- Casa da Música

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16 JUN | 2012
remix ensemble
CASA DA MÚSICA
21:00 SALA SUGGIA
Wolfgang Mitterer direcção musical, teclados e electrónica
Wolfgang Mitterer
remix surround, para 14 músicos e electrónica
[2012; c.62min.; encomenda da casa da música em estreia mundial]
Concerto sem intervalo.
Nota ao Programa
O título remix surround desvenda um pouco sobre a obra
que vamos ouvir. Remix Ensemble é o agrupamento de
música contemporânea da Casa da Música, que estreia
a peça e que esteve na origem da encomenda. Mas remix
pode também significar o nome de uma técnica de reutilização e mistura de material prévio. A palavra surround
descreve a emissão sonora num plano espacial a três dimensões na qual os ouvintes estão rodeados pelas fontes
sonoras, neste caso os instrumentos e as colunas de som
que emitem a parte de electrónica. Temos já a ideia de um
cenário em que o público está rodeado pelos músicos e
por colunas, sabemos que alguma da matéria sonora poderá ser reutilizada numa dimensão espacial e de sobreposição, mas sabemos ainda muito pouco sobre a música propriamente dita ou o seu processo de composição.
Sendo Wolfgang Mitterer organista, é natural que domine
a arte da improvisação e que esta tenha um papel determinante na sua obra. Mitterer é também um músico extremamente versátil que tem tocado com bandas de jazz e que já
tem utilizado a improvisação em diversas obras. No entanto, não estamos aqui perante uma improvisação tradicional,
com base num tema dado, como acontece no jazz tradicional ou até na música clássica. Em remix surround, Mitterer
estende a ideia da improvisação, gérmen da própria peça, a
um colectivo de 14 instrumentistas. Na partitura estão escritas notas e ritmos em forma de sugestão musical, padrões e
texturas, e cabe aos músicos criar a música no seu desenrolar. Claro que este não é um procedimento incontrolado e
há sempre um músico que lidera os restantes nos diferentes momentos da peça. A partitura utiliza uma grande variedade de notação, oscilando esta entre uma grande precisão
e a quase indefinição gráfica. Mas o controlo do desenrolar
do tempo é muito cuidado, até porque a electrónica faz parte do processo de construção da peça, bem como a indicação de quem toca em cada momento.
Falta ainda falar da forma, ou da estrutura. Para a podermos percepcionar, está implícita a utilização de ideias
temáticas e elas, de facto, existem. São ideias que se repetem em momentos diferentes, como os clusters nos
dois pianos que iniciam e encerram a peça. Na verdade,
ela está organizada em forma de espelho, progredindo até
um clímax que sucede exactamente a meio e a partir do
qual a peça procede em sentido contrário. Mas como todo
o processo está dependente da improvisação dos músicos, a segunda parte nunca soará da mesma maneira.
No geral, está implícito um sentido de diversão ao criar
a música, de surpresa, de partilha colectiva dos músicos
que ao longo dos ensaios também puderam dar as suas
sugestões musicais. Por outro lado, sente-se igualmente
uma certa ironia sobre o processo compositivo e os modelos estereotipados da criação contemporânea. O resultado, esse, é sempre novo em cada abordagem; e ao público cabe apreciá-lo com a consciência de estar a assistir a
um processo criativo quase instantâneo.
rui pereira [2012]
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Wolfgang Mitterer
remix ensemble casa da música
Peter Rundel maestro titular
Wolfgang Mitterer nasceu em 1958 em Lienz, Tirol Este.
Os primeiros anos da sua vida foram preenchidos com
instrumentos de sopro e música de igreja. No final dos
anos setenta frequenta a Escola Superior de Música de
Viena. Estuda órgão com Herbert Tachezi e composição
com Heinrich Gattermeyer. Em 1983 inicia estudos em
música electroacústica na ems em Estocolmo. Em 1988,
em Roma, recebe uma bolsa do Ministério da Educação.
Por esta altura, já se empenha na exploração de música
experimental fazendo parte de diversos grupos, tocando
uma variedade de estilos: jazz, música popular, new wave
e noise. Trabalhou com grupos como Hirn mit Ei, Call
Boys Inc., Pat Brothers, Dirty Tones, Matador e músicos
como Linda Sharrock, Gunter Schneider, Wolfgang Reisinger, Klaus Dickbauer, Hozan Yamamoto, Tscho Theissing e Tom Cora.
A força criativa da qual a música de Wolfgang Mitterer
emerge encontra-se no imprevisível e inesperado. Junta
ensembles vocais com instrumentação electrónica, associa sons captados em serrações com órgãos de igreja antigos ou coros de mil vozes com vários instrumentos de
sopro. Foram-lhe encomendadas obras pela Wiener Festwochen, Steirischen Herbst, Wien Modern, Wiener Konzerthaus, Tiroler Festspielen Erl, Klangspuren Schwaz,
orf, wdr e srg.
Recebeu vários prémios pela sua obra como músico e
como compositor: o SchallplattenKritik para melhor gravação, o Ars Electronica Award, o Max Brand Award, o Futura Berlin Award e o Emil Berlanda Award, entre muitos
outros.
A obra de Wolfgang Mitterer contém mais de 160 composições, incluindo Amusie (para seis músicos, altifalantes e órgão de igreja avariado), Crushrooms, String Quartet
1.3, Brachialsinfonie (escritas para o Quarteto de cordas
Klangforum Wien), Und träumte seltsam (para soprano,
pequeno coro e ensemble), Ka und der Pavian (para coro,
treze músicos e instalação sonora), Net-Words 1-5 (para
onze músicos e 8-pistas), Fisis (orquestra sinfónica) e a
ópera Massacre, apresentada recentemente numa nova
produção com o Remix Ensemble Casa da Música no Teatro Nacional de São João do Porto, no Grand Théâtre de
Reims, no Théâtre de Nîmes e na Cité de la Musique em
Paris. A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música estreou a sua peça 15 minutes for 13 morphs na Konzerthaus
de Viena, em Setembro de 2010.
A sua discografia inclui Coloured noise com o Klangforum Wien (Kairos), Das Tapfere schneiderlein, Sopop
com Birgit Minichmayr e In Sturm com Georg Nigl, Music for checking e-mails e Massacre (Col Legno), entre
outros registos.
Wolfgang Mitterer leccionou a disciplina de “Música e
Computador” na Universidade de Música de Viena.
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Desde a sua formação em 2000, o Remix Ensemble apresentou em estreia absoluta mais de setenta obras e foi dirigido pelos maestros Stefan Asbury, Ilan Volkov, Kasper
de Roo, Pierre-André Valade, Rolf Gupta, Peter Rundel,
Jonathan Stockhammer, Jurjen Hempel, Matthias Pintscher, Franck Ollu, Reinbert de Leeuw, Diego Masson,
Emilio Pomàrico e Paul Hillier, entre outros.
No plano internacional, apresentou-se em Valência,
Roterdão, Huddersfield, Barcelona, Estrasburgo, Paris,
Orleães, Bourges, Reims, Antuérpia, Madrid, Budapeste,
Norrköping, Viena, Witten, Berlim, Amesterdão e Bruxelas. Em 2011 apresentou-se no Wiener Festwochen (Viena) e no Festival Agora (ircam – Paris). Entre as obras
interpretadas em estreia mundial incluíram-se duas encomendas a Wolfgang Rihm, Compositor em Residência
2011 na Casa da Música. No último trimestre do ano, o
projecto The Ring Saga, com música de Richard Wagner
adaptada por Jonathan Dove, levou o Remix Ensemble ao
Festival Musica de Estrasburgo, Cité de la Musique em
Paris, Saint-Quentin-en-Yvelines, Théâtre de Nîmes, Le
Théâtre de Caen, Grand Théâtre du Luxembourg e Grand
Théâtre de Reims. Em 2012 apresenta-se na Fundação
Gulbenkian em Lisboa, no Berliner Festspiele/MaerzMusik e toma parte no programa de encerramento do Festival Musica de Estrasburgo.
O Remix tem oito discos editados com obras de Pauset,
Azguime, Côrte-Real, Peixinho, Dillon, Jorgensen, Staud,
Nunes, Bernhard Lang, Pinho Vargas e Wolfgang Mitterer.
Violino
Angel Gimeno
José Pereira
Viola
Trevor McTait
Violoncelo
Oliver Parr
Contrabaixo
António A. Aguiar
Flauta
Stephanie Wagner
Oboé
José Fernando Silva
Clarinete
Vítor J. Pereira
A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE
Fagote
Roberto Erculiani
Trompa
Nuno Vaz
Percussão
Mário Teixeira
Manuel Campos
Piano
Jonathan Ayerst
Victor Pinho
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