Agosto de 2001 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL lhadores como aprendizes, qualificando e treinando mão-de-obra. Repito: esse projeto de lei está parado na Câmara dos Deputados, e ninguém se incomodou em examiná-lo para verificar que ele realmente é importante para ge rar em pre gos para os jovenstrabalhadores. Encerrando, Sr. Presi den te, eu gostaria de dizer que, ao apresentar esses projetos, a minha intenção é chamar para o debate os Senadores de todos os Estados, partidos e correntes e também o Governo. Já não estou preo cu pa do com aque la si tu a ção ocorrida no semestre passado, quando, por ter assinado o requerimento para instalação da CPI da Corrupção e depois não ter aceitado re tirar a minha assinatura, o PSDB praticamente me expulsou. Estou sem partido, mas até por isso chamo a atenção de todos aqueles que querem o debate sério sobre um assunto relevante, que é a legislação trabalhista. Espero que o Go ver no não en vi de ne nhum es for ço para de ter a tramitação dos projetos de minha autoria. Não estou aqui criticando o Presidente Fernando Henrique Cardoso, apesar de seu Partido ter tido essa atitude feia de condenar quem assinou o re que ri men to de ins ta lação da referida CPI. Os últimos acontecimentos no Senado e no País demostram que eu tinha razão quando assinei aquele requerimento e também quando não retirei a assinatura. Gostaria que a Mesa me aju das se a pelo me nos submeter à discussão nas Comissões e no plenário do Senado esses vários projetos direcionados à modernização da legislação trabalhista. Era o que tinha a dizer. Durante o discurso do Sr. Osmar Dias, o Sr. Mozarildo Ca valcanti, 4º Secretário, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Lindberg Cury. O SR. PRESIDENTE (Lind berg Cury) – Con cedo a palavra ao próximo orador inscrito, o eminente Senador Ney Suassuna. O SR. NEY SUASSUNA (PMDB – PB. Pronuncia o seguin te dis cur so. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, depois de um mês de recesso, retornamos à Casa, onde muitos assuntos estão em debate nas Comissões e no plenário. Com cer te za, essa é uma pa u ta bem di fe ren te da que interessa à imprensa, que não tem tido outra postura senão a de buscar escândalos e dar à população a idéia de que a política é um mundo de corrupção, de descalabro e tudo o mais. Quinta-feira as 2 15181 Muitas vezes, Sr. Presidente, Sr e Srs. Sena dores, nós, que fazemos vida pública não profissio nalmente, mas como pes so as que en ten dem que têm obrigação para com a sua comunidade, para com a sociedade, começamos a nos perguntar se esse é o caminho para servir à comunidade, porque somos mostrados como uma espécie de bandido. Hoje tal vez seja me lhor di zer mos que so mos de tal pro fis são, mesmo que ela seja menos importante, do que dizer que temos o mandato de Senador ou de Deputado. Quando di zemos em público que somos Senador, as pessoas já nos olham atravessado, como se fôsse mos um cafajeste, um ladrão. A situação é mui to diferente. Nesta Casa, en contramos pessoas como o Senador Osmar Dias, que aca bou de fa zer pon de ra ções so bre as sun tos sérios, como o Senador Romeu Tuma, como nossos companheiros Pedro Si mon, Eduardo Suplicy e tan tos outros Senadores que vieram para cá para deba ter os pro ble mas do País e apre sen tar so lu ções. Existe alguém cuja conduta é condenável? Então vamos puni-lo, vamos tomar as providências cabíveis. Mas essa não é a regra nesta Casa; aqui a regra é a serie dade. E são muitos as pessoas que vêm para cá porque têm amor às suas comunidades, à sociedade brasileira. Eu não sou po lí ti co; sou em pre sá rio, pro fes sor – é assim que gosto de ser chamado. Fui professor de várias matérias de 1º e 2º graus, depois fiz concurso para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde, desde 1967, sou professor da área B – Economia e Administração. Fiz os cursos de Economia, de Admi nistração e de Pedagogia, ou seja, três cur sos su pe riores. Depois fiz alguns cursos de pós-graduação. Sinto-me realizado quando estou dando aula, mas, seja pelos encargos fa miliares de uma família políti ca, seja por acre di tar que o meu Estado precisava de um representante que lutasse por ele com afinco, eu me candidatei e aqui estou, para minha surpresa, no segundo mandato. Penso que será o último, porque, a cada dia, olho com mais tristeza o quadro político, principalmente quando mostram os políticos como se fossem to dos da mesma laia, todos corruptos, todos ladrões. Eu me pergunto: que pessoa de bem vai se arriscar a exercer um cargo público se, a cada dia, de forma mais patente, somos mostrados como mons tros? Eu não tenho tido muito estímulo como político. Nos últimos seis meses, durante a se ma na, fi quei em Brasília, batendo de porta em porta nos Ministérios, pedindo re cursos para a minha Paraíba, aonde vou apenas nos fins de semana. Quando vou lá, vejo um