Pingos da Língua Portuguesa - Colégio Rio Branco

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Pingos da Língua
Portuguesa ...
Pequenas doses de Gramática,
Literatura e Redação para você
... no Rio Branco/Campinas
Vol. 13
2011
Literatura
Clarice Lispector
Ao mesmo tempo que ousava desvelar as profundezas de sua alma em seus escritos,
Clarice Lispector costumava evitar declarações excessivamente íntimas nas
entrevistas que concedia, tendo afirmado mais de uma vez que jamais escreveria
uma autobiografia. Contudo, nas crônicas que publicou no Jornal do Brasil entre
1967 e 1973, deixou escapar de tempos em tempos confissões que, devidamente
pinçadas, permitem compor um auto-retrato bastante acurado, ainda que parcial.
Isto porque Clarice por inteiro só os verdadeiramente íntimos conheceram e, ainda
assim, com detalhes ciosamente protegidos por zonas de sombra. A verdade é que
a escritora, que reconhecia com espanto ser um mistério para si mesma,
continuará sendo um mistério para seus admiradores, ainda que os textos
confessionais aqui coligidos possibilitem reveladores vislumbres de sua densa
personalidade.
Fonte: http://www.claricelispector.com.br/autobiografia.aspx
Literatura
Leia um pouco de (e sobre) Clarice:
A descoberta do amor
“[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em
muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em
apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado,
longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras
coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos
terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado
infantil que não cresce jamais.
Literatura
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os
americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação
profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos.
[...] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada
pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse
modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu
me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a
bastante
selvageria
e
muita
timidez.
Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o
que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado
de me contar como era o amor. [...] Porque o mais surpreendente é que,
mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu
saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os
caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é
porque
ache
vergonhoso,
é
por
pudor
apenas
feminino.
Pois juro que a vida é bonita.”
Gramática
Formação do Imperativo
Por que utilizamos o modo imperativo?
Este modo verbal é, geralmente, utilizado em momentos nos quais precisamos
solicitar algo a alguém.
Essa solicitação pode se configurar como pedido, conselho ou ordem dependendo
da situação de comunicação em que as pessoas que participam estão inseridas.
Podemos utilizar o Imperativo Afirmativo, caso queiramos focar nossa solicitação no
que está sendo solicitado, ou o Imperativo Negativo, caso queiramos focalizar na não
concordância da situação realizada.
A Gramática sugere que formemos Imperativo Afirmativo a partir do auxílio de 2
outros tempos e modos verbais: o presente do indicativo e o presente do subjuntivo,
enquanto que o Imperativo Negativo deve ser formado com o auxílio somente do
Presente do Subjuntivo.
Observe os exemplos:
Gramática
Presente do indicativo
Eu ligo
Tu ligas (-s)
Ele liga
Nós ligamos
Vós ligais (-s)
Eles ligam
Imperativo
afirmativo
***********
liga (tu)
ligue (você)
liguemos (nós)
ligai (vós)
liguem (vocês)
Presente do subjuntivo
Que eu esqueça
Que tu esqueças
Que ele esqueça
Que nós esqueçamos
Que vós esqueçais
Que eles esqueçam
Presente do
subjuntivo
Que eu ligue
Que tu ligues
Que ele ligue
Que nós liguemos
Que vós ligueis
Que eles liguem
Imperativo negativo
***************
Não esqueças (tu)
Não esqueça (você)
Não esqueçamos (nós)
Não esqueçais (vós)
Não esqueçam (vocês)
Perceba que, na nossa
língua
portuguesa,
utilizamos
mais
o
imperativo na segunda
pessoa (tu).
Redação
Dissertação: parágrafo de abertura
Tendo delimitado o assunto sobre o qual se vai escrever e elaborado um plano para
estruturar o texto, é importante pensar no parágrafo que vai introduzir o texto. Esse
deve, antes de mais nada, chamar a atenção do leitor para dois itens essenciais:
a. Os objetivos do texto;
b. O plano de desenvolvimento.
Veja alguns exemplos de parágrafos introdutórios:
 “Os meios de comunicação social constituem, paradoxalmente, meios de elite e de
massas”. José Marques de Melo)
Observe que o autor, em poucas palavras, chama a atenção para a contradição
existente nos meios de comunicação social e, ao mesmo tempo, nos dá ideia do que
pretende desenvolver.
Redação
Dissertação: parágrafo de abertura
 “De um tecido rústico para cobrir barracas, surgiu a roupa mais universal
do homem. Adotadas pela juventude, as calças jeans tornaram-se símbolo
de uma nova maneira de dizer” (Superinteressante)
Através desse parágrafo, nota-se claramente que o autor pretende traçar
uma evolução histórica do uso do jeans e demonstrar por que é a roupa mais
universal e o símbolo de um novo estilo de vida. Os objetivos e o plano de
desenvolvimento do texto ficam bem claros nesse parágrafo introdutório.
(Fonte: FARACO & MOURA. Língua e Literatura. São Paulo: Ática, 1990, p. 77)
Fim
Gostou?
Por enquanto é isso, mas na próxima edição tem
mais!
Até a próxima semana!
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