HIPODERMÓCLISE – ADMINISTRAÇÃO DE FLUIDOS PELA VIA SUBCUTÂNEA Claudia Burlá Com a evolução da doença para a fase terminal, novos problemas podem advir, sendo um deles a não aceitação dos fármacos pela via oral. Neste momento, a via de eleição para a administração dos fármacos é a via subcutânea. A hipodermóclise é o método mais indicado, após a via oral, para a reposição de fluidos e de medicamentos para pacientes em fase terminal, devendo ser utilizada amplamente pelo baixo risco de complicações, por ser indolor e altamente eficaz. A hipodermóclise é uma técnica simples e segura, desde que obedecidas as normas de administração, volume e qualidade dos fluidos e medicamentos a serem infundidos. Nas Figs. 1 a 6, a seguir, será descrita a técnica adequada para a hipodermóclise. 1 Fig. 1 Material para hipodermóclise. Fig. 2 Assepsia do local. Fig. 3 Prega cutânea (45°). 2 Fig. 4 Administração de medicamento. Fig. 5 Conexão do equipo para infusão. Fig. 6 Fixação do scalp. 3 Técnica: Preparar o material necessário, como solução, equipo, scalp tipo butterfly 25-27 (Fig. 1). Escolher o local da infusão onde seja possível fazer uma prega cutânea, como a parede abdominal, as faces anterior e lateral da coxa, a região do deltóide, a região escapular ou a face anterior do tórax. Na Fig. 2 a área escolhida foi a face anterior do tórax, onde foi realizada assepsia com álcool comum. A seguir, conforme a Fig. 3, pegar a dobradura da pele e introduzir o scalp num ângulo de 45° abaixo da pele levantada; a agulha deve ter movimentos livres no espaço subcutâneo. Jamais se deve puncionar em local de fibrose. Conforme a Fig. 4, o medicamento é introduzido após certificar-se de que a agulha não atingiu um vaso sangüíneo. Ajustar o fluxo de infusão e colocar um curativo protetor (Figs. 5 e 6). Se houver disponibilidade, pode ser calculada a infusão por uma bomba de infusão contínua; caso contrário, regular o fluxo de infusão da solução salina, glicosada ou ringer lactato com 40– 60ml por hora. Este local deve ser trocado a cada 72 horas ou sempre que houver sinais de irritação. O novo local deve estar a uma distância mínima de 5cm do local anterior. Monitorar o paciente quanto a dor, eritema ou edema a cada hora pelas primeiras 4 horas, e então quando necessário. Avaliar o paciente quanto a febre, calafrios, edema, eritema persistente e dor no local 4 da infusão. Em caso de suspeita de infecção, interromper a infusão. Os medicamentos indicados para o controle dos sintomas que podem ser feitos pela via subcutânea sem o risco de irritação são: morfina, tramadol, hioscina, dexametasona, metoclopramida, haloperidol, levomepromazina, midazolam, octreotide, furosemida. O scalp pode ser mantido fechado sem a necessidade de heparinização, pois não se utiliza um vaso do sistema venoso ou arterial. Quando for necessária hidratação, pode-se fazer um volume de 1.000 a 1.500ml nas 24 horas com um fluxo de infusão de 40–60 ml/hora. Uma alternativa para os pacientes em sua fase final é a hidratação no período noturno durante o sono. 5