SISTEMA PARA MONITORAMENTO DE INFUSÃO E MEDIÇÃO DE TEMPERATURA L.L. Gontijo¹, J. S. Batista¹ e M. S. Barreiro¹ ¹Instituto de Ciências Tecnológicas e do Ambiente (ICTA), Universidade de Uberaba (UNIUBE), Brasil Resumo - Cerca de 80% dos pacientes hospitalizados recebem algum tipo de medicamento ou nutrição utilizando bombas de infusão, que apareceram na década de 60. Assim, o principal objetivo deste projeto é desenvolver um equipamento que contém três módulos: um sistema para realizar o controle contínuo de infusões intravenosas, um sistema simples de monitoramento de soluções, responsável pela verificação do fim da infusão ou erros de velocidade, e, também, um sistema para medição da temperatura corporal. O último sistema torna possível acompanhar reações adversas ao tratamento. Este equipamento irá ajudar o trabalho exustivo dos profissionais da área da saúde. Será mais barato e mais fácil de programar do que as máquinas disponíveis no mercado. Palavras-chave: Bombas de Infusão, Microprocessador, Terapia Intravenosa. Abstract - Around 80% of the hospitalized patients receive some type of medicine or nutrition using infusion pumps, that appeared in the decade of 60. So, the main goal of this project is to develop an equipment that contains three modules: a system to realize a continuous control of intravenous infusions, a simple supervisory system for solutions, responsible for verifying the end of the infusion or velocity errors and, also, a corporal temperature measurement system. The later system makes possible to know some adverse reactions of the treatment. These systems will be joined and controled by a microprocessor. The equipment will help the exhausting work of health professionals. It will be cheaper and easy to program than machines available for sale. Key-words: Infusion Pumps, Microprocessor, Intravenous Therapy. Introdução Com base nas descrições de Mühlen [1] e Button [2], desde a década de 50, sistemas de infusão são cada vez mais utilizados para administração de substâncias, nutrição e medicamentos em pacientes hospitalizados e até mesmo em ambiente domiciliar. Infusão significa introduzir líquidos, que não seja o sangue, em vasos sanguíneos. Ainda segundo [1] e [2], em decorrência da necessidade de um controle terapêutico contínuo, ou seja, sem flutuações na concentração de fluido ao longo do tempo, proporcionando uma melhor eficácia do tratamento, surgiram entre as décadas de 60 e 70 as chamadas bombas de infusão. Estes aparelhos, de acordo com [3], são utilizados para introduzir líquidos e agentes farmacológicos no sistema circulatório de pacientes em aplicações diversas, como: quimioterapia, infusão de drogas em quantidades efetivas e nãotóxicas, alimentação enteral e parenteral, aplicação de soros em pacientes desidratados e manutenção dos níveis apropriados de fluidos em pacientes durante e após cirurgias. Este projeto pretende simplificar o máximo possível o monitoramento dos pacientes, através do desenvolvimento de um equipamento de simples manuseio, de baixo custo e com funções que realmente auxiliam os profissionais de saúde, proporcionando maior precisão dos resultados e permitindo atenção especial e segurança a cada paciente. O projeto vislumbra a obtenção de uma bomba de infusão diferenciada, composta por três módulos principais: um sistema para monitoramento de soluções com fluxo determinado manualmente, um sistema para controle e monitoramento de soluções com fluxo controlado por motor e um sistema para medição de temperatura. Estes sistemas poderão ser utilizados de acordo com a indicação do profissional e conforme necessidade do paciente. Metodologia A pesquisa realizada para a elaboração do trabalho foi essencialmente de caráter qualitativo, sem o objetivo de analisar estatisticamente os dados obtidos. A primeira etapa constituiu-se em entrevistas a profissionais das áreas de química, medicina, nutrição e enfermagem da Universidade de Uberaba e da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, além de comerciantes de equipamentos hospitalares, ou seja, pessoas que contribuíram com informações importantes sobre a utilização das bombas de infusão, assim como as principais substâncias administradas nestes aparelhos. Após a pesquisa sobre o uso e a relação do equipamento com os profissionais, foi iniciado um trabalho para analisar o princípio de construção das bombas de infusão, assim como os componentes eletrônicos e mecânicos necessários, utilizando-se para isto livros e a internet, onde foram analisados o funcionamento de motores e programação de microprocessadores. Desta forma, foram obtidas informações importantes sobre os tipos de bombas de infusão, principais motores utilizados, sensores para monitoramento e sensores para medição de temperatura. Um ponto importante para iniciar o projeto e desenvolvimento do sistema de infusão proposto foi a análise dos tipos de equipos existentes. O equipo, de acordo com [1] e [2], é o tubo flexível que transporta o fluido do reservatório para o paciente e o uso deste depende do tipo de bombeamento utilizado, o qual pode ser, dentre outros tipos também existentes, peristáltico rotativo ou peristáltico linear, seguindo também as teorias de [1] e [2]. O mecanismo peristáltico rotativo é composto por um motor que pressiona roletes contra o equipo, podendo utilizar para tal função um batente. O sistema com batente necessita de um ajuste mecânico preciso entre o motor e o batente, esmagando o equipo, que pode ser do tipo universal, ou seja, mais simples e barato. Já no sistema sem batente, o equipo é preso diretamente sobre o motor, assim é exigido o uso de um equipo específico, com trecho de silicone, produzido pelo próprio fabricante do aparelho. Este equipo específico possui um alto custo, desmotivando seu uso, já que o tubo deve ser trocado pelo menos a cada 24 horas, constituindo um custo elevado para os instituições que necessitam deste tipo de equipamento. Já o mecanismo peristáltico linear é um sistema composto por uma série de placas que pressionam o equipo, realizando um movimento ondulatório. Este mecanismo permite a utilização de equipos universais, porém este equipamento possui alto custo de aquisição e manutenção e seu sistema mecânico é muito ruidoso, tornando-se incômodo para o paciente. Assim, a análise dos principais métodos de bombeamento de infusão e dos tipos de equipos permitiu a escolha do sistema mais apropriado para o desenvolvimento do projeto, que seria o mecanismo peristáltico rotativo com batente, por ser um sistema com baixo custo de implementação e que permite o uso de equipo universal. O estudo do manual da bomba de infusão Nutrimat II (B.Braun, 2001) também foi um importante meio de conhecimento sobre o funcionamento e principais funções desempenhadas por estes dispositivos. Resultados Após pesquisas, estudos e implementações foi desenvolvido um sistema composto por três partes principais: sistema para monitoramento de infusão com controle de fluxo manual, sistema para monitoramento de soluções controlado por motor e um sistema para medição de temperatura corpórea. O circuito desenvolvido para este trabalho é controlado por um microprocessador, que é responsável pela interação de todos os sistemas simultaneamente, como a interpretação das informações inseridas através do dispositivo de entrada de dados, programação do aparelho feita pelo usuário, o controle do mecanismo de infusão e interpretação dos sinais dos sensores, além de controlar o acionamento dos alarmes, quando necessário. Para o sistema de entrada de dados utiliza-se um teclado do tipo telefônico, através do qual é possível inserir os valores de quantidade de solução em mililitros e o tempo de infusão em horas, a fim de obter a vazão desejada. Os valores podem ser também inseridos diretamente em ml/h, dependendo da necessidade do profissional. Para o sistema de saída de dados é utilizado um display de cristal líquido, permitindo visualizar os dados necessários, tais como a temperatura do paciente e os possíveis erros reconhecidos por meio dos sensores. No sistema para monitoramento de infusão com controle de fluxo manual, o operador ajusta o fluxo de infusão desejado baseado na contagem das gotas por unidade de tempo com a ajuda do grampo ou rolete do próprio equipo. Enquanto isso o sensor monitora as gotas, indicando possíveis erros de vazão ou o fim da solução. Este módulo, com base em [1] e [2], poderá ser utilizado principalmente para operações simples em que não é exigido um controle rígido da infusão, como em aplicações de soro em pacientes desidratados. É um sistema de baixo custo e fácil operação, porém, só poderá ser usado em veias periféricas, devido à baixa pressão gerada. A bomba peristáltica rotativa é composta por um motor de passo e por roletes, para controlar a vazão da infusão. Um batente é utilizado para promover o encaixe entre o motor e o tubo flexível, fazendo com que os roletes pressionem o equipo, empurrando o líquido. A velocidade da vazão é determinada de acordo com os valores inseridos através do dispositivo de entrada de dados. Sensores infravermelhos são responsáveis pelo monitoramento do gotejamento dos sistemas de fluxo manual e controlado por motor. O emissor envia um feixe infravermelho que chega diretamente ao fototransistor. Este feixe é interrompido a cada passagem de gota. O monitoramento é feito então da seguinte forma: após alguns segundos sem interrupção do feixe, a solução chegou ao fim. No caso do sistema com fluxo manual, ocorre ainda o erro de vazão, que é verificado através da contagem das primeiras gotas, estabelecendo um fluxo de referência. Quando as gotas não estiverem dentro desta referência, ocorre o erro. Para a medição de temperatura é utilizado um sensor que verifica periodicamente a temperatura do paciente. Este sensor envia um valor de tensão em volts que é convertido para seu respectivo valor em graus Celsius, utilizando-se o recurso de conversão analógico-digital do microprocessador. Este valor pode ser visualizado no display. O alarme será acionado quando o paciente possuir alta temperatura, que será determinada no sistema de entrada de dados pelo profissional. Este módulo foi acrescentado devido à grande importância da verificação constante dos sinais vitais, como a temperatura, que, segundo [4], permite observar reações adversas ao tratamento, principalmente quando a infusão contém medicamentos. O alarme visual é acionado sempre que ocorre algum erro de gotejamento ou fim da solução. Concluiu-se que não é viável utilizar o alarme sonoro devido aos transtornos para os pacientes, muitas vezes em situação delicada. Então, para que seja possível a visualização deste alarme, será realizado um trabalho para promover uma comunicação serial com um computador central, que conterá um sistema computacional. Este sistema irá conter todas as informações relevantes dos pacientes, armazenadas em um banco de dados, e será possível acompanhar todos os erros e dados dos módulos descritos anteriormente. Discussão e Conclusões A análise de custos é muito importante, tanto no momento da manutenção quanto na aquisição do equipamento, pois existem bombas de infusão peristálticas rotativas que são baratas, mas utilizam equipos caros, por outro lado, as bombas peristálticas lineares que utilizam equipos simples e mais baratos são muito mais caras, além disso, em alguns casos, sua manutenção pode não ser viável economicamente, sendo uma melhor opção a substituição do aparelho. No entanto as bombas de infusão tem grande importância no hospital, pois serve para a infusão de nutrientes e medicamentos, sendo o volume infundido destas substâncias fator fundamental para o sucesso do tratamento, sengundo [5]. Por existir estes problemas de aquisição e manutenção os hospitais acabam tendo poucas unidades. Essa escassez induz a retirada do equipamento do paciente para atender outro que apresente maior necessidade. Os equipamentos disponíveis apresentam muitos recursos e opções, o que não melhora significativamente o trabalho dos profissionais de saúde, já que ocorre uma certa dificuldade em manipular e principalmente programar estas máquinas. Para sanar este problema foi proposto então um aparelho com funções simples, visando a praticidade de utilização. Pode-se concluir que os objetivos foram implementados com êxito. O trabalho superou as expectativas após a inserção do sensor de temperatura, que veio complementar a máquina e o tratamento, sem dificultar o trabalho do operador. Portanto, é possível desenvolver um equipamento com baixo custo e sem complicações para o usuário. Isto é muito importante, pois os hospitais e demais instituições de saúde poderão adquirir um número maior de bombas de infusão e seus funcionários não terão dificuldade de manuseio, o que otimiza e estimula o trabalho, além de permitir também maior atenção individual a cada paciente, o que geralmente é fator fundamental para o sucesso do tratamento. Agradecimentos Aos professores e à diretora do curso de Engenharia de Computação da Universidade de Uberaba pelo apoio institucional. Aos nossos pais que nos acompanham em todos os momentos. Referências [1] Mühlen, Sergio.S. [[email protected]]. “Dispositivos de Infusão”. [http://www.deb.fee.unicamp.br/Sergio]. 2003 4 Março [2] Button, Vera.L.S.N. [[email protected]]. “Dispositivos de Infusão”. [http://www.fee.unicamp.br/deb/vera]. 9 Outubro 2003 [3] Waitzberg, D.L. (1995), Nutrição Enteral e Parenteral na Prática Clínica, Rio de Janeiro: Atheneu. [4] Grant, J.P. (1996), Nutrição Parenteral, Rio de Janeiro: Revinter. [5] Hirama, R.T., Nishikawa, R., Penco, M.C.C,.Yokoo, R., Ramirez, E.F.F. “Método para Inspeção de Bombas Infusoras”. [http://www.uel.br/projetos/ec/Producao/bominf.PDF] . 11 Março 2004 Contato Para maiores informações sobre este artigo, entrar em contato com a primeira autora, Luisa Lucas Gontijo, estudante de Engenharia de Computação da Universidade de Uberaba, na cidade de Uberaba, Minas Gerais, através dos seguintes dados: E-mails: [email protected] [email protected] Telefones: (0**34) 3312-4031 (0**34) 9105-6914