LAURE CASTELNAU ARTUR GIMENES “PÓS CRISE: E AGORA?” Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa – Mercado, Opinião e Mídia em 2010. SÃO PAULO MARÇO DE 2010 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 3 1. IMPACTO ECONÔMICO .................................................................................................................... 5 1.1. No mundo e no Brasil....................................................................................................................... 5 1.2 Impacto nas Instituições: Governos, Bancos, Mercado de Ações e Imobiliário e Indústria ............. 7 1.3. Tendências Econômicas pós crise..................................................................................................10 2. IMPACTO NO CONSUMO................................................................................................................ 15 2.1. No mundo e no Brasil..................................................................................................................... 15 2.2. Tendências de Consumo pós crise.................................................................................................18 3. IMPACTO PSICOLÓGICO ............................................................................................................... 22 3.1. No mundo e no Brasil..................................................................................................................... 22 3.2. Tendências pós crise ......................................................................................................................25 Conclusão ............................................................................................................................................ 26 Bibliografia............................................................................................................................................. 28 2 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org INTRODUÇÃO O objetivo desse trabalho é retratar as principais diferenças na percepção da população de diferentes partes do mundo acerca da crise financeira mundial e compreender em que e por que o Brasil se diferencia. Trata-se de avaliar o impacto da crise financeira mundial sobre a população de diversos países e, particularmente no Brasil, com destaque para mudanças no grau de preocupação dos indivíduos, no nível de confiança no futuro dos países e no comportamento de consumo. A opinião pública se posiciona e atua frente aos acontecimentos, construindo uma nova configuração do contexto sócio-econômico pós-crise. Na esfera política, a nova configuração traz a participação ativa e cada vez maior dos governos na gerência da crise: como a opinião pública avalia os governos? há uma expectativa de remodelação de papéis, mesmo em economias liberais como os EUA? de que forma a realidade econômica (evolução do PIB, taxa de desemprego, distribuição de renda, etc.) impacta na confiança/expectativa do cidadão ? Na esfera de negócios, em que medida a crise trouxe um ‘repensar’ sobre as estruturas internas das empresas e relações externas com consumidores: assistiremos a uma mudança no padrão de remuneração dos executivos? assistiremos a uma mudança nas formas de relacionamento com consumidores? que estratégias as marcas vão adotar para não sair do repertório do consumidor? Na esfera de consumo, há um novo consumidor pós-crise: Algo mudou? o que mudou? As mudanças são definitivas ou são adaptações temporárias? Na esfera emocional, como reagem as populações de diferentes países? Que povos encaram a crise com mais tranqüilidade? Quem são os mais preocupados? Quem são os mais precavidos? Qual impacto do aspecto emocional na confiança geral? Os efeitos da crise impactam diretamente o indivíduo, seu comportamento, seu pensar, seu sentir resultando em transformações nas diferentes esferas da vida: governos, empresas, consumidores. 3 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Caberá as empresas de pesquisa estudar essas transformações, medir seu impacto ao longo do tempo e contribuir para que seus clientes tenham conhecimento e compreensão adequados da sociedade e mercados onde atuam. Metodologias e Técnicas utilizadas: 1) Pesquisa de dados primários realizada através de mais de 20 mil entrevistas representativas da população de mais de 20 países. Países N° Entrevistas Datas 1ª onda 2ª onda 3ª onda 4ª onda 17 25 22 24 14.555 20.325 21.088 23.659 Nov-Dez 08 Mar 09 Jun-Jul 09 Out-Nov 09 Em cada país foram realizadas entre 200 e 2.000 entrevistas representativas das respectivas populações. As entrevistas foram realizadas por internet, telefone ou pessoalmente, de acordo com o contexto de cada país. Os tamanhos das amostras garantem análises muito precisas, com margens de erro que variam entre 2,5 e 4,9 pontos percentuais, considerando um nível de confiança de 95%. 2) Pesquisa de dados secundários realizada através do levantamento, organização e análise de dados secundários de diversas fontes: documentos governamentais, organizações setoriais, informações públicas de players de mercado, clipagem de jornais, revistas, fontes e literatura especializada (acadêmica e empresarial). 4 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 1. O IMPACTO ECONÔMICO Primeiramente cabe indicar que a correlação entre os indicadores econômicos e o nível de otimismo das populações é muito alta. Por exemplo, a correlação entre a evolução do PIB mundial e o otimismo é de 0,97. 1.1. No mundo e no Brasil Ao longo de 2009, constatamos redução gradativa do pessimismo global em relação à situação econômica dos países: 1a Onda - Dez 08 2a Onda - Mar 09 3a Onda - Jul 09 12 49 33 16 35 19 4a Onda - Out 09 Melhorará 6 43 45 31 45 22 8 Inalterada 5 27 Piorará 7 Não sabe O nível de otimismo com a situação econômica de cada país divide o mundo da numa geografia singular: 5 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Considerando o saldo entre otimistas e pessimistas na primeira onda do estudo e na última, vemos que a Europa ainda está muito pessimista, assim como México e Argentina; América do Norte muda o sentimento de pessimismo para otimismo, inclusive EUA; e, BRIC mantém o seu otimismo assim como Emirados Árabes e Arábia Saudita. As principais reações à crise foram: Cortes nas taxas de juros, Planos de estímulo econômico e Incentivos fiscais Ajuda a setores em risco, Empréstimos de organismos internacionais: BID, FMI, Empréstimos de outros países (Islândia) Bancos centrais aumentam garantias sobre depósitos Nacionalização de dívidas de bancos Criação de órgãos para supervisionar as atividades financeiras Mas, muito rapidamente, as reações se modificam: BANCOS REABREM CASSINO GLOBAL - Menos de 1 ano após a turbulência global, os bancos voltam a fazer operações de risco - O ESTADO DE SP – 16/08/2009 – Caderno Economia – Gustavo Chacra HÁ DENTRE OS INVESTIDORES E CONSUMIDORES UM SENTIMENTO DE QUE O CENÁRIO ESTÁ MELHOR. A melhoria na taxa de emprego e a maior disponibilidade de crédito contribuíram para esta melhoria. Coluna Política & Economia NA REAL n° 65 , portal Migalhas - José Marcio Mendonça e Francisco Petros. 6 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org E no Brasil? Mesmo em declínio, o otimismo brasileiro ainda é 40% superior à média global. A queda de julho 2009 afetou tanto os indicadores de otimismo quanto os de confiança; não há, no entanto, aumento de pessimistas e sim daqueles que prevêem uma situação econômica inalterada. Vale comentar que o movimento nos índices brasileiros demonstra uma reação atrasada ou defasada em relação à média mundial – “demorou para cair a ficha!” O otimismo brasileiro é um pouco maior no Nordeste, entre homens e entre jovens de 16 a 24 anos. Os indicadores econômicos impulsionam o otimismo brasileiro: Digite aqui o texto da subseção. 7 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 1.2. Impacto nas Instituições: Governos, Bancos, Mercado de Ações e Imobiliário e Indústria Os índices de confiança estão, de modo geral, em movimento de recuperação; é um resultado positivo, sinalizador de tranqüilidade, com repercussões importantes no mercado financeiro. Vale o destaque para o índice de confiança nos bancos superior à habilidade dos governos em lidar com a crise. 2. NOME DO CAPÍTULO Digite aqui o texto de introdução. 2.1. Nome da Seção Digite aqui o texto da seção. 2.1.1. Nome da subseção Em pesquisa realizada pela BBC com 22.158 pessoas em 20 países podemos ver o grau de satisfação da população com as ações do governo de seu respectivo país em relação à crise Program on International Policy Attitudes (PIPA), Universidade de Maryland, Março/09 8 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org E no Brasil? No Brasil há tendência de queda nos 3 indicadores de confiança, embora as médias brasileiras ainda estejam entre as mais altas do mundo. Diferente da média global, no Brasil há mais confiança no governo do que nos bancos. CONCLUSÃO Digite aqui o texto de conclusão. Curiosamente a confiança no mercado imobiliário nos Estados Unidos é o maior entre todos os países pesquisados. Os preços estão em queda e parece ser um bom momento para o investimento imobiliário. O Brasil também está entre os mais otimistas com relação ao mercado imobiliário. 9 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Os empresários brasileiros são os mais confiantes em melhora no ambiente de negócios nos próximos 12 meses – pesquisa KPMG. “Esses números demonstram o quanto o Brasil tomou a dianteira da reconstrução pós-crise” 1.3. Tendências Econômicas pós crise Segundo a pesquisa BBC realizada em março, 70% pensam que “grandes mudanças” são necessárias a respeito da maneira como a economia global é guiada. Na maior parte dos países, em média 68% também vêem a necessidade de grandes mudanças na economia de seu próprio país. Pesquisa BBC realizada com 29.000 pessoas em 24 países março/09 - http://www.bbc.co.uk 10 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org A 1ª grande tendência econômica que temos pela frente será o CRESCIMENTO DOS PAISES EMERGENTES: O crescimento dos países emergentes está muito presente na mídia e nas previsões das grandes instituições financeiras: “Developing countries have come out of the recession stronger than anyone had expected. This will have profound consequences for the rest of the world” THE ECONOMIST – DECEMBER 30, 2009 “Since 2007, the biggest emerging markets – Brazil, Russia, India and China – have accounted for 45% of global growth” GOLDMAN SACHS 11 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org E no Brasil? No Exterior, o Brasil é visto como dono de uma posição privilegiada. As commodities produzidas pelo país deverão continuar em ascensão por um período longo, como conseqüência da incorporação da massa de consumidores asiáticos. A descoberta do pré-sal é mais um elemento a contribuir com as boas perspectivas. VEJA – 16/09/2009 – Giuliano Guandalini A 2ª grande tendência econômica que temos pela frente será o AUMENTO DA PARTICIPAÇÃO DO ESTADO Há uma tendência mundial de questionamento do papel dos governos no sentido de que estes sejam mais participativos na gestão da economia. “A lição mais importante da crise é buscar um equilíbrio entre mercado e governo. Os mercados estão muito instáveis e ineficientes. A sociedade está começando a repensar o equilíbrio entre mercado e governo e criar nova base para a economia política daqui para frente” - Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia de 2001 "Parece que a queda do Muro de Berlim em 1989 pode não ter sido a vitória esmagadora para o capitalismo de livre mercado que parecia - especialmente depois dos acontecimentos dos últimos 12 meses.” Presidente da GlobeScan, Doug Miller 12 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Pesquisa realizada pela BBC em março e em novembro de 2009 aponta que o desejo das populações de que seus Governos aumentem suas participações, seus gastos e as regulamentações: 13 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org E no Brasil? "No Brasil, o estado tem o papel de estimular o crescimento, mas isso não significa a volta do estatismo, isso não tem nada a ver com o que deve acontecer no início da industrialização. (...) Hoje, o Brasil é um país industrializado, então, o Estado tem de ter uma função de indutor de alguns setores. Não é o velho estatismo, mas é uma maior participação do Estado do que os liberais pregam.” Guido Mantega, Ministro da Fazenda, set/09 14 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 2. O IMPACTO NO CONSUMO 2.1. No mundo e no Brasil Os consumidores fizeram cortes de despesas significativos, mostrando preocupação e precaução. É interessante notar que Mexicanos mostram-se muito cautelosos e fazem cortes mais drásticos que Argentinos (50% x 45%), embora Argentinos sejam, por via de regra, os mais pessimistas. O mesmo vale para a Europa, sempre mais pessimista, mas com nível de cortes inferior aos EUA, por exemplo (34% x 46%) 15 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Mas é bom dizer que os EUA têm o que cortar... 16 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org E no Brasil? N° de domicílios brasileiros que passaram a ter algum tipo de Telefone já totaliza 82,1%, expansão puxada pelo celular: do total, 37,6% têm somente celular. 17 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 2.2. Tendências de Consumo pós crise “O paradoxo da escolha: os consumidores voltarão a consumir nos patamares précrise e sofrerão o efeito paralisante de ter muitas opções. As marcas devem reduzir e simplificar o leque de escolhas” Rúben de Almeida Domingues, Chief Strategy Officer da Revista Briefing A 1ª tendência diz respeito à RESPONSABILIDADE SOCIAL / SUSTENTABILIDADE Numa época em que muitas empresas foram alvo de escândalos públicos, redescobre-se cada vez mais os benefícios das ações de responsabilidade social – “ajudam a reconstruir a confiança do consumidor”. “A sustentabilidade passará a fazer parte da tomada de decisão do consumo, levando as empresas a realmente fazerem exercícios nesta direção” Rúben de Almeida Domingues, Chief Strategy Officer da Revista Briefing Neste sentido, as marcas devem “conversar” com os consumidores e demonstrar que os princípios sociais e morais estão claramente integrados no significado da marca. Vale destacar que ‘Meio ambiente’ não pode ser a única variável do conceito de sustentabilidade mas deve ser considerada no planejamento estratégico das empresas: Preservação do meio ambiente = Desenvolvimento econômico 18 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org A 2ª tendência diz respeito à MOBILIDADE & INFORMAÇÃO INSTANTÂNEA A crise acelerou o processo tecnológico: durante a crise, muitos consumidores descobriram o benefício da pesquisa de preços e partilha de informações nas redes sociais na internet. Esta tendência deve manter-se e os varejos on-line devem crescer. Celular é o grande protagonista da estória da convergência e, no futuro próximo, os ‘Tablets’ reunirão as funções dos computadores e dos celulares e transformarão a maneira como as pessoas vão se informar, trabalhar e se divertir. A 3ª tendência diz respeito à EVOLUÇÃO DAS MULHERES Tendência a gastarem mais em coisas ligadas ao bem-estar das pessoas, como saúde e educação e, também, em coisas ligadas à indulgência, luxos acessíveis, como chocolates e confeitaria Tendência a poupar mais, mostrando um comportamento financeiro menos arriscado. 19 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Vivem mais Estudam mais Aumenta a participação feminina no mercado de trabalho ◊ ocupam cargos de chefia ◊ tornam-se pequenas empresárias em maior quantidade do que os homens rendimento em ascensão Embora mais pessimistas com a crise financeira mundial do que os homens, são mais ativas, menos conservadoras, menos preconceituosas, mais informadas e mais independentes ◊ serão menos submissas Prazer, sensualidade, afetividade e estética tornarão ainda mais relevantes A 4ª tendência diz respeito à ANTECIPAÇÀO DE VALORES E COMPORTAMENTOS DOS JOVENS Tudo acontece mais cedo: independência, informação, celular, acesso a internet, decisão de compra, sexo, álcool, drogas, maquiagem... 20 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org A 5ª tendência diz respeito ao ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO Diante da transformação da pirâmide etária, serão necessárias novas políticas públicas e um maior leque de serviços e produtos orientados para o “cuidado das pessoas”. Assim, as marcas devem procurar demonstrar maior preocupação com o bem-estar do indivíduo A 6ª tendência diz respeito ao MAIOR ACESSO AO CRÉDITO E CONTROLE DOS BANCOS As grandes instituições financeiras deverão compreender os padrões comportamentais de seus clientes para evitar o super-endividamento. Ou seja, promover a utilização do crédito consciente. “Cada cliente representa uma coleção de dívidas” Robert Stine, professor de estatística da Wharton O risco é que as instituições financeiras poderão serão capazes de controlar a renda e o comportamento de consumo. 21 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 3. IMPACTO PSICOLÓGICO Em 1985, o National Institute of Health (NIH) estabeleceu uma elevada correlação entre o desemprego e a incidência de depressão, ansiedade e somatização. A perda do emprego não é, portanto, apenas uma perda monetária. “Tendo recentemente perdido 40 por cento da minha própria poupançaaposentadoria, não é difícil de simpatizar com os outros no mesmo barco, incluindo os seus sentimentos de impotência, raiva, culpa e vergonha”. Frase extraída do psicólogo Michael Bader, na publicação AlterNet “Por que fui selecionado para ser mandado embora? Minhas habilidades não são suficientes? É assim que começa a erosão da auto-estima, que é uma parte muito importante do nosso bem-estar psicológico”. Arthur H. Goldsmith, Jackson T. Stephens Professor of Economics at Washington and Lee University 3.1. No mundo e no Brasil O impacto psicológico foi medido através de 3 indicadores, todos relacionados aos efeitos da crise financeira: nível de stress, ansiedade e perda de sono. Os mais estressados: México, EUA, Coréia, China, Argentina Os mais ansiosos: Bulgária, Argentina, Japão, México e EUA, França Os que mais perderam o sono: EUA, México, UK e Argentina, China e Bulgária 22 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org A pesquisa BBC com 29.000 pessoas em 24 países indica que entre todos os países pesquisados, 31% disseram que a recessão na economia global afetou a si mesmos ou à suas famílias “de maneira significativa” e 62% “de maneira moderada”. 20% disseram terem sido atingidos pessoalmente pela escassez de crédito de hipotecas e outros empréstimos de maneira significativa e 44% disseram terem sido atingidos de maneira moderada. México (55%) e Nigéria (39%) apresentam as maiores proporções de pessoas dizendo que foram bastante afetadas pela escassez de crédito Populações nos países ‘pobres’ estão sendo mais duramente atingidas pela desaceleração econômica do que as nações mais ricas: 74% no Quênia, 64% no Egito, 55% nas Filipinas e 50% na Turquia disseram que a crise os afetou de maneira significativa 23 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org E no Brasil? No Brasil os mais estressados e ansiosos são: Nordestinos, classes mais altas, os mais velhos e as mulheres. 24 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 3.2. Tendência pós crise: Mudança no estilo de liderança nas empresas O executivo que ditou as regras até agora, que acha que sabe tudo e comanda a empresa "de cima para baixo“, está com seu tempo contado. Estes serão substituídos pelo "líder engajado", que vai trabalhar mais à escuta dos empregados. É o que prevêem o belga-suíço Didier Marlier, psicólogo inglês e um dos principais autores do livro "Engaging leadership" recém-publicado na Inglaterra; Chris Parker, ex-professor do IMD, uma das melhores escolas de administração da Europa. Segundo a Arthur H. Goldsmith, pessoas altamente qualificadas são as mais vulneráveis à devastação psicológica do desemprego. Em setembro de 2009, a confiança mundial nos executivos dos grandes bancos era de apenas 31% de acordo com pesquisa BBC - Quem não se lembra dos bônus recebidos pelos executivos dos bancos americanos? “Um conjunto de nove bancos que receberam socorro do governo pagou US$ 32,6 bilhões em bônus, apesar de registrarem prejuízo de US$ 81 bilhões em suas atividades. Cerca de cinco mil operadores e executivos dessas instituições receberam mais de US$ 1 milhão de remuneração adicional ao salário”. “(...) No Citigroup, que saiu da crise tendo o governo como maior acionista individual - a fatia no capital chega a US$ 60 bilhões -, os pagamentos extras chegaram a US$ 5,3 bilhões. No Goldman Sachs, 953 felizardos receberam bônus milionários. No Morgan Stanley foram 428 premiados pelo desempenho”. IstoÉ Dinheiro, edição de 30 de Julho de 2009 25 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org CONCLUSÃO Será que o Brasil do futuro chegou? Passamos pela crise mundial com tranqüilidade e todos os indicadores apontam para um futuro promissor. 26 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org OTIMISMO, SIM! EUFORIA, NÃO! O economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia 2008, afirmou que o Brasil deve ficar atento a euforia que se criou em torno da economia do país, porque o mercado está, neste momento, fora da realidade. “O fato de a economia brasileira estar bem, não significa que o Brasil se tornará uma super potência já no próximo ano... “ Rádio CBN – 03 de dezembro de 2009 27 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org BIBLIOGRAFIA 1) Barômetro da Crise Financeira – Pesquisa realizada pela WIN – Worldwide Independent Network of Market Research 2) Artigos diversos em diferentes fontes: jornais, revistas e sites: O Estado de São Paulo, A Folha de São Paulo, Veja, The Economist, Isto É Dinheiro, Portal Migalhas, BBC, FMI, CBN 3) Indicadores do IBGE e Pesquisas realizadas por veículos de comunicação (BBC), Consultorias (KPMG) e empresas de pesquisa (Euromonitor, LatinPanel) 4) A América Latina na crise mundial - Paul Singer - maio 2009 5) A crise financeira: duração e impacto no Brasil e na AL - Maria da Conceição Tavares - jun 2009 6) Crise abre espaço para repensar Estado e Desenvolvimento - Ladislau Dowbor - Mar 2009 7) Crise Financeira: Riscos e Oportunidades - Ladislau Dowbor - maio 2009 8) Economia mundial em crise – Onde estamos agora? – Mick Brooks - 2008 9) The Return of Depression Economics and the Crisis of 2008 - December 2008 10) Vamos definir crise corretamente – artigo de Stephen Kanitz – fevereiro 2009 28 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org