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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
UM ESTUDO DAS RELAÇÕES NAS PRAÇAS URBANAS E SEUS
REFLEXOS PARA A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DA CIDADE DE
CORRENTES-PE
ANA MARIA SEVRO CHAVES1
MARIA BETÂNIA MOREIRA AMADOR2
RESUMO
O presente trabalho estudou as relações que caracterizam a dinâmica social, econômica e ambiental
das principais praças e seus reflexos para a organização espacial da cidade de Correntes-PE. A
pesquisa é relevante para os atuais debates sobre a importância das praças, que representam os
principais espaços livres e áreas verdes em cidades pequenas, como é o caso de Correntes-PE que
contêm na Praça Nossa Senhora da Conceição, na Praça Hercílio Victor da Silva e na Praça Pedro
Alves Camelo, os principais espaços livres com grande contribuição para a formação espacial e
econômica do espaço urbano. Adotou-se como metodologia de análise a fenomenologia. Nos
resultados, obteve-se a caracterização e conceituação das principais praças, verificaram-se as
dinâmicas das mesmas, que representam centro de relações diversas, centro de comércio, lugar que
remete a história e cultura do município, refletindo diretamente na organização do espaço urbano.
Palavras-Chave: Praças. Correntes-PE. Fenomenologia.
ABSTRACT
This paper studied the relationships that characterize the social, economic and environmental
dynamics of the main piazza and its consequences for the spatial organization of the city of CorrentesPE. The research is relevant to current debates about the importance of piazza, which represent the
main open spaces and green areas in small towns, such as Correntes-PE case containing the Piazza
Nossa Senhora da Conceição, in Piazza Hercílio Victor da Silva and Piazza Pedro Alves Camelo, the
main open spaces with great contribution to the spatial and economic formation of urban space. It was
adopted as analysis methodology phenomenology. The results, obtained the characterization and
conceptualization of the main piazza, there were the dynamics of them, representing the center of
several relations, trade center, a place that brings the history and culture of the city, reflecting directly
in the organization of urban space.
Keywords: geography. Piazza. Correntes-PE. Phenomenology.
1 – Introdução
As praças são tidas, em geral, como as principais áreas verdes urbanas da
maioria das cidades, isso se deve ao fato de serem espaços urbanos livres
destinados à arborização, ajardinamentos, entre outros elementos naturais, e,
1
Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Sergipe.
E-mail de contato: [email protected]
2
Docente Adjunta da Universidade de Pernambuco. E-mail de contato: [email protected]
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apresentam diversas funções mediante seus modos de uso e apropriação pela
sociedade, tais como: circulação, lazer, recreação, atividades culturais e comerciais,
além de proporcionar ao ambiente urbano uma maior qualidade ambiental e
valorização econômica decorrentes dos benefícios gerados na paisagem.
A presente pesquisa é abordada amplamente na geografia, principalmente,
por autores das correntes humanística e cultural em seus diferentes vieses, por
meio, de estudos sobre espaços livres urbanos enfocando as relações sociais,
econômicas, a problemática ambiental urbana, relação com o lugar, as
manifestações culturais, as transformações urbanas, entre outros.
Nessa perspectiva, realizou-se a pesquisa nas principais praças de
Correntes-PE, a Praça Nossa Senhora da Conceição (P1), Praça Hercílio Victor da
Silva (P2) e Praça Pedro Alves Camelo (P3). Cada uma dessas praças apresentam
especificidades e também aspectos comuns entre elas. A P1 é o principal centro de
relações e comércios da cidade em questão, a P2 tem uma ligação com a história
politica do município e na P3 um espaço de arte e cultura na cidade e se diferencia
das demais praças por não ser uma área verde e sim um espaço de eventos.
Na literatura específica sobre a temática, muito é debatido sobre praças
públicas e sua importância como área verde urbana. Autores elencam inúmeros
benefícios, porém, percebeu-se que pouco é debatido a respeito da contribuição
dada por elas, principalmente, pela localização das praças no conjunto urbano, ou
seja, a praça como lugar de vivencias e relações múltiplas desencadeadas por uma
complexidade de inter-relações na cidade. Assim acabam refletindo na organização
espacial urbana, principalmente em cidades pequenas, por possuírem um número
de praças limitadas, as quais são a representação da centralidade urbana.
Devido à localização das Praças, remete ora a história do município, ora às
necessidades urbanas, as principais praças de Correntes, foram, ao longo do tempo,
assumindo dinâmicas impostas pela sociedade com características que as tornaram
singulares. Uma delas devido ao fato de atender, de forma enfática mais o comércio,
outra atende mais a comunidade estudantil pela proximidade com um dos principais
colégios da cidade e, a terceira se identifica mais com os tempos modernos, nos
quais a demanda é de ter praça de evento.
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2 – Contextualização Teórica
As praças são representações históricas de espaços com a presença da
natureza no ambiente citadino, ao mesmo tempo em que desenvolve várias funções,
sejam ambientais, sociais e econômicas. Loboda e De Angelis (2005), realizaram
uma pesquisas sobre conceituação de áreas verdes, no qual focam também praças
urbanas, realizando um levantamento histórico, no qual constatou que foi a
influencia dos jardins franceses que antecederam e deram origens as principais
áreas verdes urbanas da atualidade, ou seja, praças e parques presentes no urbano.
Os autores conotam nesse histórico que a praça já foi símbolo de liberdade,
representada pela Ágora Ateniense, ou lugar de fazer reuniões na qual todos os
indivíduos podiam dar suas próprias opiniões, e também, símbolo de poder quando
era representada pelo Fórum Romano, local de comércio e de política popular.
Diante das influências exercidas pelas praças em seu retrospecto histórico, os
autores criticam a utilização das praças na atualidade, que segundo eles, elas
apresentam-se como oásis verdes, local de estacionamento ou entregue a
marginalização urbana, deixando de ser um espaço de utilização da coletividade.
Salientam, que tais fatos são decorrentes dos atuais processos de desenvolvimento
pelo qual a sociedade passa. E que, as primeiras praças do Brasil foram criadas a
longas datas no nordeste pernambucano, durante a colonização e que com o tempo
os espaços verdes nas cidades brasileiras, representados principalmente pelas
praças públicas, foram e são decorrentes das necessidades urbanas de cada
momento histórico, e também um reflexo dos gostos e costumes da sociedade.
Ainda temos autores que se propuseram a realização de diferentes
classificações do que podemos considerar como verde urbano, nessa linha de
categorização realizada por Cavalheiro, et. al. (1999), que faz uma proposição e
terminologia a respeito. Na classificação dos presentes autores, o verde urbano se
refere a todo verde presente na cidade seja nas praças, nos parques ou calçadas,
entre outros. Nessa linha, eles fazem uma distinção entre espaços livres, áreas
verdes e cobertura vegetal, e que, é essa soma que compreende o verde urbano.
Para Lima et al. (1994, p.548) a “Praça: É um espaço livre público cuja
principal função é o lazer” e de acordo com Cavalheiro et. al. (1999) pode-se
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classificar praça como uma categoria de espaço livre de construção, que segundo os
estudos de Cavalheiro e Del Picchia (1992, p.33) com grau de manutenção máximo
(Limpeza e vistorias diárias). Mas, para realizar-se qualquer classificação se faz
necessário saber além da categoria, qual a tipologia que podem ser particulares,
potencialmente coletivos ou público. De tal modo ao se estudar praças urbanas,
sabemos que elas representam espaços públicos na malha urbana, e são também
as principais áreas verdes que para Cavalheiro et al. (op. cit.) é quando esse espaço
livre tiver na somatória de vegetação e solo permeável 70% da área, ou de acordo
com os outros autores citados, pela presença da vegetação e arborização, tendo
como principais funções estético, lazer, e equilíbrio ambiental urbano.
De Angelis e De Angelis Neto (2000), coloca as praças como lugar para as
relações sócias das cidades caracterizadas como lugares de encontros, tomadas de
decisões, palco de espetáculos, oficio religioso, comércio, entre outras relações
sócias nela desenvolvida. Os autores contextualizam sobre o fato de não ser mais
possível planejar as cidades a dissociando da questão social, na qual a sociedade
necessita de espaços livres para um bom desenvolvimento da vida urbana e das
relações sociais. E que é preciso fazer estudos da tipologia dos espaços públicos,
ou seja, das praças, pois isso permite o conhecimento da identidade, estrutura e
significação do lugar, que apresentam diversas alterações no decorrer da história.
Wendel Henrique (2009) enfoca varias questões referentes à natureza que se
encontra introjetada nas cidades e o que essa natureza representa em seus mais
diversos aspectos, principalmente no contexto da especulação imobiliária, e ao
mesmo tempo faz uma contextualização sobre o surgimento dos primeiros espaços
públicos arborizadas nas cidades. Constatando-se mudanças na esfera coletiva,
efetivamente no século XIX sobre todos os aspectos da vida social, observando-se
uma expansão dos jardins, praças e parques arborizados em várias cidades.
Na maioria das cidades onde foi previsto espaços para jardins públicos no
centro das cidades principalmente aquelas desenhadas e planejadas a partir das
ultimas décadas do século XIX. Apesar desse fato está entrelaçado ao fato de nessa
época muitas classes econômicas abastadas estarem efetivando suas moradias nas
cidades, começando a visualizar a utilização do espaço público planejados com a
presença da natureza. Ressaltando que os jardins urbanos e depois as praças e
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parques, sempre com maior qualidade localizam-se nos espaços ocupados pela
nobreza. Percebendo assim, que os espaços públicos podem possuir uma ocupação
específica de uma coletividade selecionada, em vez de exercer seu caráter social a
todos sem discriminação, isso, sempre está materializado nas diferentes épocas.
De acordo com Serpa (2009), o espaço público na contemporaneidade é
espaço, sobretudo, de ações politicas, visto, como sendo “espaço simbólico, da
reprodução de diferentes ideias de cultura, da intersubjetividade que relaciona
sujeito e percepção na produção e reprodução dos espaços banais citadinos” (p. 9),
pois esses espaços acabam criando uma identidade de acordo com seu modo de
uso e apropriação pelo público que nela frequenta. O autor pontua que o espaço
público contemporâneo, também, é resultado da dominação política das classes
dominantes, o que não o permite ser utilizado por todas as classes sociais. Serpa
(op. cit.) usa o termo “capital escolar” se referindo ao grau de dominação do espaço
público urbano por uma determinada classe social, inibindo as demais classes
sociais e econômicas, criando uma cerca simbólica na ocupação urbana.
Benini e Martin (2011), que realizaram um trabalho teórico sobre áreas
verdes, no qual dão ênfase e contextualizam de acordo a classificação proposta por
Daltoé, Cattoni e Loch (2004) em relação às praças determinadas como áreas
verdes públicas de uso coletivo, abrem um diálogo com outros autores que colocam
a praça em geral como possuidoras de peculiaridades urbanistas, pois apesar de
serem áreas livres de construção apresentam construções como edifícios oficiais ou
religiosos, principalmente (igrejas, colégios ou prédios históricos e culturais), cuja
finalidade é reunir as pessoas.
3 – Metodologia
O presente trabalho adotou como método a fenomenologia, pois, possibilita
observação e análise de natureza subjetiva, que se encontra assim, maior respaldo
para tal estudo, pautada na percepção das dinâmicas decorrentes das relações
estabelecidas nas praças em suas diversas esferas na cidade de Correntes-PE.
Realizou-se uma pesquisa exploratória com base em literaturas a respeito do
tema colocado em questão “Praças Urbanas”, fazendo-se uma revisão de literatura e
observação em in loco com trabalho de campo. Em seguida, fez-se uma
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caracterização e conceituação das principais praças da cidade e analisou-se como
elas refletem para a organização espacial de Correntes.
4 – Resultado e discursões
Todas as praças estudadas, são espaços públicos com diferentes formas, funções e
estruturas, que ao mesmo tempo são distintas, mas também são comuns entre si e,
espacialmente próximas umas das outras. Essa proximidade se deve, em parte, ao
tamanho do espaço urbano da cidade de Correntes-PE, uma cidade pequena com
uma população estimada para o ano de 2014 de 17.901 habitantes no munícipio.
Representando um lugar no espaço geográfico a partir de Dardel (2011, p.2),
é dado pela singularidade que o homém da a cada lugar em seuus aspectos. Assim
na geografia se insere a ação humana que é cheia de simbolo liverdade e esprito,
que se conquista na materialidade sobre a realidade vivida (op cit, p.5)
4.1 Praça Nossa Senhora da Conceição (P1)
A Praça Nossa Senhora da Conceição (P1), é a principal praça da cidade de
Correntes-PE, foi construída durante três gestões administrativas, na época em que
os prefeitos eram nomeados pelo governador do Estado. A P1 está construída em
terras pertencentes à Igreja Matriz, Nossa Senhora da Conceição, da cidade o que
repercute por sua vez no seu nome.
O Lugar em que a praça se encontra, era conhecido antes de sua presença
como quadro, devido a sua configuração geométrica que representava o lugar do
comércio caracterizado pela feira livre do município, bem como, servia de espaço
para encontro dos agricultores, pecuaristas e fazendeiros que se deslocavam de
suas residências rurais para a cidade a fim de negociar no dia da feira.
A P1 é um espaço livre de edificações, possui em seu interior a construção de
um caramanchão com a presença de uma televisão instalada ha poucos meses, um
chafariz, uma estátua religiosa e alguns bancos e localiza-se ao lado da Igreja
Matriz. É uma área verde bastante arborizada, no entanto com uma vegetação
predominantemente exótica como Palmeiras, Fícus que são podadas com cortes
ornamentais algumas vezes, Algarobeira e uma minoria nativa como a Pata-de-vaca.
Com funções de circulação, por estar situada no centro da cidade e de maior
movimento da população em geral com fluxo em todos seus horários; recreação e
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lazer para os frequentadores, principalmente o público infantil, adolescente e idoso,
que tem um maior tempo livre; permanência para os que apenas querem desfrutar
de um ambiente agradável e arborizado com um microclima ameno; ambiental
amortecendo os impactos das chuvas, devido às copas das árvores e facilitando a
infiltração das águas, também diminuindo as altas temperaturas e proporcionando
maior umidade ao ambiente citadino; e ecológica, pois serve como abrigo/moradia
para pequenos animais como pássaros, borboletas, entre outros.
É frequentada pela população em geral, tanto da cidade como oriunda do
campo. Sua utilização varia com os dias da semana e devido às atividades
desenvolvidas na cidade de Correntes-PE. Aos sábados dia da feira livre, que se
inicia no finalzinho da sexta na cidade, mas, a praça só passa a ser apropriada pelas
bancas dos comerciantes a partir da madrugada do sábado, se tornando espaço de
negócios econômicos; mas também ponto de encontro de compadres e comadres
que após realizar a feira semanal para sua residência rural, usa a P1 como espaço
de socialização com as pessoas de sítios distantes, as quais encontram no sábado
um dia de atualização dos acontecimentos da cidade ou do campo, além do
encontro de jovens que usam esse dia para passear e tomar sorvete. No domingo, a
P1 é entregue a tranquilidade do dia, tendo movimento constante apenas nos
horários de inicio e finalização da missa da manhã e da noite.
Pois, é no entorno da P1 que se encontram os principais serviços urbanos,
econômico e social, na presença de mercados, armazém, cartório, bancos, lojas em
geral, bares e secretária pública. A Praça Nossa Senhora da Conceição é a que
apresenta maior dinâmica em seu interior e exterior, mas que se alterna com os dias
da semana. Logo, um lugar de vivência pela coletividade correntina e visitantes.
4.2 Praça Hercílio Victor da Silva (P2)
A Praça Hercílio Victor da Silva foi criada em homenagem ao segundo
prefeito correntino eleito por votação direta, Médico comprometido com a população,
o mesmo faleceu durante seu mandato. Foi inaugurada em 26 de agosto de 1979,
na gestão de Luiz de Assis Calado, senhor de posse que ainda reside na cidade.
Essa praça está localizada ao lado do colégio mais tradicional do município
de Correntes-PE e próxima ao Hospital Municipal. A mesma teve sua acessibilidade
construída na ultima revitalização que foi finalizou nesse presente ano corrente.
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Encontra-se em boas condições na atualidade, porém a mesma, algumas vezes
apresentava problemas relacionados à iluminação, pois adolescentes em atos
inapropriados quebravam as lâmpadas da mesma deixando-a muito escura.
Esse espaço livre é frequentado, principalmente, por estudantes de segunda
a sexta-feira e população urbana em geral que moram próximo. Também é ponto de
referencia dos estudantes da zona rural que, às vezes, aguardam o transporte
escolar nela. Durante o fim de semana, a praça é pouco frequentada, aos sábados
alguns transportes a utilizam de seu entorno para ficarem estacionados, enquanto
aos domingos a P2 é pouco frequentada, com a presença de alguns moradores que
se encontram para aproveitar de uma ambiente mais agradável.
É uma área verde urbana, bastante arborizada, suas árvores são na maioria
antigas, algumas estão um pouco inclinadas e podem tombar, caso aconteça algum
fenômeno que as desestruturem. A maioria das espécies arbóreas presentes são
exóticas e de grande porte como a castanhola, algarobeira e flamboyant.
As funções que nela se desenvolvem são: circulação, principalmente de
estudantes de segunda a sexta-feira; lazer e permanência por frequentadores em
geral e estudantes; funções ambientais e ecológicas, como abrigo para a fauna
urbana de pequeno porte temperaturas amenas e maior umidade.
Esses benefícios ambientais refletem em seu entorno, e também no colégio,
visto que, a parte do mesmo próximo à praça apresenta um melhor conforto térmico
aos alunos que, no entendimento de Gomes e Amorim (2003, p. 96), o “conforto
térmico implica necessariamente na definição de índices em que o ser humano sinta
confortabilidade em decorrência de condições térmicas agradáveis ao corpo”.
4.3 Praça Pedro Alves Camelo (P3)
A Praça Pedro Alves Camelo Construída em 2001, na administração de
Nivaldo Lúcio a pedido da Primeira Dama, que na época era secretária da ação
social e queria homenagear o pai Sr. Pedro Alves Camelo. Então, a praça ganhou
seu nome, ao lado da P3 era localizada a primeira prefeitura da cidade de Correntes.
Assim, ao mesmo tempo em que se construiu a praça se reformou a antiga
prefeitura que foi o primeiro prédio público da cidade que se encontrava abandonada
e ocupada por moradores que a tinha invadido, desocupando-se o prédio o
transformado na secretária municipal de cultura que se mantem até o presente.
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Diferente das P1 e P2 a P3 apesar de ter a presença de vegetação, e
algumas árvores, ela não é uma área verde e se enquadra como praça de evento,
na qual são desenvolvidos alguns eventos e atividades culturais, a maior parte de
seu espaço é impermeabilizada com presença de edificações. Possui um busto em
homenagem ao nome da mesma e, também banheiros públicos da cidade.
A P3 é um espaço livre com função de circulação, sendo ponto de acesso ao
centro da cidade e outras ruas; recreação, lazer e permanência, dispondo de
bancos, espaços amplos para crianças e adolescentes e a população em geral
desenvolverem algumas atividades recreativas em dias com pouca insolação, visto a
pouca presença de árvores, o espaço não é protegido de ventos fortes.
Possui alguns empreendimentos que se distribuem em seu entorno, tem a
presença de algumas árvores de copa ampla como a castanhola, bem como do
visual de uma vegetação ornamental de pequeno porte. E como local de eventos,
são realizados apresentações e encontros, e também, se adequa ao palco de
cinema ao ar livre e, também feiras culturais realizadas. Além de ser utilizado, como
espaço de arte, pois seus muros possuem pinturas feitas por artista da cidade.
De acordo com Andrade e Bovo (2011, p. 89), a praça considerada em um
viés geográfico, “representa muito mais que um espaço físico composto por
mobiliários urbanos, paisagismo ou arborização. Ela representa um espaço
característico pela qual se manifestam as relações sociais na cidade que se tornam
mais perceptíveis em logradouros públicos”. E o olhar geográfico busca analisar
esse espaço social, de relações marcantes e sistêmicas, como o lugar de
manifestação das relações com dinâmicas diversas.
4.4 Os Reflexos da Dinâmica das Praças na Organização Espacial de
Correntes-PE.
As ruas do município das Correntes-PE, são divididas em trechos, tendo
como divisão dos trechos a extensão principal da cidade que se inicia na entrada da
área urbana e vai até a saída, em direção a um dos Distritos do município, o Distrito
de Pau Amarelo. Com a malha urbana de Correntes é dividida em três trechos,
sendo um divisor a principal via de acesso de Correntes que divide a cidade em dois
lados, e o outro divisor e geofísico, ou seja, a parte do Rio Mundaú que atravessa a
cidade. Logo a organização espacial de Correntes-PE se dá em:
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 Trecho A - Correspondente às ruas que ficam do lado ESQUERDO; no sentido de
entrada do município, abrangendo a Praça Hercílio Victor da Silva (P1);
 Trecho B - Corresponde às ruas que se localizam do lado DIREITO, no sentido de
entrada do município, abrangendo a Praça Pedro Alves Camelo (P3);
 Trecho C - Corresponde à parte da cidade que se localiza separada da cidade
pelo rio Mundaú.
A (P1), localizam-se na extensão principal que divide a cidade nos trechos A e
B. As praças estão localizadas entre o trecho A e trecho b. E como a intensão da
presente pesquisa é estudar as principais praças públicas na cidade,
a não
existencia de uma praça no trecho C, o fez ficar de fora da área de estudo.
Assim, devido a tal destribuição das praças na malha urbana da cidade, bem
como, suas localizações, formas, funções e estrutura, refletem na organização
espacial de Correntes, pois todos os transportes, pessoas, serviços entre outros,
que se necessita chegam ao centro de Correntes perpassando por uma das praças.
E nos dias de abastecer a cidade com mercadorias para os mercados, lojas, entre
outros, os fluxos vão se dá entre os elementos fixos, que são pontos de referências
das cidades, e as praças exercem essa função de fixos, cada uma em sua forma
distinta e estruturas predominantes a cada lugar em que se encontram.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
As praças urbanas em uma cidade pequena como Correntes-PE apresentam
diversas formas, funções e estruturas, representam o principal centro de relações do
espaço urbano como lugar de comércio, de atividades políticas e relações sociais. E
são em sua maioria as principais áreas verdes urbanas, pois devido ao tamanho da
malha urbana, não existe parques ou jardins públicos.
O desenvolvimento do presente trabalho foi bastante relevante, se
materializando em uma pesquisa geográfica de cunho fenomenológico pertinente
aos atuais debates sobre as praças urbanas, tema escolhido para nortear a
pesquisa.
Pois as praças em suas formas físicas em que se encontram na malha urbana
inter-relacionada com as construções e equipamentos adjacentes influenciam em
sua visualização e utilização; funções que são as mais variadas ligadas às
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atividades humanas nelas desenvolvidas ou as suas funções, quando consideradas
áreas verdes, que beneficiam o ambiente urbano. Ressalta-se que são graças à
presença dos elementos naturais, principalmente ás árvores, que as pessoas a
frequentarem as praças, pois encontram lugar agradável e de temperaturas amenas.
A estrutura das praças relaciona-se as principais atividades que nela se
desenvolvem, logo se a praça faz parte do centro comercial da cidade, nela se
verifica uma estrutura econômica; se a praça apenas funciona como uma área
verde, ela possui uma estrutura ambiental; se ela é representação histórica, cultural
ou artística, as respectivas estruturas serão, então, ligadas predominantemente à
história, cultura ou arte no espaço manifestado.
Assim, como espaço de relações múltiplas, as dinâmicas desenvolvidas nas
principais praças correntinas acabam refletindo-se na organização espacial da
Cidade de Correntes, reflete-se diretamente na organização do espaço urbano.
Entendendo-se as praças como elementos fixos pelas quis passam os principais
fluxos das atividades do centro urbano.
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