Projeto de Extensão Economia em Foco

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Projeto de Extensão Economia em Foco - UFSM
A LITERATURA FICCIONAL NA TEORIA ECONÔMICA: A ECONOMIA
“POTTERIANA” VERSUS A ECONOMIA MONETÁRIA
Roberto Rodolfo Uebel1
RESUMO
A literatura sempre brindara à Ciência Econômica com importantes contribuições nas
esferas de modelagem e interpretação econômico-monetária, desde os princípios
aristotélicos da crematística até as contribuições dos economistas escritores como Smith,
Ricardo, Malthus, James Mill, Marx e Schumpeter, que além de contribuírem para a
Ciência Econômica, também ingressaram para a formosa Ciência Literária com seus
escritos que se tornaram cientificamente universais no arcabouço literário e não só do
conhecimento dos estudiosos de economia. Com o advento da contemporaneidade da
literatura internacional, sobretudo aquela encabeçada por ingleses, norte-americanos e
franceses, a economia ganhara distintos aspectos ficcionais nas obras literárias, sendo
objeto de estudo, interpretação, elucidação e até mesmo transformação livre, muitas vezes
comprometida com as mais complexas teorias econômicas e subjacentes, entre elas o
famoso moral hazard até a teoria do capital humano. Neste contexto insere-se a ficcional e
conceituada série literária de J. K. Rowling, Harry Potter, que fora objeto de estudo das
mais distintas ciências, entre elas a Filosofia, Ciência Política, Teologia, Ciências
Administrativas e mais recentemente, com a obra dos professores israelenses Avichai Snir
e Daniel Levy, da própria Ciência Econômica. Logo, o presente paper visa apontar os
principais aspectos elucidados pelo escopo da Economia Monetária aliado ao que se
encontra nos escritos de J. K. Rowling e inclusive trazê-los a exemplos contemporâneos,
entre eles de paridade do poder de compra, estagflação, oferta e demanda de moeda e
teorias monetárias; caracterizando-se assim um trabalho pioneiro nos meios acadêmicos e
científicos, sendo a priori apenas um ensaio para futuro projeto.
Classificação JEL: A12, A13, A19, A20, B00, E00, H89, P40, P52, Y30
Palavras-chave: Harry Potter. Atividade Econômica. Economia Monetária. Literatura.
Ficção.
1 Introdução
Consoante é estudado nos bancos acadêmicos, principalmente no ínterim da
História do Pensamento Econômico, História Econômica Geral e Economia Política, bem
como ao longo de toda vida do estudioso da nobre Ciência Econômica, a economia não é
somente realizada de teorias, gráficos, estatísticas e ponderações muitas vezes matemáticas
e absurdamente sem qualquer expressão frasal, complexas de números e expressões
1
Acadêmico do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Maria
1
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algébricas. A economia também pertence ou é pertencida – e não cabe à proposta do
presente trabalho averiguar qual ciência engloba ou é conglobada – à literatura e à arte da
escrita, desde a sua concepção e diferenciação da crematística 2 em Aristóteles, que além de
ser um green economist também fora filósofo, escritor e apreciador da incipiente ciência
empírica universal, até a rebuscada escrita de panfletos de Marx, passando pela quase
poética contribuição de James Mill (o pai de John Stuart Mill), até a quase ficcional teoria
malthusiana e os escritos modernos de Schumpeter e evolucionários, que de forma
amálgama incluíram não só a literatura, mas também outras ciências em seus escritos que
são decorados e aprendidos naqueles mesmos bancos escolares do pensamento econômico
e político.
Nesse ínterim, seguiu-se que a Ciência Econômica criara sua própria, por assim
dizer, ficção, ao elaborar teorias econômicas e princípios que foram, de forma pragmática
ou empírica, testados anos ou séculos mais tarde, posto que, não haveria como invalidar-se
exempli gratia a teoria malthusiana da população3 à época em que fora elaborada a não ser
quando se inferiu décadas mais tarde que a mesma era insuficiente e ineficaz para explicar
o crescimento populacional, logo, não se tardava em ser uma ficção econômico-literária,
que entrara para os anais históricos da economia apenas como história ficcional, assim
como o Harry Potter que se abordará, por conseguinte.
Com a projeção da Ciência Econômica pelo meio acadêmico, principalmente nas
academias inglesas e francesas no período pós-iluminista, a economia inseriu-se deveras na
literatura, não havendo mais assim uma separação entre aquilo que é texto econômico e
aquilo que é livro-texto ou romance. Tal circunstância fora evoluindo até chegar à
contemporaneidade onde romancistas como Rowling, Tolkien, Lewis e etc. inseriram
conceitos de moeda e sistemas econômicos, ainda que de forma litúrgica e fantasiosa (para
atingir a determinados públicos-alvo) que fizeram o merecimento de estudos e análises por
aqueles que se prontificaram a estudar a Ciência Econômica e suas vertentes, entre elas, a
2
Aristóteles desenvolve [...] designando com a palavra crematística, em geral, toda a atividade que existe na
aquisição dos bens ou riquezas. Mas mostra então que existem duas formas de crematística. A primeira
forma consiste em adquirir bens com vistas à satisfação das necessidades. Esta é natural, legítima, e faz
parte normalmente da econômica, que é, no sentido de Aristóteles, a ciência da vida familiar. Mas há uma
segunda forma da crematística que consiste na atividade comercial [...] onde existem três formas
condenáveis desta crematística: o comércio exterior, o empréstimo a juros e o trabalho assalariado.
(DENIS, 1978, p. 55-56)
3
Malthus em seus panfletos argumentava a sua teoria da população nos seguintes princípios: a pobreza e o
sofrimento abjeto eram o destino inevitável da maioria das pessoas, em toda sociedade; a população de
qualquer território era limitada pela quantidade de alimentos e na melhor das hipóteses, achava que a
produção de alimentos poderia aumentar em progressão aritmética e a população em progressão
geométrica. (HUNT, 2005, p. 69-71)
2
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Economia Monetária. Entre tais estudiosos têm-se os professores e economistas israelenses
Avichai Snir e Daniel Levy que se prontificaram a inserir uma monetização teórica no
quorum da série Harry Poter, o que se pretende analisar, revisar e discutir neste trabalho,
como mesmo dizem os professores citados acima:
In the paper, we analyze the Harry Potter texts to see the relation between the
wizards' world and the real world as we know it by focusing on the economic
structure of the Wizards' society. We study these texts in search of both
similarities as well as differences between the real and imaginary worlds. We
find that in many cases, the real and the imaginary worlds are quite similar,
which underscores the reality’s prominence in the readers' eyes. By using
concepts, motivations, and organizational structures that are familiar to the
readers, the author avoids the need to explain the behavior in the fantasy world in
too much detail. (SNIR; LEVY, 2005, p. 6)
Escolheu-se esse tema pelo seu ineditismo e pioneirismo nos periódicos latinoamericanos e por ser assunto inexplorado nos bancos escolares, a relação da Ciência
Econômica com a literatura, em virtude de que outras áreas do conhecimento humano,
como Medicina e Diplomacia, já terem diversos ensaios, trabalhos e até mesmo teses sobre
suas áreas relacionadas com a ficção, trazendo inclusive resultados e aberturas para novas
descobertas no meio científico, utilizando-se a hipótese da empiria e do conhecimento da
“folha em branco” de Hessem4, para explicar fenômenos e teorias econômicas reais com a
ficção mágica da série Harry Potter e inclusive servir de base para os leigos em economia,
através da literatura, aproximá-los ainda que de forma discreta e tímida, dos primeiros
conhecimentos e inferências sobre a teoria econômica e seus verbetes, que regem todo o
sistema social.
Por subsequente no presente artigo abordar-se-á os seguintes tópicos nas seções
porvir: o sistema financeiro-monetário da série Harry Potter; estagnação da economia
mágica; a paridade do poder de compra e o caso real argentino; a teoria econômica e a série
literária de Rowling; e as inferências finais do autor. Ressalta-se o caráter de experiência
ensaística do presente artigo que, caso bem recebido e avaliável, tornar-se-á objeto de
projeto de investigação científica, podendo ser levado à desenvoltura de uma monografia;
deixando-se assim para uma abordagem futura muitos itens, assuntos e temas vastos que
poderiam ser abordados no presente trabalho e que são descritos por Snir e Levy, contudo,
tornariam o artigo extenso, cansativo e desconexo para a proposta de trabalho apresentada
e será aproveitada em outras oportunidades, dada a complexidade do tema de economia
monetária e do próprio universo literário rico em detalhes criado por Rowling.
4
Para Johannes Hessem o espírito humano (o conhecimento) está por natureza vazio; é uma tábua rasa, uma
folha em branco onde a experiência escreve. Todos os nossos conceitos, incluindo os mais gerais e
abstratos, procedem da experiência. (HESSEM, 1970, p. 68)
3
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2 O Sistema Econômico-Monetário da Série Harry Potter
Antes de conhecer-se toda máquina pública (pública mesmo, gerida pelo
“Ministério da Magia”, semelhante a uma mistura de Presidência da República com
Ministério da Fazenda, Casa Civil, Relações Exteriores, Educação, Defesa e Planejamento)
que engloba a série criada por Rowling, faz-se necessária uma breve apresentação de quem
é Harry Potter, seu mundo e suas realizações, definidos em perfeita consonância por
Samuel Costa em sua obra:
Harry Potter é o principal personagem da série que leva o seu nome. Harry Potter
e a Pedra Filosofal, o primeiro dos livros de Rowling, introduz Harry como um
bebê órfão de pai e mãe. Os leitores rapidamente ficam sabendo que Harry
sobreviveu a um ataque do bruxo mau da série. O nenê Harry Potter foi
resgatado por “um grupo de bons feiticeiros” e colocado no batente da porta da
frente da casa do seu tio em um subúrbio de Londres. Com Hogwarts como
cenário principal, Harry demonstra lealdade para com seus amigos e a escola.
Hogwarts tem suas semelhanças com os colégios internos britânicos, porém, é só
para bruxos. Estudantes saem às compras com uma lista de material escolar a ser
adquirido antes de voltar às aulas. (COSTA, 2001, p. 15-18)
É com esta citação que se faz a necessidade do sistema econômico-monetário no
mundo de Harry Potter, a necessidade da compra exige no mínimo uma moeda como
intermediária de trocas, medida de valor e instrumento de poder que Lopes e Rosseti
definem em sua obra5, caracterizando a economia observada no mundo de Harry Potter
como uma economia aberta a priori, pelo fato de realizar transações com o mundo externo
(demais comunidades de bruxos no Leste Europeu, França, Estados Unidos, Egito e Brasil
são citados ao longo da obra) e fechada, por se restringir ao comércio único e exclusivo
entre aqueles que não são muggles (aqueles que não são bruxos). Logo, há a presença e
necessidade da economia monetária “potteriana”, representada incansavelmente pelo banco
Gringotes, uma espécie de Banco Central do mundo mágico, adquirindo as funções de
impressor de moeda, banco comercial, banco de investimentos e tesouro nacional,
semelhante aos bancos centrais do período medieval-moderno. Gringotes pode ser definido
com a seguinte citação direta à obra de Rowling:
O banco do mundo bruxo é um grande prédio branco, com portas de ouro e pisos
de mármore localizado no Beco Diagonal e dirigido por duendes. Com cofres
localizados no subterrâneo do banco e se entendendo por quilômetros abaixo de
Londres, é um dos lugares mais seguros do mundo bruxo, razão pela qual é tão
confiável para os muitos bruxos que guardam seu dinheiro ou pertences valiosos
em seus cofres. Com diferentes tipos de contas, os cofres de segurança mínima
podem ser abertos com uma pequena chave dourada. Outros, mais importantes,
5
LOPES, João do Carmo; ROSSETTI, José Paschoal. Introdução ao Estudo da Moeda: As Funções da
Moeda e sua Importância. In: LOPES, João do Carmo; ROSSETTI, José Paschoal. Economia Monetária.
7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Cap. 1, p. 19-25.
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só podem ser abertos por duendes que trabalham por lá e, cofres de segurança
máxima, possuem dragões de segurança em suas portas. Caso qualquer um tente
invadir algum dos cofres, é sugado imediatamente para dentro dele, trancado. A
cada 10 anos os duendes do banco verificam cada um dos cofres para saber se
houve algum ladrão desastrado que tentou a sorte com o banco. Os cofres de
segurança máxima ou de pessoas importantes são guardados por dragões, além
das portas que sugam. (ROWLING, 2000, p. 66-67)
Aubrey Malone discorre que o nome Gringotes deriva de lingote, que é uma barra
de ouro, fazendo todo sentido à história. 6Já Stephen Brown em sua obra também diz que
Gringotes é no mínimo um banco comercial, ao afirmar o seguinte:
Gringotes, um imponente banco de bruxos, administrado por duendes, domina o
local e oferece o indispensável guia da história (a pedra filosofal está escondida
em um dos cofres). No entanto, a instituição financeira é apenas um entre os
vários estabelecimentos da via pública. (BROWN, 2006, p.23)
Apresentados o regulador monetário-financeiro e de crédito e o governo central,
instituições mínimas exigidas para uma economia independente, segue-se a descrição e
comparação da moeda e banking no mundo “potteriano”, sempre com o olhar a nossa
teoria econômica.
2.1 Moeda e Inflação
O sistema e a economia monetária no mundo mágico de Harry Potter são baseados
em metais preciosos, lastreados em outro, prata e bronze, semelhante às moedas adotadas
durante a Idade Média nas Ilhas Britânicas, consoante os expõe Lopes e Rosseti (1998, p.
30). Tal fato deve-se principalmente ao simbolismo que as contém dado que em todos os
países em todas as épocas os metais preciosos sempre foram muito procurados e desejados,
quer em razão de seus usos materiais, quer em razão de seu caráter simbólico e de seu
valor mítico, como meios de expressão de poder e de riqueza, assim como subexiste na
história criada por Rowling.
Seguindo-se à análise do sistema monetário “potteriano”, observa-se na seguinte
passagem do primeiro livro uma breve definição dos três tipos de moeda existentes ao
mundo mágico:
Harry gasped. Inside were mounds of gold coins. Columns of silver. Heaps of
little bronze Knuts. […] “The gold ones are Galleons,” he explained. “Seventeen
silver Sickles to a Galleon and twenty-nine Knuts to a Sickle, it’s easy enough.
(ROWLING, 1997, p. 58)7
6
7
Mallone, 2007, p. 89.
Na tradução brasileira tem-se o seguinte: “As moedas de ouro são galões – explicou ele. – Dezessete sicles
de prata fazem um galeão e vinte e nove nuques fazem um sicle, é bem simples.” (ROWLING, 2000, p.
69)
5
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Assim, os cidadãos que coabitam o mundo de Harry Potter utilizam-se de Galeões,
Sicles e Nuques8 nos meios de pagamento, reserva de valor e unidade de conta,
inexistindo, a título de curiosidade, dinheiro eletrônico, cheques e títulos do governo. De
acordo com Rowling, um Galeão equivale a aproximadamente cinco libras esterlinas, ou
seja, na cotação mais recente utilizada pela corporação de consulta financeira e cambial
canadense XE Corporation9, equivaleria a 12,63 reais, tendo-se assim a seguinte tabela de
equivalências abaixo:
Moeda
Libra Esterlina (£)
Dólares Americanos (US$)
Reais (RS)
Peso Argentino ($)
1 Galeão
£5,00
US$ 7,99
R$ 12,63
$ 32,81
1 Sicle
£0,29
US$ 0,46
R$ 0,73
$ 1,90
1 Nuque
£0,01
US$ 0,01
R$ 0,02
$ 0,06
Adaptada de: http://harrypotter.wikia.com/wiki/Wizarding_currency#cite_note-0
No que se segue, tem-se uma paridade do poder de compra fixa correlacionada
entre os galeões e seus integrantes com a libra esterlina e suas flutuações, processo
semelhante que ocorrera na Argentina quando o dólar norte-americano tinha uma cotação
fixa para com o peso argentino, assunto que será discorrido a posteriori no presente
trabalho em analogia à série Harry Potter.
Assim como numa economia moderna, a exemplo da brasileira ou argentina, onde
esta é controlada por uma autoridade central, neste caso Gringotes exerce tal função,
estando subjugado ao Ministério da Magia, conduz-se como uma moeda fiduciária. Apesar
de que bruxos usam algumas vezes ouro e prata para decorações e fazer objetos, não
havendo evidências de que a moeda sirva para outra função que não seja reserva de valor e
meio de pagamento.
Os utilizadores das moedas “potterianas” aparentam assim ter uma separação
restrita entre os usos das moedas de ouro e prata para com as duas funções que apresentam,
ao passo que se utiliza comumente sicles e nuques para meio de pagamento e os galeões
como reservas de valor no banco Gringotes.
Deveras, o fato de que nos períodos de escassez resultantes de uma guerra, verbi
gratia, os livros da série Harry Potter mensuram o valor das moedas pelo seu poder de
8
Aqui se tem as imagens das três divisões monetárias utilizadas pela economia “potteriana”:
http://images.wikia.com/harrypotter/images/5/5c/Harry-potter-gringotts-bank-coin-collection-by-noblecollection-collectibles-us.jpg
9
As conversões podem ser atualizadas diariamente neste sítio da internet:
http://www.xe.com/ucc/convert/?Amount=5&From=GBP&To=BRL onde se utilizou a cotação cambial
para o dia 28 de junho de 2011.
6
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compra, conforme já citado anteriormente, sugerindo que seus leitores contemporâneos não
consigam imaginar um uso diferente do dinheiro até mesmo nos livros de ficção.
Outro aspecto interessante a ser pontuado no sistema monetário da economia
“potteriana” é que a magia não soluciona os problemas relacionados ao uso da moeda
como meio de troca, os bruxos consideram a moeda como o único meio possível de
conduzir as trocas, diferentemente do que se observam no período medieval das Ilhas
Britânicas onde também se utilizavam moedas de couro e o gado como meios de troca10,
sendo que a série Harry Potter passa-se na Bretanha.
Seguindo-se a análise monetária da série, adentra-se na questão de inflação, que na
economia “potteriana” é extremamente baixa. Por exemplo, o preço do jornal O Profeta
Diário, incluindo os custos de entrega, é de um nuque de bronze em A Câmara Secreta e
n’A Ordem da Fênix, numa diferença de cinco anos, estando-se inalterado em todo este
período de tempo. Comparando-se com o mesmo período de tempo para um jornal
brasileiro, percebe-se uma diferença monstruosa – inexistente até mesmo na ficção – entre
os preços praticados, que segundo a nossa cultura, variam até trimestralmente. Assim, os
preços na economia “potteriana” são no mínimo rígidos e mais rígidos inclusive que na
economia real, talvez levando a inferência de que se o dinheiro tem seu valor real, isso
pode levar a uma estabilidade de preços, que nem monetaristas e keynesianos conseguiram
colocar em prática após a Segunda Guerra Mundial.
Em adição, os leitores e economistas modernos, principalmente os pós-keynesianos,
veem que metais preciosos são algo que pode garantir valor apenas em períodos de crise, o
que pode explicar a subida do ouro e seu padrão durante os períodos de incerteza
econômica. O ponto chave que se aparenta é que centenas de anos utilizando-se de papelmoeda irresgatável e decretado moeda corrente parece não ter convencido a sociedade
contemporânea de que fiat money é moeda real. Isso traz à tona o que é bem explicitado
nos livros de Rowling que uma base monetária de ouro puro não garante o valor da moeda,
o que naturalmente ocorre como resultado de uma guerra, os preços sobem “às alturas”
(ROWLING, 2005, p. 65).
2.2 Banking
A presença do banco, ainda que ampla e unicamente representada pelo banco
10
Ibid.
7
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Gringotes, é muito limitada na economia “potteriana”. Bruxos não investem seu dinheiro e
preferem guardá-lo em casa, assim como ocorrera com o período dos planos econômicos
brasileiros após a redemocratização do país na década de oitenta-noventa. Assim, o papel
principal do banco é oferecer cofres para seus correntistas, emissão de moeda e não
serviços financeiros (outros que não sejam a troca de moeda). O banco investe semelhantemente à obrigação das reservas no sistema bancário brasileiro - em expedições
para aferição de ouro a fim de aumentar seus estoques. Caso um cidadão necessite de
empréstimo e concessão de crédito, muito comum na economia ocidental, este deve
recorrer unicamente a usurários. Além destes casos comuns de concessão de crédito e
expedição em busca de ouro, há inúmeros outros casos em toda história que podem ser
aprofundados com a leitura dos livros.
Começa-se assim uma breve discussão sobre o modelo “potteriano” de economia
explicado por modelos-padrão de economia. Por exemplo, a taxa de juros zero não
surpreende ao leitor economista considerando que o crescimento populacional bruxo é
extremamente baixo, quiçá sendo igual a zero, arguindo-se inclusive que os bruxos
trabalham por toda sua vida, mesmo quando poderia aposentar-se equitativamente pela
idade no mundo real, o que aumenta sua riqueza acumulada nos cofres bancários, no caso
de Rowling, o Professor Slughorn recebe benefícios de aposentadoria de Hogwarts e suas
necessidades são supridas por ex-alunos, mantendo-lhe um padrão de vida considerável.
Tal qual o desenvolvimento da mão de obra mágica é fixa, a taxa de juros será igual
à zero também porque cada soma de dinheiro gasta pelo público é retornada imediatamente
pela próxima geração no estilo “pay-as-you-go” nas transferências entre as famílias
expressas por Samuelson.
O fato mais interessante sobre o sistema bancário “potteriano” é a dificuldade de
explicar-se em termos de modelos econômicos, por qualquer meio, como os seres que
lidam com finanças bem como os bancários e agiotas não são seres-humanos. Gringotes e
suas agências são comandadas por duendes11, criaturas que são descritas como amantes de
ouro e não amigáveis. Em seu disfarce de banqueiros e usurários, os duendes do mundo de
Harry Potter tem uma semelhança com a criatura mítica escandinava conhecida como Nis.
Segundo o folclore escandinavo, tais seres tem habilidade especial com a lida do dinheiro.
Quando um Nis zangava-se com humanos, este os atacava e roubava com seus meios de
11
Kronzek define-os como “espíritos domésticos prestativos, ainda que temperamentais, sendo sagazes e
eficientes em suas atividades bancárias, tendo a metade da altura de um ser humano adulto.”
(KRONZEK, 2003, p. 112-113)
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subsistência (gado, vegetais e etc.), e quando queria recompensar os humanos,
presenteava-os com uma arca de ouro.12
O fato de os leitores passarem pelas cenas que envolvam o sistema bancário
“potteriano” sem questionar-se sobre como é que magos, que normalmente possuem pouca
confiança em outras criaturas, confiam e permitem a duendes para criar moeda fora de seus
negócios financeiros, sugerindo que pouco mudara no modo em que os banqueiros e
financeiros foram percebidos pelo público desde os tempos medievais, quem sabe seja por
tal motivo que estes sejam grandes gestores e aglutinadores de corporações na grande
economia global atualmente, sendo donos de mais de vinte bancos inclusive. Tal fato é
asseverado por Colbert em sua obra ao confirmar que “os duendes de J. K. Rowling
parecem ser um meio-termo entre o Bem e o Mal e esse equilíbrio fez deles perfeitos
guardiões para o Banco de Gringotes, uma tarefa que exigiria que fossem tanto confiáveis
quanto impiedosos.” (COLBERT, 2001, p. 80)
3 Estagnação da Economia “Potteriana”
Na sessão anterior discorrera-se acerca da rigidez de preços no sistema econômico
mágico existente na série Harry Potter. Quando se considera a estrutura da mesma, inferese que tal rigidez é proveniente e é um dos sistemas da baixa dinâmica da economia
“potteriana”, semelhantemente ao que se presencia contemporaneamente em países como
Coreia do Norte (comunistas fechados) e microestados como San Marino, Andorra e
Liechtenstein, nações que dependem veemente das economias circunscritas e peninsulares
a eles, tais como Itália, França e Espanha; contudo, a economia “potteriana” não se aplica
somente a um Estado localizado e centrado e sim a todo um conjunto populacional bruxo.
Isso se deve à questão de crescimento monetário igual à zero, o balanço
patrimonial, por assim dizer, das contas do Banco Gringotes, aqui como autoridade
monetária central, encontram-se equilibrados pelo simples fato de ter suas contas de forma
equitativa, para cada crédito há um débito igual, assim como para cada despesa há uma
receita igual, semelhantemente às micronações supracitadas acima.
Uma discussão sobre o porquê do crescimento igual à zero na economia mágica
engenha-se através das propensões a poupar e investir, aquelas mesmas constantes nos
manuais mais básicos de economia. Consoante discutido acima, bruxos possuem uma
12
Ibid.
9
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pequena propensão a poupar13, pois estes não recebem juros das suas poupanças, assim
como ocorre em uma economia real, tal qual como a brasileira, ainda que os rendimentos
de poupança sejam muito baixos. Ademais, não há qualquer menção nos livros de que
idosos - aqueles que se enquadram na população fora da idade ativa - não podem trabalhar,
muito pelo contrário, a maioria dos personagens principais adultos da série Harry Potter é
idosa e considerada população civil não institucional.14 Assim, bruxos mantém um
consumo equilibrado com baixa propensão a poupar em virtude de não poderem se
sustentar no todo com apenas um salário. Como a taxa de poupança é constante, a taxa de
investimento não pode crescer. Consequentemente, o estoque de capital na economia
“potteriana” permanece fixo.
A população mágica também é estável e na maioria dos países desenvolvidos,
famílias bruxas possuem menos filhos, assim como em uma economia real. A família
Weasley descrita nos livros é a única família registrada nos livros com mais de dois filhos;
a taxa de nascimento é tão baixa que algumas famílias (sobrenomes) chegam a desaparecer,
assim como acontecera com a família Black nos livros de Rowling.
Em consideração ao crescimento populacional negativo no mundo mágico, medidas
preventivas são tomadas pelo Ministério da Magia (governo central) a fim de perpetuar a
espécie socioeconômica mágica, selecionando crianças nascidas no mundo não mágico
para estudar em escolas de magia e adquirirem os conhecimentos de bruxaria e assim
prolongar a existência da magia. Contudo, nem com esta entrada de “imigrantes” a
população bruxa consegue aumentar. O Beco Diagonal, o principal centro comercial e
financeiro dos bruxos não percebera qualquer tipo de mudança ou crescimento urbano por
dezenas de anos. A estagnação no lado da oferta da economia sugere que o lado da
demanda também tenha permanecido fixo ou ao menos constante.
Por causa da deficiência no crescimento de estoque de capital e de mão de obra, o
crescimento na economia “potteriana” pode ser resultado apenas de alta produtividade per
capita. Para aumentar a produção, deve haver um crescimento na acumulação de capital
humano.15 Na economia de Harry Potter, os bruxos recebem educação de qualidade
financiada pelo Estado e os bruxos vão para escolas de mesma qualidade na Grã-Bretanha,
13
Variação da poupança agregada, dada uma variação da renda nacional. (PINHO et al., 2008,p. 595) Nesse
caso considera-se como renda nacional a renda de toda economia mágica, já que não há um Estado
nacional só definido em território.
14
BLANCHARD, 2007, p.106.
15
O conhecimento individual é aquele que se acha representado pela educação, experiência, habilidades e
atitudes das pessoas que trabalham na empresa. Não é propriedade da companhia, pois, tem caráter
subjetivo. (HERCKERT, 2010, disponível em http://www.brasilescola.com/economia/capitalhumano.htm)
10
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Rússia, França, Estados Unidos e Brasil. Todavia, escolas de magia existem há séculos
com seus currículos, ideologias e métodos que aplicam aos estudantes inalterados por
séculos, adentrando-se assim num círculo vicioso sem inovação, o que se admoesta por
parte da Escola Schumpeteriana e Evolucionária. Em outras palavras, não há um
crescimento de capital humano, posto que os alunos aprendem o mesmo que seus pais.
Isto implica que os fatores de produção (capital física, capital humano e força de
trabalho) e a tecnologia que poderia guiar potencialmente o crescimento econômico
mantêm-se estagnada na economia “potteriana”. Como consequência, a economia mágica
perpetua-se num estado estacionário16 sem crescimento.
Traz-se à tona assim a questão do por que do sonho da população com um mundo
sem crescimento econômico. Talvez no pensamento do leitor, desenvolvimento econômico
é correlacionado com desemprego, instabilidade e perdas culturais, o que estes veem como
resultado do processo de industrialização, que coincidentemente principiara-se na
Inglaterra, berço da economia “potteriana”. Pode ser, contudo, que os leitores prefiram um
Estado de segurança onde prevaleça a preferência pelo do que é certo em vez de uma
mudança socioeconômica que envolva o fato de risco e incerteza.
Há outra possibilidade, entretanto; os bruxos levam o baixo interesse a investir em
bens de capital em virtude de que eles preferem produzir apenas bens de consumo mesmo
com as limitações das fronteiras de inovação. A comunidade mágica sente-se satisfeita e
num perímetro de bem-estar social em que se encontra sem vislumbrar uma necessidade de
avanço econômico e inovações, posto que a chave principal seja a não presença de
concorrência externa, e quando há competitividade, como é o caso de produtores de
varinhas mágicas, esta se encontra restrita a um micro monopólio incontestável, visto que
um produtor existe na Inglaterra e outro só na Rússia, há centenas de quilômetros.
4 A Paridade do Poder de Compra da Economia “Potteriana”
Adentra-se agora à luz da questão da paridade do poder de compra na economia
“potteriana” ligada à questão da igualdade de moedas pré-fixadas entre galeões e libras
16
O professor Nali de Jesus de Souza em sua obra “Desenvolvimento Econômico”, publicada pela editora
Atlas em 2009 discorre sobre vários temas ligados ao crescimento econômico correlacionado com as
teorias de capital humano e estado estacionário, passando pelas diversas teorias existentes na Ciência
Econômica. Além disso, o professor Julio Cesar de Oliveira da Faculdade de Ciências Econômicas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul também tem grande publicação catalogada acerca do tema, o
que considero de suma importância como leitura complementar para aclaração de ideias sobre
desenvolvimento econômico versus teorias econômicas.
11
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esterlinas. Por conseguinte, abordar-se-á o exemplo da economia argentina quando esta era
dotada da igualdade de sua moeda, o peso argentino, com o dólar norte-americano e
posteriormente foi um dos fatores-chave que levaram à crise econômica que este país
sofrera no início do século vinte e um.
Nenhum pesquisador pensaria hoje em comparar a renda per capita de um mesmo
país e outros valores distantes no tempo utilizando preços correntes numa economia que
apresentasse variação no poder de compra de sua moeda – inflação ou deflação.
Às comparações internacionais, os pesquisadores sempre utilizaram a conversão do
valor da moeda de cada país em uma única moeda nacional – o dólar americano, por
exemplo. Mas a taxa de câmbio do dólar americano, que é utilizada nas transações
internacionais, e que reflete o movimento de mercadorias, serviços e capitais, não reflete
necessariamente o poder de compra do dólar americano em cada um dos diferentes países,
neste caso, a nação mágica.
4.1 Mensuração da Paridade do Poder de Compra
A paridade do poder de compra baseia-se no princípio da arbitragem de
mercadorias. Sob a hipótese de ausência de custos de transação, bens homogêneos,
ausência de barreiras tarifárias e não tarifárias e, informação perfeita, o preço de um bem
em determinada moeda não pode diferir entre os diversos países. Caso o preço em dólar de
certo produto em determinado país exceda o preço em dólar em algum outro país, haverá
uma oportunidade de ganho para os agentes econômicos através da compra do bem no
primeiro país para revenda no segundo país. No presente artigo adotar-se-á a libra esterlina
(£) como padrão monetário e os galeões (G$) como moeda comparada.
Emerson Marçal et al. propõem a seguinte mensuração para o cálculo da paridade
do poder de compra: sejam
e
os preços do i-ésimo bem no país e no exterior
cotados nas respectivas moedas, e Et, a taxa de câmbio nominal definida como sendo a
quantidade de moeda local necessária para a compra de uma unidade da moeda estrangeira.
A seguinte condição deve ser respeitada para que não existam oportunidades de ganhos
com a arbitragem de mercadorias entre os países:17
17
Optou-se pelas considerações em cima do artigo dos professores da Unicamp, contudo, outras fórmulas de
cálculo podem ser encontradas em PINHO et al. e em BLANCHARD. Teve-se como base o seguinte
artigo para a inferência e dedução de tais fórmulas: MARÇAL, Emerson Fernandes; PEREIRA, Pedro
Luiz Valls; SANTOS FILHO, Otaviano Canuto dos. Paridade do poder de compra: testando dados
brasileiros. Rev. Bras. Econ., Rio de Janeiro, v. 57, n. 1, Mar. 2003. Disponível em:
12
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A equação (1) representa uma condição de equilíbrio. É necessário responder como
se dá o ajustamento para o equilíbrio. Sob a hipótese que os fluxos comerciais de
mercadorias sejam responsáveis por grande parte das operações realizadas no mercado
cambial, a arbitragem internacional terá fortes efeitos na determinação da taxa de câmbio
nominal num regime de taxa de câmbio flexível e, no nível de reservas, num regime de
taxa de câmbio fixa.
Considerando-se um índice de preços interno Pt = f(
preços externo
= f(
,¼,
,¼,
,¼,
,¼,
) e um índice de
) compostos pela mesma cesta de bens e com
pesos iguais para cada um dos bens, se a lei do preço único valer em todos os instantes de
tempo, têm-se que:
Aplicando o logaritmo natural em ambos os lados de (2) e reordenando-se os
termos, têm-se a versão absoluta da PPC:
na qual et, pt e pt* representam, respectivamente, o logaritmo natural da taxa de
câmbio nominal, nível de preços interno e externo no instante t.
Seja o caso esquemático em que existem dois índices de preços (interno e externo)
compostos por bens transacionáveis e com mesma estrutura de pesos e bens. Postulando a
validade da lei do preço único, a versão relativa da PPC pode ser sintetizada pela seguinte
equação:
4.2 O Caso Argentino de Paridade Monetária
Nos últimos dez anos, a Argentina fora transformada em um espécime de
laboratório para as ideologia e políticas econômicas – nas esferas monetárias e
macroeconômicas,
principalmente
-
preconizadas
pelo
chamado
Consenso
de
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471402003000100006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 29 junho 2011.
13
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Washington18. Poucas nações, mesmo na América Latina, foram tão longe em matéria de
liberalização, integração internacional e cessão unilateral de aspectos essenciais da
autonomia da política econômica nacional.
No campo monetário e cambial, a Argentina regrediu, entre 1991 e 2001, ao
currency board (conselho da moeda)19 concebido no século dezenove para as colônias
africanas, asiáticas e caribenhas da Inglaterra e outras metrópoles europeias, tais como
França e Espanha. Não obstante o seu anacronismo, o modelo monetário implantado pelo
ministro Cavallo, no primeiro governo Menem, era elogiado, até a poucos anos, urbi et
orbi - e apontado como exemplo a ser seguido por países como o Brasil, o México, a
Rússia e diversos outros, onde deveras, ouve forte influência de lóbi para que ocorresse tal
igualdade monetária, o que para muitos economistas é considerado um erro.
O mais importante dos planos financeiros governamentais, o Plano de
Convertibilidade, foi concebido por Domingo Cavallo e estabeleceu-se através de uma lei
votada pelo Congresso em março de 1991. Este instrumento legal fixou irrevogavelmente a
paridade do austral20 ao dólar norte-americano, a obrigatoriedade do Banco Central em
manter reservas em proporção não inferior a 80% da base monetária (os restantes 20%
podiam constituir-se de títulos públicos, nomeadamente obrigações do Governo), e a total
convertibilidade do austral tanto para operações correntes como de capital.
Com a introdução do currency board, por meio da lei de conversibilidade de 1991,
a moeda argentina permaneceria – o peso -, por mais de dez anos, atrelada ao dólar norteamericano na paridade de um para um. O modelo do currency board, recomendado
18
A expressão Consenso de Washington, chamada também de neoliberalismo, nasceu em 1989, criada pelo
economista inglês John Williamson, ex-funcionário do Banco Mundial e do Fundo Monetário
Internacional (FMI). Numa conferência do Institute for International Economics (IIE), em Washington,
Williamson listou políticas que o governo dos Estados Unidos preconizava para a crise econômica dos
países da América Latina. Por decisão do Congresso norte-americano, as medidas do Consenso de
Washington foram adotadas como imposições na negociação das dívidas externas dos países latinoamericanos. Acabaram se tornando o modelo do FMI e do Banco Mundial para todo o planeta. O
neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Segundo
seus defensores, a presença estatal na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento. Algumas
de suas características são: Abertura da economia por meio da liberalização financeira e comercial e da
eliminação de barreiras aos investimentos estrangeiros; Amplas privatizações; Redução de subsídios e
gastos sociais por parte dos governos; Desregulamentação do mercado de trabalho, para permitir novas
formas de contratação que reduzam os custos das empresas. Mais informações disponíveis em (SILVA,
2011).
19
O Institute for International Economics define currency board como: a regime where the domestic money
(M0 money) is backed (usually 50 percent or more) with foreign reserve currency, and where the currency
board is obligated to convert domestic currency into foreign currency on demand at a fixed price. With
the exception of Argentina and Hong Kong, currency boards have typically been implemented by small
developing economies (e.g., Antigua and Barbuda, Brunei Darussalam, Djibouti, Estonia and Lithuania).
Retirado de (INSTITUTE FOR INTERNATIONAL ECONOMICS, 2011).
20
A substituição do austral pelo peso argentino, só ocorre em janeiro de 1992.
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particularmente para países que, como a Argentina, experimentaram crises monetárias
agudas e prolongadas, é uma variante rígida da ancoragem cambial. As suas características
principais são segundo Batista Jr.:21 a fixação da taxa de câmbio em relação ao dólar (ou
alguma outra moeda de credibilidade internacional – no caso da economia “potteriana” a
libra esterlina); a conversibilidade (a eliminação de restrições à transformação de moeda
nacional em moeda estrangeira e vice-versa); a definição de um “lastro” para a moeda
nacional (uma regra que subordina a emissão de passivos monetários à existência de
reservas em dólares ou a moeda escolhida), contudo, na economia “potteriana” percebe-se
um caso de dois lastros, no ouro e na libra esterlina.
A inflexibilidade desse modelo faz parte da sua essência mesma: o que se busca é
justamente uma “camisa de força” que impeça o Estado nacional desacreditado de se valer
da flexibilidade monetária e cambial para voltar a cometer abusos inflacionários. A ideia
básica é trocar flexibilidade por credibilidade. Essa última passa a ser aglutinada de uma
moeda forte, de reputação inquestionável, como a libra-esterlina.
A lei de conversibilidade argentina concedeu, além disso, pleno respaldo jurídico
aos contratos denominados em moeda estrangeira, aspecto do regime monetário que se
revelaria particularmente problemático. Ao quebrar o monopólio legal da moeda nacional,
a lei de conversibilidade favoreceu a consolidação de um sistema bimonetário em que o
peso conversível circulava paralelamente ao dólar. Até a pesificação compulsória,
estabelecida pelo governo Duhalde no início de 2002, a maior parte dos empréstimos e
depósitos dentro da Argentina era denominada em dólares, com plena garantia legal.
Tarifas de serviços públicos e contratos, como aluguéis, também eram expressos em
dólares.
Por outro lado, a fixação da taxa de câmbio foi um elemento central no combate à
inflação. A existência de duas unidades de denominação de dívidas (em particular, de
ativos e passivos do sistema bancário e monetário22, por assim dizer) funcionou como um
elemento para absorver algumas flutuações ocasionais no “risco cambial”.
Velasco (2002) refere-se ao fato do Plano de Convertibilidade não ser meramente
um sistema monetário, mas também uma estratégia para encetar as diversas reformas
ocorridas neste período.23
21
(BATISTA JR., 2002)
No sistema financeiro argentino, havia uma configuração dolarizada do passivo, mas não do ativo.
23
Velasco (2002) adianta que anteriormente ao Plano de Convertibilidade o Governo não se via obrigado a
proceder a reformas, uma vez que a política monetária poderia ser a resposta aos problemas. Se os
sindicatos forçassem a rigidez dos salários, uma eventual desvalorização da moeda poderia resolver o
22
15
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O objetivo do Plano de Convertibilidade acabava por ser uma forma de restaurar a
credibilidade internacional. Sem esta ancoragem seria impossível implanta um plano de
estabilização que tivesse qualquer credibilidade, dadas às tentativas falhadas em períodos
anteriores (Öni, 2002).
A despeito do sucesso no combate à inflação durante dez anos consecutivos - de
1995 em diante a inflação na Argentina foi até mesmo um pouco inferior à dos EUA-, a
moeda nacional não ganhou espaço dentro da economia argentina. Persistiu a ampla
dolarização das operações financeiras e dos contratos internos, confirmando experiências
anteriores em que o uso interno da moeda estrangeira forte se revelara um fenômeno
difícil, senão impossível, de reverter espontaneamente. No caso da Argentina, assim como
nos anteriores, a desdolarização viria a ocorrer de forma compulsória, por meio de uma
reforma monetária coordenada pelo governo nacional, o que fora um dos fomentadores da
crise econômica pela qual este país passara.
4.3 O Caso “Potteriano” de Paridade Monetária
Ao longo da leitura da série Harry Potter assevera-se o já citado acima de que a
moeda da economia “potteriana”, os galões, possuem uma paridade equitativa e de
convertibilidade com a moeda inglesa, a libra esterlina. Tal fato justifica-se assim também
pelo fato de inexistência de processo inflacionário nesta economia fictícia, posto também
sua estagnação econômica de crescimento.
Justificando-se e unindo-se tais pontos, chega-se ao limiar de que a economia
“potteriana”
assimila-se
às
pequenas
economias
em
desenvolvimento
citadas
anteriormente, tais como Antigua e Barbuda e Lituânia, contudo, sem o crescimento
populacional de sua população, o que a diferencia dos povos não fictícios.
Durante eras a igualdade de uma unidade monetária de galeão tem sido
correspondida por cinco unidades monetárias de libra esterlina, o que se adentra na questão
do porquê de não ser a igualdade de um para um. Tal fato se deve a propensão da
expectativa racional a se evitarem erros futuros de cálculo, onde tal diferença subjetiva de
quatro unidades monetárias garantiria sem sombra de dúvidas a estabilidade do galeão sem
perigo de inflação e instabilidade monetária, o que só poderia mesmo ser aplicado em uma
economia fictícia tal a qual.
problema. Se as Províncias gastassem acima do acordado, uma emissão de moeda poderia também ser a
solução.
16
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Note-se que a grande concentração monetária, econômica e financeira da nossa
economia mágica dá-se em um dos centros econômicos mundiais, Londres, e onde se
iniciara todo processo da formulação da teoria econômica, da primeira Revolução
Industrial e onde se concentram grande parte dos negócios e transações econômicas
globais, trazendo assim uma perspectiva muito além da expectativa racional de estabilidade
e tranquilidade econômica àqueles utilizadores da economia “potteriana”.
Atualmente, um número expressivo de países adota o regime de metas para a
inflação tanto com o intuito de desinflacionar a economia como para manter ou promover a
estabilidade dos preços. Este regime foi implantado, inicialmente, na Nova Zelândia, Reino
unido e Canadá, sendo posteriormente adotado em países como Austrália, Espanha,
Finlândia e Suécia. Ao longo dos últimos anos diversos países vêm aderindo ao regime de
metas de inflação como uma espécie de novo paradigma a ser seguido para a condução da
política monetária. O Brasil adotara o regime de metas de inflação em junho de 1999, após
a opção pela mudança em seu regime cambial, devido aos sucessivos ataques especulativos
que vinham sofrendo os países que adotaram uma estratégia de âncora cambial como
forma de combater o processo inflacionário.
Tem-se assim a influência da reputação, da credibilidade e da transparência da
autoridade monetária e suas políticas (por ora chamado de trinômio) sobre o estado de
expectativas para a inflação e a inflação em si, e também para as expectativas formadas
para o crescimento econômico.
Observa-se que a influência sobre a inflação acaba, em última instância, afetando o
comportamento do produto e da renda, pois tanto a força de reputação da autoridade
monetária quanto seu tipo de reputação, assim como a transparência com que atua,
exercem um papel de destaque sobre as expectativas formadas pelos agentes econômicos.
Quanto à força reputacional que possui a autoridade monetária, Blinder, em contraposição
à hipótese Barro-Gordon, de que a reputação seja zero ou um, sugere que essa admite
diferentes gradações:
“There are many types of central banker, not just two, and random shocks cloud
the mapping from outcomes back to types. For these and other reasons,
reputation is not like pregnancy: You can have either a little or a lot”.
(BLINDER, 1998, p. 44)
O trabalho reconhece que a força reputacional da autoridade monetária possa
aumentar e diminuir, possuindo assim diferentes graus de expressividade; onde tanto a
autoridade central monetária britânica e mágica possuem excelente reputação e
credibilidade junto aos seus concidadãos.
17
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Logo, de forma apparente a economia mágica mesmo com um secular
estabelecimento institucional de paridade monetária e conversibilidade entre sua moeda e a
moeda nacional inglesa, consegue manter seu padrão monetário estático e sem inflação,
uma estabilidade e prosperidade, ainda que estática também, econômica, e o bem-estar
social, fatores estes que serão inferidos nas conclusões finais do presente trabalho.
Considerações Finais
18
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Após a discussão teórica e empírica em todo este artigo sobre a economia
monetária e geral intrínseca à série Harry Potter, chega-se ao tópico final proposto por esta
autoria, a relação da economia “potteriana” com a teoria econômica e a possibilidade,
ainda que virtual, da criação de uma teoria econômica mágica, “potteriana”, ficcional,
literária ou qualquer nome que venha a ser sugerido pela crítica e pelos estudiosos das
ciências econômicas; em virtude de que até o pensamento aristotélico, fisiocrata e
mercantilista foram considerados teorias econômicas, ainda que totalmente inviáveis e
pensáveis sob a ótica da realidade, mas que contribuíram em suas especificidades ao estudo
do pensamento econômico.
Não se pretende criar uma extensa e complexa teoria econômica assim como o
fizeram Smith, Ricardo, Marx, Schumpeter e as correntes keynesiana, monetarista,
neoclássica, austríaca, desenvolvimentista, schumpeteriana, evolucionária, utilitarista,
malthusiana, leninista e por aí se seguem as mais variadas teorias e escolas do pensamento
econômico teórico. O que se pretende e aborda, é uma co-análise da economia mágica com
a teoria econômica, em virtude desta primeira não integrar-se totalmente a uma única
ideologia e sim enquadrar fragmentos de aristotélicos, smithianos, ricardianos,
keynesianos, neoclássicos e etc.
Assim, podemos adicionar, por exemplo, a questão da teoria dos mercados
contestáveis na economia mágica, com princípios das expectativas racionais dos
neoclássicos, da intervenção estatal dos keynesianos, com o princípio ético aristotélico,
com a inovação dos neoschumpeterianos, com a teoria do capital humano dos
evolucionários e por assim segue-se, formulando uma teoria complementar não arraigada a
um só pensador ou escola, evitando-se o que comumente existe na economia e suas
vertentes, que é o atrito ideológico que acaba por não solucionar, mas sim criar entraves
muitas vezes às situações-problema que a economia se encontra.
Quando Guha desenvolvera sua teoria evolucionária em 1981, adaptando as
sociedades humanas ao seu ambiente e trazendo conceitos das ciências biológicas à ciência
econômica, jamais se pensara que esta faria sucesso dado seu alto nível de
interdisciplinaridade e abstração sem dados empíricos e matemáticos, todavia, provou-se
com o tempo que Guha tinha razão em seus escritos e que sim, as variáveis meio
institucionais e socioculturais são afetadas pelas variáveis econômicas, interagindo de um
período a outro.
19
Projeto de Extensão Economia em Foco - UFSM
Nesse sentido, é possível estabelecer-se uma comparação rica em conceitos
econômicos e com dados estatísticos, da ciência literária e ficcional aliada à economia
“potteriana” que por aqui fora discorrida, ao passo em que vários fatores monetários foram
observados ao longo do artigo, entre eles, a questão da oferta e demanda de moeda,
políticas monetárias, instituições monetárias e paridade do poder de compra, que tive o
imenso prazer de estudar e discutir nas disciplinas de Economia Monetária, Teoria
Macroeconômica e Contabilidade social nas minhas duas alma mater.
Com o conhecimento aprendido além da paixão e análise científica da série Harry
Potter, pode-se inferir que sim é possível apresentar uma teoria econômica complementar à
ciência econômica, embasada na ficção literária no quórum da magia, e que poderia servir
de exemplo estratégico-econômico para pequenas economias em desenvolvimento e como
um referencial teórico àqueles problemas identificados e não solúveis por qualquer teoria
existente.
Todavia, o fato de apresentar-se uma teoria econômica é sempre árduo, aberto e não
imunizado às severas críticas que partem endogenamente dos próprios estudiosos e
defensores da Ciência Econômica, assim como Smith, Keynes, Friedman e Schumpeter
tiveram seus trabalhos criticados e inclusive rejeitados por anos, tal argumentação ficcional
econômica poderá sofrer o mesmo, e caso tal artigo seja aceito nos anais científicos, abrirse-ão portas para um estudo mais aprofundado sobre o tema e quiçá finalmente a
teorização da economia literária ou pelo nome que bem entenderem os mancípios, porém
apaixonados, pela literatura econômica, pois consoante cita Adam Smith “os livros
constituem um mundo melhor dentro do mundo e nenhuma sociedade pode florescer e ser
feliz se a maioria dos seus membros é pobre e miserável”, pois do que adianta excesso de
referencial teórico, se a miserabilidade literária e ficcional ainda predomina.
THE FICTIONAL LITERATURE IN THE ECONOMIC THEORY: THE
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“POTTERIAN” ECONOMY VERSUS THE MONETARY ECONOMY
Roberto Rodolfo Georg Uebel*
ABSTRACT
The literature always rewarded the Economics Science with important contributions in the
spheres of modelling and economic-monetary interpretation, since the Aristotelic principles
of Chrematistics until the contributions of writer economists as Smith, Ricardo, Malthus,
James Mill, Marx and Schumpeter, that besides to contributing to the Economics, they also
entered to the charming Literary Science with their writing that became scientifically
universal on the literary framework and not only of the knowledge of economics’ students.
With the advent of the contemporaneousness international literature, especially that one
leaded by British, Americans and French, the economy gained distinct fictional aspects in
the literary work, being matter of study, interpretation, elucidation and ever free
transformation, sometimes compromised with the most complexes economics theories and
subjacent ones, quoting here the famous moral hazard and the theory of human capital. In
this context, it is introduced the fictional and reputable literary series of J. K. Rowling,
Harry Potter, that was object of study of some distinct sciences as Philosophy, Politics,
Theology, Administrative Sciences and most recently, with the work of the Israeli
professors Avichai Snir and Daniel Levy, of the proper Economic Science. Therefore, the
present paper aims at to point the main aspects elucidated by the target of Monetary
Economics allied to what is find in J. K. Rowling’s work and inclusively bring then to
contemporary examples, as the purchasing power parity, stagflation, supply and demand of
money and monetary theories; characterizing a pioneer paper in the academic and scientific
branches, being a priori only one essay to a future research project.
JEL Codes: A12, A13, A19, A20, B00, E00, H89, P40, P52, Y30
Keywords: Harry Potter. Economic Activity. Monetary Economy. Literature. Fiction.
*Academician of the Course of Economics
Federal University of Rio Grande do Sul
Researcher of the Laboratory of International Studies – LEIn/CNPq/UFSM
[email protected]
21
Projeto de Extensão Economia em Foco - UFSM
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