Choque anafilatico em canino

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Acta Scientiae Veterinariae, 2012. 40(Supl 1): s1-s60.
ISSN 1679-9216 (Online)
Choque anafilatico em canino
Pâmela Wollmeister Pinzon1, Aline Alves Da Silva2, Élida Pase Cherobini3, Allana Valau Moreira1 & Amanda
Bisso Sampaio1
RESUMO
Introdução: As abelhas africanas caracterizam-se por serem extremamente agressivas, atacando suas vítimas de forma
maciça e persistente, inoculando desta forma grandes quantidades de veneno. A doença clínica pode ser manifestada como
uma reação alérgica por apenas uma picada, e o envenenamento por poucas ou múltiplas ferroadas. Segundo a literatura,
em animais, a reação tóxica sistêmica tem sido observada cursando com vômito, diarréia, sinais de choque e dificuldade
respiratória em decorrência de síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), podendo ocorrer crise hemolítica.
Caso: Um canino fêmea, da raça Fila apresentando bom estado nutricional (40Kg) com mais de 5 anos de idade deu entrada
no Hospital Veterinário da Universidade de Cruz Alta na tarde do dia 19/03/2012 após ter sofrido ataque de um enxame de
abelhas há aproximadamente uma hora. A paciente apresentava-se com a pele coberta por ferrões principalmente a cabeça.
Bastante agitada, ofegante, hipertérmica (41,5°C), com intensa sialorréia, mucosas hipercoradas, taquicardia e hematúria.
Como terapêutica de emergência utilizou-se dexametasona: 1mg/kg, IV; furosemida: 3 mg/kg, IV, dipirona sódica: 10 mg/
kg, IV lento; diazepan: 0,5 mg/kg, IV e solução fisiológica de ringer com lactato de sódio, IV, em infusão contínua lenta,
após a estabilização da paciente foi prescrito cefalexina: 25 mg/kg, IV lento, BID, cloridrato de tramadol: 2 mg/kg, SC,
BID, furosemida:4 mg/kg, IV, BID e omeprazol: 1 mg/kg, IV, BID. Após 20 horas em tratamento a paciente veio a óbito.
No dia 20/03/12 realizou-se a necropsia; sendo descrito fígado e rins acentuadamente enegrecidos (congestão), serosa
intestinal e do estômago congestas, sendo que a luz dessas vísceras apresentava em seu lúmen sangue livre (hemorragia),
o pulmão também se apresentava acentuadamente avermelhado. Os demais órgãos não apresentaram alterações macroscópicas tendo como diagnóstico clínico choque anafilático.
Discussão: O que causa a morbidade e a mortalidade nesses casos não é a dose individual inoculada e sim a dose acumulativa do veneno o qual nos leva a um tópico importante que é a remoção dos ferrões, quanto mais tempo se passar mais
veneno será inoculado. O choque anafilático ocorre pela liberação de uma série de mediadores químicos responsáveis pelo
quadro de colapso cardiovascular e respiratório, dentre os principais mediadores encontram-se a histamina e a bradicinina.
Corticosteróides por via intravenosa são indicados para minimizar a reação e devem ser mantidos por pelo menos 72 horas,
assim como anti-histamínicos. De acordo com a literatura os efeitos tóxicos do veneno tem ação vasoativa da histamina e dos
leucotrienos que liberados endogenamente, podem contribuir para o estabelecimento do edema e da congestão encontrados
em vários órgãos, a apamina, constituinte do veneno, tem atuação na junção neuromuscular, resultando em hiperexcitabilidade e convulsão, a melitina pode apresentar ação inibidora da anticolinesterase ocasionando excitação sináptica o que
justifica a agitação e confusão mental. Os ataques frequentemente cursam com rabdomiólise e crise hemolítica, quando isso
ocorre, a mioglobinúria e a hemoglobinúria desenvolvidas pelos pacientes causam necrose tubular e, consequentemente
insuficiência renal aguda. O conhecimento dos sinais clínicos e das lesões causadas pelo acidente com abelhas é necessário
para a adoção de medidas terapêuticas mais efetivas para o estabelecimento do prognóstico.
Descritores: abelhas, anafilático, cão.
1
Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária, Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Cruz Alta, RS, Brasil. 2Professora Dr, UNICRUZ. CORRESPONDENCE: P.W. Pinzon [[email protected]]
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