CAMINHADA PARA O TEMPO PASCAL “Como são belos os pés que anunciam...” A Páscoa é a mãe de toda a Liturgia. Na verdade, «o centro da Liturgia é a Páscoa de Cristo, fulcro de toda a história da salvação, ou melhor, o mistério de Cristo como história da salvação» (D. José CORDEIRO, Liturgia. A Primeira Escola da Fé, p. 7). Dada a centralidade do Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo nos alicerces fundantes e na dimensão celebrativa da fé cristã, este é celebrado como memória e atualização em cada Eucaristia, fazendo do Domingo a celebração da Páscoa da Ressurreição no tempo, enquanto Dia do Senhor. Neste sentido, cada um dos cinquenta dias do Tempo Pascal pretende ser uma oportunidade pedagógica para experienciar a vida do Ressuscitado como luz e orientação dos nossos passos na história. Para a vivência deste Tempo Pascal, a Comissão para a Pastoral Litúrgica e Sacramentos faculta uma proposta litúrgica, espiritual e pastoral, alicerçada nas traves mestras enunciadas previamente, de tal modo que nos faça cada vez mais discípulos do Ressuscitado em verdadeiro estado de missão, quais anunciadores alegres e convictos da presença de Cristo na nossa vida, contagiando cada pessoa com o testemunho essencial da nossa fé. Como é Deus que continua a conduzir o Seu Povo pelos caminhos da história e da missão, será Ele a comunicar, Domingo a Domingo, na Liturgia da Palavra, o ritmo e a concretização do que implica a missão na vida de cada cristão e de cada comunidade (paroquial). Esta caminhada enquadra-se na continuidade da que foi realizada ao longo do Tempo Quaresmal, a partir da dinâmica “dai-nos, Senhor, um coração puro”. Por isso, o coração e a estrutura na qual ele se apoia permanecerão no espaço litúrgico ao longo de todo o Tempo Pascal. Uma vez que já foi eliminado tudo o que tornava o coração impuro, este será revestido, em cada Domingo até ao Pentecostes, dos valores que o Ressuscitado sugere para a missão, a partir de dois elementos simbólicos: a luz e os pés. A presença de Cristo Ressuscitado é representada pela luz do Círio Pascal – situado no centro do coração, aí permanecerá nesta caminhada – que ilumina a missão de cada um dos seus discípulos, simbolizada nos dois pés ou pegadas, que evidenciarão o seu dinamismo urgente, simples e sempre comunitário. Para explicitar melhor esta caminhada, poderemos verificar a tabela que se segue, bem como estas notas explicativas: 1. Do Evangelho de cada Domingo surgirá uma frase que será o mote para refletir, partilhar e testemunhar durante a semana, nos ambientes frequentados por cada um de nós (casa, escola, trabalho, lazer, paróquia...), anunciando assim a alegria do Evangelho; 2. A partir desta citação bíblica é escolhida uma palavra/valor, que se demonstra e traduz numa característica concreta do discípulo missionário; 3. Esta palavra/valor materializa-se no preenchimento e enriquecimento do coração, que foi purificado ao longo da Quaresma e agora precisa de ser revestido dos valores do Ressuscitado: esta palavra/valor aparecerá escrita ou delineada no coração, desde o início de cada celebração dominical, à qual se fará referência nos momentos celebrativos mais oportunos, tal como se procurará destacar na preparação de cada Domingo; 4. Uma vez que este valor pretende alimentar a missão, continuar-se-á a valorizar a bênção final e o envio: na admonição final será explicitado o sentido dessa palavra/valor, enquanto se acende uma pequena vela que é colocada, juntamente com dois pés ou duas pegadas, na proximidade da respetiva palavra, preenchendo e envolvendo assim todo o coração, toda a vida do discípulo missionário. Além disso, continuaremos a fazer uma proposta que integre uma sugestão de cânticos, a eucologia, um formulário para a preparação penitencial (por exemplo: com tropos adaptados, sugeridos a propósito) e/ou o destaque de outro elemento celebrativo, um esquema atualizado de oração universal, um modelo de bênção final, uma admonição para o envio que será sempre iniciada com a frase “como são belos os pés que anunciam...”, à qual se associará a palavra/valor dessa celebração, bem como uma missão para o compromisso semanal. Dispostos a por os pés a caminho neste tempo propício para assumir a missão que o Ressuscitado nos confia e para a qual nos ilumina, como discípulos missionários queremos acolher e viver a missão de todo o coração, contagiando o coração daqueles que estão ao alcance do nosso alegre testemunho. Itinerário simbólico: «Missão» Solenidade Data 1. Anunciar a Alegria do Evangelho 2. Palavra/Valor I Domingo II Domingo III Domingo IV Domingo 27 de março 3 de abril 10 de abril 17 de abril «Corriam os dois juntos». «Eu vos envio a vós». «Bem sabiam que era o Senhor». «Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguemme». 3. Característica ALEGRIA Experimentar a alegria do encontro com Jesus Cristo Ressuscitado. PAZ Acolher a paz que a presença do Ressuscitado faz sentir na nossa vida e na missão que nos confia. FÉ Confiar na ação do Ressuscitado, mesmo nos momentos de maior dificuldade e de desânimo. ESCUTA Escutar a Palavra de Deus e o ambiente real que nos envolve como princípio e critério de seguimento e de anúncio do Ressuscitado. 4. Concretização Apresentar escrita ou delineada no coração a palavra ALEGRIA e acender, após a admonição final, uma pequena vela a partir do Círio Pascal, que ficará, juntamente com dois pés, na proximidade da palavra, à volta do coração. Apresentar escrita ou delineada no coração a palavra PAZ e acender, após a admonição final, uma pequena vela a partir do Círio Pascal, que ficará, juntamente com dois pés, na proximidade da palavra, à volta do coração. Apresentar escrita ou delineada no coração a palavra FÉ e acender, após a admonição final, uma pequena vela a partir do Círio Pascal, que ficará, juntamente com dois pés, na proximidade da palavra, à volta do coração. Apresentar escrita ou delineada no coração a palavra ESCUTA e acender, após a admonição final, uma pequena vela a partir do Círio Pascal, que ficará, juntamente com dois pés, na proximidade da palavra, à volta do coração. V Domingo 24 de abril «Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros». VI Domingo 1 de maio «Faremos nele a nossa morada». ENVIO Ascensão 8 de maio «Vós sois testemunhas». BÊNÇÃO Pentecostes 15 de maio «Recebei o Espírito Santo». DOCILIDADE AMOR Apresentar escrita ou delineada no coração a palavra AMOR e acender, após Questionar a razão última e o a admonição final, uma pequena vela a modo como nos dedicamos à partir do Círio Pascal, que ficará, missão que nos está confiada. juntamente com dois pés, na proximidade da palavra, à volta do coração. Apresentar escrita ou delineada no coração a palavra ENVIO e acender, após Sentir-se habitação e presença a admonição final, uma pequena vela a do Ressuscitado. partir do Círio Pascal, que ficará, juntamente com dois pés, na proximidade da palavra, à volta do coração. Apresentar escrita ou delineada no Cultivar o olhar de bênção coração a palavra BÊNÇÃO e acender, que o Ressuscitado nos após a admonição final, uma pequena chama a testemunhar, vela a partir do Círio Pascal, que ficará, concretizado em gestos e juntamente com dois pés, na proximidade palavras. da palavra, à volta do coração. Apresentar escrita ou delineada no coração a palavra DOCILIDADE e Aprofundar a consciência da acender, após a admonição final, uma presença e da ação do pequena vela a partir do Círio Pascal, que Espírito do Ressuscitado em ficará, juntamente com dois pés, na nós. proximidade da palavra, à volta do coração.