PIRES JUNIOR,
Roberto Carlos; QUEIROZ, Aline Silva; SANTOS, Eduardo
Calazans Quaresma dos
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Thaís Cristina Figueiredo Rego
ASSESSORIA DE REVISÃO LINGÜÍSTICA
Rosane Bastos
Dificuldades Encontradas na Assistência de
Enfermagem a Pacientes Queimados
AMARAL, Edilene Oliveira; MARQUES, Franciane Pereira;
VELOSO, Adryanna Soares; MOTA, Georgina Amaral
EDITORA EXECUTIVA
Maria de Fátima Turano
CAPA
Ilimitada Propaganda
A Percepção da Criança e do Adolescente frente
ao Processo de Hospitalização
45
A Relação Fisioterapeuta-paciente e os Desafios
da Terapia: Atitude que se Constrói
HELENO, Camila; CALDEIRA, Adriana; ROCHA, Valdicéia
Pereira; NOGUEIRA, Viviane Dias; SOUZA, Fernanda Cristina;
MALVEIRA, Cemylla Lopes
53
t
Um elo indissociável: A biblioteca e a Vida
Acadêmica
ROCHA, Josiane Santos Brant ; CALEIRO, Regina Célia Lima;
SARAIVA, Glayce Moura; VALVERDE, Ingridh Queiroz; BATISTA,
Júnia Mendes Guimarães; DOMINGUES, Jussara Pereira
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros
Av. Profa. Aída Mainartina Paraíso, 80
Ibituruna - Montes Claros/ MG
CEP: 39.400-082 - Fone/Fax: 38-3214-7100
www.fip-moc.edu.br
59
O Juiz, a Emoção e o Princípio da Imparcialidade
AMARAL, Rodrigo Santos; FERREIRA, Diogo Fraga
65
Gestão da Produção de Energia: Uma análise
sobre o mercado da energia elétrica no Brasil
FILHO, Pedro Cândido do Nascimento; ANDRADE, Guilherme
Augusto Tolentino
É permitida a reprodução de artigos desta revista
mediante autorização dos editores e desde que citada
a fonte.
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Regras Editoriais para Publicação de Artigos na
Revista Multidisciplinar das FIPMoc
Editorial
Editorial
TURANO, Fátima
Diretora Executiva das FIPMoc
Na implantação do projeto pedagógico dos cursos da FIPMoc,
procuramos romper com a fragmentação do conhecimento, e criamos uma
metodologia própria, baseada na problematização da realidade, na
metodologia de projetos proposta por Fernando Hernandez e na integração
curricular expressa na interdisciplinaridade preconizada por Zabala.
A palavra “projeto” vem de projetar, projetar-se, atirar-se para a
frente. Sendo assim, ao mencionarmos elaborar um projeto, referimo-nos a
elaborar um plano para realizar determinada ideia. Portanto, entendemos
que um projeto supõe a realização de algo que não existe, um futuro
possível. Tem a ver com a realidade em curso e com a utopia possível,
realizável, concreta. Salientamos que um trabalho pedagógico a ser
desenvolvido em uma instituição escolar, por intermédio da realização e
desenvolvimento de projetos, exige um envolvimento muito grande de
todos os parceiros e supõe algo mais do que apenas assistir a aulas ou
ministrá-las.
Ao eleger os projetos de trabalho como uma nova proposta de
inovação pedagógica, estamos trabalhando numa intervenção pedagógica
globalizante, entendida como mais que um somatório de disciplinas, mais
que um lugar de interseção de várias disciplinas, numa visão
interdisciplinar e um processo de formação, compreendendo não somente o
ponto de vista do conteúdo a ser trabalhado, como também do processo de
construção do conhecimento, de forma globalizada, pelo estudante.
Nosso grande diferencial foi aliar o método educacional a uma
investigação científica coletiva, elegendo um tema como eixo de integração
02
Editorial
dos conteúdos das diversas disciplinas do semestre,
condições, a partir da conscientização de um
presentes em todos os cursos da instituição. Tal
problema, de ir em busca das respostas ou soluções
projeto alcançou, ao longo destes dez anos, todas as
para ele. A atividade científica é, acima de tudo, o
características da interdisciplinaridade, uma
resultado de uma atitude do ser humano diante do
exigência do conhecimento.
mundo que o cerca, do qual ele mesmo é parte
A perspectiva de articulação mencionada tem
seus fundamentos na concepção de uma faculdade
integrante, para entendê-lo, reconstruí-lo e,
consequentemente, torná-lo inteligível.
que defende o ensino com base em problemas reais,
As FIPMoc se orgulham do projeto
que articula o ensino e a pesquisa de forma
pedagógico com todas as características aqui
indissociável e viabiliza a relação transformadora
entre universidade e a sociedade.
Nessa perspectiva, as FIPMoc construíram um
novo paradigma de educação superior, em que se
mesclam o ensino, a pesquisa e a extensão, e o
trabalho convida à renovação da inteligência, num
encontro de pesquisas antes solitárias, agora
solidárias.
Considerados dessa maneira, os projetos
contribuem para favorecer, nos acadêmicos: a
aquisição de capacidades relacionadas com a
iniciativa para levar adiante, por si mesmo e com
outros, a tarefa de pesquisa; a utilização criativa de
recursos, métodos e explicações alternativas; a
resolução de problema, diagnóstico de situações e
desenvolvimento de estratégias analíticas e
avaliativas; a integração, pela propiciação, à síntese
de idéias, experiências e informações de diferentes
fontes e disciplinas; a tomada de decisões, dada a
necessidade de escolha do que é relevante e do que se
vai incluir no projeto; a comunicação interpessoal,
em virtude da necessidade de se contrastarem as
próprias opiniões e fontes de vida com outros.
Com base nesses princípios, em métodos
adequados e técnicas apropriadas, o acadêmico terá
03
Multitextos
A Percepção da Criança e do Adolescente
frente ao Processo de Hospitalização
*LEMOS, Manoel Henrique Mattos; *MAIA, Roubilene Costa Soares; *MARQUES, Ana Paula Monteiro Lima; *SILVA, José Rodrigo da;
**SOUZA, Ana Augusta Maciel.
*Acadêmicos do Curso de Enfermagem das FIPMoc
**Professora Disciplina Saúde da Criança do Curso de Enfermagem das FIPMoc
RESUMO
Objetivo: A proposta deste trabalho foi
compreender como as crianças e os adolescentes
enfrentam a doença e as circunstâncias da
hospitalização, assim como a percepção do seu
acompanhante e da equipe de enfermagem em
relação a esse processo. Metodologia: Estudo de
caráter qualitativo e descritivo, de natureza
observacional e por saturação de respostas durante a
entrevista. Realizado em uma Instituição de Saúde
da cidade de Montes Claros – MG o qual abrangeu
crianças/adolescentes internados. Resultados: O
estudo revelou vários aspectos relacionados ao
processo de hospitalização, observando que boa
parte das crianças gosta do hospital, apesar de
considerarem uma experiência ruim. Demonstraram
também a falta dos pais e do ambiente familiar.
Conclusão: Com este estudo tornou-se relevante a
necessidade de um atendimento mais humanizado,
bem como um ambiente que proporcione mais
atividades recreativas. Dessa forma, percebe-se a
necessidade do aprimoramento das ações
profissionais.
PALAVRAS-CHAVE: criança, adolescente,
hospitalização, processo.
INTRODUÇÃO
A enfermagem é uma ciência que visa o
paciente como um todo, preocupando-se com sua
04
saúde espiritual mental e física. (SOUZA, 1996)
Segundo Lima (1994), a enfermagem é uma ciência
humana de experiências com o campo do
conhecimento, fundamentações e práticas do cuidar,
que abrangem do estado de saúde ao estado de
doença, mediada por transformações pessoais,
profissionais, científicas, estéticas, éticas e políticas
aparentes.
O processo de adoecer e se hospitalizar
configura situações que acarretam sofrimento
psíquico aos envolvidos nesse processo. Diante
disso, levantou-se a seguinte problemática: Quais as
repercussões da hospitalização para a
criança/adolescente? A questão faz supor que a
criança/adolescente modifica seu comportamento
frente sua enfermidade e internação; a família se
desestrutura com a doença de um de seus membros; a
equipe de saúde tem dificuldade em lidar com as
emoções que surgem no contexto hospitalar; o apoio
psicológico reduz os sentimentos dolorosos dos
envolvidos nesses eventos. (FERRO & AMORIN,
2007)
Segundo Ferro e Amorin (2007), as teorias
revelam que o ambiente hospitalar é, para a
criança/adolescente, um local de sofrimento físico e
emocional. Lá, seu corpo é manipulado de forma
Multitextos
“invasiva” e dolorosa, havendo pouca ou nenhuma
explicação em relação à necessidade do
procedimento. É, para ela/ele um local hostil,
desconhecido e “assustador”, onde pessoas não
familiares impõem o cumprimento de regras e bom
comportamento. Como consequência de seu
sofrimento, pode manifestar-se irritabilidade, medo,
raiva, desespero, ansiedade, estresse, culpa,
depressão.
Batista et al. (2003) salienta, ainda, que o
adolescente se vê apartado do convívio social extrahospitalar, em um momento decisivo de sua vida,
quando suas convicções estão sendo cada vez mais
moldadas e as percepções/descobertas ocorrem em
turbilhões.
Os familiares da criança/adolescente
enferma/enfermo sofrem ao perceberem a dor de seu
ente querido e ao terem suas rotinas modificadas; e a
equipe de saúde nem sempre está preparada
emocionalmente para lidar com a dor do outro e com
as pressões institucionais,
podendo acarretar
estresse. (BAPTISTA et al. 2003)
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo observacional,
transversal, descritivo, com abordagem qualitativa,
desenvolvido na Pediatria do Hospital Aroldo
Tourinho, situado no município de Montes Claros MG.
A população do estudo contou com 8
crianças, 22 acompanhantes e 5 profissionais de
saúde. A coleta de dados ocorreu entre o período de
04/05/2009 a 15/05/2009, em horários previamente
estabelecidos.
Escolheu-se buscar os dados por meio de
uma entrevista semi- estruturada, uma vez que esse
tipo de instrumento é bem adequado à pesquisa
qualitativa. O roteiro de entrevistas constituiu-se de
15 questões abertas. Foi realizado um estudo
antecipado com um número menor de entrevistados,
objetivando verificar a eficácia do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE e do
roteiro de entrevista. A presente pesquisa trabalhou
por meio de amostragem por saturação.
O processamento dos dados iniciou-se com a
revisão de todas as entrevistas. Em seguida, foi feita a
categorização dos dados, distribuindo-os em classes
pré-definidas.
Respeitando sempre os princípios éticos, o
estudo iniciou-se somente depois da autorização da
coordenação do HAT. Em seguida, foi aplicado um
pré-teste, cuja utilidade já é sabida e, somente depois,
este estudo se desenvolveu de fato.
Percepção da criança e do adolescente frente às
limitações no período de hospitalização
A primeira percepção da criança, quando é
internada em um hospital, é a sensação de
estranhamento ao ambiente, aos procedimentos, aos
medicamentos, equipamentos e as profissões. Há um
desconhecimento do ato médico como um todo;
surgem intervenções invasivas, com pouca ou
nenhuma comunicação da equipe de saúde,
dificultando que a criança perceba isso como parte de
sua cura, associando mais a intenções punitivas e
castigo (especialmente as que envolvem utilização de
agulhas). (CHIATTONE, 2003)
Para a criança, o ambiente hospitalar é um
local de proibições; lá não se pode correr pelos
corredores, jogar bola, falar alto e, dependendo das
regras do hospital, também não se pode brincar. Esse
lugar é em geral assustador, pois não há nada nele que
possa identificar-se com suas experiências anteriores;
e, somado a isso, o fato de sua debilitação física e
emocional estarem presentes na situação, tornam a
05
Multitextos
experiência ainda mais agravante. (AMORIM,
2004)
Segundo Baldini e Krebs (1999), as
reações apresentadas pela criança frente à doença e
à hospitalização relacionam-se diretamente ao
nível de desenvolvimento psíquico na ocasião, do
grau de apoio familiar, do tipo de doença e das
atitudes do médico.
De acordo com Chiattone (2003), a doença,
os procedimentos e a hospitalização podem-se
apresentar como uma agressão externa, uma
punição, podendo trazer sentimentos de culpa que
repercutirão de forma desfavorável no processo de
doença, internação e durante sua vida. Esse
sentimento virá acompanhado de muito
sofrimento, que poderá será aliviado quando
entender o verdadeiro sentido do aparecimento de
sua doença, da necessidade da hospitalização e dos
procedimentos.
Pinto et al. (2005), citado por Ferro e
Amorin (2007), relata que muitas crianças, após a
alta, apresentam alterações na dinâmica de apego
aos pais (mais apegadas ou agressivas) e
expressam comportamentos regressivos (voltar a
utilizar chupeta). Essas mudanças psicológicas,
além de se manifestarem durante a internação,
podem ocorrer após a alta.
Mecanismos adaptativos frente à doença e
internação
A criança busca formas de se adaptar diante
do sofrimento advindo de sua doença e internação.
Os mecanismos de defesa são formas que a psique
tem de se proteger das tensões internas e externas,
sendo necessários para que o indivíduo não seja
dominado pela ansiedade. Essas manobras
inconscientes que o ego utiliza para afastar a
06
ansiedade, falsificando ou distorcendo a realidade,
são frequentemente observadas em crianças
hospitalizadas. (CHIATTONE, 2003)
A criança utiliza-se também do brinquedo
como instrumento no enfrentamento de sua doença e
internação. O processo de brincar é um meio de
expressão através do qual comunica seus medos,
angústias, afetos, alegrias, diminui sua ansiedade e
expressa seus sentimentos enquanto está
hospitalizada. Por meio da brincadeira, ela pode
compreender o mundo que a cerca, elaborar conflitos
e frustrações. (CREPALDI et al. 2006)
Algumas crianças passam a apresentar
hábitos e/ou condutas regressivas, retornando a uma
fase anterior a sua idade real, podendo ocorrer sucção
do polegar, balanços e retorno à mamadeira.
(AMORIM et al. 2004)
A adolescência como uma etapa no
desenvolvimento psicológico, pode ser frustrante e
difícil para jovens saudáveis. Para os adolescentes
doentes, pode ser extremamente penoso, levando a
uma grave frustração. As doenças são vivenciadas
sempre como um ataque à sua integridade, situação
que, na adolescência, assume peculiaridades das
demandas dessa etapa da vida, e que, para muitos
autores, já é definida como crise. (OLIVEIRA &
GOMES, 1998, apud VOLPINI, 2007)
Leitão (1993, apud VOLPINI, 2007) relata,
ainda, que a hospitalização mobiliza profundamente
o adolescente por seu processo de mudanças. Não lhe
é fácil, nessa faixa etária, isolar-se e aceitar
passivamente o tempo necessário para recuperação.
Tende a ser impaciente, questionador e revoltar-se
com facilidade. Também lhe é difícil admitir perdas
físicas e psicológicas, bem como aceitar proibições. A
necessidade de afirmação e independência frente à
autoridade entra em choque com a rotina hospitalar,
em que o paciente perde sua identidade ao ingressar
Multitextos
na instituição.
O isolamento social e o afastamento dos
amigos parecem ser um dos primeiros problemas
causados pelas normas hospitalares ao adolescente
hospitalizado, uma vez que impedem a visita de
conhecidos que não sejam da família ou limitam sua
presença aos horários de visita. (BESSA, 1997, apud
GUZMAN & CANO, 2000)
Intervenção psicológica
O processo de doença e hospitalização
infantil é frequentemente vivido com muito
sofrimento pela criança e sua família. Essas
situações são comumente desencadeadoras de
desadaptação emocional, tornando necessária a
atuação do psicólogo nas unidades de internação,
para tentar diminuir o sofrimento inerente a esse
processo. (BAPTISTA et al. 2003)
Durante sua intervenção, o psicólogo, no
hospital, deve sempre considerar o aspecto da
imprevisibilidade do tempo em que o paciente ficará
internado. Por isso, o atendimento psicológico deve
ser breve e focal, objetivando o alívio do sofrimento
vivido pela criança e pelos membros de sua família.
(AMORIM, 2004)
Consoante Vieira e Lima (2002), um
importante aspecto que pouco se discute é o que se
refere às condições emocionais da equipe de saúde e
como ela se encontra psicologicamente, para
executar sua função no ambiente hospitalar. Esses
profissionais sofrem com pressões intensas devido a
aspectos institucionais, e se aflingem ao ter que lidar
com crianças que estão em situações que até podem
levar à morte; sofrem com seus problemas pessoais e
mesmo assim, têm que desempenhar bem sua função
como membro da equipe de saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Moreira e Macedo (2003), a
percepção das crianças acerca do espaço hospitalar
está relacionada também às suas posturas diante das
enfermidades.
De acordo com Helman (2007), tanto a
criança assume um papel ativo na situação de
adoecimento, que, da mesma forma que os adultos,
especula sobre o porquê de estar naquela situação e
se inteira dos cuidados que estão sendo dispensados
a ela.
As reações das crianças são influenciadas
pela idade de desenvolvimento, experiência prévia
com a doença, separação ou hospitalização,
habilidades de enfrentamento inatas e adquiridas, a
gravidade do diagnóstico e o sistema de suporte
disponível (WONG, 1999).
O processo de hospitalização sob o olhar da
criança
A criança não hospitalizada, em seu dia a dia,
principalmente durante os anos escolares, tem toda
uma programação de atividades a ser cumprida em
tempo e data certos, com períodos para comer, vestirse, ir para a escola, brincar e dormir.
Questionando as crianças sobre gostarem ou
não do hospital, houve distintas respostas, com a
expressão de: sentimento de contentamento, por
estarem diante da possibilidade de cura e por se
sentirem bem cuidadas pelos profissionais,
subentendendo-se, assim, gratidão pelos que se
dedicam a cuidar de suas moléstias com carinho e
empenho; compreensão e entendimento diante das
intervenções necessárias para a sua melhora;
negação total em relação ao ambiente hospitalar, por
07
Multitextos
algum motivo aversivo, como medo dos
procedimentos invasivos e de agulhas. Diante disso,
surgiram duas categorias: “Gostando do hospital” e
“Sendo uma experiência ruim”.
Gostando do hospital
À medida que a criança amadurece, sua
percepção da doença vai se tornando mais ampla e de
acordo com a realidade. Esse fato explica o porquê
de algumas das crianças entrevistadas gostarem da
internação, demonstrando assim algum
entendimento sobre a necessidade do processo de
hospitalização, que lhe proporcionará a recuperação
de sua saúde, como visto na falas de: PETER PAN:
“... gosto... é quando eles não me deixam chorar
quando eu machuco”, PINÓQUIO: “... eu gosto de
tudo... quando aqui está cuidando de mim... ah! tem
que furar, senão como é que eu vou sarar?” KIKO:
“Gosto... que ajuda a gente se tratar, em casa a gente
não tem condições..., aí eles tratam a gente aqui...
eles dão comida pra gente... ajudam a gente, faz o
medicamento, cuida, limpa, faz tudo”.
Estas respostas expressam, por parte das
crianças, uma ideia de compreensão e aceitação de
sua atual situação, o que facilita muito o trabalho dos
profissionais que as atendem. Contudo, é pertinente
atentar para as falas: “em casa a gente não tem
condições”, “eles dão comida pra gente”, que
remetem à ideia de que os limites e soluções para o
desfecho de uma recuperação satisfatória não se
extinguem entre as paredes do hospital. Algumas
crianças exteriorizam consciência tanto da
necessidade de se recuperar, como da condição
econômica que lhes é propiciada em casa. Daí
demonstram, apesar dos reveses, preferência
permanência pela permanência no hospital, dada a
escassez de seus recursos domiciliares.
08
Diante disso percebemos que a criança
espera, neste ambiente tão novo e incômodo, que
pode até fazê-la chorar, proteção e amparo por parte
de seus cuidadores.
É pertinente o estabelecimento de um liame
de confiança entre a enfermagem e a criança, a fim
de obter o sucesso de sua recuperação e estimular
sua maturação a respeito da hospitalização.
A brincadeira é essencial para o bem-estar
mental, emocional e social das crianças e, da mesma
forma que suas necessidades de desenvolvimento, a
necessidade de brincar não para quando as crianças
estão doentes ou no hospital. (WONG, 1999) Tal
afirmação é consumada na seguinte fala do
pequenino SININHO: “... eu gosto de brincar”.
Em suma, o brincar no hospital é uma forma
de a criança lidar criativamente com sua realidade.
Sendo uma experiência ruim
Os pacientes hospitalizados expressam o
medo de algum acidente decorrente da terapêutica; a
dúvida sobre a competência dos profissionais, o
temor do ambiente hospitalar e do equipamento; o
medo de sentir dor, de ser manuseado, cortado e
perder o autocontrole; o medo da dependência, da
morte e de dar trabalho a outros (ALMEIDA, 2005)
Sadala e Antônio (1995) contam que criança
hospitalizada vivencia experiências dolorosas e
desagradáveis, em ambiente estranho e muitas vezes
agressivo.
Diante de tais injunções causadas pelo
processo de hospitalização, surgiu a categoria
“Sendo uma experiência ruim”, evidenciada pelo
relato de: JAIMINHO: “... eu não gosto porque eles
me pegam e me furam... eu nunca gostei de
hospital... eu não gosto de jeito nenhum”;
Multitextos
CINDERELA: “... aqui é ruim... dá agulhada em
mim”.
As falas acima revelam o sentimento de total
negação ao processo de hospitalização. Em uma das
falas (“... eu nunca gostei de hospital...”), nota-se
um conceito preestabelecido - que precisa ser
trabalhado de forma a ser combatido.
Quando fizemos a seguinte pergunta: “O
que você gostaria de que houvesse aqui?”, os
pequenos responderam: CINDERELA:
“Brinquedo”; JAIMINHOÇ “... minha camona”.
Ainda que algumas crianças
brinquem e que seja garantida por lei, a instalação
de ambientes recreativos nas pediatrias dos
hospitais, verifica-se que existe, ainda, uma
carência de brinquedos a fim de preencher o tempo
ocioso dos pequenos pacientes que se encontram
hospitalizados.
Para a pergunta: “Quem você gostaria que
estivesse aqui como companhia sua?”, algumas
crianças responderam da seguinte forma:
CHAVES: “Minha mãe... ela fica comigo aqui só de
noite e de manhã... a tarde ela trabalha”;
CINDERELA: “Papai! É saudade! É que eu gosto
dele.”; KIKO “Meu pai... Minha mãe e meus
irmãos... eu sinto muita saudade deles, já faz muito
tempo que eu estou aqui na cidade...”.
As falas acima é percebemos revelam o
extremo valor da família no apoio à criança
hospitalizada, e como os familiares são lembrados,
caso não estejam presentes. Com um familiar por
perto, a criança sente-se querida, amparada e
segura, para enfrentar o percurso da hospitalização.
Essa presença permite que ela elabore, de um
melhor modo, seus sentimentos e emoções, sua
ansiedade, seus medos, temores e fantasias,
organizando melhor o seu mundo interior.
CONCLUSÃO
Em consonância com trabalhos de outros
autores, a criança e seus familiares apresentam
sentimento de repúdio ao processo de
hospitalização, e a presença de um ente querido, em
particular da mãe, goza de grande influência para a
minimização dos desprazeres ocasionados pela
internação. Vale registrar a importância “do brincar”
e do respeito ao mundo lúdico das crianças, como
coadjuvantes do enfrentamento dos percalços da
hospitalização, tornando-os bem menos dolorosos,
como foi evidenciado em várias falas.
A necessidade de mais entretenimento
evidenciou-se em algumas falas, quando as crianças
foram indagadas sobre o de que gostariam que
houvesse no hospital.
Portanto, as soluções/correções devem partir
tanto da máquina administrativa, com investimentos
na estrutura física para acomodação dos
hospitalizados; e na capacitação dos profissionais
que lidam diariamente com esses enfermos, a fim de
proporcionar-lhes segurança e aptidão para lidar
com a mais nobre dádiva - o ser humano - e,
consequentemente, prestar aos pacientes e seus
acompanhantes caução de que sua saúde está em
boas mãos.
REFERÊNCIAS
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adolescente hospitalizado. Revista Brasileira de
Enfermagem, v. 58, n. 2, p. 147-151, mar.-abr. 2005.
AMORIM, S. F. Intervenção Psicológica no
Hospital Geral. In: BENEDITTTI, C.; BRUSCATO,
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Multitextos
W. L.; LOPES, S. R. A. (Org.). A Prática da
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Misericórdia de São Paulo: novas páginas em uma
antiga história. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
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BALDINI, S. M.; KREBS, V. L. J. A criança
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BAPTISTA, A. S. D.; BAPTISTA, M. N.; DIAS, R.
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Psicologia Hospitalar: teorias, aplicações e casos
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CHIATTONE, H. B. C.; MELETI, M. R. A
psicologia no hospital. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003. 126 p.
CREPALDI, M. A.; GABARRA, L. M.;
RABUSKE, M. M. Modalidades de Atuação do
Psicólogo em Pediatria. In: CREPALDI, M. A.;
LINHARES, M. B. M.; PEDROSA, G. B. Temas em
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FERRO, F. O; AMORIN, V. C. O. As emoções da
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LEITÃO, M. S. O psicólogo e o hospital. Porto
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O adolescente frente ao câncer: hospitalização e
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(Monografia Apresentada como Exigência Parcial
do Curso de Especialização em Psicologia
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do Sul. Porto Alegre-RS. 2007.
10
LIMA, M. J. O que é enfermagem. 2. Ed. São
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MOREIRA, M. C. N.; MACEDO, A. D. A
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31-41, 2003 apud FERRO, F. O; AMORIN, V. C. O.
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frente ao câncer: hospitalização e processos
psicológicos. 2007, 31 fls. Dissertação (Monografia
Apresentada como Exigência Parcial do Curso de
Especialização em Psicologia Hospitalar) –
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PINTO, J. P.; RIBEIRO, C. A.; SILVA, C. V.
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Editora Guanabara Koogan, 1999. 1118 p.
11
Multitextos
Dificuldades Encontradas na Assistência
de Enfermagem a Pacientes Queimados
AMARAL, Edilene Oliveira*; MARQUES, Franciane Pereira**; VELOSO, Adryanna Soares**; MOTA, Georgina Amaral**
*Docente das FIPMoc **Acadêmicas do Curso de Enfermagem das FIPMoc
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE: Queimaduras, equipe de
O propósito deste trabalho é investigar as
dificuldades que os profissionais de enfermagem
enfrentam no tratamento e reabilitação do paciente
queimado, durante a fase de atendimento préhospitalar e internação hospitalar, considerando
que, nessa fase, a equipe de enfermagem deve
incluir, em suas atividades, ações destinadas a
reduzir a ansiedade e minimizar o sofrimento frente
aos cuidados, além de propiciar calma, esperança e
apoio para o paciente. Optou-se por realizar uma
pesquisa descritiva com a utilização do método
quantitativo. O presente estudo foi desenvolvido no
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) e Santa Casa de Misericórdia de Montes
Claros, com a participação de 62 integrantes da
equipe de enfermagem, representados por
enfermeiros, técnicos e auxiliares. Além disso, foi
aplicado um questionário envolvendo questões
objetivas referentes ao tema. Os resultados
mostraram que a maioria (56%) dos entrevistados
classificou a assistência de enfermagem a pacientes
queimados como difícil, entretanto apenas 21%
informaram apresentar dificuldades relacionadas ao
procedimento e, desses, 77% mencionaram a
dificuldade no manejo da dor. Portanto, toda a
equipe multidisciplinar, e a enfermagem em
especial, devem buscar sempre estratégias
humanizadas em suas práticas e habilidades para
melhor atender o portador de lesão por queimadura,
aumentando a sobrevida desse indivíduo, a fim de
não deixar sequelas tão dolorosas que possam
interferir em seu retorno para a família e a sociedade.
12
enfermagem, cuidados de enfermagem
INTRODUÇÃO
Segundo Freitas e Mendes (2006), a
queimadura é entendida como lesão dos tecidos
orgânicos em decorrência de um trauma de origem
térmica, elétrica, radioativa ou química. É
classificada em três graus: 1º grau - a lesão atinge
apenas a epiderme, tendo como características
eritema e ardor na pele, sem formação de flictemas;
2° grau - atinge a epiderme e parte da derme,
caracterizada por ardor, eritema e presença de
vesículas; 3º grau - atinge a epiderme, a derme e, às
vezes, também o tecido subcutâneo, tendo como
característica pele com aspecto esbranquiçado ou
marmóreo, com redução da elasticidade tecidual,
tornando-se rígida.
O objetivo de assistência de enfermagem é o de
manter controle ambiental e individual ao paciente
queimado, no sentido de que a população
microbiana, em geral, permaneça dentro dos limites
controláveis.
Segundo Freitas e Mendes (2006), para
Multitextos
orientar as intervenções, a partir das necessidades
as dificuldades que os profissionais de enfermagem
identificadas na avaliação, o enfermeiro utilizará o
enfrentam no tratamento e reabilitação do paciente
Diagnóstico de Enfermagem (DE), etapa do processo
queimado, durante a fase de atendimento pré-
de enfermagem para direcionar o planejamento das
hospitalar e internação hospitalar.
ações acreditando ser a oportunidade de expressar os
cuidados na abordagem integral, humana e
Cuidados de Enfermagem a Pacientes Portadores
individualizada, possibilitando excelência na prática
de Lesões por Queimaduras
profissional.
O profissional de enfermagem tem papel
De acordo com Novaes (2003), o primeiro
importante na reabilitação do paciente queimado,
atendimento ao paciente queimado constitui
durante a fase de internação hospitalar. Assim, é de
determinante fundamental no êxito final do
sua competência incluir atividades destinadas a
tratamento, contribuindo decisivamente para a
reduzir a ansiedade e minimizar o sofrimento frente à
redução da morbidade e da mortalidade. A
hospitalização, ao ambiente estranho, aos distúrbios
abordagem inicial ao portador de queimaduras é
de padrão do sono, à administração de medicamentos
sempre feita em caráter emergencial e, na maioria
e à dor. Cabe à equipe de enfermagem propiciar
das vezes, em instituições específicas de tratamento
calma, esperança e apoio para o paciente.
desse tipo de ocorrência, porém muitas vezes requer
(CARLUCCI et. al 2007) É nesse sentido que este
um atendimento pré-hospitalar.
estudo propõe o seguinte questionamento: Como está
A lesão por queimadura nem sempre ocorre de
sendo prestada a assistência de enfermagem a
forma uniforme e pode modificar-se rapidamente,
pacientes queimados, no município de Montes
portanto a caracterização é muito importante para
Claros?
que se possa acompanhar sua evolução. A evolução
Esta pesquisa se justifica por considerar que a
da queimadura de segundo grau, por exemplo,
enfermagem é de suma importância na prevenção e
dependerá do grau de profundidade e da ocorrência
tratamento de queimaduras. A equipe necessita de
ou não de complicações, podendo aprofundar-se em
perícia para lidar com as respostas emocionais do
razão de infecção local. Queimaduras profundas que
paciente e sua família, objetivando assegurar
tomam toda a extensão do tórax ou de um membro,
cuidados de qualidade e a continuidade, através de
por exemplo, podem prejudicar a respiração ou a
todas as evoluções pós-queimaduras. É também
circulação e implicar a realização de escarotomias.
importante que o paciente, com a ajuda desses
(MENEGHETTI et al. 2005)
profissionais e seus familiares, reintegre-se à
O tratamento das lesões por queimaduras é um
comunidade e a seu setor de trabalho. (MACEDO;
grande desafio aos profissionais da saúde, sobretudo
BARROS, 1999)
no que se refere ao elevado potencial para
Este trabalho, portanto, propõe-se, investigar
desenvolver infecções. A terapêutica sistêmica ou
13
Multitextos
local deve visar, fundamentalmente, o equilíbrio das
tratamento da dor, pois ela terá início quando houver
funções vitais, assim como a instalação de medidas
excitação direta das terminações nervosas da pele
de prevenção de complicações, dentre as quais estão
pelo calor, devido à destruição das camadas das
as infecções das lesões cutâneas. Cabe acrescentar
superfícies da pele e, consequentemente, exposição
que pacientes queimados internados, após as
das terminações nervosas sensitivas traduzindo-se
primeiras 48 horas, têm sua microbiota normal
como dor para o paciente em estado de consciência.
alterada, podendo albergar diferentes patógenos,
As vias aferentes são imediatamente acionadas,
incluindo aqueles resistentes a agentes
estimulando uma série de reações destinadas a
antimicrobianos. No tratamento ao paciente, deve-se
manter a homeostasia. (ROSSI, 2000)
estar sempre atento à prevenção de infecções às
Depois de uma avaliação efetiva da dor,
quais esse paciente está susceptível, por sua própria
devem ser identificadas estratégias de tratamento
condição. (MENEGHETTI et al., 2005)
que promovam seu alivio satisfatório. Um dos
O paciente vítima de queimaduras, ao adentrar
modos de tratamento da dor do cliente pode ser a
o hospital, é submetido a análises com possíveis
opção farmacológica, envolvendo o uso de
diagnósticos: o do tipo real (integridade tissular
analgésicos, opioides e anestésicos.
prejudicada, hipertermia, dor, ansiedade, padrão
(KAZANEOWSKI, 2005)
respiratório ineficaz, náusea e distúrbio no padrão do
De acordo com Brandão (2007), quando se
sono), e o do tipo de risco (risco para infecção, risco
trabalha em equipe interdisciplinar, com
para temperatura corporal alterada, risco para
profissionais comprometidos, é possível prestar um
aspiração, risco para deficit no volume de líquidos,
atendimento de boa qualidade ao cliente.
risco para disfunção neurovascular periférica e risco
Identificando e registrando precocemente o risco de
para trauma) como afirma Meneghetti et. al. (2005).
desenvolvimento de feridas e o comprometimento
A identificação rápida da gravidade do caso
tecidual das lesões já existentes, é possível traçar,
possibilita prevenir complicações e obter sucesso no
também, condutas nutricionais, tópicas e
tratamento e, para orientar as intervenções, a partir
medicamentosas adequadas, reduzindo, dessa
das necessidades identificadas na avaliação, o
forma, o tempo de cicatrização e,
enfermeiro utilizará os diagnósticos de enfermagem
consequentemente, o tempo e o custo dessa
(DE), etapa do processo de enfermagem para
internação, além de até mesmo atuar na prevenção
direcionar o planejamento das ações, acreditando ser
das lesões, proporcionando melhor qualidade de
a oportunidade de expressar o cuidado na abordagem
vida – capacidade de exercer funções da vida diária,
integral, humana e individualizada, possibilitando
produtividade intelectual, estabilidade emocional e
excelência na prática profissional. (FREITAS &
satisfação de viver.
MENDES, 2006)
O planejamento das ações prioriza o
14
Multitextos
METODOLOGIA
instrumento. Foi aplicado um exemplar à equipe de
enfermagem não pertencente ao universo da
Para desenvolver este estudo, optou-se por
pesquisa, escolhido por conveniência. O objetivo
realizar uma pesquisa descritiva com a utilização do
dessa etapa era apenas possibilitar a correção de
método quantitativo. Segundo Leopardi (2001), estes
questões confusas, inadequadas ou ineficazes em
são estudos caracterizados pela necessidade de se
explorar o tema pretendido, elevando a efetividade do
explorar uma situação da qual se tem necessidade de
instrumento para o estudo principal.
maiores informações.
A coleta de dados foi realizada na semana do dia
O cenário escolhido foi o Serviço de
08 ao dia 15 de maio de 2009. Foi solicitado a dois
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e Santa
acadêmicos que tinham maior acesso aos
Casa de Misericórdia, todos localizados na cidade de
coordenadores das instituições a aplicarem os
Montes Claros – MG. Esses locais foram
questionários em seus devidos estabelecimentos. A
selecionados por se tratarem de serviços de referência
atividade foi previamente agendada com os
para atendimento de indivíduos queimados.
coordenadores, momento em que se definiu o local,
Os sujeitos da pesquisa foram a equipe de
data e horário que melhor conviessem. Os
enfermagem, representada pelos enfermeiros,
questionários foram respondidos e recolhidos logo
técnicos e auxiliares de enfermagem das instituições
em seguida. Participou desse estudo uma população
escolhidas, respeitando os critérios de inclusão e
de 62 profissionais.
exclusão. Os critérios de inclusão são relativos à
Após o término da coleta de dados, foi realizada
capacidade de manifestar-se, ser integrante da
a tabulação e organização das informações coletadas,
população escolhida, bem como a aceitação em
tendo em vista os objetivos do trabalho. Em seguida,
participar da pesquisa através da assinatura do Termo
os dados foram organizados em forma de gráficos,
de Consentimento Livre e Esclarecido. Sendo assim,
para melhor visualização dos resultados. Procedeu-se
o critério de exclusão se referiu a não estarem
então, à análise e discussão dos dados, à luz do
presentes, no local, no momento da coleta de dados.
referencial teórico.
O instrumento utilizado para a realização da
A pesquisa seguiu as recomendações contidas
coleta de dados foi um questionário semi-estruturado
na resolução 196/96, (Diretrizes e Normas
próprio, desenvolvido especificamente para esta
Reguladoras de Pesquisas envolvendo Seres
pesquisa, contendo 14 perguntas objetivas, que
Humanos), de 10 de outubro de 1996, do Ministério
abordaram o tema proposto: “Queimaduras”.
da Saúde.
A coleta de dados foi precedida pela realização
de um estudo piloto para teste e acerto deste
15
Multitextos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
equipe no enfermeiro, gerando um trabalho
interdisciplinar eficaz, ao mesmo tempo em que
Os resultados estão apresentados a seguir na
forma de gráficos e acompanhados da respectiva
compartilha responsabilidades, deveres e direitos.
(ALMEIDA, 1986)
discussão.
Características da Assistência
Categoria Profissional
O GRAF. 01 mostra que 40 (64%) dos profissionais
Ao analisar-se o GRAF. 02, relacionado à
entrevistados são técnicos de enfermagem, 13 (21%)
classificação do atendimento a pacientes queimados,
são auxiliares de enfermagem e
conclui-se que uma maioria significativa dos sujeitos
9 (15%) são
enfermeiros.
pesquisados - 35 (56%) - entende que é difícil; 26
9
(42%) considerem normal; e uma minoria afirma ser
fácil 1 (2%).
Técnicos
Auxiliares
Enfermeiros
13
1
40
26
35
GRÁFICO 01: Distribuição dos dados relativos à
categoria profissional dos entrevistados
Fácil
Normal
Difícil
Os Técnicos e Auxiliares cresceram de forma
mais acentuada que Enfermeiros, com o resultado
das políticas educacionais de profissionalização de
Técnicos de Nível Médio. Segundo Ramos (2003),
vem crescendo a importância do reconhecimento
técnico sobre a perspectiva do usuário, quando se
aborda a qualidade de serviços de saúde. Seu papel
como protagonista do sistema de saúde tem impacto
direto na melhoria da relação entre ele e o serviço.
Com relação à equipe de saúde, a atuação
profissional do enfermeiro, pautada no
conhecimento científico, permite a respeitabilidade
mútua entre os profissionais e a confiabilidade da
16
GRÁFICO 02: Distribuição dos dados relativos à
classificação do atendimento pelos participantes a
pacientes queimados.
Knobel (1998) afirma que paciente vítima de
queimadura exige do enfermeiro algo mais que o
desenvolver de técnicas e a vigilância contínua. Sua
atuação como membro da equipe multidisciplinar no
tratamento desses pacientes é de extrema
importância, pois será sua capacidade de
identificação dos problemas e estabelecimento de
metas para a resolução dos mesmos que fará a
diferença no tratamento do queimado. Assim, faz-se
necessário que o enfermeiro conheça a patologia e o
Multitextos
melhor e mais eficaz cuidado a ser prestado ao
De acordo com os GRAF. 03 e 04, 49 (79%)
paciente considerado como grande queimado.
dos entrevistados afirmaram não ter dificuldade em
Devido à complexidade e gravidade das lesões por
lidar com o individuo considerado como grande
queimadura, a assistência de enfermagem ao grande
queimado; e 13 (21%) afirmaram que sim, encontram
queimado exige competência, habilidade e
dificuldades no cuidado ao queimado; e 10 (56%)
conhecimentos atualizados.
julgaram como principal dificuldade a dor.
Segundo Scherer (2000), existem vários
13
conceitos teóricos criados pela enfermagem
salientando que a assistência ao ser humano deva ser
globalizada. Entretanto, a prática tem demonstrado
que a aplicação desses pressupostos não é tão simples
Sim
Não
49
quanto possa parecer. Nesse sentido, trabalhar com
paciente em crise, como, por exemplo, o indivíduo
queimado, requer do enfermeiro, além do
conhecimento técnico especializado, a habilidade em
13
lidar com as emoções da pessoa doente. Na seção de
11
10
queimados, o lado psicológico é o mais difícil de
lidar, principalmente, quando se trata de dor.
9
62
52
7
49
42
32
5
3
3
2
1
1
1
1
34
36
22
12
19
22
15
2
0
Alimentação balanceada e rica em nutrientes
que facilitam a cicatrização
0
Escassez de recursos humanos
Hidratação contínua
Escassez de materiais e equipamentos
Dor
Boa higienização
Infra-estrutura
Troca de curativoso
Falta de treinamento
Mudança de decúbito
Aspecto psicológico
Outros: extensão da queimadura
GRÁFICOS 03 e 04 : Distribuição dos dados
relativos à dificuldade ao prestar cuidado a
indivíduos queimados.
Administração de medicamentos
GRÁFICO 05: Distribuição dos dados relativos aos
cuidados/orientações indicados a pacientes com
lesões por queimadura que possibilita a qualidade da
assistência de enfermagem
17
Multitextos
De acordo com o GRAF. 05, obtiveram-se 49
Observa-se que 44 (57%) dos enfermeiros,
(79 %) respostas, das 62 pessoas entrevistadas, que
técnicos e auxiliares de enfermagem entrevistados
priorizaram a hidratação contínua a pacientes com
afirma que a qualidade do atendimento ao indivíduo
lesões por queimaduras, em relação aos cuidados e
considerado como grande queimado está relacionada
orientações às vítimas. Esses dados são pertinentes
a uma equipe bem treinada; 23 (30%) pensam que a
quando relacionados com as informações dos
qualidade esta relacionada com a existência de
autores Wachtel (1985) e Ertz (1980), que afirmam
protocolos de atendimento; e 10 (13%) deles
que a queimadura constitui uma das maiores
acreditam que a qualidade está no acesso fácil e
agressões que o organismo pode suportar. O
rápido a materiais e equipamentos.
desequilíbrio hidro-eletrolítico decorrente do
A qualidade da assistência de enfermagem está
trauma térmico é tão intenso, que culmina no
primeiramente relacionada ao treinamento da equipe
estabelecimento de um quadro agudo de choque
- é o que a pesquisa comprova. Qualidade é um
hipovolêmico. Sendo assim, conclui-se que a
conjunto de propriedades de um serviço que o tornam
correta reposição agressiva de volume de líquido
adequado à missão de uma organização concebida
intra e/ou extracelular é de extrema importância
como resposta às necessidades
para evitar o choque hipovolêmico e a insuficiência
(CARAVANTES, 2005).
de seus clientes
e necrose tubular aguda, restaurando-se o volume
Caravantes (2005) propôs que a qualidade
intra-vascular, perfundindo os tecidos e
fosse gerenciada pelo uso de três processos
aumentando a sobrevida dos pacientes.
universais de gerenciamento: planejamento, controle
e melhoramento.
62
52
Atender as necessidades e expectativas dos
44
clientes e garantir a satisfação profissional da equipe
42
32
23
assistência de enfermagem. Identificar, através de
22
12
são ações que têm o potencial de atribuir qualidade à
10
2
treinamento, como conhecer e atender a tais
necessidades, para então garantir satisfação, pode
0
constituir o primeiro passo rumo à qualidade. O
Equipe bem treinada
treinamento é um fator primordial para a qualidade
Acesso fácil e rápido a materiais e
equipamentos
da assistência de enfermagem ao indivíduo
Existência de protocolos de atendimento
queimado, é o que o gráfico comprova.
(CARAVANTES, 2005)
GRÁFICO 06: Distribuição dos dados relativos
aos fatores que favorecem a qualidade da
assistência de enfermagem.
18
Multitextos
CONCLUSÃO
É possível concluir, neste estudo, que o
trabalho integrado da equipe que assiste o paciente
queimado, é fator primordial, uma vez que foi
possível constatar uma equipe completa com
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em
todos os serviços pesquisados.
Os profissionais de enfermagem classificaram
a assistência a pacientes queimados como difícil,
porém a maioria não encontra dificuldades na
execução do procedimento. Aqueles que referiram
dificuldades associaram, principalmente, ao manejo
da dor.
Os cuidados prestados e orientações fornecidas
pela equipe de enfermagem como forma de melhorar
a qualidade da assistência também são dignos de
louvor, pois prevaleceu, nos resultados, em ordem
decrescente, a hidratação contínua, troca de curativo
seguida de boa higienização, administração de
medicamentos e alimentação balanceada, rica em
nutrientes que facilitam a cicatrização.
A contribuição maior que os profissionais
pesquisados deram para este estudo foi a
confirmação de que se deve, realmente, investir em
treinamentos e capacitações da equipe de
enfermagem, bem como na elaboração e revisão de
protocolos assistenciais para os cuidados a pacientes
vítimas de queimaduras, com o objetivo de
minimizar as dificuldades relatadas.
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20
Multitextos
Contribuição do farmacêutico no
diagnóstico e tratamento da Infecção do
Trato Urinário (ITU)
GUERRA JÚNIOR, Geraldo Edson Souza*; ROCHA, Josiane Santos Brant*; VELOSO, Daniela Araújo*, FREITAS, Ronilson Ferreira**
* Docentes das FIPMoc ** Acadêmico do curso de Farmácia das FIPMoc
RESUMO
A infecção do trato urinário ( ITU) é uma das
infecções mais comuns que atingem a população.
(VIEIRA NETO, 2003) Apesar de comum tanto em
homens quanto em mulheres, estas são as mais
afetadas, devido a fatores anatômicos, como a uretra
mais curta e a maior proximidade do ânus com o
vestíbulo vaginal. No homem, o maior comprimento
uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano
atuam como protetores, diminuindo a incidência de
ITU. (VIEIRA NETO, 2003) No tratamento da ITU,
é possível observar um considerado aumento na
resistência das bactérias frente a alguns
antimicrobianos, sendo de grande importância a
busca por novas substâncias, para serem utilizadas
no combate a esses microrganismos. (FURLAN, et
al., 2004) Diante desse pressuposto, o objetivo do
estudo foi verificar a contribuição do profissional
farmacêutico no diagnóstico e tratamento da
Infecção do Trato Urinário (ITU). Quanto à
metodologia, trata-se de uma pesquisa bibliográfica.
O estudo incluiu livros na área da saúde, bem como
artigos de revisão e originais, fornecidos pelos
professores do 1° período de Farmácia, sob a óptica
das disciplinas. Os principais assuntos do presente
estudo referem-se às definições e incidências das
Infecções do Trato Urinário, sistema urinário e sua
constituição, classificações, diagnósticos,
tratamento da ITU e microbiologia. Conclui-se que o
farmacêutico apresenta uma significativa atuação no
que se refere à ITU, no diagnóstico, nas
classificações, na identificação dos microrganismos
causadores de ITU, na manipulação dos
antimicrobianos utilizados no tratamento da ITU, na
busca por novas substâncias químicas que possam
ser utilizadas na produção de medicamentos
antimicrobianos, bem como na assistência aos
pacientes durante o tratamento.
PALAVRAS-CHAVE: Farmacêutico; diagnóstico;
tratamento; infecção do trato urinário
INTRODUÇÃO
A Infecção do Trato Urinário (ITU) é a segunda
infecção mais comum que atinge a população em
geral (HEILBERG; SCHOR, 2003), perdendo
somente para doenças respiratórias (TEODOSIO;
ORLOVSKI; NAKAMURA, 2006). É causa
frequente de morbidade na população,
representando um percentual significativo dentre as
consultas em serviços médicos públicos; é
responsável por 80 em cada 1000 consultas no país
(MULLER; SANTOS; CORRÊA, 2008),
constituindo um grave problema de saúde que afeta
milhões de pessoas a cada ano.
A Infecção do Trato Urinário (ITU) é causada
pela presença de microrganismos, principalmente
bactérias, nas vias urinárias, seja na bexiga, próstata,
sistema coletor ou rins. (VIEIRA NETO, 2003)
Esses microrganismos são principalmente germes
gram-negativos, seguidos dos demais gram-
21
Multitextos
positivos. A frequência dos germes causadores dessa
patologia varia na dependência de onde foi adquirida
a infecção, intra ou extra-hospitalar, e também difere
em cada ambiente hospitalar considerado.
(HEILBERG; SCHOR, 2003)
É caracterizada como uma patologia frequente
em todas as idades, sendo que no primeiro ano de
vida acomete principalmente o sexo masculino;
durante a infância e na fase pré-escolar, é
predominante no sexo feminino, prevalecendo até a
vida adulta (MULLER; SANTOS; CORRÊA,
2008), sendo comum tanto em homens quanto em
mulheres, mas as mulheres são as mais afetadas,
devido a fatores anatômicos, como a uretra mais
curta e a maior proximidade do ânus com o vestíbulo
vaginal e a uretra. No homem, o maior comprimento
uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano
atuam como protetores, diminuindo a incidência de
ITU. (VIEIRA NETO, 2003)
O curso de farmácia foi criado com o intuito
de formar profissionais aptos a atuarem no
desenvolvimento da saúde humana. Os acadêmicos
dessa área devem ter uma formação básica acerca do
o rg a n i s m o h u m a n o , s u a o rg a n i z a ç ã o e
funcionamento nos diversos níveis e interações com
os demais seres vivos.
Diante do conhecimento adquirido pelo
profissional farmacêutico durante sua formação, e da
grande prevalência da Infecção do Trato Urinário
(ITU), este estudo teve como objetivo verificar a
contribuição do profissional farmacêutico no
diagnóstico e tratamento da Infecção do Trato
Urinário (ITU).
METODOLOGIA
Para atingir os objetivos propostos neste
trabalho, foi realizada uma pesquisa com
22
procedimentos bibliográficos, exploratória
de
natureza qualitativa. (Gil ,2008)
A pesquisa
bibliográfica é desenvolvida a partir de materiais já
elaborados, constituídos principalmente de livros e
artigos científicos. Esse tipo de pesquisa é indicado a
fim de proporcionar melhor visão do problema e
torná-lo mais específico, possibilitando a construção
de hipóteses e assumindo um caráter de estudo
exploratório, visando conhecer os fatos e fenômenos
relacionados ao tema. Na pesquisa qualitativa, o
pesquisador é considerado um instrumento de coleta
de dados, e sua principal característica é o conteúdo
interpretativo; os pesquisadores devem analisar seus
dados indutivamente.
Foram utilizados como fontes de dados, artigos
científicos originais e de revisão, no período de 2001
a 2008, bem como livros da área da saúde referentes
ao tema proposto. Os artigos e livros foram
fornecidos sob a óptica de cada disciplina do primeiro
período do curso de Farmácia, no intuito de observar
a importância de cada uma dessas disciplinas na
formação do profissional farmacêutico para trabalhar
com pacientes suspeitos de Infecção do Trato
Urinário (ITU). A seleção de artigos foi definida pelo
seguinte modelo: artigos em português, que
discutiam a anatomia do trato urinário, bem como as
principais patologias relacionadas à referida região;
artigos que analisavam parâmetros normais e
parâmetros alterados pela Infecção do Trato Urinário
(ITU) através da urianálise, os tratamentos para
Infecções do Trato Urinário e as principais
substâncias químicas utilizadas no controle de ITU, a
fim de observar a importância do farmacêutico no
contexto de ITU. Após a obtenção do material,
realizou-se uma leitura exploratória das obras
bibliográficas, com o objetivo de verificar quais os
conteúdos dos artigos consultados tinham relação
com a pesquisa. Em seguida, procedeu-se à seleção
Multitextos
do material que de fato estava de acordo com os
objetivos visados, seguindo-se de leitura analítica. A
finalidade dessa etapa foi ordenar e sumarizar os
dados contidos nas fontes, buscando a obtenção de
respostas ao problema da pesquisa Finalmente,
efetuou-se a leitura interpretativa,na qual se
procurou conferir significado de maior dimensão aos
resultados alcançados com a leitura analítica. Para
isso, a análise foi realizada pela ligação dos
resultados com conhecimentos de origem, em
teorias baseadas nas evidências, e de pesquisas
empíricas.
DISCUSSÃO
A Infecção do Trato Urinário (ITU) é uma
patologia extremamente frequente, sendo uma das
infecções mais comuns que atingem a população,
perdendo somente para doenças respiratórias.
(TEODOSIO; ORLOVSKI; NAKAMURA, 2006)
Segundo Vieira Neto (2003), a ITU é causada pela
presença de microrganismos, principalmente
bactérias, nas vias urinárias, seja na bexiga, próstata,
sistema coletor ou rins, respondendo por grande
parte dos processos infecciosos, comunitários e
hospitalares. Assim, entender
a atuação do
profissional farmacêutico na Infecção do Trato
Urinário (ITU) é bem significativo.
O sistema urinário é normalmente estéril e livre
de bactérias, e as infecções urinárias,
ou ITU, surgem quando ele é invadido por
microrganismos, principalmente bactérias.
(TEODOSIO; ORLOVSKI; NAKAMURA, 2006).
Portanto, o farmacêutico, bem como qualquer outro
profissional da área da saúde deve apresentar um
prévio conhecimento sobre a anatomia do sistema
urinário - que
Spence (1991) descreve ser
constituído por rins, ureteres, bexiga urinária e uretra
-, a fim de um diagnóstico mais seguro e na busca de
um tratamento mais eficaz.
De acordo a Sociedade Brasileira de Urologia
(2004), a ITU se classifica em baixas, que envolvem
a bexiga (cistite), uretra (uretrite), nos homens, a
próstata (prostatite) e o epidídimo (epididimite); e
em altas, envolvendo o parênquima renal
(pielonefrite) ou ureteres (ureterites). A partir disso,
é possível observar a relevância de o farmacêutico
conhecer os órgãos que compõem o sistema urinário,
bem como as principais patologias relacionadas à
referida região, com o objetivo de orientar os
pacientes acerca das reações causadas no organismo
pelos medicamentos utilizados no combate à ITU,
levando em consideração que os medicamentos são
escolhidos de acordo o diagnóstico clinico ou exame
da doença, e ainda a classificação da ITU.
Em se tratando de Infecção do Trato Urinário
(ITU), é importante o farmacêutico atentar à
microbiologia dos microrganismos, sendo que os
maiores causadores da ITU são germes gramnegativos como a Escherichia coli, Klebsiella,
E n t e ro b a c t e r , A c i n e t o b a c t e r , P ro t e u s ,
Pseudomonas entre outras, e a Staphylococcus
saprophyticus, um germe gram-positivo como o
segundo agente causador de ITU (HEILBERG;
SCHOR, 2003), na perspectiva de escolher um
tratamento mais viável, de acordo a sensibilidade
d e s s e s m i c r o rg a n i s m o s f r e n t e a a l g u n s
antimicrobianos.
O tratamento da Infecção do Trato Urinário
(ITU) se baseia na localização e presença de fatores
complicantes, sendo realizado da seguinte forma:
ITU baixa não complicada, ITU baixa comunitária
em pacientes com sonda vesical, ITU baixa em
gestantes - o tratamento deve ser realizado em sete
dias. ITU alta comunitária (tratamento
ambulatorial), ITU alta comunitária (tratamento
23
Multitextos
hospitalar), ITU alta comunitária em gestantes - o
tratamento deve durar quatorze dias (VIEIRA
NETO, 2003). Observa-se, assim, a importância da
atenção farmacêutica, pois cada classificação exige
um tratamento especifico, e é dever do farmacêutico
orientar os pacientes quanto à utilização
medicamentosa durante o tratamento da ITU, e de
qualquer outra doença.
É muito importante a criação de um sistema
onde se realiza o monitoramento da resistência
bacteriana para a detecção do grau de resistência,
ajudando o farmacêutico na escolha da terapia
empírica local mais eficaz e permitindo a
implementação de medidas de prevenção. Essa
observação do comportamento de bactérias frente a
alguns antimicrobianos ajuda a prever o futuro da
resistência bacteriana, como também a
patogenicidade desses isolados e a avaliação para a
busca de uma terapia adequada.
Dos medicamentos utilizados no tratamento da
Infecção do Trato Urinário (ITU), segundo Carmago
et al. (2002), os que apresentam maior eficácia frente
aos microrganismos causadores de ITU são a
amoxicilina, a ampicilina, cefalotina, cefuroxima,
ceftriaxona, ceftazidima, gentamicina, entre outros;
e é possível também observar, neste estudo, o
aumento na resistência de bactérias a certos
antimicrobianos utilizados no tratamento da Infecção
do Trato Urinário (ITU), sendo as bactérias isoladas
de infecções hospitalares mais resistentes aos
antimicrobianos que as bactérias isoladas de
infecções comunitárias. Torna-se relevante encontrar
novas substâncias químicas antimicrobianas para
serem utilizadas no combate a esses microrganismos,
e a savana brasileira é uma boa fonte para essas
pesquisas, por apresentar muitas plantas que podem
ser utilizadas no tratamento de diversas doenças e
infecções, inclusive infecções bacterianas. Nesse
24
sentido ,Furlan et al. (2004) descrê que pesquisas já
foram realizadas com plantas da flora brasileira; e
das ervas estudadas que produzem óleo essencial,
destacam-se o alfavacão (Ocimum gratissimum),
capim-limão (Cympopogon citratus) e sálvia (Salvia
officinalis), apresentando a sálvia eficácia de 100%,
quando testadas em espécies de Klebsiella e
Enterobacter. A partir do contexto escrito acima,
mais uma função é atribuída ao farmacêutico no
tratamento da Infecção do Trato Urinário (ITU), que
é a de pesquisar novas substâncias químicas que
possam ser utilizadas na fabricação de novos
antimicrobianos.
Com base no elevado crescimento da resistência
de algumas bactérias frente a alguns
antimicrobianos, é viável realizar um monitoramento
da microbiota patogênica que predomina em
determinada região, bem como o comportamento
dessas bactérias diante dos antimicrobianos
utilizados, sendo de grande importância para o
farmacêutico o acompanhamento terapêutico do
paciente; além de que o farmacêutico já se
responsabiliza pela produção dos medicamentos
antimicrobianos, na orientação ao paciente e na
realização de exames laboratoriais para um possível
diagnóstico da ITU.
De acordo Vieira Neto (2003), o diagnóstico
laboratorial da ITU é baseado no crescimento de
microrganismos na urocultura. Para diagnosticar a
Infecção do Trato Urinário, é necessário realizar o
exame de rotina de urina ou urinálise. Costava et al.
(2001) argumenta que esse exame é composto de três
etapas: o exame físico, o exame químico e a
microscopia de sedimento. Cada um desses exames
tem seu valor, sendo os dois primeiros de execução
mais simples, e o último, considerado mais
complexo. O farmacêutico analista clínico é o
responsável pela liberação do laudo desses exames.
Multitextos
Segundo estudos realizados, os
microrganismos causadores da ITU apresentam
certas evoluções que podem influenciar no
diagnóstico e tratamento da Infecção do Trato
Urinário (ITU). O Manual de Procedimentos
Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle
de Infecção Hospitalar (2006) define as seguintes
evoluções dos microrganismos: episódio único ou
isolada, recidiva ou recaída, crônica e recorrentes. O
farmacêutico deve atentar para essas evoluções no
momento de realizar o exame para diagnosticar a
Infecção do Trato Urinário (ITU), com o objetivo de
obter resultados satisfatórios no tratamento, caso
haja evolução dos microrganismos.
Com relação à temática focalizada nessas
produções científicas referentes à atuação do
profissional farmacêutico na identificação e
tratamento da Infecção do Trato Urinário (ITU),
destaca-se que essa atuação é significativa se faz
desde o diagnóstico até o acompanhamento do
paciente durante o tratamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Infecção do Trato Urinário (ITU) é muito
comum e atinge a população em todas as idades,
especialmente as mulheres. A partir deste estudo, é
possível perceber que a prevalência de ITU e os
microrganismos relacionados a ela podem variar de
acordo o local e a idade dos pacientes, concluindo
que o estudo do predomínio da microbiota
patogênica e o monitoramento do perfil de
susceptibilidade em uma determinada região podem
auxiliar os farmacêuticos no acompanhamento
terapêutico e na orientação dos pacientes.
É possível observar a importância da interação
entre os profissionais da área da saúde para o
diagnóstico e tratamento de Infecção do Trato
Urinário (ITU), pois clínicos, farmacêuticos e
microbiologistas atuam em conjunto na perspectiva
de fazer a melhor escolha para a terapia
antimicrobiana, visando sempre o bem-estar, a
comodidade e a eficiência do tratamento para os
pacientes acometidos por tal patologia.
Diante de todos os aspectos que nortearam esta
produção bibliográfica, fica evidente que o
profissional farmacêutico pode realizar exames
como o antibiograma ou um antifungigrama, na
perspectiva de definir qual o melhor medicamento
para combater o
patógeno, evitando, assim,
resistência desses microrganismos aos
antimicrobianos utilizados. Além disso, é também
responsável pela manipulação de medicamentos
utilizados como antimicrobianos, devendo também
assistir o paciente durante todo o tratamento.
REFERÊNCIAS
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LOURENÇO, D. S.; MARTINEZ, R.; PEDRO, C.
C. Infecção de vias urinárias na comunidade de
Ribeirão Preto-SP: Etiologia, sensibilidade
bacteriana a antimicrobianos e implicações
terapêuticas. Medicina, Ribeirão Preto, 35: 173178. abr./jun. 2002.
COSTAVAL, J. A. da; MASSOTE, A. P. de;
CERQUEIRA, C. M. M; COSTAVAL, A. P;
AULER, A; MARTINS, G. J. Qual o valor da
sedimentoscopia em urinas com características
físico-químicas normais? Jornal Brasileiro de
Patologia. Rio de Janeiro, v.37, n.4, p.261-265.
2001.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa.
4. ed.São Paulo: Atlas, 2008.
FURLAN, M. R.; JORGE, A. O. C.; PEREIRA, R.
S.; SUMITA, T. C.; UENO, M. Atividade
antibacteriana de óleos essenciais em cepas isoladas
25
Multitextos
de infecção urinária. Revista Saúde Pública, v.38,
n.2, p. 326-328, 2004.
HEILBERG, I. P; SCHOR, N. Abordagem
diagnóstica e terapêutica na Infecção do Trato
Urinário-ITU. Revista Associada Medicina
Brasileira. São Paulo, v.49, n.1, p.109-116.
Manual de Procedimentos Básicos em
Microbiologia Clinica para o Controle de
Infecção
Hospitalar.
Disponível
em:
http://www.prokariotae.triód.com/manualmodulo
2.pdf#search=%22ITU%20NOSOCOMIAIS%22.
Acesso em 08 set. 2006.
MULLER, E. V.; SANTOS, D. F. dos; CORRÊA, N.
A. B, Prevalência de microrganismos em infecções
do trato urinário de pacientes atendidos no
Laboratório de Análises Clínicas da Universidade
Paranaense-Umuarama-PR. Revista Brasileira de
Análises Clínicas, v. 40, n. 1, p. 35-37, 2008.
Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade
Brasileira de Urologia. Referências de fonte
eletrônica. Disponível em:
http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto
diretrizes/067.pdf#search+%22ITU%20NOSOCO
MIAIS%22. Acesso em 08 set. 2006.
SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2. ed.
São Paulo-SP. Manole LTDA, 1991.713p.
TEODOSIO, G. M.: ORLOVSKI, K.;
NAKAMURA, E. K. Infecções Urinárias, 2006.
VIEIRA NETO. O. M. Infecção do trato urinário.
Medicina, Ribeirão Preto, 36: 365-369. abr/dez.
2003.
26
Multitextos
Análise de alguns parâmetros físico-químicos
de amostras de mel comercializadas na cidade
de Montes Claros - MG
DAMASCENO, Eurislene Moreira Antunes*; SILVA, Marley Garcia*; NUNES COSTA, Mariana de Oliveira**; SANTOS, Maria Thereza
Ruas**
*Docentes dos cursos de Biomedicina e Farmácia das FIPMoc **Acadêmicas do Curso de Farmácia das FIPMoc
Este trabalho foi realizado no Laboratório de
Farmacognosia das Faculdades Integradas Pitágoras de
Montes Claros e foi tema do Projeto Multidisciplinar dos
alunos do 4º período do curso de Farmácia, desenvolvido
de agosto a novembro de 2009.
RESUMO
O mel é considerado um dos alimentos mais puros
da natureza, sendo apreciado por seu sabor
característico e considerável valor nutritivo. Nos
dias atuais, observa-se que apicultores e
consumidores demonstram preocupação com a
qualidade do produto e com as possíveis
adulterações. O objetivo deste trabalho foi analisar
alguns parâmetros físico-químicos de qualidade de
amostras de mel comercializadas em Montes Claros.
As análises físico-químicas compreenderam o teste
de Fiehe, a reação de Lugol, reação de Lund, a
acidez (pH), presença de adulterantes e índice de
diástase. De acordo com os resultados obtidos, nas
condições experimentais estabelecidas, oito
amostras (53,3%) apresentaram algum tipo de
variação na reação de colorimétrica (Fiehe),
indicando uma possível adulteração. Foi observado
que uma das amostras apresentou indícios de
adulteração com a adição de xarope de milho
hidrolisado. As amostras apresentaram ainda
resultado negativo para a reação de Lugol e para
possíveis acréscimos de corantes. Na reação de
Lund, observou-se a formação de um precipitado de
0.6 a 3 mL, comprovando a pureza das amostras.
Quanto à acidez das amostras, verificou-se que os
valores de pH variaram de 4,0 a 5,0, estando em
conformidade com os dados da literatura. O índice
de diástase medido nas amostras revelou também a
boa qualidade e procedência do mel, indicando que o
tratamento recebido na produção do mel foi
adequado. Dessa forma, os resultados mostraram que
o mel comercializado na cidade de Montes Claros, de
maneira geral, encontra-se dentro dos padrões
exigidos pela CNNPA (Comissão Nacional de
Normas e Padrões para Alimentos).
PALAVRAS-CHAVE: mel, análise físico-química,
adulterações
INTRODUÇÃO
Considerações gerais
O mel é um produto viscoso, adocicado e
geralmente de aroma agradável, apreciado, segundo
alguns relatos, desde a Grécia antiga. Sua qualidade
nutricional (vitaminas, minerais, valor energético
elevado), propriedades medicinais e propriedades
sensoriais têm atraído milhares de consumidores.
(DUSTMANN, 1993)
O mel é uma fonte natural de saúde, devido a
suas qualidades terapêuticas, dentre as quais se
ressalta a atividade antimicrobiana, proteção contra
doenças gastrintestinais, propriedades antioxidantes,
propriedades prebióticas, cicatrizantes, curativa,
27
Multitextos
calmante, regenerativa dos tecidos, estimulante,
antifúngica e antibacteriana, além de ser uma boa
fonte de energia. (GONÇALVES, FILHO,
MENEZES, 2005)
A composição química do mel depende, em
grande parte, das espécies vegetais visitadas pelas
abelhas, natureza do solo, raça das abelhas e
condições climáticas. Assim, está disponível no
mercado uma infinidade de tipos de méis, com
características peculiares (BARTH, 2004).
A identificação das plantas visitadas pelas
abelhas é de importância fundamental para os
apicultores, por indicar as fontes de alimento
utilizadas para coleta de néctar e pólen, visando
maximizar a utilização dos recursos tróficos,
principalmente em áreas de vegetação natural.
(SANTOS-JÚNIOR, SANTOS, 2003)
Muitas das substâncias presentes no mel,
principalmente os ácidos fenólicos e flavonoides são
conhecidos por apresentarem propriedades
farmacológicas devido a sua ação sobre inúmeros
processos fisiológicos no corpo, podendo beneficiar
o coração, veias, rins, fígado, sistema imunológico,
musculatura e sistema nervoso. (CARVALHO,
2005)
Dos produtos fornecidos pelas abelhas, o mel
é, sem dúvida, o mais conhecido e difundido. Foi um
dos primeiros alimentos do homem e praticamente
todas as civilizações antigas o utilizaram como
alimento e recurso medicinal. A ação do mel sobre o
organismo humano deve-se não só a sua alta ação
energética, mas especialmente às enzimas, vitaminas
e a presença de elementos químicos importantes para
o bom funcionamento do organismo - os
oligoelementos (selênio, manganês, zinco, cromo e
alumínio).
Parâmetros utilizados no controle de qualidade
28
O valor do pH do mel pode variar de acordo
com o solo, com o pH do néctar, com a associação de
vegetais para composição do mel e com as
substâncias mandibulares das abelhas . Embora o pH
não seja indicado como análise obrigatória no
controle de qualidade dos méis brasileiros, mostra-se
útil como variável auxiliar para avaliação da
qualidade. (EVANGELISTA-RODRIGUES et al,.
2005)
Geralmente os méis são ácidos, possuindo
uma variação do pH de 3,95 a 4,09. Esses valores são
devidos ao ácido glucônico, produzido pela enzima
glicose-oxidase. A ação dessa enzima se mantém,
mesmo após o processamento do mel. O mel possui,
ainda, em sua composição, diversos ácidos, como:
ácidos orgânicos, ácido glucônico, ácido tânico,
ácido fosfórico e o ácido fórmico – com atuação na
conservação do produto e contribuindo para os
valores típicos de pH do mel. (EVANGELISTARODRIGUES et al,. 2005)
É importante considerar que o pH influencia
na formação do HMF (hidroximetifurfural). O HMF
é um composto químico (aldeído cíclico) que se
forma por desidratação da frutose em meio ácido
(valor médio de pH 3,9), processo que é acelerado
pelo calor, podendo ser utilizado como indicador de
qualidade do mel. O superaquecimento do mel e/ou
seu armazenamento inadequado ou por longos
períodos resultam na formação desse composto.
(ESTUPIÑAN et al., 1998)
O escurecimento e a velocidade de síntese de
HMF são favorecidos, caso o mel seja armazenado a
temperaturas superiores a 27ºC. (BOGDANOV,
1999; MOLAN, 1992)
Outro importante parâmetro de qualidade do
mel é a presença da enzima á-amilase, denominada
diástase. Essa enzima tem por função digerir o
amido, e dados de literatura mostraram que é
Multitextos
proveniente principalmente das glândulas
hipofaringeanas das abelhas, podendo ser
encontrada também, em menor proporção, nos grãos
de pólen (PAMPLONA, 1989). O índice de diástase
é utilizado para avaliar a qualidade do mel,
fornecendo indicações sobre o grau de conservação e
superaquecimento, o que comprometeria seriamente
o produto (WHITE JUNIOR, 1994). A ausência
dessa enzima reflete procedimentos e/ou
adulterações realizadas no mel, tal como uso de
temperatura acima de 60ºC durante o
beneficiamento, adição de açúcar invertido,
condições de armazenamento inadequadas (tempo
acima de seis meses e temperaturas elevadas). A
atividade diastásica diminui devido à desnaturação
parcial ou total das amilases. (AROUCHA et al.,
2008)
Nos dias atuais, existem padrões de
identidade e qualidade do mel, em relação aos
aspectos macroscópicos e microscópicos. O produto
não pode conter substâncias estranhas de qualquer
natureza, como, por exemplo: insetos, larvas, grãos
de areia e outros.
Os avanços consideráveis nas técnicas
analíticas como cromatografia gasosa de alta
resolução e espectrometria de massas possibilitam
obtenção de informações químicas precisas que
podem ser correlacionadas às informações
sensoriais, originando metodologias analíticas para
que os organismos de fiscalização possam, por
exemplo, garantir ao consumidor seu direito de, ao
adquirir mel, pagar por aquilo que está definido no
rótulo do produto. (BASTOS et al., 1998)
Com exceção dos trabalhos que utilizaram
técnicas de headspace dinâmico para isolamento dos
compostos voláteis de mel, a maioria das pesquisas
realizadas sobre aroma e sabor de mel emprega a
análise total, usando os processos de destilação e
concentração. (BASTOS et al., 1998)
De fato, o estudo dos compostos voláteis do
mel tem gerado muitas pesquisas que visam
caracterizar esses compostos com o objetivo de usálos como parâmetro de qualidade para o produto
(BASTOS et al., 1998)
Uma vez que esses compostos estão
presentes em concentrações extremamente
pequenas, e visto que a matriz desse produto é
composta principalmente por frutose e glicose, ao
empregarem-se técnicas de isolamento que utilizam
calor, aumenta-se muito a possibilidade de
introdução de artefatos, como os compostos
furânicos, comprometendo-se, assim, os resultados
obtidos (BASTOS et al., 1998)
Os insetos e os ácaros, além de depositarem
suas dejeções sobre os alimentos, causando doenças
por fungos, bactérias, vírus, protozoários e
helmintos, também podem contaminar os produtos
com microrganismos que se encontram aderidos a
seu corpo e pernas. Além disso, os ácaros podem
desencadear processos alérgicos em indivíduos
susceptíveis, quando ingeridos com alimentos.
(CORREIA; RONCADA, 2002)
MATERIAL E MÉTODOS
Amostragem
As 15 amostras de mel foram obtidas de
fazendas ou da comercialização em mercados,
supermercados e por ambulantes da cidade de
Montes Claros - MG, cidades próximas (São João do
Paraíso, Ponto Chique, Bocaiúva e Espinosa) e uma
amostra do Estado da Bahia. As amostras foram
codificadas de A-1 a A-15.
Análise da qualidade físico-química do mel
Reação de Lund
O mel genuíno apresenta em sua composição
29
Multitextos
pequenas quantidades de proteínas. O ácido tânico,
composto de natureza polifenólica, da família dos
taninos, é um agente precipitante, inclusive de
proteínas.
Foram pesados 2g de cada amostra. As
amostras foram transferidas para uma proveta de
100 mL, com o auxilio de 20 mL de água. Em
seguida, adicionaram-se, em cada recipiente, 5 mL
de solução de ácido tânico 0,5% e água suficiente
para completar o volume de 40 mL. Deixou-se em
repouso por 24 horas. Decorrido o período de 24
horas, observou-se a formação de um precipitado.
Na presença de mel puro, espera-se a formação de
um precipitado de 0,6 a 3 mL.
Reação de Fiehe
Durante a obtenção de açúcar invertido por
hidrólise ácida da sacarose, forma-se, também,
hidroximetil furfural pela desidratação da frutose.
Este aldeído pode reagir com resorcinol e,
dependendo da quantidade presente, resulta uma
coloração que pode variar do róseo ao vermelho
intenso.
Para a identificação de açúcar invertido das
amostras, foram transferidos 5 mL de cada uma para
uma proveta de 25 mL Adicionaram-se 10 mL de
água. Misturou-se bem, adicionando-se 5 mL de
éter. Deixou-se em repouso até a separação das
camadas. Após este processo, transferiram-se 2mL
da solução etérea (camada clara) para um tubo de
ensaio. Adicionaram-se 2 gotas de resorcina,
agitando-se. A presença de uma coloração
vermelho-cereja indica a presença de açúcar
invertido.
Pesquisa de Amido – Reação de Lugol
30
Designa-se “glicose comercial” o produto
obtido pela hidrólise de amidos extraídos de
vegetais. Obtém-se, nesse caso, uma mistura de
monossacarídios (glicose), dissacarídios e
polissacarídios e, dentre esses, obtêm-se as
dextrinas, as quais, em presença de iodo,
desenvolvem cor vermelha ou violeta.
As amostras de mel foram diluídas em
pequena quantidade de água e submetidas
diretamente à reação do lugol.
Fermento diastático ou Diástase
O mel natural apresenta atividade
enzimática, se não for aquecido a temperaturas
capazes de destruir essa enzima.
Para determinar a presença de diástase, 5 mL
de cada amostra de mel foram transferidos para uma
proveta. Adicionaram-se 10 mL de água destilada.
Em seguida, 10 mL dessa solução foram transferidos
para um tubo de ensaio, onde se adicionou 1 mL de
solução aquosa de amido a 0,5%. O tubo de ensaio
contendo a solução foi colocado em banho-maria a
45oC, durante 1h. Após o banho-maria, foi
adicionado 1 mL de solução iodo-iodeto. A presença
de uma coloração verde oliva ou castanha indicam a
diástase.
Medida da acidez (pH)
A acidez das amostras de mel foram
realizadas através da medida direta, através de fitas
indicadoras de pH.
Determinação de xarope de milho hidrolisado
Para a determinação de xarope de milho
hidrolisado, pesou-se aproximadamente 1g de mel.
Em seguida, adicionaram-se 5 mL de água destilada.
Em um tubo de ensaio foi colocado 1 mL da solução
obtida (mel e água), 2 gotas de ácido clorídrico
Multitextos
concentrado e 5 mL de álcool etílico absoluto. A
ausência de xarope de milho mostra uma mistura
límpida ou opalescência muito fraca após as
reações.
Pesquisa de substâncias corantes
A presença de substâncias corantes
estranhas (possíveis falsificações) foram analisadas
através de algumas reações. Foram pesados 3g de
cada amostra de mel, sendo em seguida diluídas em
5 mL de água destilada. Essa mistura foi dividida
em 2 tubos de ensaio. Em um dos tubos foi
adicionada 1 gota de ácido clorídrico concentrado e,
no outro, 1 gota de amônia diluída. Na presença de
substâncias estranhas, haveria alteração da cor da
amostra.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diferentes critérios de padrão de qualidade
baseados em características físico-químicas podem
ser utilizados na análise do mel. Tais parâmetros
fornecem dados que podem revelar possíveis
adulterações no produto ou manipulações
indevidas, como um aquecimento excessivo.
Segundo a Comissão Nacional de Normas e
Padrões para Alimentos (CNNPA), proteínas e suas
substâncias correlatas devem fazer parte da
composição do mel, cuja determinação é realizada
através da reação de Lund.
A reação de Lund é baseada em uma
precipitação de proteínas, através do ácido tânico.
Dessa forma, a presença de proteínas resulta na
formação de um precipitado, após 24 horas,
indicando a qualidade do produto.
De acordo com os resultados obtidos, as
amostras de mel estão em conformidade com as
normas estabelecidas pela CNNPA. Segundo a
Resolução nº 12, de 1978, da CNNPA, o volume de
precipitado formado na reação de Lund deve estar
entre 0,6 e 3,0 mL. Os valores encontrados na
pesquisa variaram de 1,0 a 1,5 mL.
O teste de Fiehe deve ser negativo para as
amostras de mel. O teste é baseado na detecção
qualitativa de HMF, resultante da desidratação da
frutose, derivada da hidrólise ácida da sacarose. O
HMF reage prontamente com a resorcina, utilizada
no teste, resultando na formação de uma coloração
que varia do róseo ao vermelho intenso. Segundo
resultados obtidos neste trabalho, oito amostras
apresentaram algum tipo de variação na reação
colorimétrica, indicando uma possível adulteração
do mel
O HMF é um importante parâmetro da
qualidade do mel e indica se houve
superaquecimento do mel ou se o mel está
armazenado há muito tempo, uma vez que o HMF
pode ser formado durante o período de
armazenamento. (MARCHINI; MORETI, 2000)
Deve-se destacar que a presença do HMF no
mel faz com que seu valor nutricional seja alterado,
uma vez que ocorre a degradação de substâncias
constantes do mel, além da perda de algumas
enzimas, devido a alterações de pH na mistura.
Segundo Alves et al. (2005), o HMF pode ser
encontrado, em pequenas concentrações, em um
mel recém-colhido, devido à presença da frutose.
Nesse caso, o HMF é formado devido a reações
espontâneas da frutose do mel com ácidos da própria
composição. Estudos desses mesmos autores
mostraram também que méis com alta taxa de
frutose também podem ter índices maiores de HMF.
A reação de Lugol, de simples execução, é
um importante método para a detecção de
adulteração do mel. O princípio do método é a
reação do iodo e iodeto de potássio com glicose,
31
Multitextos
gerando uma coloração azul intensa no tubo teste. A
intensidade da cor é diretamente relacionada à
quantidade de dextrinas (derivada da hidrólise ácida
do amido) presentes na amostra.
As 15 amostras analisadas apresentaram
resultado negativo para a reação de Lugol, indicando
que os produtos não foram adulterados com adições
de amido. Tais resultados estão em conformidade
com o CNNPA e o Ministério da Agricultura e
Pecuária, que estabelecem resultados negativos, sem
faixa de tolerância, para presença de amidos no mel.
O índice de diástase é indicado para avaliar a
qualidade físico-química do mel, concernente a
processos exagerados de aquecimento e está
diretamente relacionado à presença de HMF na
amostra. (MARCHINI; MORETI, 2000)
O mel não adulterado possui atividade
enzimática devido à ação da diástase, uma alfaamilase. Essa enzima, presente no mel, é originada
de uma secreção salivar das abelhas. O aquecimento
provoca a desnaturação dessa enzima, fazendo com
que ela perca sua atividade catalítica. (WHITEJÚNIOR, 1994).
Marchini; Moreti (2000) utilizaram o índice
de diástase para a análise dos métodos de
aquecimento empregados no processamento do mel,
mostrando que o aquecimento solar é uma maneira
segura de aplicar o calor sem alterar
significativamente a diástase da amostra.
Assim, a atividade enzimática da -amilase é
um indicativo das condições de processamento do
mel, bem como do seu armazenamento. As amostras
analisadas neste trabalho apresentaram resultados
positivos em relação à presença da diástase,
confirmando a boa qualidade do mel. De acordo com
os resultados, nas condições experimentais
estabelecidas as amostras de mel apresentaram
coloração tipicamente oliva, devido à degradação do
32
amido inserido na amostra.
De acordo com os dados apresentados na
tabela, os valores de pH das amostras variaram de 4
a 5, estando em conformidade com outros dados da
literatura. Para este parâmetro, não existe uma
legislação nacional ou internacional, padronizada,
segundo relato de Alves et al. (2005) e Souza
(2008).
Os méis são produtos ácidos, devido à
presença de ácido glucônico produzido pela ação da
GOD, a glicose-oxidase. A acidez é também um
importante parâmetro da qualidade microbiológica
do mel, reduzindo a risco de desenvolvimento de
microrganismos no material. (ALVES et al., 2005)
O índice de acidez pode ser avaliado através das
medidas do pH ou poderá ser expresso em
miliequivalentes, através de dados experimentais
realizados através de titulação. Nesse caso, o Codex
Alimentarius preconiza uma acidez máxima de 50
meq/kg. (EVANGELISTA-RODRIGUES et al.,
2003)
Alguns fatores influenciam nos valores do
pH em mel, como pH do néctar, solo ou associações
de vegetais que compõem o mel. Além disso,
substâncias mandibulares das abelhas também
podem exercer tal influência. Deve-se ressaltar,
ainda, que a acidez de uma amostra de mel está
relacionada à formação do HMF, também formado
devido à ação de ácidos constantes das amostras.
(EVANGELISTA-RODRIGUES et al., 2003)
Em estudos realizados com amostras de mel
de Melípona mandacaia, Alves et al. (2005)
encontraram uma variação de pH entre 3,16 e 3,54.
Outra espécie de abelha, a M. quadrifasciata,
produziu méis com valores de pH sensivelmente
maiores. Uma terceira espécie, a M. beechei, os
valores de pH foram ainda maiores, sendo
encontrados valores entre 3,6 e 5,1. (ALMEIDA,
Multitextos
MARCHINI, 2004)
As 15 amostras analisadas apresentaram
resultado negativo para presença de xarope de milho
hidrolisado, exceto a amostra 5, cujo resultado da
reação revelou uma turbidez fraca.
A coloração da amostra pode ser utilizada
como parâmetro no teste de xarope de amido de
milho hidrolisado. Quando a coloração da amostra se
apresenta límpida, o mel é adequado para o uso; não
tem problema de adulteração. Quando apresentar
coloração turva, o mel estará levemente adulterado.
Se a mistura apresentar coloração leitosa, o mel
estará adulterado.
A cor do mel pode ser determinada através de
espectrofotometria, segundo Escobar-Martinez,
Gimenezmeza (1992). A cor é dependente da
composição do mel e das condições de
processamento e armazenamento (SOUZA, 2008). A
cor ainda está associada à origem botânica do
produto, apesar de não existir um estudo apurado
sobre as substâncias responsáveis pela cor do mel.
(PAMPLONA, 1989)
Possíveis falsificações podem ocorrer pela
adição de corantes do mel, com o propósito de elevar
o preço comercial do produto ou mascarar uma
coloração indesejada.
Neste trabalho, todas as amostras analisadas
apresentaram resultado negativo quanto a possíveis
adições de corantes. Tais resultados estão em
conformidade com a Resolução nº 15, de 1994, do
grupo Mercado Comum do Sul (MERCOSUL).
CONCLUSÃO
Os aspectos metodológicos utilizados no
decorrer deste trabalho são aplicáveis na análise do
mel, para comprovação de sua qualidade. Os
métodos utilizados mostram-se eficientes, a fim de
determinar a qualidade dos méis, enquadrando-os
dentro dos padrões de qualidade exigidos pelo
Ministério da Agricultura, para comercialização no
Brasil. A maioria das amostras analisadas
demonstrou resultado negativo para adulteração,
exceto para uma das amostras, que apresentou
caráter duvidoso.
Este trabalho fez uma grande diferença em
nossa carreira profissional, uma vez que o
profissional farmacêutico pode atuar no controle de
qualidade, e todas as técnicas utilizadas para análise
dos méis são eficazes. Quanto às perspectivas
futuras, pode ser aprofundado o conhecimento
relacionado à composição química do mel e sua
análise microbiológica.
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Multitextos
Os Egressos do Curso de Psicologia das
FIPMoc e o Mercado de Trabalho
MACHADO, Jacqueline Simone de Almeida.*; CAMARGO, Amanda Nogueira*; FILHO, Laurindo Belém Ferreira*; PIRES JUNIOR,
Roberto Carlos*; QUEIROZ, Aline Silva*; SANTOS, Eduardo Calazans Quaresma dos*
*Professora Orientadora da Pesquisa **Discentes do Curso de Psicologia das FIPMoc.
RESUMO
Este artigo apresenta o resultado de uma pesquisa
sobre o mapeamento dos egressos do curso de
Psicologia das Faculdades Integradas Pitágoras de
Montes Claros, sua inserção e atuação no mercado
de trabalho. Apresenta, de forma sintética, onde
estão os profissionais formados entre dezembro de
2007 a julho de 2009, se estão trabalhando, e em qual
área de atuação estão inseridos.O resultado da
pesquisa aponta a grande inserção desses egressos
nas Políticas Públicas de Assistência Social.
PALAVRAS-CHAVES: Psicologia, Egressos,
Políticas Públicas, Assistência Social, Saúde.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo fazer um
mapeamento das áreas de atuação dos egressos do
curso de Psicologia das Faculdades Integradas
Pitágoras de Montes Claros, formados entre o
segundo semestre de 2007 e o primeiro semestre de
2009. O problema proposto foi saber onde estão
esses profissionais, no mercado de trabalho. A
hipótese levantada é que grande parte desses
egressos, hoje profissionais, estão atuando nas
Políticas Públicas de Saúde e Assistência Social.
O objetivo geral foi identificar a inserção dos
psicólogos egressos do curso de Psicologia das
FIPMoc no mercado de trabalho. Além disso, como
objetivo específico, procedeu-se a um diálogo entre as
disciplinas do primeiro período do curso de
Psicologia - Antropologia, Filosofia, Epistemologia e
História da Psicologia, Psicologia: Ciência e
Profissão - baseado em referenciais teóricos que
aduzem à identidade do psicólogo, compromisso
ético, inserção da psicologia e suas áreas de atuação.
A metodologia utilizada foi pesquisa
bibliográfica e pesquisa de campo com aplicação de
questionário estruturado na coleta de dados,
abordando aspectos qualitativos e quantitativos,
orientados pela disciplina Metodologia Científica. A
tabulação e análise dos dados levantados,
apresentados em diversos modelos de gráficos, para
uma melhor interpretação do leitor em relação às
informações, foi orientada pela disciplina Estatística
Descritiva.
REVISÃO DE LITERATURA
A Psicologia regulamentada como profissão
no Brasil no início da década de 60 era
predominantemente clínica, atendendo apenas uma
pequena parcela da população - afirma Yamamoto
35
Multitextos
(2003). A partir do compromisso social da Psicologia
com o sujeito, a atuação do psicólogo se amplia para
além do consultório. Há uma inserção desse
profissional em diversas áreas, incluindo uma
atuação nas políticas públicas. De acordo com
Gonçalves, “a Psicologia tem muito a dizer nesse
campo, não só porque as políticas são elaboradas
para atender as necessidades de indivíduos e grupos,
mas porque, para que sejam eficazes, devem contar
com a adesão dos envolvidos.” (2003, p.290)
Ainda para esse autor, as políticas públicas
“devem ser democráticas, garantir os direitos sociais
básicos, promover a cidadania, contar com a
participação dos sujeitos a quem se destinam. Assim
entendidas, envolvem as dimensões social e política,
afeitas ao campo do poder público, responsável por
sua implementação, e ao campo da participação
social.” (GONÇALVES, 2003, p.290) Yamamoto
acrescenta que “intervir como profissão no terreno do
“A identidade somente se torna uma questão quando
está em crise, quando algo que se supõe como fixo,
coerente e estável é deslocado pela experiência da
dúvida e da incerteza” (MERCER apud HALL,
1990, p. 43).
O conceito de identidade na sociologia é
multifacetado e pode ser abordado de inúmeras
formas:
bem-estar social, portanto, remete a Psicologia para a
Giddens (2005) observa que a identidade se
relaciona ao conjunto de entendimentos que as
pessoas sustentam sobre quem elas são e sobre o que
é expressivo para elas. Essas compreensões são
formadas em relação a certas qualidades que têm
prioridade sobre outras fontes de significação, as
quais incluem gênero, orientação sexual,
nacionalidade ou etnicidade e classe social.
Para Hall (1990), o sujeito pós-moderno, uma
vez conceptualizado como não tendo uma identidade
definida, efetiva ou constante, torna-a uma
“celebração móvel”, formada e transformada
continuamente em relação às formas pelas quais
somos representados ou interpretados nos sistemas
culturais que nos rodeiam, sendo, assim, demarcada
historicamente, e não biologicamente. O autor diz
que o homem é formado de diferentes identidades,
que se manifestam em diferentes ocasiões. Elas não
estão unidas no entorno de um “eu” coerente,
ação nas sequelas da questão social.” ( 2003,
p.44)
É necessário considerar a desigualdade
social para se pensarem as políticas públicas - lembra
Gonçalves (2003).
É necessário atenção às
necessidades das classes subalternas. Diz o autor: “o
quadro de exclusão social que é a tônica das nações
latino-americanas coloca em questão a possibilidade
e a necessidade de ação de profissionais do setor
bem-estar, no nosso caso, do psicólogo”. (2003, p.
50)
A crise de identidade e o papel do psicólogo
Segundo Hall (1990), o duplo deslocamento
e descentralização das pessoas tanto de seu ambiente
no mundo social e cultural quanto de si mesmas
constitui uma “crise de identidade” para o indivíduo.
36
Os cenários culturais em que nascemos
influenciam nosso comportamento, mas isso
não significa que os humanos são privados da
sua individualidade ou do seu livre-arbítrio.
O fato de que, do nascimento até a morte,
estejamos em interação com outros
certamente condiciona nossas
personalidades, os valores que sustentamos e
o comportamento em que nos engajamos.
Além disso, no decorrer da socialização, cada
um de nós desenvolve um sentimento de
identidade e a capacidade para o pensamento
e ações independentes. (GIDDENS, 2005,
p.43).
Multitextos
podendo, até, tornarem-se contraditórias,
empurrando o sujeito em direções contrárias, de tal
maneira, que suas identificações estão num contínuo
deslocamento. No entanto, se uma pessoa sente que
possui uma única identidade, em toda a sua vida, é
porque construiu uma confortável história de si
mesma.
Giddens (2005), por sua vez, argumenta que
há dois tipos de identidade frequentemente
mencionados pelos sociólogos: a identidade social e
a autoidentidade. Essas formas de identidade são
analiticamente distintas, mas são intimamente
relacionadas entre si.
Diante dessa crise da identidade - resultante
da modernidade -, Teles (1999) mostra o papel do
psicólogo frente à sociedade moderna, caracterizada
pela competição, pela busca constante do sucesso, e
indivíduos temerosos às grandes mudanças, muitos
deles levados a distúrbios psicológicos, uma vez que
a vida moderna perpetua essas tensões, ocasionando
a desorganização do sistema biopsíquico. “A
sociedade, assim, vai sendo minada aos poucos por
uma neurose coletiva, sendo difícil prever a que isso
poderá levar-nos.” (TELES, 1999, p. 61) Segundo a
autora, está havendo uma degradação da afetividade,
a perda da unidade, levando as pessoas a procurarem
os consultórios sem nenhuma doença real, mas, de
certa forma, “adoecidos”. Encontra-se, também, a
extrema alienação frente à realidade e o fanatismo
religioso e político transparecendo a morbidez das
pessoas, que buscam se sentirem vivas. Ademais, a
competitividade e o consumismo mortificam
intensamente o homem.
Assim, diante de tantas problemáticas, Teles
aponta a importante atuação do psicólogo, que é
ajudar o homem na conquista da almejada paz, e que,
além de ser um bom profissional, deve ser “uma
pessoa plena, a serviço não do Sistema, mas do
homem.” (1999, p. 64)
O compromisso ético do psicólogo
Frente ao questionamento do futuro da
Psicologia e seu compromisso ético com a
sociedade, Drawin (2003) deixa clara a
impossibilidade de a Psicologia ser uma ciência
unitária. Dado que sua história tem sido marcada
pelas diferenças e pelos antagonismos, “então não
podemos construir um discurso epistemológico que
se imponha sub specie aeternitatis, e não podemos
julgá-la, enquanto totalidade multiforme, em nome
de alguma idealidade científica.” (DRAWIN, 2003,
p. 56). Abandonando esse conceito, estar-se-á
eliminando o que propriamente caracteriza a
Psicologia em toda a sua história. Seu futuro, então,
é diversificado, e não deve ter apenas um olhar
questionador de seus princípios baseados na
“pluralidade e da interlocução crítica que ela exige.”
(DRAWIN, 2003, p. 57)
Portanto, trata-se de um futuro incerto que
pode conservar ou, até mesmo, desenvolver suas
contestações. O autor atribui essa incerteza por
caber à Psicologia um espaço “altamente complexo
dos saberes contemporâneos.” (2003, p. 57). A
complexidade, sendo oposta à previsibilidade, torna
a Psicologia pouco previsível.
Segundo Drawin, enquanto no passado é
possível fazer diversas explicações, no futuro, essas
explicações são “as nossas expectativas, nossas
'antecipações do devir'”. (2003, p. 59) As
interpretações que surgem pelo presente em relação
ao futuro não possuem dados. Trata-se de uma
projeção de como nos acomodamos presentemente.
Assim, para se ter uma visão do futuro, deve-se
excluir o caráter cíclico e fechado em relação ao
passado. O futuro passa a ser pensado como maneira
37
Multitextos
de julgar o presente.
Drawin (2003), mostra então, três modos
possíveis de refletir o futuro a partir do presente: o
primeiro modelo, abriga o conceito do “Futuro
como Progresso e Emancipação”, numa visão
otimista da racionalidade no meio social e político;
o segundo modelo, de “Futuro como Decadência e
Dominação”, pressupõe a racionalidade como um
papel frustrante na emancipação do homem e como
uma arma forte para a violência e a destruição; o
terceiro modelo seria uma mescla dos dois modelos
anteriores, em que o progresso é dominado pela
tecnologia onde, por um lado, existe a evolução, e
por outro, vive-se o caos, na ideia de um “futuro
como indiferença ou do futuro sem devir.”.
O autor aponta o ser humano caracterizado
por ser racional, e isso o diferencia dos outros
animais. A racionalidade deve abranger tudo o que é
fundamentalmente humano, como a linguagem.
Assim como a linguagem é racional, a narrativa
seria também uma maneira racionalizada. Por esse
motivo, a razão surgiu pelo mito, através do uso do
discurso racional, que possuía categoria dialética.
Na modernidade, a razão filosófica encontra
sua contraposição na ciência, que prometia ser a
única forma de racionalidade. Essa rigidez encontra
obstáculo nas ciências humanas, com resistência à
objetivação, além de apresentar fenômenos
humanos “difíceis de serem assimilados pela
objetividade científica, como a historicidade, a
linguisticidade e a subjetividade.” (DRAWIN,
2003, p. 67) Destarte, dever-se-iam aceitar essas
dimensões da complexidade do ser humano.
Explicita o autor que as dimensões do ser
humano se estranhariam através da racionalidade
fundamentada na ideia sujeito/objeto, no entanto
seria possível aproximá-la aos métodos alternativos
de racionalidade. Mas a tese sujeito/objeto tem
38
prevalecido sobre a teoria sujeito/sujeito –
considerada como não científica e, sim, política,
prevalecendo uma ciência rude e com preconceitos.
Assim sendo, Drawin afirma que é admissível
pensar em um futuro, não unido a um único tipo de
racionalidade, mas com vista a uma direção ética,
que acolha, “além de uma abordagem
epistemológica, o caráter pluridimensional do
fenômeno humano.” (2003, p.69)
A Psicologia vive uma crise epistemológica
e resiste à objetividade, uma vez que lida com a
subjetividade. Desse modo, deve ser considerada
como “um modelo que não pode ser absolutizado”,
afirma Drawin (2003, p.70). Isso visa mostrar que a
positividade na Psicologia é arriscada: “é preciso
preservar a pluralidade teórica no campo da
psicologia contra o ideal de uma ciência unitária e a
tentação de homogeneizá-la de acordo com algum
modelo epistemológico hegemônico.” (2003, p.71)
Deve ser entendida a riqueza que o âmbito acolhe, e
deve ter conhecimentos que não se encaixem com a
racionalidade científica.
Drawin mostra que a Psicologia deve
encontrar-se diante das doutrinas “suspeitas”, com
olhar crítico, já que ambos surgem do “mundo da
vida”, sendo que a Psicologia está direcionada a ela
estruturalmente. No entanto, a pluralidade na
Psicologia está marcada pela ética. A Psicologia,
portanto, possui compromisso ético com o sujeito. O
autor afirma que diante do “futuro como
indiferença”, na era da ciência e tecnologia, os
psicólogos devem exaltar a deficiência em sua
epistemologia. “Celebração ética que vislumbre, na
carência dos métodos, na incerteza das teorias e na
angústia do não saber, as pistas de um futuro que não
seja o da indiferença, mas o da realização do homo
humanus, da humanidade do homem.” (2003, p.72).
Em suma, para Drawin (2003) o futuro da
Multitextos
Psicologia já se faz na ação comprometedora e ética
com a população que está marcada pela exclusão
social, como: pobres, doentes, drogados, loucos,
criminosos, moradores de rua, aidéticos etc. E
assim, na sociedade dos “sem-futuro”, a Psicologia
constrói o seu futuro, sem a certeza da ciência ou a
colaboração do mercado.
O processo de autonomização da Psicologia no
Brasil
Segundo Antunes (1998), a partir do final
do século XIX, tanto o Brasil como a Psicologia
passaram por grandes mudanças. O país adotou o
padrão republicano, concomitante à efetivação do
crescimento de sua economia. Ademais, os ideais
de progresso e modernidade e a apreensão com a
“questão social” - adotadas do ideário liberal na
cultura e na política -, tiveram como palco o
desenvolvimento da urbanização, principalmente
na região sudeste. Houve desenvolvimento da
psicologia no plano teórico e prático, e as
mudanças, em ambos os casos, facilitaram um
relacionamento mútuo. As necessidades do Brasil,
no novo momento, trouxeram um avanço na
atuação da Psicologia. Os problemas do país no
século XIX agravaram-se, configurando um campo
proveitoso para a Psicologia, que, quanto mais
prosperava, mais tinha oportunidades para
cooperar rumo a uma solução, contribuindo, assim,
com a busca da modernidade na área da saúde,
educação e na organização do trabalho.
Os primeiros psicólogos brasileiros foram
“principalmente médicos, educadores, bacharéis
em direito e até engenheiros, sendo que muitos
deles acabaram por dedicar-se exclusivamente à
Psicologia .” (ANTUNES, 1998, p. 38)
O autor explicita que, durante o século XIX,
a Psicologia foi distinguindo-se da Psiquiatria nas
instituições psiquiátricas, conforme mostra a
construção de laboratórios de Psicologia dentro dos
institutos. O governo deixou nas mãos da Medicina
o cuidado com a higiene, a fim de minimizar as
doenças, campo fecundo para a Psiquiatria e a
Psicologia na higiene mental, que proporcionariam
pesquisas práticas relacionadas à Psicologia.
A Medicina Social propunha higienizar e
disciplinar a sociedade, e a exclusão do “louco”
como motivo de prevenção social da loucura
atendia a demanda de controle das massas. O
agravamento dos problemas urbanos poderiam
adiar a chegada do Brasil ao patamar de
industrializado, portanto priorizava-se a ordem
urbana. A Psiquiatria aparece como peça
fundamental nessa ordenação, através dos asilos e
manicômios, “devendo excluir do convívio social
aqueles que não se adaptassem às normas
estabelecidas, isto é, os “desordeiros”, estando
incluídos nessa categoria os indivíduos engajados
n o s m o v i m e n t o s s o c i a i s o rg a n i z a d o s . ”
(ANTUNES, 1998, p. 43) Segundo o autor, os
hospícios foram fundamentais para que a Psicologia
se desenvolvesse e atingisse sua autonomia, uma
vez que reuniria seu objeto de estudo. Além disso,
foram feitos laboratórios de estudos exclusivos da
Psicologia, em muitos hospícios.
Outro meio que contribuiu enormemente
com o crescimento de difusão do conhecimento
psicológico foi o aumento do número de teses, nas
universidades de Medicina, que tratavam de
questões psicológicas, a partir de 1890. Nessa
época, a Psicologia já era uma ciência autônoma.
Sendo ela considerada uma ciência (pelo menos em
tese), foi inevitável seu processo de autonomização.
Sua conquista firmou-se no desenvolvimento e na
adequação à nova realidade por que o Brasil
39
Multitextos
passava, além dos problemas sociais, na
transferência da tendência humanista clássica para a
nova - cientificista. Sua autonomia baseou-se na
demarcação de seu espaço próprio, no caso nos
laboratórios dentro dos manicômios.
A Psicologia encontrou base também na
Educação, que passava a ser uma preocupação
importante para a sociedade brasileira; e na
Psicologia no trabalho, com a apreensão do meio
produtivo, da “racionalização do trabalho” e da
“administração científica”.
Percebe-se, aqui, que a Psicologia não se
desenvolveu no interior de outra área do saber, mas
continuou como ciência autônoma, colaborando em
diversos campos do conhecimento. Nesse processo,
ganhou impulso para seu desenvolvimento e,
principalmente, para definir com clareza seu campo
de ação profissional.
ÁREAS DE ATUAÇÃO X MERCADO DE
TRABALHO
A Psicologia tem-se inserido em diversos
contextos, ampliando a cada dia sua área de atuação.
Isso se deve a diversos fatores, entre eles: o
compromisso social da Psicologia com o sujeito e
com a sociedade em geral; a evolução da Psicologia
como ciência, através do conhecimento específico;
o exercício político da Psicologia, que se posiciona
criticamente frente ao cenário social, na busca de
melhores condições de vida para o cidadão.
Para discutir a inserção dos egressos de
Psicologia no mercado de trabalho, foi levantada a
hipótese de que grande parte destes profissionais
estaria nas Políticas Públicas de Saúde e Assistência
Social. O resultado apresentado confirma apenas
que: dos 80 entrevistados, 36 estão atuando nesta
área. Assim, torna-se mister conhecer um pouco
40
sobre a Assistência Social e o papel do psicólogo
nesse contexto.
Políticas Públicas de Assistência Social
Por serem campos que lidam com um maior
contingente de pessoas e que traduzem melhor as
ideias de compromisso social, explicitadas durante
todo o presente artigo, daremos ênfase às áreas de
Políticas Públicas de Assistência Social.
Segundo Spink (2004), a Psicologia
apresenta um histórico inicial de atendimento às
classes mais desenvolvidas economicamente: o
psicólogo atuava como profissional liberal,
autônomo e não atuava no campo dos serviços de
saúde. Uma outra parte dos psicólogos estava
inserida em hospitais e ambulatórios de saúde
mental, submetida aos modelos da Psiquiatria, como
o foco no tratamento médico e internação.
Para se pensar a atuação do psicólogo na
saúde, é necessária ainda, uma reflexão mais madura
sobre o processo da doença e da saúde. Há uma interrelação entre o saber social, o saber popular e a
sociedade. (SPINK, 2004) O foco central dessa nova
área é a explicação do processo da doença e da saúde,
em que as inter-relações orientam as ações
individuais ou institucionais, para a prevenção das
doenças e permanência da saúde. A autora destaca
três aspectos importantes: a compreensão da doença
como fenômeno coletivo (...); a construção do saber
leigo ou modelos explicativos para se interpretarem
as doenças e se buscarem alternativas terapêuticas
(...); a interface entre o saber oficial
e a
representação da doença de acordo com a
época/grupo. (SPINK, 2004, p.39) É importante
perceber o deslocamento do foco individual para o
coletivo, o que permite compreender o processo
saúde/doença como método histórico e
Multitextos
multideterminado.
Nessa perspectiva de se considerar a saúde
como algo historicamente determinado, configurase uma importante área de atuação, não só para a
Psicologia, mas para a saúde e outras áreas do
conhecimento. Trata-se de uma área que se
fundamenta na possibilidade de diálogo entre esses
saberes, de forma a intervir nas questões sociais que
esbarram nos problemas de saúde, educação,
habitação, jurídicos etc. - a “Assistência Social”.
Uma área complexa, que demanda uma
interlocução entre as áreas do conhecimento, e que
lida, de um modo geral, com a população em
situação de vulnerabilidade social. Uma área que
necessita do conhecimento psi para a entender e
atender esse sujeito, e da flexibilidade do psicólogo
para uma atuação multiprofissional.
Segundo o Centro de Referência Técnica em
Psicologia e Políticas Públicas (2007), a Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS nasce com
a Constituição Federal de 1988. É o momento de
criação do Sistema Único de Assistência Social –
SUAS -, com a função de propagação do direito
universal de proteção social dos cidadãos. Nesse
sentido, a Assistência Social é uma política do
Estado e busca o bem-estar social. A Seguridade
Social se baseia em: Saúde, Previdência e
Assistência Social. O SUAS rompe com a ideia de
fragmentação das ações sociais e regula, em todo o
Brasil, a política pública da assistência social.
A atuação do psicólogo na assistência social
tem com objetivo “o fortalecimento dos usuários
com sujeitos de direitos e o fortalecimento das
políticas públicas”. (CREPOP1, 2007, p.22), que
são ações coletivas do Estado visando garantir os
direitos sociais, estendidos a toda a população,
pautados nos princípios da impessoalidade e
universalidade. A Psicologia, nessa área, busca um
1 CREPOP - Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas
compromisso com os usuários da assistência social. .
Nesse aspecto, ela contribui com a Assistência
Social, através da compreensão da subjetividade,
almejando a autonomia e a cidadania. Através da
Psicologia, é possível compreender os processos
psico-sociais e suas interações, relacionado-as ao
contexto social. Estando a categorização e
fornecendo possibilidades de ir desenvolvimento e
crescimento que privilegia a igualdade social.
Para que aconteça uma verdadeira mudança
na qualidade de vida das pessoas, deve-se intervir
nos contextos social e político, pois eles interferem
sobre os sujeitos, de acordo como CREPOP. As
políticas públicas devem ter o foco na humanização.
Os sujeitos têm desejos, vontades, sentimentos,
ideologias, valores próprios, modos de ser que
interferem e interagem com o mundo. Compreender
o lugar do sujeito/cidadão e suas influências nas
relações sociais proporciona a atuação profissional
no sentido de transformar as desigualdades sociais.
Dar valor à experiência subjetiva do sujeito/cidadão
contribui para o reconhecimento de sua identidade,
operando em “espaços” do campo simbólico,
afetivo-emocional, da interpretação dialógica, com o
intuito de fortalecer o pessoal e, assim, desenvolver
as condições de inserção social.
Essa transformação exige a ressignificação
das práticas e conceitos, o que justifica o apoio
psicológico para o desenvolvimento dos sujeitos e
transformação do meio social em que vivem.
Assim, a proposta das políticas públicas de
Assistência Social prevê a inserção do psicólogo
nessa área, através dos CRAS – Centro de
Referência em Assistência Social. Os psicólogos nos
CRAS buscam empreender ações correlatas,
estabelecer vínculos sócio-afetivos, promover a
independência e autonomia dos sujeitos, oferecer
serviços de qualidade, diminuir o sofrimento;
41
Multitextos
empenham-se, ainda, na defesa do processo
democrático, na promoção da emancipação social, de
respeito mútuo, do respeito a si próprio, do
reconhecimento do outro - fatores importantes para a
construção da relação entre o psicólogo e o usuário. É
importante ao psicólogo compreender a necessidade
do usuário em seus “aspectos históricos, sociais,
pessoais e contextuais, para se realizar na
intervenção psicológica mais efetiva e resolutiva”.
(CREPOP, 2007, p.23)
Dos 80 profissionais, 71 estão inseridos no
mercado de trabalho, o equivalente a 89% dos
entrevistados, sendo que apenas 11% não estão
atuando (GRAF. 02). Trata-se de uma informação
muito significativa, indicando a grande necessidade
de psicólogos em nossa região, além de indicar como
o mercado se apresenta favorável a esses
profissionais.
11%
DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Trabalham
O questionário estruturado para a coleta de
dados acerca da inserção dos egressos do curso de
Psicologia das FIPMoc no mercado de trabalho foi
aplicado a 80 dos 137 psicólogos formados entre
dezembro de 2007 e julho de 2009. As entrevistas
foram feitas por telefone, via e-mail, ou
pessoalmente. O questionário constou das seguintes
questões: 1) Em qual semestre você se formou? 2) No
momento está trabalhando? 3) Há quanto tempo está
atuando como psicólogo? 4) Em que área da
Psicologia está inserido?
Como vemos no GRAF. 01, a maior parte dos
entrevistados se formou no segundo semestre de
2008, totalizando 36% formandos entrevistados:
Não trabalham
GRÁFICO 01: Semestre em que se formaram os
egressos do curso de Psicologia das FIPMoc
entrevistados - 2009
42
5
4
0
Esporte
1º semestre
de 2009
4
Trânsito
2º semestre
de 2008
6
Educacional
1º semestre
de 2008
11
Orgnaizacional
2º semestre
de 2007
23
Hospitalar
17
36
Clínica
Particular
26
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Políticas Públicas
de Ass. Social
29
26
GRÁFICO 02: Egressos do curso de Psicologia das
FIPMoc no mercado de trabalho – 2009
Em relação à área de atuação desses
profissionais, constata-se que realmente há
predominância de profissionais nas Políticas Públicas
de Assistência Social. Entretanto, apesar de
apresentar um número significativo, as Políticas
Públicas de Saúde não se sobressaíram, ficando atrás
da área clínica, que ainda é muito procurada pelos
profissionais em Psicologia.
Políticas Públicas
de Saúde
35
30
25
20
15
10
5
0
89%
GRÁFICO 03: Áreas de atuação dos Egressos do
curso de Psicologia das FIPMoc - 2009
Multitextos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Políticas Públicas apresentam-se como
um campo fértil para a atuação do psicólogo. Temse, assim, uma área do mercado de trabalho carente
de uma mão de obra especializada, que tenha um
olhar múltiplo, que valorize e favoreça a
subjetividade. O Psicólogo tem um papel muito
importante nessa área, o que se confirma no
resultado da pesquisa.
Ao se propor mapear os egressos do curso de
Psicologia das FIPMoc, foi necessário pensar a
profissão, a atuação e o papel ético pertinente a esse
profissional, possibilitando, assim, uma análise do
resultado.
Há toda uma demanda que assegura esse
espaço. As questões da pós-modernidade
confrontam os sujeitos de tal forma, que esls se
sentem perdidos, indefesos. Assim, a Psicologia
ganhou espaço e autonomia nas áreas da saúde,
educação, trabalho, entre outras. Esse processo de
autonomização favoreceu a atribuição de um novo
perfil ao profissional da Psicologia, permitindo,
ainda, sua inserção nas políticas públicas, com base
nos pressupostos da Antropologia, ciência das
diferenças que busca compreender o homem em sua
alteridade e subjetividade, considerando sua
identidade, os aspectos culturais, sociais e políticos.
Para além disso, a Filosofia alicerça o
comprometimento ético do profissional com o
usuário e a sociedade como um todo, e não apenas
com a elite.
Um número significativo dos egressos está
trabalhando, e alguns, em mais de um campo de
atuação. Quanto às hipóteses levantadas, confirma
uma grande inserção desses profissionais na área da
Assistência Social, o que se deve possivelmente ao
fato de ser uma área emergente, que demanda um
profissional voltado às questões sociais e problemas
da região. Pensando, portanto, a partir da realidade da
nossa região, onde a desigualdade social se revela no
cotidiano através de uma grande população que vive
em vulnerabilidade social, entende-se o porquê da
grande inserção na área da Assistência Social,
conforme análise dos dados.
Esse resultado constata uma demanda
profissional, com certeza, mas confirma também a
credibilidade da instituição de ensino e o
reconhecimento do mercado de trabalho pela
competência profissional de seus egressos.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, M.A.M. A psicologia no Brasil: leitura
histórica sobre sua constituição. São Paulo: Educ,
1998.
CENTRO DE REFERÊNCIAS TECNICA EM
PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
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do(a) psicólogo(a) no CRAS/SUAS/Conselho
Federal de Psicologia (CFP). Brasília, CFP. 2007.
(re-impressão 2008)
DRAWIN, Carlos Roberto. O futuro da Psicologia:
compromisso ético no pluralismo teórico. In BOCK,
Ana M. Bahia (org.). Psicologia e o Compromisso
Social. São Paulo: Cortez, 2003, p. 55 – 72.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre:
Artmed, 2005.
GONÇALVES, Maria da Graça Marchina. “A
contribuição da Psicologia Sócio-histórica para a
elaboração de políticas públicas”. In: BOCK, Ana M.
Bahia (org.). Psicologia e o Compromisso Social.
São Paulo: Cortez, 2003. Cap. 15. p. 277-293.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pósmodernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva,
Guaracira Lopes Louro. 8 ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2003, p 97.
43
Multitextos
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL –
SUAS. Norma Operacional Básica de Recursos
Humanos do SUAS – NOB-RH/SUAS. Brasília.
2006.
SPINK. Mary Jane P. Psicologia Social e Saúde:
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TELES, Maria Luiza S. O que é psicologia. 10 ed.
São Paulo: Brasiliense, 1999.
YAMAMOTO, Oswaldo H.. “Questão social e
políticas públicas: revendo o compromisso da
Psicologia”. In: BOCK, Ana M. Bahia (org.).
Psicologia e o Compromisso Social. São Paulo:
Cortez, 2003. Cap. 3, p. 37-51.
44
Multitextos
A Relação Fisioterapeuta-paciente e os
Desafios da Terapia: Atitude que se
Constrói
Camila Heleno*; Adriana Caldeira**; Valdicéia Pereira Rocha***; Viviane Dias Nogueira***; Fernanda Cristina Souza***; Cemylla Lopes
Malveira***.
*Psicóloga, docente das FIPMoc; **Fisioterapeuta, docente das FIPMoc ***Acadêmicos de Fisioterapia das FIPMoc
RESUMO
A relação fisioterapeuta e paciente é de extrema
importância para implementação e sucesso do
tratamento. Assim, precisa ser compreendida,
cuidada e construída de forma adequada. Muitas são
as facilidades e dificuldades nesse processo. Assim,
esta pesquisa visa conhecer os fatores internos
(próprios da relação fisioterapeuta e paciente) e os
fatores externos que facilitam ou dificultam essa
relação. Esta é uma pesquisa descritiva que se
configura em um levantamento resultante de uma
entrevista semiestruturada repondida por seis
fisioterapeutas, de clínicas credenciadas ao SUS em
Montes Claros. Os dados foram analisados no
programa Microsoft Excel e transformados em
gráficos que evidenciam uma diversidade de
facilidades e dificuldades. As facilidades relacionadas a fatores internos - mais importantes
foram cooperação, confiança e satisfação do
paciente. Quanto aos fatores externos, observamos
dificuldades relativas à logística das clínicas.
Assim, concluímos, mesmo com uma amostra
reduzida, que profissionais bem capacitados e
atentos à relação com o paciente propiciam uma
melhor relação de confiança e cooperação,
permitindo que o trabalho com o paciente seja mais
bem desenvolvido.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos acadêmicos do 6° período de
Fisioterapia do segundo semestre de 2009, que
contribuíram, de alguma forma, para a realização
deste trabalho.
INTRODUÇÃO
Pesquisas sobre a relação fisioterapeuta e
paciente são escassas na literatura; provavelmente
por que a fisioterapia é uma área da saúde que teve
crescimento e reconhecimento apenas no século
passado (BIFULCO, 2006).
Na relação fisioterapeuta-paciente, é comum
encontrarmos dificuldades nas múltiplas vivências
que norteiam essa relação. De fato, há uma enorme
complexidade nessa ligação, o que naturalmente
torna um desafio para o profissional manter uma
conexão entre terapeuta-paciente, enquanto o
verdadeiro agente transformador - o relacionamento
terapêutico – germina (CANTO E SIMÃO, 2009).
Essa relação precisa ser priorizada para a
obtenção de um resultado satisfatório do processo
terapêutico. Todos sofrem com as consequências
dessa degradação, principalmente a eficácia da
terapia. É prioridade que o paciente acredite e confie
no fisioterapeuta, caso contrário a chance de
insucesso será grande. (DE LA BARRA, 2006)
Terapeutas e pacientes muitas vezes não
concordam em suas conclusões sobre os aspectos
úteis da terapia. Devido a sua própria formação, o
fisioterapeuta oferece, muitas vezes, a seus pacientes
um tratamento padronizado e uniforme. No entanto,
45
Multitextos
esse mesmo ato de padronização torna a terapia
menos real e menos eficiente . (YALON, 2006)
Há uma perda de humanidade por parte do
profissional causada por fatores como o tecnicismo
e formação pouco direcionada para os aspectos
humanos. Infelizmente, também o condicionamento
a nossa cultura reflete-se diretamente na relação
fisioterapeuta e paciente. (BIFULCO, 2006)
Para o fisioterapeuta é extremamente difícil
lidar e acompanhar esses conflitos, mas aqueles que
transmitem ao paciente a ideia de construírem juntos
uma relação geralmente alcançam resultados
positivos. Uma investigação dos pequenos detalhes
da vida do paciente não apenas leva a um material
rico, como também oferece um bom início ao
processo de criar laços. (YALON, 2006)
Nas conversas desenvolvidas durante as
sessões, o fisioterapeuta tem de ser capaz de ser
claro em suas argumentações, indicar seus objetivos
e habilidades (SIMÃO e CANTO, 2009). Uma das
principais reclamações dos pacientes é a inabilidade
dos profissionais em comunicar-se com ele; pouco
tempo é dedicado em ouvi-lo. Na maioria dos casos,
o diagnóstico e o tratamento da doença e suas
consequências dependem da qualidade dessa
relação; a falha do profissional em estabelecer essa
conexão pode contribuir para o fracasso no
atendimento ao paciente. (BIFULCO, 2006)
De acordo com Davis (2007), no encontro
inicial, o interesse, a autenticidade, a aceitação e a
consideração positiva são fundamentais para que
seja estabelecida uma relação de cura. Quando o
paciente é submetido à entrevista, espera ser ouvido
com atenção, uma vez que ele enxerga o profissional
em questão como fonte da cura (DAVIS, 2007).
Saber ouvir é uma atitude de respeito com o outro,
para que se estabeleça uma comunicação que
permita construir uma relação recíproca. Temos de
46
ter uma ação voltada para o outro, pois atuamos sobre
o corpo do outro e, assim, focar em uma perspectiva
humanizadora. (SIMÃO e CANTO, 2009)
Yalom (2006), em seu livro Os Desafios da
Terapia, ressalta: “a terapia será mais eficaz se o
terapeuta entrar com precisão no mundo do paciente.
Os pacientes lucram muito pela simples experiência
de serem vistos em toda a sua plenitude e de serem
compreendidos inteiramente”. (p.34)
O processo de comunicação terapeuta-paciente
pode ser afetado por vários fatores ou variáveis, que
permitem trazer tanto benefícios como prejuízos para
a compreensão das mensagens, podendo, daí,
surgirem fatos que impeçam a evolução adequada do
processo. As principais variáveis são o profissional e
o paciente, a linguagem usada, o ambiente ou
contexto, a disponibilidade de ambos e a
oportunidade profissional. (CAMPOS, 2007)
Campos (2007) afirma que é importante que o
profissional faça uso consciente de sua competência
em comunicação, pois tudo o que ele é, diz ou faz
pode afetar o comportamento do paciente. O
linguajar utilizado tanto pelo profissional quanto pelo
paciente deve ter um significado comum, a fim de que
a mensagem seja apreendida e compreendida por
ambos. O profissional deve usar um vocabulário
condizente com a origem, escolaridade, cultura e
crenças do paciente, valendo-se do máximo de
clareza possível ao empregar as palavras. O ambiente
envolve não só o espaço físico utilizado pelas
pessoas, como também as pessoas que interagem
nele, sua cultura, mobilização, iluminação,
arejamento, temperatura, ruídos, condições de tempo
e espaço. A disponibilidade pessoal do profissional é
necessária e deve existir para ser utilizada quando o
paciente assim precisar. O senso de oportunidade diz
respeito à sensibilidade do profissional em perceber
se o momento é oportuno ou para dar orientação ao
Multitextos
paciente
Entretanto, o silêncio, muitas vezes, também
pode ser utilizado de forma terapêutica, como
estratégia para estimular a expressão verbal de
ideias e sentimentos do paciente, porém não se
preconiza a permanência de duas pessoas em
mutismo. O profissional tem de ter discernimento
para saber quando falar e quando permanecer em
silêncio. (CAMPOS, 2007)
Portanto, reabilitar vai além da aplicação
correta de uma técnica. Reabilitar é nunca mentir, é
dizer sempre a verdade, pois uma relação sincera
com o paciente resulta em sucesso, uma vez que, se o
paciente confia no terapeuta, a relação estabelecida
entre eles é inabalável (DE LA BARRA, 2006). E,
também, devemo-nos lembrar sempre de que cada
ser humano é único e, ao se beneficiar da assistência
à saúde, ele tem de ser considerado como tal, o que
requer uma assistência personalizada e humanizada.
(CAMPOS, 2007)
Cabe ao profissional atentar para os fatores
internos (que se referem à relação fisioterapeutapaciente) para cuidar e promover um atendimento de
qualidade e adequado ao paciente propiciando, o
melhor tratamento possível em todas as esferas. O
objetivo deste trabalho foi conhecer os fatores
internos, que os profissionais fisioterapeutas das
clínicas credenciadas ao SUS, em Montes Claros,
identificam como facilitadores e inibidores no
tratamento. Com o intuito de focar nos fatores
internos foram também levantados os fatores
externos que facilitam ou dificultam o tratamento
para diferenciação.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa transversal e
descritiva, e constitui-se em um levantamento
quanto aos procedimentos utilizados. A pesquisa foi
desenvolvida em seis clínicas de fisioterapia
credenciadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) de
Montes Claros/ MG.
A amostra foi constituída por seis
fisioterapeutas, que prestam atendimento à
população e que se prontificaram a participar do
presente estudo.
Para a coleta de dados, foi utilizado um
formulário contendo questões abertas com dados
relativos aos fatores internos e externos que
poderiam afetar negativamente ou de forma positiva
a relação entre fisioterapeuta e paciente, mediante
entrevista direta, realizada pelos pesquisadores
durante o atendimento normal nas seis clínicas, no
período entre setembro e outubro de 2009. O
questionário foi preenchido antes ou depois do
atendimento, sem comprometer o funcionamento
dos serviços. Para análise dos dados e confecção dos
gráficos, foi utilizado o programa Microsoft Excel.
Quanto aos cuidados éticos cabíveis, a todos os
profissionais que concordaram em participar do
estudo foi solicitada a assinatura no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Determinar os fatores que podem interferir de
maneira negativa ou positiva ao longo do tratamento
não é uma tarefa simples. Ao entrar em contato com
as diferenças, terapeuta e paciente são confrontados
a criarem uma empatia mínima, para que haja uma
convivência adequada entre as partes envolvidas.
Através da pesquisa realizada, podem-se
conhecer os principais fatores que acometem o
tratamento. Quando analisados os fatores internos e
que poderiam afetar negativamente o tratamento,
temos os seguintes resultados: dos seis
fisioterapeutas entrevistados, um profissional
47
Multitextos
evidenciou as questões relativas à desconfiança por
parte do paciente, dois não responderam a essa
pergunta, outro relatou a presença de pacientes
depressivos, um se referiu à intervenção familiar,
outro comentou sobre a fibromialgia e um disse não
haver qualquer fator que atue comprometendo essa
relação. Esses resultados corroboram estudos
recentes, que apontam, principalmente, uma grande
dificuldade em estabelecer uma confiança com o
paciente. Isso se deve, em muitos casos, às
experiências vividas por cada um, em que o
profissional se apresenta de uma forma pouco
convincente para o paciente (CANTO E SIMÃO,
2009). Assim, a comunicação é fundamental para
aproximar terapeuta e paciente, caracterizando uma
fonte rica que oferece um bom início ao processo de
criar laços. (YALON, 2006)
Fatores internos (próprios da relação
profissional-paciente) que mais interferem
negativamente no tratamento
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1
2
3
4
5
6
1. Não tem
2. Paciente com depressão
3. Fibromialgia
4. Intervenção familiar
5. Desconfiança
6. Não respondeu e não se aplica
Muitas vezes o paciente encontra-se imerso
numa situação que o oprime, em que o desejo de
continuar igual ao que era se potencializa. Canto e
Simão (2009) colocam que, em situações como
essa, o paciente não se encontra focado no presente
48
e assim, desvia a atenção e a própria dedicação que o
tratamento requer, comprometendo a relação e
também a intervenção.
O achado relacionado com a fibromialgia
implica questões desafiadoras para o paciente e o
fisioterapeuta, de maneira que esse resultado pode
oferecer íntima relação com a depressão - fato que
não passou despercebido pelo entrevistado,
podendo, assim, haver uma associação entre essa
síndrome e o referido sintoma. Santos et al (2006)
acrescentam: “a depressão é um sintoma importante,
sendo apontada como um dos sintomas mais
frequentes em pacientes fibromiálgicos” (p.318). Os
estudos apontam que a fibromialgia causa um
impacto negativo na qualidade de vida de pacientes
em idade produtiva, devido aos distúrbios
decorrentes dessa condição. A comunicação pode,
mais uma vez, ser considerada como um facilitador
nessa relação, em que se dá o encontro dialógico
entre interlocutores que buscam um entendimento
recíproco sem imposição de um sobre o outro. Para
isso, é fundamental que o terapeuta busque, através
da fala do paciente, algo que seja mediador e que
possa ser entendido e co-participado empaticamente
por ambos. (FILHO, 2003)
De maneira geral, o contato de familiares com
o tratamento do paciente é visto como um fator
positivo pelos terapeutas, entretanto na pesquisa ele
foi colocado como um fator negativo. Esse achado é
diferenciado e importante; assim, uma investigação
mais detalhada seria fundamental para nos
aprofundarmos em um embasamento mais
consistente e confiável desse relacionamento mais
amplo e, por que não, mais complexo? Sem as
intervenções familiares, fica mais difícil a
conscientização do paciente com relação à terapia e
suas limitações.
Por outro lado, o fato de um profissional relatar
Multitextos
não haver nenhum conflito durante o tratamento nos
remete a uma reflexão a respeito dessa relação.
Acreditamos que a existência de perspectivas
diferentes seja construtora de um processo que
estará sempre em desenvolvimento. Durante todo o
processo da intervenção, tanto fisioterapeuta quanto
paciente são exigidos de formas diferentes na
construção de uma relação satisfatória. Canto e
Simão (2009) acrescentam: “essa construção é um
processo interativo que evidencia a assimetria
inerente às relações sociais em geral" (p.308). Dessa
forma, é compreensível que o profissional sinta um
desconforto e até mesmo insegurança na elaboração
desse equilíbrio.
Fatores internos (próprios da relação
profissional-paciente) que mais facilitam o
tratamento
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1
2
3
4
5
1. Falta de informação
2. Paciente cooperativo
3. Satisfação
4. Confiança
5. Não se aplica
Uma vez analisados os fatores internos
negativos, a investigação dos fatores internos
positivos apresenta-se de forma mais clara. Assim,
ficou bem demonstrado que, para os fisioterapeutas,
a cooperação é sempre o principal facilitador na
relação terapeuta-paciente. Martins (1997), em seu
estudo sobre a relação terapeuta-paciente,
argumenta que: “a qualidade de um serviço
assistencial está diretamente associada à qualidade
da relação interpessoal que ocorre entre os pacientes
e os profissionais encarregados da assistência”
(p.32). Os outros resultados correspondem a um fator
interno relacionado à confiança, satisfação; e outro,
com a falta de informação. O estabelecimento do
vínculo profissional-paciente pressupõe a
aproximação de ambos. E aqueles que conseguem
acompanhar, de maneira mais humanizada, os
detalhes da vida do paciente geralmente alcançam
resultados positivos. (YALON, 2006)
Dessa maneira, esses resultados podem apontar
para uma relação de aproximação a respeito do
sucesso dessa convivência, ou seja, pacientes que se
encontram confiantes com o tratamento com certeza
são mais cooperativos e, assim, a satisfação é o
resultado desses fatores. Bifulco (2006) aponta com
propriedade e clareza a importância dessas questões.
Ele diz: uma relação baseada na confiança mútua
propicia que o paciente participe ativamente do
tratamento realizado e, assim, cada uma das partes
assuma responsabilidades, a fim de restabelecer a
saúde com uma visão completa do ser humano,
baseada no bem-estar, autonomia, independência
funcional, emocional, satisfação com a vida, e não só
com o foco na doença.
O achado relativo à falta de informação
caracterizando um fator positivo no tratamento não
foi abordado na pesquisa bibliográfica. Apesar da
informação acerca de o tratamento constituir
condição básica para a adesão do mesmo, não se tem
dado a devida importância a isso. Assim, diversos
estudos vêm alertando para melhorar os aspectos
educacionais relacionados com o paciente e a
conduta que lhe é destinada.
Um entrevistado relatou, ainda, não se aplicar
qualquer um desses fatores como aspectos positivos
vivenciados em sua prática clínica.
49
Multitextos
relacionados aos pacientes do SUS, evidenciando
Fatores externos (p. ex., família, dinheiro,
transporte ou outros) que mais interferem
negativamente no tratamento
um planejamento que carece de melhorias no
acolhimento e encaminhamento desses pacientes.
Reconhece-se, porém, que se trata de um problema
complexo, que envolve questões políticas e
administrativas que não foram o foco da pesquisa
5
apresentada.
4
Merece atenção também a falta de exames
3
complementares no processo do tratamento. A
2
investigação de fatores que podem estar
1
relacionados com a disfunção do paciente é
0
extremamente importante e, assim, esses exames são
1
2
3
4
5
1. Transporte
2. Situação sócio-econômica
3. Saúde
4. Falta de acompanhante
5. Falta de exames complementares
considerados fundamentais no fechamento do
diagnóstico e na fundamentação do tratamento.
Um dos maiores desafios da saúde pública
atualmente é o envelhecimento da população com
qualidade de vida. As condições de saúde
Na busca por fatores externos que interferem de
satisfatórias para manter-se funcional é a grande
maneira negativa no tratamento, obtivemos alguns
questão a ser considerada. De fato, estudos apontam
resultados já esperados, como: questões relativas ao
um grande índice de co-morbidades que afetam a
transporte, fatores econômicos, falta de
população em geral e, assim, qualquer intervenção
acompanhantes e de exames complementares e a
em termos de tratamento pode ser comprometida.
presença de uma saúde vista como um todo
(LIMA-COSTA E VERAS, 2003)
comprometido pelo paciente. Aqui, um mesmo
entrevistado respondeu a mais de uma opção.
Entendemos ser especialmente importante a
presença de acompanhantes pelo paciente, não só no
Desses resultados, o transporte e a situação
primeiro encontro, mas também ao longo de todo o
sócio-econômica foram citados como sendo os
tratamento. Apesar de esse resultado não ter sido um
principais fatores externos que interferem no
consenso entre os profissionais, depreende-se que,
tratamento. Esses achados podem ser decorrentes do
em várias situações, a presença de um familiar se
processo de encaminhamento à clínica, uma vez que
soma ao tratamento, por transferir ao paciente apoio
a maior parte dos pacientes dessas clínicas é do SUS.
emocional, confiança e cuidados. Sua presença deve
Assim, mesmo tendo uma clínica de fisioterapia no
ser vista como um aliado do fisioterapeuta e,
bairro, muitas vezes o paciente é direcionado para
principalmente, como companheiro do paciente.
outra, o que exige um meio de transporte. Essa
(LAUTERT et al; 1998)
situação, com certeza, afeta suas condições
econômicas e, consequentemente, o tratamento. Esta
pesquisa permitiu conhecer alguns aspectos
50
Multitextos
Fatores externos (família, dinheiro, transporte
ou outros) que mais facilitam o tratamento
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1
2
3
4
5
1. Família
2. Transporte
3. Situação sócio-econômica
4. Localização da clínica
5. Informação
No que se refere aos fatores externos que
facilitam o tratamento, os resultados apresentados
apontam para uma relação de discernir o que
compromete daquilo que facilita. Fatores antes
citados como negativos aqui aparecem como
facilitadores. Essa diferente dimensão vai depender
da vivência e do relacionamento fisioterapeutapaciente. Dessa maneira, a família foi considerada
como importante aliada ao tratamento, visto que sua
ação é alicerçada no respeito e amor com o paciente.
Diferente do que foi exposto anteriormente, o
transporte e as condições sócio-econômicas não
foram vistas como um fator negativo para o
tratamento, demonstrando que realmente existem
diferenças no poder aquisitivo e econômico da
população. Um dos entrevistados citou a informação
como um fator positivo no tratamento. Esse
resultado encontra-se de acordo com os estudos mais
recentes, segundo os quais, através da informação, o
sentimento de isolamento do paciente diminui e,
assim, ele passa a colaborar para uma cooperação
mútua na relação terapeuta-paciente.
No que se refere à localização da clínica,
dois profissionais relataram ser essa uma facilidade
para os pacientes e, consequentemente, na adesão
do tratamento. Naturalmente, um local de fácil
acesso facilita a vida dos pacientes que, em muitos
casos, requerem um cuidado maior.
Na tentativa de estabelecer um vínculo na
relação profissional-paciente, o estudo abordou
alguns dos fatores internos e externos que podem
interferir de maneira positiva e ou/ negativa ao longo
do tratamento. Vale ressaltar que a pesquisa foi
realizada com um grupo pequeno de profissionais,
mas que, ainda assim, permite uma reflexão da
relação fisioterapeuta-paciente no tratamento de
condições diversas.
Assim, concluímos que, nesse processo de
construção, é fundamental que o profissional se
mantenha disposto em relacionar-se de forma mais
personalizada, menos objetada e mais humanizada,
características do profissional aberto para a
exploração dos relacionamentos humanos e menos
defendido pelos conhecimentos científicos.
(BAZON et al, 2004)
REFERÊNCIAS:
BAZON, Fernanda Vilhena Mafra, CAMPANELLI,
Eloísa Amicucci e BLASCOVI-ASSIS, Silvana
Maria. A importância da humanização profissional no
diagnóstico das deficiências. Psicologia teor. prat.,
dez. 2004, v.6, n.2, p.89-99.
BIFULCO, Ana Maria da Silva. Envelhecimento e
fisioterapia: um novo olhar sobre a relação com o
paciente idoso. Pontifica universidade católica de
São Paulo. São Paulo 2006.
CAMPOS, Beatriz Calil Padis. Ensino de
Massoterapia: habilidades envolvidas na relação
fisioterapia-paciente. São Paulo, 2007.
CANTO, Clóris Regina Elias de Moraes; SIMÃO,
Lívia Mathias. Relação Fisioterapeuta-Paciente e a
Integração Corpo-Mente: um estudo de caso.
51
Multitextos
Revista Psicologia Ciência e Profissão, 29(2),
p.306-317, 2009.
DAVIS, Carol M. Fisioterapia: Interação
profissional-paciente. Rio de Janeiro: Ed:
Guanabara Koogan, 2007.
DE LA BARRA, Luana Yheia. O Fisioterapeuta, o
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Universidade Metodista de São Paulo, 2006.
FILHO, Nilson Gomes Vieira. O processo Dialógico
na Atenção Terapêutica Psicossocial: Contribuições
de Paulo Freire. Anais do III Colóquio
Internacional Paulo Freire, 2003.
YALON, Irvin D. Os desafios da Terapia:
reflexões para pacientes e terapeutas. 1.ed. Rio de
Janeiro: Ed. Ediouro Publicações, 2006.
LAUTERT, Liana; ECHER, Isabel Cristina;
UNICOVSKY, Margarita Ana Rubim. O
Acompanhante do Paciente Adulto Hospitalizado.
Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre,
v.19, n.2, p.118-131, 1998.
LIMA-COSTA, Maria Fernanda; VERAS, Renato.
Saúde Pública e Envelhecimento. Cadernos de
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n.3, 2003.
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Relação Profissional-Paciente: subsídios para
profissionais da saúde. Psychiatry On Line Brasil,
2(3), 1997.
SANTOS, A.M.B.; ASSUMPÇÃO, A.;
MATSUTANI, L.A.; PEREIRA, C.A.B.; LAGE,
L.V.; MARQUES, A.P. Depressão e Qualidade de
Vida em Pacientes com Fibromialgia. Revista
Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v.10, n.3,
jul/set, 2006.
52
Multitextos
Um elo indissociável: A biblioteca e a Vida
Acadêmica
ROCHA, Josiane Santos Brant* ; CALEIRO, Regina Célia Lima*; SARAIVA, Glayce Moura**; VALVERDE, Ingridh Queiroz**; BATISTA,
Júnia Mendes Guimarães** DOMINGUES, Jussara Pereira**
* Docentes das FIPMoc ** Acadêmicas do curso de Publicidade e Propaganda das FIPMoc
RESUMO
A biblioteca é o ambiente que proporciona
aprendizado e pressupõe reflexão; possui uma
forma de apreensão crítica, objetiva e profunda.
Essas informações adquiridas servem de base para a
construção do conhecimento científico, que
transcende o senso comum, permitindo, assim,
aumentar os horizontes culturais possibilitando a
prática desse aprendizado durante a vida
profissional do acadêmico.
Diante desses
pressupostos, o objetivo deste estudo foi analisar a
avaliação dos acadêmicos acerca dos produtos e
serviços oferecidos na Biblioteca das FIPMoc.
Realizou-se um estudo quantitativo, descritivo,
pesquisa de opinião (survey) (GIL, 2008). A
amostra do estudo foi composta por 1438
acadêmicos matriculados nas Faculdades Pitágoras
no 2º semestre de 2009. Para o levantamento dos
dados, foi utilizado um questionário com propostas
fechadas, aplicado no período de setembro a outubro
do corrente ano. A avaliação permitiu identificar
pontos fortes e pontos fracos nos produtos e serviços
oferecidos pela biblioteca das FIPMoc,
possibilitando a definição de estratégias que
culminaram com a produção de campanha jingles,
spots para serem veiculados na Rádio Fip e folders a
serem distribuídos no espaço FIPMoc, motivando o
frequente uso da biblioteca das Faculdades
Pitágoras.
PALAVRAS-CHAVE: Biblioteca; Acadêmicos;
Avaliação de qualidade.
INTRODUÇÃO
A biblioteca é uma agência social, criada para
atender às necessidades da instituição à qual serve.
Como tal, é um instrumento moldado e condicionado
pela estrutura social, de acordo com os padrões e
valores culturais que regem as instituições dessa
estrutura. Por outro lado, é o repositório, um meio de
difusão das experiências culturais desenvolvidas nos
níveis adaptativo, associativo e ideológico, que
determinam valores. (SILVA,1990)
Também é vista como um lugar de silêncio, um
espaço de pesquisa e uma possibilidade para novas
descobertas e conexões.
Sabendo que a busca pelo saber, pelo novo
motiva cada vez mais o ser humano em seus anseios
por conhecimentos, a biblioteca pode ser mais um
instrumento que o auxilia em suas conquistas,
promovendo uma abordagem mais humana e
socializadora.Nela encontramos espaço para a
convivência, diálogo e para a criação de impossíveis
mundos, além do senso comum, segundo Oliveira
(2003).
Assim, o tema proposto neste semestre para o 5º
período de Publicidade e Propaganda das Faculdades
Integradas Pitágoras visa analisar a avaliação dos
acadêmicos acerca dos produtos e serviços oferecidos
53
Multitextos
na Biblioteca das FIPMoc e qual a influência que ela
exerce em suas vidas, refletindo o posicionamento
do acadêmico diante de si e da sociedade na qual está
inserido.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho trata de uma pesquisa
quantitativa e descritiva, do tipo pesquisa de
opinião (survey). Esse tipo de pesquisa permite a
obtenção de informações através de autorrelatos. Os
dados assim coletados podem referir-se a ações,
conhecimentos, opiniões, atitudes e valores dos
participantes. (Gil,2008) O levantamento de dados
ocorreu no período de setembro a outubro de 2009.
A amostragem foi feita de forma aleatória ,o
tamanho da amostra calculado foi de 1438
acadêmicos, correspondendo a
38,3% dos
acadêmicos matriculados no 2º semestre de 2009,
apresentando uma margem de erro de 2% na
estimativa, e nível de confiança de 95%. Para o
levantamento dos dados, foi utilizado um
questionário contendo 15 propostas fechadas. A
pesquisa foi realizada em três fases: na primeira, os
acadêmicos do 5º período de Publicidade realizaram
uma pesquisa bibliográfica acerca da temática. Na
segunda fase, realizou-se um pré-teste do
instrumento, cujo objetivo era testar a fidedignidade
e objetividade. Em seguida, o questionário foi
aplicado à amostra do estudo. A análise dos
resultados foi efetuada considerando-se a ordem em
que as questões aparecem nos questionários, os
dados coletados foram digitados em uma planilha do
programa Statistical Package Social Science
(SPSS), que foi utilizado para os cálculos estatíticos
do estudo. Optou-se por analisar a opinião geral de
todos os acadêmicos consultados, independente do
curso e turno em que estão matriculados. Após o
54
resultado do levantamento, aconteceu a terceira fase
do projeto, que resultou na produção de campanhas de
jingles, spots para serem veiculados na Rádio FIP, e
folders a serem distribuídos no espaço FIPMoc,
revelando o resultado da pesquisa e motivando o
frequente uso da biblioteca.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a intenção de proporcionar maiores
condições para uma ampla compreensão do estudo, o
questionário foi dividido em cinco itens; Infraestrutura da biblioteca (I); utilização dos acervos e
serviços (II); fontes de acesso as informações (III);
considerações dos recursos e serviços (IV) e
divulgação dos recursos (V). Os resultados serão
apresentados de acordo com suas abrangências; e
discutidas, simultaneamente, suas apresentações.
Parte I
Em relação à infraestrutura da biblioteca, dos
1438 alunos entrevistados (100%), 87% estão
satisfeitos com as condições gerais do prédio,
enquanto que apenas 12% considera as condições do
prédio da biblioteca ruins, e 1% diz não conhecer ou
não quis opinar. Quanto ao Ambiente de Leitura/
Estudo – Individual/ Grupo, dos entrevistados, 63%
consideram o ambiente de leitura/ estudo individual/grupo, entre bom e médio. Esses resultados
possibilitam uma maior motivação para a leitura na
construção dos valores, sendo responsáveis pela
transformação do conhecimento em ações que
permeiam o ambiente acadêmico e profissional. A
leitura é o verdadeiro elo integrador do ser humano e a
sociedade em que se vive. A avaliação dos acadêmicos
em relação à infraestrutura resultou extremamente
favorável, o que permite afirmar que a qualidade
desses recursos atende as expectativas dos
Multitextos
acadêmicos.
Parte II
9%
0,1%
6,2%
42%
Bom
Médio
Frequentemente
Ruim
Às vezes
Raramente
Não usa
34,9%
49%
58,8%
GRAFICO 01: Utilização dos Acervos/Serviços da
Biblioteca
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
Dos entrevistados, 58,8% usam
frequentemente; 34,9, às vezes; e 6,2% raramente.
Apenas 0,1% não faz uso dos acervos/serviços da
biblioteca. Constata-se que o acervo e os serviços da
biblioteca das Faculdades Pitágoras são
evidentemente utilizados pelos acadêmicos. Nesse
sentido, Freitas (1999) descreve que a biblioteca
exerce um papel fundamental na formação
acadêmica e profissional, principalmente com as
crescentes mudanças nas instituições de ensino
superior, onde há uma procura exacerbada pelo
aprendizado rápido e contínuo. A frequência e o uso
das bibliotecas representam elementos
preponderantes na formação das elites intelectuais do
país.
Parte III: Fontes de acesso à informação Produtos/ Serviços
Considerando a relevância das fontes de acesso
à informação, uma vez que promover esse acesso é
um dos momentos máximos da biblioteca, as fontes
foram avaliadas separadamente (Referências,
enciclopédias), (Revistas), como apresentado a
seguir:
GRAFICO 02:Referências, enciclopédias
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
Dos entrevistados, 91% estão satisfeitos com
as fontes de informação (referências, enciclopédias);
42% consideram bons; e 49%, médio. Somente 9%
dos acadêmicos acreditam que deve haver uma
mudança nesse aspecto. Pode-se afirmar que as
obras de referências são reconhecidas como
relevantes para os acadêmicos.
15%
33%
Bom
Médio
Ruim
52%
GRAFICO 03: Revista
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
Dos entrevistados, 85% estão satisfeitos com
as fontes de informação (revistas) disponíveis na
biblioteca FIPMoc, 33% consideram essas fontes
como boas; 52%, médias; e somente 15%
consideram ruins, o que permite avaliar os itens
citados acima como satisfatórios. Chama a atenção a
55
Multitextos
fala de Oliveira (2003) - sendo a ciência cumulativa,
a biblioteca possui também a função de preservar a
memória, organizando as informações para que todo
ser humano possa usufruir dela.
13%
Bom
44%
Médio
Ruim
14%
43%
32%
Bom
Médio
Ruim
GRAFICO 05 : Empréstimo domiciliar
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
54%
Parte IV
5%
GRAFICO 04: Obtenção de documentos (acervo)
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
31%
Bom
Dos entrevistados, 86% consideram
satisfatórios os recursos para obtenção de
documentos (acervo); 32% consideram esse serviço
bom; 54%, médio; 14% acreditam que esse serviço
deve ser reestruturado. A reposição dos livros,
periódicos
e outros materiais satisfazem
a
necessidade dos acadêmicos entrevistados. Estudo
realizado por Couto (2009) descreve acerca da
familiaridade com a biblioteca. A facilidade de
localização de um item no acervo tem sido incluída
em diversos estudos, que consideram as atividades
que extrapolam a leitura e análise das obras,
enriquecem os trabalhos e agregam novas e
diferentes informações para os acadêmicos.
Dos entrevistados, 87% estão satisfeitos com
os recursos para obtenção de documentos
(empréstimo domiciliar); 44% consideram esses
recursos bons e 43%, médio. Apenas 13% veem
necessidade de melhoria nesse serviço.
56
Médio
Ruim
64%
GRAFICO 06: Atendimento geral
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
Dos entrevistados, 95% estão satisfeitos com
os recursos e serviços de apoio à utilização da
biblioteca (atendimento geral); 64% consideram esse
recurso como bom; e 31%, como médio, o que
permite afirmar que o atendimento oferecido pela
biblioteca das Faculdades Pitágoras vai ao encontro
das expectativas dos acadêmicos.
No que diz respeito às visitas e palestras sobre
o uso da biblioteca, 53% dos entrevistados
consideram positivo esse tipo de serviço, devendo ser
amplamente explorado; 15% o consideram bom;
38%, médio; e 47%; ruim, ou seja, deve haver mais
Multitextos
visitas e palestras sobre o uso da biblioteca.
como ruim.
15%
26%
28%
Bom
Bom
Médio
Médio
Ruim
47%
Ruim
38%
46%
GRAFICO 07: Visitas e palestras sobre o uso da
biblioteca
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
GRAFICO 09: Divulgação dos Recursos/ Internet
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
CONCLUSÃO
Parte V
18%
36%
Bom
Médio
Ruim
46%
GRAFICO 08: Divulgação dos Recursos/ Serviços
da biblioteca
FONTE: Acadêmicos das FIPMoc
Com relação à divulgação de produtos e
serviços da biblioteca por meio de cartazes e folhetos,
64% acreditam que é eficaz esse tipo de mídia; 36%
acreditam que deveria haver maior divulgação dos
serviços da biblioteca por meio de cartazes e folhetos.
74% dos entrevistados consideram importante
a divulgação da biblioteca por meio da internet; 26%
acreditam que deveria ser mais utilizado.
Considerando a relevância da Internet como fonte de
informação na atualidade, vale observar os 26% dos
academicos que consideram esse meio de divulgação
A análise da avaliação dos acadêmicos das
Faculdades Pitágoras em relação aos produtos e
serviços oferecidos pela biblioteca consultada
permite afirmar que a qualidade da infraestrutura é
identificada como satisfatória, pelos acadêmicos
entrevistados.
O acesso à informação e a utilização dos
acervos e serviços receberam alta pontuação pelos
acadêmicos, reforçando a excelência das coleções
de livros e revistas das diversas áreas do
conhecimento que estão disponíveis na biblioteca, e
a facilidade de acesso a eles.
Quanto aos recursos/serviços e divulgação da
biblioteca, conclui-se que demandam atitudes próativas, como, por exemplo, ênfase na divulgação das
visitas e palestra acerca da biblioteca, bem como
maior divulgação dos serviços através da mídia
impressa e a mídia virtual.
REFERÊNCIAS
COUTO, Mariza Leal de Meirelles do., Pilares da
função da biblioteca universitária In: II Encontro
do Sistema de Bibliotecas da UFMG, 2009
GIL, A.C.Como elaborar projetos de pesquisa.
57
Multitextos
4º ed.São Paulo: Atlas, 2008.
OLIVEIRA, Leila Rabello de. Biblioteca
universitária: Uma análise sobre os padrões de
qualidade atribuídos pelo ministério da
educação ao contexto brasileiro. São Paulo, 2003.
OLIVEIRA, Sitas Marques de.,Marketing e sua
aplicação em Bibliotecas: Uma abordagem
preliminar;1985.
SILVA, Gilda Olinto do Valle, Metodologia de
Pesquisa: trabalhando o conceito de uso de
biblioteca, 1990.
58
Multitextos
O Juiz, a Emoção e o Princípio da
Imparcialidade
AMARAL, Rodrigo Santos*; FERREIRA, Diogo Fraga**
*Docente do curso de Direito das FIPMoc ** Aluno do curso de Direito das FIPMoc
RESUMO
Com a Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel
Reale, em que há o reconhecimento da dimensão
histórica e axiológica do direito, além da dimensão
formal, e com a superação do pós-positivismo pelo
neoconstitucionalismo, uma nova postura dos
profissionais do direito se faz necessária,
especialmente do juiz, devido a sua grande
responsabilidade em julgar seus semelhantes,
exigindo-se dele uma postura mais humana. Em
vista disso, o objetivo deste artigo é demonstrar se há
compatibilidade entre a emoção do juiz, sua
sensibilidade, com o princípio constitucional da
imparcialidade.
P A L AV R A S - C H AV E : P r i n c í p i o d a
Imparcialidade, Neutralidade, Positivismo,
Neoconstitucionalismo, Personalidade do Juiz,
Animus, Anima.
INTRODUÇÃO
Recentemente (junho/2009), o ministro
do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello se
emocionou durante o julgamento de uma ação que
pedia o pagamento de indenização para uma mãe
que, em decorrência de uma infecção hospitalar,
concebeu um filho com Síndrome de West,
apresentando um quadro de paralisia cerebral,
cegueira, tetraplegia, epilepsia e má-formação
encefálica. A partir de então, passou-se a colocar em
xeque o princípio da imparcialidade do juiz,
questionando-se a atitude do ministro infringira esse
princípio constitucional.
Não se pode olvidar que, por trás
daquele que decide, há o ser humano, dotado de
paixões e de desejos, que podem ser conduzidos a
favor de uma adequada prestação jurisdicional, já
que o julgador lida exatamente com os dramas
humanos e, segundo Nalini (in PRADO, 2009, XI),
“para julgar um ser humano, o juiz precisa ser cada
vez mais humano”. Sendo assim, o magistrado deixa
de ser um mero operador do direito e passa a ter um
relevante papel em sua construção,tornando-se,
portanto, autor na realidade social.
Destarte, considerando a atualidade do
fato sob comento, bem como o dinamismo do direito
e o papel do juiz, e observando sua condição humana
na condução desse direito, o presente artigo busca
demonstrar se a emoção do juiz é compatível com o
princípio da imparcialidade, sendo pacífica e
necessária sua coexistência, ou, se, por outro lado,
essa emoção coloca em risco a salvaguarda desse
princípio constitucional. Para isso, utilizou-se como
método de abordagem, o dedutivo e, como técnica de
59
Multitextos
pesquisa, a pesquisa bibliográfica.
PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ
Dentre os princípios norteadores do
ordenamento jurídico brasileiro, vige o princípio da
imparcialidade, especialmente na relação
processual, como preleciona Cintra et al (2008, p.
58): “A imparcialidade do juiz é pressuposto para
que a relação processual se instaure validamente”.
Esse princípio se materializa por meio de critérios
objetivos (impedimentos – situações previstas no
art. 134 do CPC) e subjetivos (suspeição – de acordo
com o art. 135 do CPC) disciplinados em lei, sendo
aqueles requisitos de validade processual, segundo
Cintra et al (2008).
De acordo com Cintra et al (2008), a
atual CRFB/88, ao instituir garantias e vedações aos
magistrados, contempla o princípio em comento. O
juiz, uma vez blindado pelas garantias de
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de
subsídios (art. 95, CF/88), encontra-se livre para
formar sua convicção no conflito que é posto sob sua
apreciação. As vedações, em contrapartida,
procuram resguardar o princípio da imparcialidade
sob o ponto de vista dos jurisdicionados.
Além disso, o princípio da
imparcialidade é garantidor dos demais princípios
constitucionais, haja vista que esse princípio vincula
o juiz à fiel observância dos demais princípios,
dentre eles, segundo Cintra et al (2008), o do juiz
natural (art. 5º, XXXVII, CF/88) e o do contraditório
(art. 5º, LV). Conforme asseveram esses
doutrinadores, o princípio do juiz natural é entendido
a partir de três acepções, quais sejam:
reconhecimento dos órgãos jurisdicionais como tais,
se previstos constitucionalmente, a preexistência
desses órgãos a um fato a ser julgado; e a vinculação
60
do juiz à competência preestabelecida na
Constituição. Quanto ao princípio do contraditório,
“é constituído por dois elementos: a) informação; b)
reação (meramente possibilitada nos casos de
direitos disponíveis)”. (CINTRA et al, 2008, p. 63)
Destarte, ainda de acordo com Cintra et al
(2008), as partes se reservam o direito de exigir um
juiz imparcial, visto que a imparcialidade do juiz é
garantia de justiça, devendo, portanto, o Estado, já
que lhe compete o exercício da função jurisdicional,
agir com imparcialidade na solução das causas que
lhe são submetidas.
IMPARCIALIDADE X NEUTRALIDADE
É imprescindível ressaltar que
imparcialidade difere de neutralidade, conforme
preceitua Donizetti (2009). Entretanto, De Plácido e
Silva (2002), em seu Vocabulário Jurídico, define
neutralidade, equiparando-a à imparcialidade:
Neutralidade. Derivado do latim neutralis,
de neuter (que fica indiferente), em sentido
genérico quer significar o estado de neutro,
ou seja, a situação daquele que se coloca
indiferente ou fica imparcial diante de
questão ou luta ferida entre outras.Assim, é a
situação de quem não tem ou não mostra
qualquer interesse a respeito do que outros
estão fazendo (SILVA, 2002, p. 555). [grifo
nosso]
Ser neutro, de acordo com Silva (2002), é
ser indiferente, é o juiz, portanto, afastar-se das
partes e da situação fática sob a qual elas estão
envoltas - definição incompatível com o princípio da
imparcialidade, tal como preleciona Donizetti (2009,
pp. 69/70), ao discorrer sobre o papel do juiz no
processo contemporâneo:
O juiz, no processo contemporâneo, é sujeito
ativo do processo, e tem o dever de zelar pela
justa composição do litígio. Ao magistrado
cabe esclarecer pontos obscuros, advertir as
Multitextos
partes de suas condutas, requisitar provas e
diligências, interpretar as normas e as
especificidades de cada caso concreto, tudo
com o objetivo de prestar adequadamente a
tutela jurisdicional.
A imparcialidade do juiz, assim, é uma
garantia constitucional pela qual o juiz resguarda a
igualdade de condições às partes, o tratamento
isonômico, observando normas e princípios
constitucionais, sem perder de vista sua condição
humana, seu envolvimento com a causa que lhe é
submetida.
O juiz moderno compreende que só se lhe
exige “imparcialidade” no que diz respeito à
oferta de iguais oportunidades às partes e
recusa a estabelecer distinções em razão das
próprias pessoas ou reveladoras de
preferências personalíssimas. Não se lhe
tolera, porém, a “indiferença”
(DINAMARCO, apud Marcato, 2003, p.
67).
O entendimento de um judiciário neutro
remonta ao momento histórico do positivismo (séc.
XIX até meados do séc. XX), que, segundo Barroso
(2001), apresentou algumas variações, porém seu
apogeu se deu com o normativismo de Hans Kelsen
(1881-1973). Nesse período, o direito reivindica
para si o estatuto de ciência, requerendo uma
legitimidade, credibilidade, uma vez que se mostra
como uma forma de conhecimento sistematizado,
elaborado, rigoroso. (REALE, 2002)
Para isso, a ciência jurídica utiliza-se dos
moldes científicos adotados pelas ciências naturais e
exatas, quais sejam a objetividade, a neutralidade, o
afastamento e o não envolvimento do cientista com
o objeto de análise, com seu objeto de estudo
(BARROSO, 2001). “Isso ocorreu porque se
entendia, à época, que quanto mais o direito fosse
estudado através de um método puramente
científico, objetivo, matemático, entenda-se, próprio
das ciências naturais, mais se teria assegurada a sua
validade como ciência”. (ROCHA, 2008)
Sendo assim, consequentemente, exigiase do juiz uma postura pouco reflexiva, criativa,
inovadora, tendo em vista que estava adstrito,
rigorosamente, ao texto legal, à letra fria da lei. “Para
os positivistas, então, o papel do juiz se resume a
aplicar a lei regedora da situação, quando se
apresenta a ele o fato previsto na norma. Não há
necessidade alguma de interpretação, assegurandose, assim, a neutralidade do direito”. (ROCHA,
2008)
Direito e lei, portanto, confundiam-se.
Além disso, houve uma cisão entre Direito e Moral
(BARROSO, 2001). Após a Segunda Guerra
Mundial, houve a decadência do positivismo - tendo
o julgamento dos nazistas em Nurembergue como
grande marco - emergindo, a partir de então, o póspositivismo, em que a concepção de direito, única e
exclusivamente a partir da lei, passa a não mais
subsistir. Trata-se, por conseguinte, de um momento
de aproximação do direito com a moral, a ética e a
justiça.
Doravante, de acordo com a Teoria
Tridimensional de Miguel Reale (2002), o direito não
se restringe ao formalismo, apresentando, assim, três
dimensões: normativa, factual e valorativa. É
importante salientar que o direito, segundo Reale
(2002), é uma ciência (forma de conhecimento)
cultural (regida por leis éticas), normativa (visa
intervir, de maneira efetiva, na realidade, remete à
dimensão do “dever ser”; isso se faz através das
normas), objetiva (independe do sujeito; é
obrigatório, uma vez que apresenta um sentido –
atingir o justo, a justiça social).
Destarte, segundo lições de Prado (2008),
faz-se necessário que o magistrado acompanhe essa
61
Multitextos
evolução do direito, já que apresenta um papel de
fundamental importância em sua construção, além
de assumir uma grande responsabilidade, que é
julgar, decidir sobre os rumos da vida das partes.
“Infeliz o juiz que não percebe que há vida além do
processo”. (OLIVEIRA, 1997, p. 03)
PERSONALIDADE DO JUIZ
O psiquismo do juiz é um dos fatores que
influem nas decisões judiciais. O direito, hoje, tal
como é entendido em sua integralidade, atribuindo
fundamental importância, também, a sua esfera
axiológica - a qual remete aos valores, ao
fundamento último do direito, que é atingir a
equidade, o justo, enfim, a justiça social -, exige do
juiz, segundo Prado (2008), uma postura compatível
com essa evolução. Prado (2008) relata o quão é
fundamental o sentimento do juiz diante do caso
concreto, sua emoção, tornando-o mais receptivo às
partes, bem como contribuindo favoravelmente a sua
prestação jurisdicional.
No entanto, na prática, no que tange ao
recrutamento de juízes, o Poder Judiciário, ao
valorizar a capacidade de memorização de leis, não
tem observado a relevância que deveria ser atribuída
à personalidade do juiz. “A seleção prioriza a
capacidade mnemônica do candidato. Melhor
desempenho terão os que conseguirem memorizar
um enorme banco de dados: a Constituição, as leis, a
doutrina e a incidência desta nos julgamentos dos
Tribunais (...)” (PRADO, 2008, p. IX).
Se os concursos se preocupassem mais com o
ser humano interessado em ingressar na
Magistratura e menos com a sua
possibilidade de decorar informações, teria
início a verdadeira Reforma do Judiciário.
Não haveria necessidade de se aguardar do
Congresso o trâmite de emenda
constitucional que ali se encontra há mais de
dez anos. E que, uma vez aprovada, não
62
resolverá de imediato todas as mazelas
judiciais detectadas pela lucidez nacional
(NALINI, in Prado, 2008, p. XI)
Com o fenômeno jurídico do
Neoconstitucionalismo, que, no Brasil, se deu a partir
da promulgação da CRFB/88, o Direito
Constitucional se desloca para o centro do
ordenamento jurídico, fazendo com que a
Constituição deixe de ser uma mera carta de
intenções, e seus princípios passem a ter força
normativa, inclusive os implícitos (BARROSO,
2001). Nesse contexto, destaca-se o princípio da
dignidade da pessoa humana, do qual, segundo
Barroso (2001), decorrem os demais princípios.
Sendo assim, diante de um princípio de tal
magnitude, que serve como norte, inclusive para os
demais princípios, surge a necessidade de um olhar
mais humano por parte dos operadores do direito,
especialmente dos juízes. Conforme ensina Prado
(2008), é necessário que o juiz tenha sensibilidade
suficiente para enfrentar a realidade social, cujo
conteúdo é tecido de dramas, paixões, sofrimentos,
catástrofes, observando, dessa forma, a alteridade, ou
seja, o outro, colocando-se em seu lugar.
A emoção, a sensibilidade, a criatividade
e a espontaneidade são características próprias,
conforme convenção cultural, do arquétipo 1
feminino, sendo, segundo Prado (2008), atributos
indispensáveis à personalidade do julgador. Siches
(apud PRADO, 2008, p. 20)
atribui relevância à criatividade e a à intuição
do magistrado nos julgados, os quais
constituem o momento de individualização
da norma aplicável ao fato submetido à
jurisdição. Para o autor, na produção do
julgado, destaca-se o papel do sentimento do
juiz, cuja importância fica evidenciada até
pela etimologia da palavra sentença, que vem
de de sentire, isto é, experimentar uma
emoção, uma intuição emocional. (sic)
Multitextos
Essas características, nos homens, foram
reprimidas, recalcadas, fazendo-os exteriorizar essa
repressão, ao se depararem com esses atributos tão
aflorados nas mulheres, conforme retratam os duros
anos em que as mulheres foram perseguidas,
rotuladas como bruxas, feiticeiras ou um alguém
submisso. Sendo assim, o juiz, devido a sua figura
patriarcal, que remonta à Idade Média, passa a agir
com indiferença perante os sentimentos não só das
partes, como também dos seus.
Se os atributos psíquicos próprios do
arquétipo da anima forem reprimidos, eles
podem reaparecer em seu aspecto negativo,
nas fantasias e nos sonhos. Surgem, então, na
bruxa, durante a Inquisição. Todas essas
mulheres são – como as Eríneas que
representam, na mitologia grega, o aspecto
negativo do mencionado arquétipo – ligadas à
força das trevas e ao “mundo dos espíritos” (o
inconsciente). (PRADO, 2008, p. 71)
Conforme defende Prado (2008), o juiz
decide por intuição, deixando-se levar pela
realidade construída nos autos, além do conjunto
de elementos que participam na formação dessa
intuição, dentre eles, sua personalidade e seu
conhecimento jurídico.
A dedução é imediata: o lidador jurídico,
assim ao mesmo tempo reflexivo e intuitivo
somente concilia o Direito legislado com a
vida vivida porque antes disso se concilia
consigo próprio. Se se prefere, o intérprete
que faz uso dos dois elementares lados do
cérebro somente tem a chance de apanhar o
Direito por inteiro porque ele mesmo se
permite encontrar-se em plenitude. Não
incompleto ou mutilado, quando como refreia
em si uma das duas elementares funções do
seu próprio cérebro. (BRITO, 2007, p. 71)
A aceitação da anima e o relacionamento
consciente com essa figura interna, à qual o
homem está ligado, transforma-a, muitas
vezes, em uma parceira. Ao observar as
reações imprevisíveis dessa figura, o
indivíduo terá condições de melhor
discriminar quais são as suas verdadeiras
emoções. Tal consciência poderá ser um
primeiro passo para a transformação de
desejos cegos em sentimentos genuínos,
abrindo as portas da psique para a
espontaneidade, a sensibilidade, a
receptividade e o entusiasmo (e também para
a assimilação da agressividade, das funções
inferiores e, portanto, da habilidade em
dirigir de forma construtiva o
temperamento).
Se houver a integração dos conteúdos desse
arquétipo à consciência do juiz, ele poderá
ver o Outro como na realidade é e em sua
originalidade única, com reflexos na
prestação jurisdicional. Todavia, é
importante ressaltar com Carlos Byingotn
que, assim como os demais arquétipos, a
anima não deve ser idealizada. Problemas
causados por mecanismos de defesa e pela
intrusão de outros arquétipos podem
transformar em uma caricatura seu imenso
potencial. Isso é verificado, por exemplo,
quando se atenta para a demagogia e a
corrupção que pretensamente existem em
nome da democracia. (PRADO, 2008, p. 90)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o atual contexto no qual
se encontra o direito, em que a CRFB/88 exige uma
postura mais humana do magistrado, mais
preocupado e envolvido com as questões sociais, a
emoção do juiz não só é compatível, como também é
essencial à adequada tutela jurisdicional.
Ao se preocupar com a sensibilidade, o
juiz torna mais acurada a forma de enxergar a
situação fática, passando a fazer a leitura dos fatos e
dos sujeitos que os compõem a partir deles mesmos,
desprendendo-se de seus preconceitos.
A aceitação e desenvolvimento da
2
anima , no juiz, torna-o mais preparado para sua
atividade jurisdicional, porquanto o faz mais
humano.
63
Multitextos
REFERÊNCIAS
BARROSO, Luís Roberto. Fundamentos teóricos e
filosóficos do novo direito constitucional brasileiro
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Atualização Jurídica, v. I, n. 6, setembro, 2001.
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setembro de 2009.
ROCHA, Symeia Simião da. Evolução da força
normativa da Constituição: breve histórico do
jusnaturalismo, positivismo e pós-positivismo.
D i s p o n í v e l
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http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?stor
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setembro de 2009.
SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 19. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2002.
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Brasil. Brasília, Senado Federal, Centro Gráfico,
1988.
BRASIL. Presidente da República. Lei n. 5.869, de
11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo
Civil. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 17 jan. 1973.
BRITO, Carlos Ayres. O Humanismo como
categoria Constituicional. Belo Horizonte: Fórum,
2007.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; Grinover, Ada
Pellegrini; Dinamarco, Cândido Rangel. Teoria
geral do processo. 24. ed. São Paulo: Malheiros,
2008.
DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito
Processual Civil. 11.ed. Rio de Janeiro: Lumen Júris,
2009.
MARCATO, Antônio Carlos. A imparcialidade do
juiz e a validade do processo. Disponível em: <
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OLIVEIRA, Regis de. O juiz na sociedade moderna.
São Paulo: FTD, 1997.
PRADO, Lídia Reis de Almeida. O Juiz e a emoção:
aspectos da lógica judicial. 4. ed. Campinas:
Millennium, 2008.
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São
Paulo: Saraiva, 2002.
64
1. “O arquétipo equivale, para a Psicologia Analítica, ao
gene para a Genética, ao padrão de comportamento para a
Zoologia e ao instinto para a Fisiologia. De uma forma
bastante simplificada, pode-se dizer que são formas de
agir, pensar, sentir recorrentes e típicas, comuns à
humanidade” (PRADO, 2008, p. 2007).
2. Para Jung (apud PRADO, 2008, p. 207), “é o arquétipo
do feminino, influenciador da psique do homem.
Contrapõe-se ao animus, atuante no psiquismo da
mulher”.
Multitextos
Gestão da Produção de Energia: Uma
análise sobre o mercado da energia
elétrica no Brasil
FILHO, Pedro Cândido do Nascimento; ANDRADE, Guilherme Augusto Tolentino*
Alunos do curso de Engenharia de Produção das FIPMoc
INTRODUÇÃO
O Brasil dispõe de grande potencial
energético, verificado através da grande
disponibilidade de água corrente represável de seus
rios, da quantidade de combustíveis fósseis e
naturais ou dos índices de irradiação solar em todo o
território. As fontes hidrelétricas suprem as
demandas de quase todo o território nacional,
principalmente onde estão alocadas as maiores
demandas, compondo uma extensa matriz
conhecida com sistema elétrico nacional. Essa
matriz energética recebe e distribui racionalmente a
energia gerada pelas centrais com o objetivo de
eficientemente, e sem distúrbios maiores, garantir o
fornecimento em todo o território nacional.
Paradoxalmente, contudo, o governo e a população
brasileira têm encarado constantemente as perdas
econômicas, políticas e sociais causadas pelos
“apagões” - instabilidades no fornecimento de
energia que desencadeiam efeitos nocivos sobre a
produtividade do país, com perdas incalculáveis,
seja em investimento ou em segurança. Castro Silva
(2008), em sua tese, diz que um dos fatores que
reforçam o desenvolvimento econômico é a oferta
energética, e que seus resultados podem gerar
diferentes impactos conforme o contexto. Camacho
(2009) destaca, ainda, que:
No presente cenário de oferta de energia, seja
no Brasil ou nos demais países, restrições de
ordem financeira e ambiental se conjugam de
modo a incrementar os custos energéticos e
configuram perspectivas preocupantes de
descompasso entre as disponibilidades e
demandas energéticas, ampliando a
importância da eficiência energética. O
tratamento do controle de custos como uma
questão estratégica é um assunto
relativamente pouco explorado.
Acredita-se que essa instabilidade exista
devido a uma concatenação de causas, sendo as
principais a falta de clareza administrativa e de uma
estratégia de investimentos e gestão eficientes para
esse setor, por parte do governo brasileiro. No
presente trabalho, esse problema é apresentado com
discussão acerca de prováveis causas, e proposições
de possíveis soluções.
Produção e Consumo de Energia
A diversidade da produção de energia no Brasil
e a variação dos métodos de produção são mostradas
no levantamento do Balanço Energético Nacional1
apresentado no GRAF. 1. Observa-se um crescimento
significativo da disponibilidade de energia fóssil com
o desenvolvimento da extração do petróleo. Apesar
65
Multitextos
desse aumento da disponibilidade do petróleo, a
pesquisa e desenvolvimento de fontes alternativas
de energia aumentaram desde 1973 (CAMACHO,
2009). Além disso, é curioso observar que em um
país cujo consumo de energia provém, em maior
parte, de fontes hidrelétricas, haja essa grande fonte
disponível fóssil.
Gráfico 1: Produção de Energia por Tipo de Fonte Energética entre 1970 e 2006
Fonte: BEN – Balanço Energético Nacional 2007, ano base 2006.
O GRAF. 2, a seguir, mostra a produção
específica de energia elétrica e ainda mostra a
expressiva participação da geração hidrelétrica na
matriz nacional.
É expressivo o aumento da geração de energia
por fontes hidrelétricas desde a metade dos anos 90
até 2006. E, embora o GRAF. 1 mostre um aumento
da disponibilidade, ou seja, de potencial energético
fóssil, as maiores fontes de geração acontecem por
outros métodos, principalmente por hidrelétricos e
gás industrial.
Conforme descrito por Haddad et al (2006),
66
apud Camacho (2009), no ano de 1995, o setor de
produção de energia no Brasil sofreu uma grave
crise, com riscos de deficit de energia crescentes, e
que poderiam ter comprometido o pleno
atendimento do mercado. Apesar de medidas terem
sido estruturadas e tomadas para evitar os piores
efeitos dessa crise, essas ações se mostraram pouco
eficiente diante das necessidades do mercado,
ocasionando a saída de vários investidores do setor
industrial nacional.
Nos anos 2001-2002, novos problemas,
talvez reflexos e resultados de falha na gestão,
ocasionaram outra crise de energia, dessa vez
Multitextos
Gráfico 2: Produção de Energia por fonte
Fonte: BEN – Balanço Energético Nacional 2007, ano base 2006.
afetando o dia a dia dos brasileiros, quando foi
instituída uma política de redução/racionamento de
consumo, popularmente conhecida como “apagão”.
Devido aos impactos dessa política restritiva, o
governo brasileiro decidiu por uma mudança na
política da energia e criou o Operador Nacional do
Sistema Elétrico, responsável pela operação e
controle do SIN2. Além disso, também criou o órgão
regulador ANEEL3, com o objetivo de definir,
através de planejamento, as normas e procedimentos
para a eficiência energética. (CAMARGO, 2005)
Recentemente, no mês de novembro de 2009,
aconteceu uma suspensão inadvertida do
fornecimento da energia elétrica em todo o território
nacional (18 estados afetados) e todo o Paraguai,
com duração média de 2 horas na região centro-sul
do Brasil. Tal evento foi ocasionado devido a uma
sobrecarga do sistema de distribuição vindo da usina
binacional de Itaipu4. O clima de insegurança se
espalhou diante da possibilidade de retorno do
“espectro” do apagão dos anos 2001-2002. Uma
reportagem veiculada pelo jornal eletrônico Folha
Online, de 22/07/2004 17:05, registra a manchete:
“Eletrobrás descarta risco de crescimento
econômico provocar apagão”. A informação veio do
diretor de Projetos Especiais e Desenvolvimento
Tecnológico e Industrial da Eletrobrás, Aloísio
Vasconcelos Novais. Foi afirmado por ele, em
entrevista dada à repórter Ivonete Fortes, que “No
curto prazo, temos um pequeno excedente de
energia. No médio prazo, cerca de cinco anos, a
projeção é de equilíbrio. Eu acho que a situação é
tranquila e estável, até pelo menos 2008. A partir de
2009, será preciso fazer novos investimentos”. Ele
ainda disse que, mesmo que o país tivesse um surto
repentino de crescimento, o perigo de blackouts5
estaria descartado.
Gestão do risco energético e a função produção
A equalização entre a demanda e a oferta
energética no Brasil ainda é motivo de preocupação
[incerteza] no país (CASTRO SILVA, 2008). Por
isso, a população e os investidores ainda têm razão de
manter apreensão sobre a instabilidade do
fornecimento de energia em todo o território
nacional. A mídia propaga uma extensiva campanha
do governo cujo slogan diz “Estamos Seguros”, mas
a aparência parece melhor que a estarrecedora
67
Multitextos
verdade: o país não vai bem nesse aspecto.
O programa e racionamento entre os anos
2001-2002 foram considerados bem sucedidos,
porém as metas econômicas de redução de 20% não
foram alcançadas, conforme dados do BACEN6.
Com esta perspectiva, deve-se avaliar
racionalmente os investimentos que tenham riscos,
de acordo com as possibilidades de falhas e de
paradas de fornecimento.
Acompanhamentos atuais realizados pela
7
EPE apontam a produção e distribuição de energia,
e o mercado de energia como um todo, como fator de
crescimento industrial e, consequentemente,
econômico, considerando a produção como força
motriz do crescimento econômico de um país. O
GRAF. 3 mostra o crescimento do consumo
energético de cada setor, onde se observa o aumento
considerável do consumo de energia em
consumidores industriais.
O acompanhamento da produtividade
energética deve ser sistêmico; a energia deve ser
medida e sua demanda planejada de acordo com os
impactos que ela causa às variáveis econômicas e
vice-versa.
Gráfico 3: Evolução do consumo final por setor (10³ Tep)
Fonte: BEN – 2004 / MME. Compilado pela EPE.
Verifica-se que os indicadores econômicos
positivos para a população acompanham o
crescimento da oferta interna de energia e
especificamente de energia elétrica. Os impactos
das falhas de fornecimento que causem perdas
econômicas devido à insegurança são impactantes
no crescimento do país como um todo. Ainda dessa
forma, como o maior consumidor (e gerador de
68
rendas) é a área industrial, também se pode apontar
essa área como a grande prejudicada pelas
instabilidades de fornecimento, impactando
diretamente na produção e certamente sobre a
economia nacional como um todo, ou seja, é um ciclo
onde os impactos se multiplicam nos diversos
setores. O PNE 20308 aponta direções para a
otimização dos recursos energéticos por meio de
Multitextos
Tabela 1
Evolução do consumo final por tipo de demanda (10³ Tep)
Fonte: BEN – 2004 / MME. Compilado pela EPE.
Tabela 2
Evolução dos parâmetros e indicadores de oferta (10³ Tep)
Fonte: BEN – 2009 Balanço Energético Nacional. Ano Base 2008.
medidas de conservação, sinalizando tais medidas
como imperativo capaz de alavancar o crescimento
econômico, seja pelo aumento da produtividade no
uso dos recursos e ainda reduzindo os elevados
investimentos em infra-estrutura, seja
proporcionando a redução de impactos ambientais e
contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
As indústrias deverão estruturar melhor suas
demandas energéticas e deverão efetivar ações de
gerenciamento de demanda – no âmbito de
conservação de energia. (CAMACHO, 2009)
Para a composição deste plano, foi feita uma
retrospectiva, verificando os problemas do passado,
seus impactos e suas causas, e as direções tomadas
69
Multitextos
Flores (2003), as ferramentas convencionais de
avaliação de viabilidade usualmente oferecem uma
visão do desempenho, sem, no entanto, permitir a
representação de aspectos probabilísticos inerentes
do ambiente competitivo atualmente no Brasil.
Alternativas à saturação e meios sustentáveis
Além de indicadores que acompanhem e
relacionem a Energia com o desenvolvimento da
economia, que certamente dão orientações sobre
quais direções seguir, o planejamento de uma
política energética eficiente deve verificar a
aplicação de alternativas à geração de energia, de
forma a aumentar a disponibilidade de energia e
seguramente reduzir seus custos. Fontes renováveis,
quando aplicadas de forma racional, podem
proporcionar esses ganhos e garantir geração de
energia “limpa”, ou seja, livre de impactos
ambientais de difícil administração e onerosos,
como usinas hidrelétricas e termelétricas baseadas
em combustíveis fósseis. No Brasil, há razões para
crer que o investimento em fontes renováveis pode
gerar retornos favoráveis, e alimentar a matriz
energética sem impactos substanciais. É sabido
também que o preço de equilíbrio é resultado da
oferta e da demanda, ou seja, da interação diversa
desses dois componentes para cada tipo de mercado
(CASTRO SILVA, 2007). Verifica-se no GRAF. 4 a
disponibilidade e o crescimento dessas fontes no
Brasil.
Distribuindo a matriz energética, veem-se os
percentuais de oferta de cada fonte energética,
incluindo a renovável (GRAF. 5).
Para Castro Silva (2007), o atual programa de
Incentivo às Fontes Alternativas de Energias
Elétricas, apesar de instruir sobre o desenvolvimento
das fontes alternativas, informa, de maneira racional,
2008
2000
45,3%
41,0%
1990
49,1%
1980
45,6%
1970
58,4%
Renovável
54,7%
59,0%
50,9%
54,4%
41,6%
Não Renovável
Gráfico 4: Participação de fontes renováveis na
Oferta Interna de Energia
Fonte: BEN – 2009 Balanço Energético Nacional. Ano
Base 2008.
Gráfico 5: Participação por tipo na geração de
energia
Fonte: BEN – 2009 Balanço Energético Nacional. Ano Base
2008.
que no mercado da energia, as fontes hidrelétricas e
termelétricas alcançam maiores preços nas
negociações dos leilões. Ou seja, é rentável produzir
energia através de fontes renováveis para consumos
específicos, mas ela ainda não possui grande
atratividade econômica, e esse fato talvez seja um
71
Multitextos
apontavam a contramão da falta de planejamento
anterior.
Estabeleceu-se articulação entre o governo e
fabricantes de equipamentos e consumidores no
sentido de estabelecer metas e compromissos para o
aumento da eficiência energética desses
equipamentos e contribuindo para a economia de
energia. Em alguns equipamentos, como
refrigeradores, o aumento da eficiência energética
foi em torno de 48%, dada a expressividade desta
campanha. (PNE 2030, 2009).
Além disso, foram organizados dois
programas de abrangência nacional orientados para
as questões de eficiência energética; são eles o
PROCEL9, e o CONPET10, de competência da
Eletrobrás e Petrobrás, respectivamente. Esses
programas focaram a publicação e distribuição de
manuais destinados a orientar os consumidores, de
vários segmentos – residências, comércio, indústria
e setor publico, para o combate ao desperdício e uso
racional de energia elétrica. (PNE 2030, 2009) [o
grifo é nosso]
Modelo de Indicador de Eficiência – BEU
No PEN 2030 (2009), o planejamento de
ações de qualquer proporção para a redução do
consumo e eficiência energética deve ser feito e
controlado através de indicadores específicos. O
relatório PNE (2009) relaciona as variáveis de
produtividade energética com diversas variáveis
econômicas como PIB, renda per capita, com o
objetivo de traçar parâmetros sobre os quais medir a
efetividade global de quaisquer ações sobre o
mercado da energia.
O indicador BEU11 é um modelo que permite
processar as informações setoriais do BEN para
obter as estimativas da energia final destinada a
70
diferentes usos finais e, com base nos rendimentos do
primeiro processo de transformação energética,
estimar a energia útil. A energia útil é apurada
considerando esses usos finais, as 18 diferentes
formas de energia final e os 16 setores de atividade
contemplados no BEN. O objetivo é construir um
modelo matemático que represente essa relação entre
a EU (Energia Útil) e a EF (Energia Final) para
analisar a energia que se conserva entre os BEU.
(PEN 2030, 2009)
Um rendimento de referência representa o
estado da arte da conversão de energia em cada
processo contemplado no estudo. Esse percentual
deve ser tomado como o rendimento médio no
período analisado. A partir dessa média, pode-se
estimar o volume total de energia elétrica conservada
em um determinado período.
Na tabela a seguir, pode-se demonstrar um
resultado do modelo de cálculo de energia
conservada, quando usado o período de consumo
(1984-2004).
Tabela 3
Resultados do modelo de cálculo entre 1984 e
2004
Energia Conservada (å)
Período
103 tep
GWh
MWmédio
1984-1994
1.326
15.421
1.760
1994-2004
1.404
16.328
1.864
Total
2.730
31.749
3.624
1984-2004
2.139
24.877
2.840
Fonte: PEN 2030, Planejamento Nacional de Energia 2030,
2009.
É confiável a aplicação de modelos
matemáticos específicos, considerando que, segundo
Multitextos
inibidor do crescimento. Deve ser ampliada a
tecnologia de energias renováveis, desde o projeto
até sua aplicação, tendo como foco específico sua
segurança de fornecimento.
Conclusão
Nesta avaliação, evidencia-se que o
mercado brasileiro possui grande disponibilidade
energética, atribuída a um variado espectro de
geração de energia, distribuído conforme a
necessidade em todo o território nacional. Apesar
disso, há uma desconfiança perene sobre a
segurança na distribuição de energia e em sua real
proporcionalidade e alcance. O governo, apesar
dos planos e instituições criadas para aprimorar a
confiabilidade e segurança no fornecimento do
Sistema Elétrico Nacional, ainda sofre com a
instabilidade prática desse sistema, cujos impactos
na economia nacional são enormes.
Há perda de investimentos, insegurança e
descrédito no fornecimento por parte da população
e investidores. Além disso, o racionamento e
eventos recentes de apagões contribuem para
intensificar esse receio.
Novas tecnologias de geração e distribuição
de energia, aliadas a uma racionalização da
distribuição, podem aperfeiçoar o sistema a ponto
de torná-lo seguro para investimentos, e dissipar
este “nevoeiro” de insegurança. As especulações
políticas desse problema merecem um olhar crítico
por parte da comunidade científica; e estudos
aprofundados devem estabelecer parâmetros sobre
os quais o fornecimento pode ou não ser
considerado seguro. Instituições como a EPE
demonstram, através dos indicadores e estatísticas,
qual é o status atual e o desenvolvimento dos
sistemas elétricos do país e estabelece regras para
72
controlar os impactos que as instabilidades causam
na economia.
Com este trabalho, pretendemos salientar que
o fornecimento de energia em um sistema nacional
de geração e distribuição é um fator crítico para o
desenvolvimento da economia de um país, e que
deve ser analisado de forma pragmática, com forte
embasamento científico. Além disso, as autoridades
políticas devem estar informadas sobre o
funcionamento de tais ferramentas e dispositivos de
controle e manutenção do Sistema Nacional de
Energia de forma a garantir um planejamento
racional.
Esse planejamento deve ser conduzido com
seriedade e também ser discutido com foco social,
tecnológico e científico, evitando o empirismo sem
embasamentos que a política nacional tem
demonstrado nos veículos de comunicação sobre os
eventos e incidentes recentes no fornecimento e
distribuição da energia.
REFERÊNCIAS
CAMACHO, Mario Antônio da Gama. Modelo para
implantação e acompanhamento de programa
corporativo de gestão de energia. Campina Grande,
2009. 176p.
CASTRO SILVA, Wendel Alex. Investimento,
regulação e mercado: uma análise de risco no setor
elétrico. UFLA – Lavras, 2007. 430 p.
FLORES, Edson Marques. Modelo probabilístico
de geração distribuída em ambiente competitivo.
São Paulo, 2003. 151 p.
CARNEIRO, Ricardo. Estado, mercado e o
desenvolvimento do setor elétrico brasileiro. Belo
Horizonte, 2000. 400p.
ROSA, Victor Hugo da Silva. Energia elétrica
renovável em pequenas comunidades no Brasil: em
busca de um modelo sustentável. Brasilia, 2007.
Multitextos
440p.
Balanço Energético Nacional 2007 – Ano Base
2006. Rio de Janeiro, 2009. 48p
Balanço Energético Nacional 2009 – Ano Base
2008: Resultados Preliminares. Rio de Janeiro,
2009. 48p
Plano Nacional de Energia 2030 / Ministério de
Minas e Energia; colaboração Empresa de Pesquisa
Energética. Brasília, 2007. 12v
Folha Online – Dinheiro – Eletrobrás descarta risco
de crescimento econômico provocar “apagão” –
22/07/2004.
D i s p o n í v e l
e m :
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91
u87022.shtml, Acesso em 25/11/2009 às 22:49.
NOTAS
1. BEN – Balanço Energético Nacional 2007, ano base
2006.
2. SIN – Sistema Interligado Nacional, sistema de
Geração e Distribuição de Energia brasileiro.
3. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica.
4. A usina de Itaipu pertence ao Brasil e ao Paraguai, e
gera energia elétrica para ambos os países.
5. Blackout, trad. Apagão, desligamento de energia. Lit.
“às escuras” – tradução nossa.
6. Banco Central do Brasil.
7. EPE - Empresa de Pesquisa Energética, Ministério
das Minas e Energia.
8. Plano Nacional de Energia 2030, PNE 2030
9. PROCEL – Plano Nacional de Conservação de
Energia Elétrica, 1985.
10. CONPET – Programa Nacional de Racionalização
do Uso de Derivados de Petróleo e Gás Natural, 1991
11. BEU – Balanço de energia útil.
73
Normas para Publicação
Regras Editoriais para Publicação de Artigos na Revista
Multidisciplinar das FIPMoc
1. INSTRUÇÃO AOS AUTORES
outras categorias de artigos.
A Revista Multidisciplinar das FIPMoc é
um periódico especializado, nacional,
aberto a contribuições da comunidade
científica nacional, arbitrada e distribuída
a leitores do Brasil.
Esta revista tem por finalidade publicar
contribuições científicas originais sobre
temas relevantes para as áreas de
Biomedicina Design, Direito,
Enfermagem, Engenharia de Produção,
Engenharia Civil, Farmácia, Fisioterapia,
Medicina, Pedagogia, Psicologia,
Publicidade e Propaganda e Turismo e
Hotelaria, nos âmbitos nacional e
internacional.
Os manuscritos devem destinar-se
exclusivamente à Revista
Multidisciplinar das FIPMoc, não sendo
sua apresentação simultânea a outro
periódico, tanto do texto, quanto de
figuras, tabelas, quer na íntegra ou
parcialmente, excetuando-se resumos ou
relatórios preliminares publicados em
anais de reuniões científicas. O(s)
autor(es) deverá(ão) assinar e
encaminhar declaração de acordo com o
modelo no Anexo.
Os manuscritos deverão ser
encaminhados em português em quatro
vias para os Editores Científicos.
Os manuscritos publicados são de
propriedade da Revista, vedada tanto a
reprodução, mesmo que parcial, em
outros periódicos, como a tradução para
outro idioma, sem a autorização do
Conselho de Editores. Dessa forma, todos
os trabalhos, quando submetidos à
publicação, deverão ser acompanhados
de documento de transferência de direitos
autorais, contendo assinatura de cada um
dos autores, cujo modelo está no Anexo.
- Entrevista PERFIL INTERATIVO
São entrevistas dinâmicas, interativas,
realizadas com pessoas de destaque,
pesquisadores, formadores de opinião, em
cada curso ou áreas afins relacionadas
com a Fisioterapia, Enfermagem,
Farmácia, Biomedicina, Direito,
Psicologia, Pedagogia, Turismo e
Hotelaria, Engenharia de Produção,
Design, Publicidade e Propaganda,
Engenharia Civil e Medicina, nos âmbitos
nacional e internacional.
2. CATEGORIAS DE ARTIGOS
Além dos artigos originais, que têm
prioridade, a Revista Multidisciplinar das
Faculdades Integradas Pitágoras publica
Entrevistas, Revisões de Literatura,
Atualizações, Notas e Informações,
Cartas ao Editor, Editoriais, além de
74
- Artigos Originais - MULTITEXTOS
São contribuições destinadas a divulgar
resultados de pesquisa original inédita,
que possam ser replicados ou
generalizados. Devem ter a objetividade
como princípio básico. O autor deve
deixar claro quais as questões que
pretende responder.
Devem ter de 2.000 a 4.000 palavras,
excetuando-se Tabelas, Figuras e
Referências.
As Tabelas e Figuras devem ser limitadas
a 5 no conjunto, recomendando incluir
apenas os dados imprescindíveis,
evitando-se tabelas muito longas, com
dados dispersos e de valor não
representativo. Quanto às figuras, não são
aceitas aquelas que repetem dados de
tabelas.
As Referências estão limitadas a 20,
devendo incluir aquelas estritamente
pertinentes à problemática abordada,
havendo, entretanto, flexibilidade. Devese evitar a inclusão de número excessivo
de referências numa mesma citação.
A estrutura dos artigos, a partir da Revista
número 5, é a convencional: a Introdução
deve ser curta, definindo o problema
estudado, sintetizando sua importância e
destacando as lacunas do conhecimento
(“estado da arte”) que serão abordadas no
artigo. O Desenvolvimento deve conter a
metodologia empregada, os resultados e a
discussão, que deve começar apreciando
as limitações do estudo, seguidas da
comparação com a literatura científica e
da interpretação dos autores. Por fim,
devem ser apresentadas as Conclusões
da pesquisa.
- Atualizações - UM PONTO À
FRENTE
São trabalhos descritivos e
interpretativos baseados na literatura
científica recente sobre a situação
global em que se encontra determinado
assunto investigativo. Sua extensão
deve ser de até 3.000 palavras.
- Notas e Informações MULTI-AÇÃO
São relatos de casos curtos decorrentes
de estudos originais ou avaliativos.
Podem incluir também notas
preliminares de pesquisa, contendo
dados inéditos e relevantes para os
temas referentes aos cursos abordados
nesta revista.
Devem ter de 800 a 1.600 palavras
(excluindo-se tabelas, figuras e
referências) - 1 tabela/figura e 5
referências.
- Cartas ao Editor - RECIPROCIDADE
Incluem cartas que visam discutir
artigos recentes publicados na Revista
Multidisciplinar das Faculdades
Integradas Pitágoras ou
relatar
pesquisas originais ou achados
científicos significativos. Não devem
exceder a 600 palavras e 5 referências.
3. AUTORIA
O conceito de autoria está baseado na
contribuição substancial de cada uma
das pessoas alistadas como autores, no
que se refere, sobretudo à concepção do
projeto de pesquisa, análise e
interpretação de dados, redação e
revisão crítica. Os trabalhos publicados
restringem-se a, no máximo, 8 autores.
Cada manuscrito deve indicar o nome
de um autor responsável pela
correspondência com a Revista
Multidisciplinar das Faculdades
Integradas Pitágoras, e seu respectivo
endereço, incluindo telefone, fax e email.
4. PROCESSO DE JULGAMENTO
Normas para publicação
DOS MANUSCRITOS
Os manuscritos submetidos à Revista
Multidisciplinar das Faculdades
Integradas Pitágoras, que atenderem às
“instruções aos autores” e que se
coadunem com sua política editorial, são
encaminhados à Comissão Editorial, que
considerará o mérito científico da
contribuição.
O anonimato é garantido durante todo o
processo de julgamento. A decisão sobre
aceitação é tomada pela Comissão
Editorial.
- Manuscritos Recusados
Manuscritos não selecionados não serão
devolvidos; a menos que sejam solicitados
pelos respectivos autores no prazo de até
seis meses. Manuscritos recusados, mas
com a possibilidade de reformulação,
poderão retornar como novo trabalho,
iniciando-se outro processo de
julgamento.
- Manuscritos Aceitos
Manuscritos aceitos ou aceitos sob
condição poderão retornar aos autores
para aprovação de eventuais alterações no
processo de editoração e normalização, de
acordo com o estilo da Revista
Multidisciplinar das Faculdades
Integradas Pitágoras.
5. PREPARO DOS MANUSCRITOS
Os manuscritos devem ser preparados de
acordo com as “Instruções aos Autores”
desta revista.
Os artigos devem ser digitados no
programa Word (Windows), em uma só
face, com letra tipo arial, corpo 12 em
folha de papel branco, tamanho ofício,
mantendo margens laterais de 3
centímetros, espaço um e meio em todo o
texto, incluindo página de identificação,
resumos, agradecimentos, referências e
tabelas.
Cada manuscrito deve ser enviado em 2
vias impressas e uma cópia em cd,
programa Word.
Todas as páginas devem ser numeradas a
partir da página de identificação.
- Página de Identificação
Deve conter:
1. Título do Artigo, que deve ser conciso e
completo, evitando palavras supérfluas.
Recomenda-se começar pelo termo que
represente o aspecto mais importante do
trabalho, com os demais termos em ordem
decrescente de importância.
2. Nome e sobrenome de cada autor pelo
qual é conhecido pela literatura científica.
3. Instituição a que cada autor está
afiliado, acompanhado do respectivo
endereço.
4. Nome do Departamento e da Instituição
em que o trabalho foi realizado.
5. Nome e endereço do autor responsável
pela troca de correspondências e ainda, email, fone e fax.
6. Se foi subvencionado, indicar o tipo de
auxílio, o nome da agência financiadora e o
respectivo número do processo.
7. Se foi baseado em tese, indicar o título,
ano e instituição onde foi apresentada.
8. Se foi apresentado em reunião científica,
indicar o nome do evento, local e data da
realização.
- Resumos e Descritores
Para os Artigos Originais, os resumos
devem ser apresentados no formato
estruturado, com até 250 palavras,
destacando o principal objetivo e os
métodos básicos adotados, informando
sinteticamente local, população e
amostragem da pesquisa, quando houver;
apresentando os resultados mais relevantes,
apontando as conclusões mais importantes,
apoiadas nas evidências relatadas,
recomendando estudos adicionais, quando
for o caso. Para as demais seções, o formato
do resumo deve ser o narrativo, com até 150
palavras. Basicamente devem ser
destacados o objetivo, os métodos usados
para o levantamento das fontes de dados, os
critérios de seleção dos trabalhos incluídos,
os aspectos mais importantes discutidos e
as conclusões mais importantes e suas
implicações. Abreviaturas e siglas devem
ser evitadas. Descritores devem ser
indicados entre 3 e 10.
- Agradecimentos
Contribuições de pessoas que prestaram
alguma forma de colaboração intelectual ao
trabalho como assessoria científica, revisão
crítica da pesquisa, coleta de dados entre
outras, mas que não preencham os
requisitos para participar de autoria, devem
constar dos “Agradecimentos” desde que
haja permissão expressa dos nomeados.
Também podem constar desta parte
agradecimentos a instituições pelo apoio
econômico, material ou outros.
- Referências
As referências devem ser ordenadas
alfabeticamente, normalizadas de acordo
com o estilo ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) vigente.
A exatidão das referências constantes da
listagem e a correta citação no texto são de
responsabilidade do(s) autor(es) do
manuscrito.
- Tabelas
Devem ser apresentadas em folhas
separadas, numeradas consecutivamente
com algarismos arábicos, na ordem em
que foram citadas no texto. A cada uma
deve-se atribuir um título breve, não se
utilizando traços internos horizontais ou
verticais. As notas explicativas devem
ser colocadas no rodapé das tabelas e
não no cabeçalho do título. Se houver
tabelas extraídas de outros trabalhos,
previamente publicados, os autores
devem providenciar a permissão, por
escrito, para a reprodução das mesmas.
Essa autorização deve acompanhar os
manuscritos submetidos à publicação.
Tabelas consideradas adicionais pelo
Editor não serão publicadas, mas
poderão ser colocadas à disposição dos
leitores, pelos respectivos autores,
mediante nota explicativa.
Quadros são identificados como
Ta b e l a s , s e g u i n d o u m a ú n i c a
numeração em todo o texto.
- Figuras
As ilustrações (fotografias, desenhos,
gráficos etc.), citadas como Figuras,
devem estar desenhadas e fotografadas
por profissionais. Devem ser numeradas
consecutivamente com algarismos
arábicos, na ordem em que foram
citadas no texto; devem ser
identificadas fora do texto, por número e
título abreviado do trabalho; as legendas
devem ser apresentadas em folha à
parte; as ilustrações devem ser
suficientemente claras para permitir
suas reproduções. Não se permite que as
Figuras apresentem os mesmos dados
das Tabelas. As Figuras coloridas não
são publicadas, a não ser que sejam
custeadas pelos autores do manuscrito.
Nas legendas das figuras, os símbolos,
flechas, números, letras e outros sinais
devem ser identificados, e seu
significado esclarecido. Se houver
figuras extraídas de outros trabalhos,
previamente publicados, os autores
devem providenciar permissão, por
escrito, para sua reprodução. Essas
autorizações devem acompanhar os
manuscritos submetidos à publicação.
- Abreviaturas e siglas
Deve ser utilizada a forma padrão.
Quando não o forem, devem ser
precedidas do nome completo, quando
citadas pela primeira vez; quando
aparecerem nas Tabelas e nas Figuras,
devem ser acompanhadas de
explicação, quando seu significado não
for conhecido. Não devem ser usadas no
título e no resumo, e seu uso no texto
deve ser limitado.
6. ENVIO DOS MANUSCRITOS
75
Normas para publicação
Os manuscritos devem ser endereçados
aos Editores Científicos da Revista
Multidisciplinar das Faculdades Pitágoras
de Montes Claros, em duas cópias em
papel e uma cópia em cd, formato MS
Word, para o seguinte endereço:
Profa. Regina Célia Lima Caleiro
Editora Científica da Revista
Multidisciplinar das Faculdades
Integradas Pitágoras
Avenida Professora Aída Mainartina
Paraíso, 80 Bairro Ibituruna - Montes
Claros/Minas Gerais. CEP: 39400-000Fone/Fax: 038XX3214-7100 - Endereço
eletrônico: http\\www.fip-moc.edu.br
7 . D E C L A R A Ç Ã O D E
RESPONSABILIDADE E
TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS
AUTORAIS
Cada autor deve ler e assinar os
documentos (1) Declaração de
Responsabilidade e (2) Transferência de
Direitos Autorais.
P r i m e i r o
A u t o r :
_____________________________
T í t u l o
d o
Manuscrito:_______________________
__
I - Declaração de Responsabilidade
Todas as pessoas relacionadas como
autores devem assinar declaração de
responsabilidade nos termos abaixo:
“Certifico que participei suficientemente
do trabalho para tornar pública minha
responsabilidade por seu conteúdo.
Certifico que o manuscrito representa um
trabalho original e que nem este
manuscrito, em parte ou na íntegra, nem
outro trabalho com conteúdo
substancialmente similar, de minha
autoria, foi publicado ou está sendo
considerado para publicação em outra
revista, quer seja no formato impressa ou
no eletrônico, exceto o descrito em anexo.
Atesto que, se solicitado, fornecerei ou
cooperarei totalmente na obtenção e
fornecimento de dados sobre os quais o
manuscrito está baseado para exame dos
leitores”.
Assinatura do(s) autor(es) e Data
_________________________________
_________________________________
________________
II - Transferência de Direitos Autorais.
“Declaro que, em caso de aceitação do
76
artigo por parte da Revista Científica das
Faculdades Pitágoras de Montes Claros,
concordo com que os direitos autorais a ele
referentes se tornarão propriedade
exclusiva das FIPMoc, ficando vedada
qualquer produção, total ou parcial, em
qualquer outra parte ou meio de divulgação,
impressa ou eletrônica, sem que a prévia e
necessária autorização seja solicitada e, se
obtida, farei constar o competente
agradecimento às Faculdades Pitágoras de
Montes Claros e os créditos
correspondentes”.
Assinatura do(s) autor(es) e Data
__________________________________
_______
8. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E
LEGAIS
Evite o uso de iniciais, nomes ou número de
registros dos pacientes/clientes avaliados
no estudo. Os participantes do trabalho não
poderão ser identificáveis por fotografias,
exceto com consentimento expresso, por
escrito, acompanhando o trabalho original.
As Tabelas e/ou Figuras publicadas em
outras revistas ou livros devem citar as
respectivas referências e o consentimento,
por escrito, do autor ou editores.
Estudos realizados em seres humanos
devem estar de acordo com os padrões
éticos e com o devido consentimento livre e
esclarecido dos pacientes (reporte-se à
Resolução 196/96, do Conselho Nacional
de Saúde, que trata do código de “Ética para
Pesquisa em Seres Humanos”). Para as
pesquisas em humanos, deve-se incluir a
respectiva aprovação pela Comissão de
Ética em Pesquisa, devidamente registrada
no Conselho Nacional de Saúde Hospitalar
ou Universitária mais próxima de sua
região. A Revista Multidisciplinar das
Faculdades Pitágoras de Montes Claros
reserva-se o direito de não publicar
trabalhos que não obedeçam a essas
normais legais e éticas para pesquisas em
seres humanos.
Para os experimentos em animais,
considerem-se as diretrizes internacionais,
por exemplo, a do Commitee for Research
and Ethical Issues of International
Association for the Study of Pain, publicada
em PAIN, v. 16, p. 109-110, (1983).
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao enviar o original e as cópias do trabalho
(na versão inicial), procure acondicioná-los
adequadamente, para evitar rasuras e danos.
As ilustrações, principalmente as
fotografias, devem ser protegidas com
material impermeável antes de serem
postadas no correio. Prefira a remessa
via Sedex ou carta registrada. Quando o
artigo pertencer a mais de um autor, fica
claro que os demais autores estão de
acordo com a publicação da matéria,
quando do aceite final dos editores.
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