Psicologia A FGV-EAESP sempre foi uma instituição de ensino e pesquisa de vanguarda no Brasil. Desde sua criação em 1954, sua trajetória tem sido marcada pela busca de sintonia com o pensamento mais atualizado, tanto americano, quanto europeu. Os programas de suas disciplinas destacaram-se, desde o início, como modelo para os diversos cursos de administração em todo o país. Sua área de Psicologia tem acompanhado o movimento de inovação e de vanguarda das pesquisas internacionais da área. De um modelo mais behaviorista e positivista prevalecente em sua implantação, os cursos, as pesquisas e os trabalhos foram-se transformando para dar espaço, hoje, a uma concepção de análise dinâmica do trabalho com ênfase em sua dimensão social e crítica e tendo o ser humano como foco de suas preocupações. A área de Psicologia, na EAESP, nasceu no então denominado Departamento de Ciências Sociais, que teve como seu primeiro chefe o jurista Prof. Antônio Ignácio Angarita Ferreira da Silva. Compunham esse Departamento, à época, as disciplinas chamadas propedêuticas, dentre elas, o Direito, a Ciência Política, a Economia e a Sociologia. Segundo o Prof. Angarita, o também jurista, Prof. Astério Dardeau Vieira, foi indicado pelo Presidente da Fundação Getulio Vargas, Dr. Luiz Simões Lopes, coordenador do processo de implantação da nova escola de administração em São Paulo. Ainda, segundo o Prof. Angarita, foi o Prof. Dardeau Vieira quem sugeriu a inclusão da Psicologia no Departamento de Ciências Sociais. Mas, diferentemente do que aconteceu com o recrutamento para as outras áreas de conhecimento do novo departamento para as quais não houve dificuldades dada a existência de Escolas já tradicionais, para a área de Psicologia não foi fácil encontrar um especialista em Psicologia Organizacional. Foi, então, recrutado um eminente experimentalista da Universidade de São Paulo, Prof. Rodolfo Azzi. Foi, então, criado o Laboratório de Psicologia Experimental, como base para os estudos de Psicologia a ser ministrado no primeiro semestre letivo do curso de graduação em Administração de Empresas. Por proposta do primeiro Diretor da EAESP, o sociólogo, Prof. Flávio Penteado Sampaio, a área de Psicologia deixou de ser apenas experimental tendo sido acrescentados conceitos filosóficos, noções de Psicologia Profunda, através das abordagens Psicanalíticas da Personalidade e a teoria da Gestalt. Dando seqüência à disciplina “Introdução à Psicologia”, um segundo módulo, de aplicação foi acrescentado orientando-se para uma abordagem do “Fator Humano no Trabalho”. Num primeiro momento, tendo como objetivo mobilizar, desenvolver e gerenciar os recursos humanos no trabalho, conforme enfoque americano da psicologia industrial, a disciplina abordava os aspectos de seleção, recrutamento, treinamento e aconselhamento nas organizações. Esta abordagem perdurou até o início dos anos 70, quando um grupo de psicólogos da área de Psicologia na EAESP, passa a dar ênfase à Psicologia Social das Organizações. Nos anos 80 a Teoria Psicanalítica cresce em importância na área de Psicologia e é aprofundada no módulo de Psicologia Aplicada, ao lado da Psicologia Social das Organizações. Também nos anos 80 é introduzida a noção de Organização como Sistema Sócio-Técnico, por influência do Instituto Tavistock de Londres. O modelo dos “Human Factors” dá lugar a uma visão mais crítica do Homem Contemporâneo: satisfação e insatisfação no trabalho, trabalho e saúde mental, passam a compor a pauta de preocupações da Psicologia na EAESP. Gradativamente cresce em importância a Psicopatologia Psicanalítica, em paralelo com os textos sociais de Freud. A publicação, na França, em 1987do texto “A Loucura do Trabalho – Estudo de Psicopatologia do Trabalho” de Christophe Dejours, encontra a área pronta para acolher este novo olhar sobre as questões humanas no trabalho. Este livro é adotado já em 1988 nos programas de Psicologia Aplicada à Administração. Em 1992 cria-se na EAESP, o Centro de Estudos e Pesquisas do Trabalho, sob a coordenação da área de Psicologia. Além dos seminários com convidados externos à EAESP, o Centro estuda a questão da Psicopatologia do Trabalho e um grupo de professores traduz alguns textos de C. Dejours. Estes textos dão origem a uma publicação intitulada “Psicodinâmica do Trabalho – Contribuições da Escola Dejouriana à Análise da Relação Prazer, Sofrimento e Trabalho”, coletânea que tem, como autor principal o próprio Dejours. Esta coletânea é lançada em 1994, ocasião em que o Dr. Dejours, a convite do Centro de Estudos e Pesquisas do Trabalho, vem a São Paulo para um ciclo de conferências abertas ao público e um encontro com pesquisadores da área de trabalho. Estas conferências convertem-se em outra publicação, em 1999, com o título “Conferências Brasileiras – Identidade, Reconhecimento e Transgressão no Trabalho”. Estes dois livros dão divulgação nacional ao autor e tornam-se bibliografias de referência nas questões do trabalho em outras Universidades e em encontros acadêmicos no Brasil. A tradução do livro “O Fator Humano”, feita por duas professoras da área de Psicologia e publicado no Brasil em 1997, passa a ser leitura obrigatória entre engenheiros de produção e ergonomistas de algumas universidades brasileiras. Com a tradução e publicação em 2004, da coletânea coordenada pelo Prof. François Daniellou, “A Ergonomia em Busca dos Seus Princípios – Questões Epistemológicas”, também sob a coordenação de uma professora da área de Psicologia da EAESP, a projeção dessa área ultrapassou o campo da Psicologia e projetou o nome da EAESP em diversos campos do conhecimento, indo além estritamente do campo da Administração. A ação da área tem avançado além de suas preocupações tradicionais, iniciando um intenso processo de interação com outros campos de conhecimento. Juntamente com a área de Direito, introduziu na EAESP a disciplina “Técnicas de Negociação”, hoje consolidada. Criou o Seminário “Psicanálise, Propaganda e Marketing”, mostrando sua vocação interdisciplinar. Acompanhando o processo de Internacionalização da EAESP, a área tem oferecido a disciplina “Managing People”, em inglês. Introduziu o Seminário de “Dinâmica de Grupos” com enfoque Psicossocial e Psicanalítico, permitindo aos alunos de graduação uma vivência mais profunda do aprendizado grupal. O relato dessas experiências foi publicado na Nouvelle Revue de Psychosociologie, na França, em 2006. Professores de Psicologia também têm preparado psicologicamente, os alunos para o acesso ao mercado de trabalho através do Seminário “Vocação e Trabalho”, mostrando a preocupação crítica e social da Psicologia. Referências BETIOL, M.I.S. Entrevista com o Prof. Antônio Ignácio Angarita Ferreira da Silva sobre a criação do curso de Psicologia na EAESP. Entrevista realizada no dia 16 de novembro de 2006. BETIOL, M. I. S., GALEÃO-SILVA, L. G. Les Groupes dans L’Enseignement de la Gestion – Ce qu’ils nous on fait apprendre. Nouvelle Revue de Psychosociologie. N.2, automne 2006. DANIELLOU, F. (coordenador). A Ergonomia em Busca de Seus Princípios – Debates Epistemológicos. São Paulo: Edgard Blücher, 2004. DEJOURS, C. A Loucura do Trabalho – Estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez Editora, 1987. DEJOURS, C., ABDOUCHELI, E., JAYET, C. Psicodinâmica Do Trabalho – Contribuições da Escola Dejouriana à Análise da Relação Prazer, Sofrimento e Trabalho. Coordenação Maria Irene Stocco Betiol. São Paulo: Atlas Ed. 1994. DEJOURS, C. O Fator Humano. Rio de Janeiro: Ed. Da Fundação Getulio Vargas, 1997. DEJOURS, C. Conferências Brasileiras – Identidade, Reconhecimento e Transgressão no Trabalho. São Paulo: Fundap: EAESP/FGV, 1999.