CAMINHADA QUARESMAL “Dai-nos um coração puro” Criai em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme. Sl 50(51), 12 A Quaresma é o tempo favorável para o silêncio, que conduz cada cristão à escuta da Palavra de Deus, de tal modo que neste espelho possa confrontar a sua identidade batismal. Como a vida nem sempre corresponde aos critérios de Deus, é necessário inverter o rumo, trilhando um caminho de conversão, de mudança de vida, de reconciliação com Deus e com os irmãos. Ao longo do tempo quaresmal, os cristãos têm a oportunidade de viver esta renovação da sua vida cristã, através da oração, do jejum e da partilha, para poderem participar com maior plenitude e alegria no Mistério Pascal do Senhor. Em pleno Ano Santo, a Quaresma pode ser também um tempo privilegiado para intensificar uma abertura de coração à misericórdia de Deus, intensificando assim o caminho de conversão: arrependimento, contrição, penitência, confissão, propósito de emenda e reconciliação. Para vivermos intensamente esta Quaresma, podemos valer-nos das sugestões que o Papa Francisco aponta na Bula Misericordiae vultus: deixar que seja a Palavra de Deus a iluminar o caminho, peregrinar até uma Porta Santa, viver o sacramento da reconciliação, praticar as obras de misericórdia, alcançar indulgência, ser testemunha da misericórdia e consagrar-se a Maria, mãe de misericórdia. O itinerário, que agora a Comissão para a Pastoral Litúrgica e Sacramentos propõe, pretende ser uma oportunidade para nos ajudar a viver este caminho, alicerçado nas traves mestras enunciadas previamente, de tal modo que nos faça cada vez mais discípulos missionários em conversão de coração. Como propósito assumido no início do Ano Litúrgico, será a Liturgia da Palavra de cada Domingo a marcar o ritmo e a concretização do que implica a conversão na vida de cada cristão e de cada comunidade (paroquial), tal como poderemos verificar no esquema seguinte. Retirada do Evangelho, surgirá uma frase que será o mote para refletir durante a semana, anunciando assim a alegria do Evangelho. Desta citação bíblica surge uma característica concreta do que significa ser discípulo em contínua conversão, sendo, por sua vez, evidenciada no itinerário simbólico para este tempo. Este pretende partir da imagem do coração, que estará delineado num plano ligeiramente elevado e com uma certa inclinação, de acordo com o espaço litúrgico de cada igreja, para se tornar visível para toda a assembleia. Contudo, este coração não estará visível no início desta caminhada, porque repleto de muitos elementos/materiais que o empedernecem e o ofuscam: 1) cinza ao centro, 2) areia, 3) um pano sujo com nódoas, 4) ramos e folhas secas, 5) dinheiro ilustrado, 6) pedras e 7) folhas de palmeira. Dispostos a rasgar os nossos corações, em cada semana deste caminho de conversão serão progressivamente retirados esses elementos de cima do coração, durante o momento de preparação penitencial, para que, ao chegarmos à Páscoa, o Senhor faça surgir em nós um coração puro. Durante o Tempo Pascal, dar-se-á continuidade a este caminho. Além disso, continuaremos a fazer uma proposta que integre uma sugestão de cânticos, a eucologia, o destaque de um elemento celebrativo, um esquema atualizado de oração universal, uma admonição para o envio, uma bênção final e uma missão para o compromisso semanal. Dispostos a viver de todo o coração este tempo de conversão, como discípulos missionários queremos acolher a novidade que brota do lado trespassado de Jesus Cristo, o rosto de misericórdia do Pai, para deixarmos surgir em nós um espírito firme e renovado. Itinerário simbólico: «Conversão» Solenidade Cinzas Data 10 fevereiro Anunciar a Alegria do Evangelho Característica Concretização «Teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa». Dar o primeiro passo no reconhecimento do pecado. A cinza encontra-se no centro do suporte onde se esconde o coração. Neste dia é retirada a cinza, para que seja utilizada na imposição sobre os cristãos. No seu lugar será colocado, na Vigília Pascal, o Círio. No primeiro domingo retira-se a areia, fazendo-se entrever um pouco do coração. I Domingo 14 fevereiro «Ao Senhor teu Deus adorarás». Assumir-se como discípulo pecador, mas amado. II Domingo 21 fevereiro «Enquanto orava, alterou-se o aspeto do seu rosto». Deixar-se iluminar por Deus. Neste domingo, será retirado de cima do coração o pano sujo com nódoas. III Domingo 28 fevereiro «Talvez venha a dar frutos». Aprofundar o sentido do arrependimento. No início da terceira semana, removerse-ão os ramos e as folhas secas. IV Domingo 6 março «Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos». Saborear a alegria de acolher o perdão de Deus. No Domingo da Alegria será deposta a alusão ao dinheiro. «Vai e não tornes a pecar». Valorizar o perdão e comunicá-lo aos outros. No quinto Domingo, retirar-se-ão as pedras, de tal modo que já se torne mais visível o coração. «Pai, perdoa-lhes». Louvar e bendizer o Pai de Misericórdia, no íntimo do coração, pela entrega do Seu Filho para nossa salvação e para perdão dos nossos pecados. No Domingo de Ramos, as palmas que ainda cobrem o coração serão removidas para o lado, permanecendo ainda durante a Semana Santa. V Domingo Ramos 13 março 20 março