Unidade I SEMINÁRIO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Profa. Amarilis Tudella Fundamento do trabalho do assistente social No universo humano, todo trabalho, fruto da inteligência e da força do homem, busca um resultado predefinido. Isso define a organização do trabalho, que é fundamentada em pesquisa, investigação, planejamento, orientação, programação, execução e resultado. No trabalho do assistente social, a programação, a execução e o resultado deverão estar fundamentados no tripé: pesquisa, investigação e planejamento. Fundamento do trabalho do assistente social Segundo Granemann (1999), serviço social é trabalho, uma vez que através de sua ação interventiva ocorre a transformação da natureza, assim, possui os elementos constitutivos do processo de trabalho: a força de trabalho e suas finalidades, matéria-prima ou objeto e meios ou instrumentos. Fundamento do trabalho do assistente social Outras argumentações são utilizadas por Yolanda Guerra (2000), que, ao classificar o serviço social como trabalho, destaca que o aparecimento da profissão surge com o agravamento das expressões da questão social social. O Estado cria mecanismos para controlar a classe subalterna, mais especificamente através das políticas sociais, que surgem como um espaço de trabalho para o assistente social. social A partir dessa configuração da profissão, o serviço social é visto como trabalho e não como filantropia. Fundamento do trabalho do assistente social Visto que o serviço social é trabalho, então necessita de processos de trabalho. Como profissão interventiva, o serviço social possui uma finalidade: utilizar instrumentos e meios para a intervenção em seu objeto ou matéria matériaprima. Uma das matérias-primas do serviço social é a questão social, que aparece recortada na infância, juventude, saúde. Para o profissional que trabalha com as políticas sociais, sua matéria-prima são as políticas sociais. Fundamento do trabalho do assistente social A verdade é que o objeto da profissão é construído e reconstruído no cotidiano profissional através do olhar do profissional sobre a realidade e sua capacidade de decifrá-la e identificar criticamente o que aparece como demanda. Essa construção depende da finalidade que o profissional tem para seu trabalho, isto é, da direção social que se encontra embutida na sua ação interventiva. Fundamento do trabalho do assistente social A profissão do serviço social tem como objetivo a contribuição para a construção de uma ordem social, política e econômica pelo menos diferente da atual. Reconhece nos determinantes estruturais e nas dificuldades da realidade social os limites e as possibilidades do trabalho profissional, rebelando-se contra os problemas, as injustiças que afetam os desamparados socialmente. Fundamento do trabalho do assistente social O bacharel em serviço social atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento por meio de políticas sociais públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. É dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva no conjunto de relações sociais e no mercado de trabalho. Fundamento do trabalho do assistente social O Estado, que é o representante de uma ordem social determinada, necessita da prática profissional do assistente social para a relativização da problemática social gerada pela sociedade capitalista e para controlar ou canalizar os conflitos emergentes, deixando a visão de que a desigualdade social é um fator natural. Um pouco de história Em 62 anos, 1937 a 1999, o serviço social realizou uma transformação no interior da profissão. Começou atribuindo aos homens a “culpa” pelas situações que vivenciavam e acreditando que uma prática doutrinária, doutrinária fundamentada nos princípios cristãos, era a chave para a “recuperação da sociedade”. O serviço social tinha nos homens o objeto do seu trabalho e, hoje, entende que os homens são sujeitos da história. história Um pouco de história No contexto político do capitalismo, as classes dominantes, a crise ideológica e política implicam a construção de seu objeto de intervenção profissional. Ainda hoje, o serviço social passa por profundas mudanças no contexto econômico e político, articulado a uma política neoliberal de privatização e terceirização, o que causa grandes consequências nas relações de trabalho e emprego emprego, assim como na questão social. Um pouco de história O objeto do serviço social no Brasil tem, historicamente, sido delimitado em virtude das conjunturas políticas e socioeconômicas do país, sempre tendose em vista as perspectivas teóricas e ideológicas orientadoras da intervenção profissional. Nesse contexto, o serviço social é levado a reprocessar seu objeto de intervenção quanto a situações relacionadas à representação das questões sociais sociais. Um pouco de história De acordo com Marilda Iamamoto (1982), o pensamento de classes serviu de pano de fundo para uma identificação da profissão com o ideal de uma ou outra classe, afirmando que, na ótica conservadora cumpre as funções de conservadora, controle e legitimação do poder dominante, constituído como instrumento do capital, podendo tornarse “instrumento a serviço dos trabalhadores . trabalhadores”. Interatividade Como profissão interventiva, qual a finalidade do serviço social? a) Utilizar instrumentais e meios para a intervenção em seu objeto de trabalho. b) Transformar o indivíduo. c) Transformar a sociedade. d) Realizar o equilíbrio na relação capital x trabalho. e) Alternativas B e D estão corretas. Um pouco de história O objeto do serviço social, na lógica da desconstrução/construção, alicerçava-se no processo conservador da manutenção da ordem, assim como no processo de mudança de comportamento em função das normas de higiene social, controle biopsíquico e na recuperação dos indivíduos. Hoje, o serviço social entende esses indivíduos como cidadãos de direitos sociais. sociais Um pouco de história O serviço social desconstrói e constrói a questão da luta de classe, assim como as lutas das chamadas “minorias” também se articulam com as necessidades dos serviços. A vinculação das lutas a uma nova organização e prestação de serviços sociais exige uma reconstrução do objeto de intervenção, reprocessando a prática e a crítica na dinâmica de relações do Estado com a sociedade sociedade. Um pouco de história Conforme Faleiros (2010, p. 20), a relação com os novos movimentos sociais citados anteriormente exige um repensar da relação entre sociedade, cultura, economia e subjetividade, implicando uma articulação mais complexa com esses movimentos na construção da estima de si, da identidade individual e coletiva, na defesa de seus direitos e busca de sua autonomia. Um pouco de história Foi nesse sentido que se constituiu o serviço social, no processo de articulação de conhecimentos, o repensar do fazer profissional, no aprofundamento do processo dialético das mediações fortalecendo as mais diversas relações sociais. Um pouco de história O saber profissional e o poder institucional colocaram o serviço social em uma relação de poder e foi nessa relação de poder que se produziu a particularidade do serviço social no contexto da relação de forças forças, solidificando a necessidade da profissão. Um pouco de história A construção do objeto ocorre do resultado do trabalho do assistente social, do levantamento de dados e diagnóstico, obtido junto à situação das famílias, comunidades e segmentos populacionais definidos como públicopopulacionais, público alvo. A questão social A formação profissional tem na questão social sua base de fundação sóciohistórica que lhe confere um estatuto de elemento central e constitutivo da relação entre profissão e realidade social. social O assistente social convive cotidianamente com as mais amplas expressões da questão social, matériaprima de seu trabalho. A questão social No contexto brasileiro, a questão social traduz a conservação, reatualização e aprofundamento da desigualdade, dentro dos padrões de acumulação capitalista. A “questão social”, ainda que de forma genérica, é usada para definir uma particularidade profissional. Refere-se às relações impossíveis de serem tratadas profissionalmente, através de estratégias institucionais/relacionais do próprio desenvolvimento das práticas do serviço social. A questão social e sua evolução A questão social tem vários significados, sem uma definição rigorosa, como objeto profissional, principalmente pelo serviço social brasileiro e latinoamericano. Do ponto de vista epistemológico, a questão social precisa ser vista à luz de diferentes paradigmas, que na sua dimensão entendemos estarem vinculados às relações sociais. Do objeto profissional A construção do objeto profissional é um processo teórico, histórico e político que teve implicações tanto nas relações sociais como nas relações particulares e específicas do campo das políticas e serviços sociais e das relações interprofissionais. Atualmente, o campo de intervenção social está permeado por diferentes atores disputando o espaço profissional e o espaço institucional. institucional Do objeto profissional A intervenção social se constrói no processo de articulação do poder dos usuários e sujeitos da ação profissional no enfrentamento das questões relacionais complexas, pois envolvem a construção de estratégias para dispor de recursos, poder, agilidade, acesso, organização, informação e comunicação. É nesse processo que se passa a desconstruir e construir sua identidade profissional e o objeto de intervenção profissional, nas condições históricas com os sujeitos da ação profissional. Do objeto profissional A evolução da sociedade, os conflitos entre sistemas de governos, os atritos entre as políticas sociais envolvendo os governos federais, estaduais e municipais; os interesses pessoais de governantes que não têm um olhar de política social, enfim, o trabalho do assistente social sofre uma série de pressões que muitas vezes provocam uma nova postura ou mudança. Do objeto profissional Nas duas últimas décadas, houve uma oscilação entre as duas posições: uma que enfatiza a estrutura, o macrossocial, tendo nas considerações gerais das leis sociais sua ótica para traçar estratégias, voltada para a intervenção na dinâmica das relações reais entre grupos e indivíduos; a outra, reduzir a intervenção social a um único modelo, o que é um procedimento unilateral que não leva em conta a dinâmica da historicidade dos processos, a especificidade e a dinâmica de cada conjuntura. Interatividade Como se constrói o processo de intervenção social? a) A partir de um “olhar holístico” de realidade. b) A partir de uma metodologia de açãoação reflexão-ação. c) Na relação sujeito-objeto. d) No processo de articulação do poder dos usuários e sujeitos da ação profissional no enfrentamento das questões sociais sociais. e) Na relação dicotômica teoria-prática. Do objeto profissional No processo de construção e desconstrução permanente de categorias, fazem-se necessárias a crítica e a autocrítica do conhecimento e da intervenção. A prática não se reduz à aplicação do conhecimento, conhecimento vindo do externo para o interno, gerando a necessidade de reformulação do conhecimento. Do objeto profissional Nesse processo de interpretação e transformação, é necessário levar a temporalidade histórica, aliada ao imediato, a um processo de mediações complexas, implicando conhecimento e decisão. decisão A intervenção em serviço social consiste nessa articulação de combinação de mediações de trajetórias e estratégias de ação de diferentes atores que se entrecruzam numa conjunção de saberes e poderes. Do objeto profissional Em ciências sociais contemporâneas, passou-se a valorizar o sujeito como um personagem que entra em cena com seus desejos, seu mundo simbólico, sua individualidade. As necessidades humanas básicas são objetivas e seu não atendimento traz ameaça à própria vida ou sério prejuízo a ela; portanto, constituem o fundamento de uma intervenção social. A tecnologia no mundo do serviço social Considera-se que a técnica traz melhores condições de vida e que o seu advento revolucionou o cotidiano, trazendo melhores condições de vida com os equipamentos eletrodomésticos e a informática. informática Surgem novas possibilidades de gerir o cotidiano, provocando mudanças no mundo do trabalho, reduzindo oportunidades de emprego, tornando o trabalho mais precário e exigindo novas qualificações profissionais, provocando exclusões sociais. Estratégias e articulações Em referência às instituições sociais, elas fazem parte das trajetórias e estratégias dos sujeitos que, por sua vez, definem trajetórias, itinerários e estratégias, pressupondo relações de poder e saber que interferem na vida e no cotidiano dos indivíduos. Estratégias e articulações Na perspectiva do processo teóricometodológico integrador funcionalista do serviço social, a estratégia central do profissional contratado por uma instituição tem sido a do encaminhamento para a solução de problemas de acordo com os recursos disponíveis. Estratégias e articulações Segundo Faleiros (2010, p. 78), as estratégias estão vinculadas às trajetórias e, portanto, devem visar à rearticulação dos patrimônios, referências e interesses fortalecendo o poder dos sujeitos dominados nas suas relações sociais. A rearticulação de referências sociais implica o processo de compreensão do problema à luz das trajetórias do sujeito, na discussão e implementação de seus direitos de cidadania. Estratégias e articulações Essa combinação de estratégias implica um plano estratégico institucional complexo para reforçar as alianças com o cliente, em que se estabelecem os níveis e ritmos das intervenções, dos recursos e das oportunidades de usá usálos, o envolvimento dos diferentes setores institucionais, da sociedade e da família. A crise dos paradigmas Estamos vivendo ainda um momento de crise dos paradigmas nas formas de pensar a profissão, o que implica um aprofundamento da crítica considerado como fundamental. Faleiros defende a proposta de que é possível e viável a construção, em interação com outros agentes, de uma estratégia de ação profissional sem se perderem a força e o conhecimento específicos. específicos A crise dos paradigmas É necessário assumir a particularidade dessa profissão no contexto das relações sociais e perceber que precisamos sair das dicotomias que marcaram a profissão. A divisão da sociedade em classes deve ser entendida como uma concepção mais geral das relações sociais, partindo do ângulo das relações de produção sem que tenhamos que reduzir a elas toda a dinâmica social social. A crise dos paradigmas É necessário revalorizar a diversidade de visões, a tolerância, sem confundi-las com ecletismo, considerando-se a diversidade e a pluralidade num processo interativo e conflituoso. Parte-se do princípio de que a sociedade não se constitui como uma soma de indivíduos e como uma totalidade abstrata, mas como uma relação de forças estruturais e conjunturais. A crise dos paradigmas Nas relações de poder entre dominados e dominantes, há um poder hegemônico; essa hegemonia, no entanto, se desenvolve com avanços e recuos, ou seja, não há uma dominação permanente eterna e idêntica. permanente, idêntica Interatividade Na contemporaneidade, o indivíduo passou a ser reconhecido como: a) Sujeito de sua história, com seus desejos, seu mundo simbólico e sua individualidade. b) Indivíduo que necessita de orientação para se adequar à modernidade. c) As alternativas A e B estão corretas. d) Indivíduo excluído do processo de transformação social social. e) Único responsável pelo processo de exclusão social. A procura pelo serviço social É no momento em que os sujeitos se fragilizam, perdem o poder e o patrimônio, que buscam o serviço social. O encontro dos sujeitos fragilizados com o serviço social geralmente se dá numa instituição. Não se trata do resgate da “essência da assistência” como auxílio, mas do serviço social, do trabalho social nas relações de vida e como sujeito da sua própria história. A procura pelo serviço social No momento em que as pessoas se descapitalizam, se fragilizam e chegam ao serviço social em sua trajetória, o objetivo é o fortalecimento do sujeito, a mudança da relação, para fortalecê-lo e recapitalizá lo recapitalizá-lo. A busca de recurso é um processo, uma relação de força, de enfrentamento de problemas do cotidiano, em que é necessário problematizar o problema, visto como uma questão da relação social, não de forma isolada, mas como processo conflituoso. O trabalho do assistente social O desenrolar do trabalho do assistente social está diretamente relacionado aos aspectos fundamentais do ambiente em que atuará. O formalismo se operacionaliza na prática, principalmente através do congelamento do método de conhecimento, diagnóstico, planejamento, execução e avaliação. O trabalho do assistente social vai adquirindo postura diferenciada, visto o trabalho ser sempre inovador, pois está diretamente relacionado aos preceitos do seu público usuário. O trabalho do assistente social As transformações no mundo do trabalho, seja com a substituição do homem pela máquina, seja pela erosão dos direitos trabalhistas e previdenciários, exigem, também, que se reatualize a concepção de questão social, objeto de trabalho do assistente social. O trabalho do assistente social O objeto do serviço social está intimamente vinculado a uma visão de homem e mundo, fundamentado numa perspectiva teórica que, no modo capitalista de produção, implica uma opção política – a teoria norteadora da ação, a ação que reconstrói a teoria, demonstram de que lado está o serviço social. O trabalho do assistente social Como toda categoria arrancada do real, nós não vemos a questão social, vemos suas expressões: o desemprego, o analfabetismo, a fome, a favela, a falta de leitos em hospitais, a violência, a inadimplência etc. etc As dificuldades do indivíduo em ter acesso aos seus direitos sociais, o desconhecimento dos caminhos, a fragilidade para buscar aquilo que é oferecido pelo Estado Estado, abrem espaço para o exercício do trabalho do assistente social. O trabalho do assistente social O trabalho do assistente social e o resgate da identidade do sujeito fazem emergir o indivíduo das entranhas da cidade, devolvendo-lhe a vontade de viver. Essa ação passa a fazer parte do resultado do exercício profissional do assistente social. O trabalho do assistente social O campo de atuação do assistente social é a conjuntura das políticas sociais em que se separam e se formam grandes blocos de interesses frente a cada questão concreta, como situação de habitação e assistência assistência. A mudança de situações se processa pela articulação de novas relações dos sujeitos entre si e da estrutura. O trabalho do assistente social Com a interferência/convivência do assistente social, procedem mudanças profundas nas relações de grupos até então conflitantes. O trabalho do assistente social passa a ocupar o espaço do centro nervoso das relações de poder entre dominadores e dominados e, com habilidade, buscará o equilíbrio entre as possibilidades de atendimento e as necessidades do indivíduo principalmente nos seus indivíduo, direitos fundamentais. O trabalho do assistente social O assistente social ocupa na atualidade importante espaço entre o Estado e o indivíduo. Diante das dificuldades de informações, acesso aos direitos sociais, surge o assistente social indicando os caminhos e as possibilidades possibilidades. O trabalho do assistente social Com a dinâmica e a metodologia, características da profissão de assistente social, após o processo investigativo e a verificação das possibilidades, o assistente social trabalha o indivíduo para a reconquista do seu espaço na sociedade, resgatando a sua vontade de viver e lutar por uma vida melhor. Interatividade O desenrolar do trabalho do assistente social está diretamente relacionado: a) À necessidade do mercado de trabalho. b) A interesses da gestão pública. c) A interesses da organização social social. d) Às necessidades dos usuários. e) Todas as alternativas estão corretas. ATÉ A PRÓXIMA!