FERIDAS AFETIVAS E SEXUAIS “Em algum lugar, bem no fundo de cada um de nós, está a criança que era inocente e livre e que sabia que a dádiva da vida era a dádiva da alegria.” (Alexander Lowen) A história psicossexual e afetiva dos religiosos não inicia na entrada na congregação. Cada um carrega consigo as experiências da história familiar. Carregam impressões, positivas e negativas, que a vida vai deixando no transcorrer das fases de desenvolvimento. Para crescer humana e espiritualmente faz-se necessário adentrar no emaranhado psicossexual para dar nome e metabolizar os entraves que foram sendo acumulados durante o desenvolvimento da personalidade. Cada criatura nas suas primeiras relações cria um arranjo musical que vai tocar durante sua vida. Em nível de sentimentos e afetos, com frequência, a pessoa passa pela vida reproduzindo a música do passado, sem o empenho em criar novas melodias. Reage-se à vida e às pessoas e se relaciona de acordo com as vivências registrada em sua biografia. A afetividade e sexualidade se expressam pela realização humana, na doação de si mesmo para que “outros tenham vida e a tenham em abundância” ou enveredar para perversões ou embotamento emocional ou somatizações. A maturidade psicossexual aparece na arte de viver adaptada a realidade. É uma atitude perante a vida e uma postura diante das pessoas e das situações. A dimensão da maturidade psicossexual é confirmada quando a pessoa sabe lidar bem consigo mesma e com as outras pessoas, quando é capaz de relacionar-se e de trabalhar. O processo de amadurecimento passa também pelo caminho de um crescente encontro com Deus que desemboca no encontro consigo mesma e com os outros. A pessoa recebe a vida como dom e como tarefa, enquanto dom reivindica gratidão e enquanto tarefa reivindica comprometimento com o cuidado. A compreensão da dimensão psicossexual é um elemento indispensável na formação da identidade humana, na percepção de si e na percepção que tem dos outros e da percepção que considera que os outros têm dela. Quando o desenvolvimento psicossexual não foi saudável ou ferido, as atitudes e os relacionamentos posteriores podem ser afetados negativamente. São questões do passado não elaboradas, ou feridas não cicatrizadas que perturbam ou impedem o normal desenvolvimento da experiência presente. Para crescer na vida é necessário compreender como as feridas afetivas e sexuais afetam a vida da pessoa podendo gerar consequências emocionais, relacionais, psicológicas, laborais, espirituais, psiquiátricas e até mesmo prejuízos físicos. Se a pessoa é prisioneira de uma psicossexualidade ferida ou simplesmente retida no seu desenvolvimento pode ficar presa de diferentes formas: no corpo ou na psique ou no espírito. E as consequências são a estagnação e medos paralisantes. Corrompe a autonomia e fere a capacidade de amar e de deixar-se amar. A pessoa sente-se prisioneira de qualquer situação que restringe a liberdade, limita a tomada de consciência, reduz a capacidade de autorrevelar-se e o sentido de responsabilidade no cuidado de si e dos outros. O trauma de origem afetivo sexual interfere em todas as dimensões do ser humano. Fere a essência da pessoa. É mais do que uma violação do corpo; é uma agressão ao espírito. Pode aprisionar a personalidade e dilacerar o coração. As experiências que podem ser fonte de traumas psicossexuais são: abuso sexual físico ou emocional; exames médicos íntimos onde a pessoa não estava preparada para realiza-los; ser descobertos num jogo sexual na infância; exposição dos genitais de adultos a uma criança ou ser forçada a manipular genitais de adultos; não receber orientação sexual adequada e de acordo com a idade; incompreensão de infecções sexuais; religião moralizante e condenatória, ser vítima de abuso sexual por parte de familiares, vizinhos, profissional da saúde ou professor, confessor. O abuso sexual sempre deixa feridas e o passar do tempo não as cura! É preciso partilhar com alguém de confiança e com condições para ajudar a compreender o que aconteceu e para aliviar o mal-estar que carrega. O trauma na dimensão psicossexual também pode ser de caráter transgeracional. Com frequência se encontra pessoas que relatam terem sido abusadas sexualmente e suas mães descrevem que tiveram na infância a mesma situação e que, ao verem seus filhos sendo abusados ou violentos sexualmente, eram incapazes de protegê-los. “A transmissão psíquica de elementos traumáticos, não elaborados, em que predominam a pulsão de morte e a ação do negativo, ocorre por um desdobramento narcisista maligno da mente dos pais sobre a mente do bebê.”1 P. 65 Outra questão que embota a dimensão psicossexual é a punição ou a sexualidade depreciada. Além dos traumas que carrega, a punição pode bloquear o crescimento. Quando algo não é valorizado, deixa de ser fonte de vida. A punição pode fazer mal ao desenvolvimento psicossexual, como a humilhação pública. Isto ocorre quando fizeram a pessoa sentir que a sexualidade era má, suja ou vergonhosa, corrigindo-os por acariciar, quando crianças, os genitais ou participar de alguma brincadeira sexual ou demonstrar curiosidade por temas sexuais ou conhecer o corpo de outra criança. Há uma diferença entre ensinar a adequada educação sexual e aplicar um castigo. Antes dos 5 ou 6 anos de idade, os impulsos, instintos ou curiosidade governam o comportamento sexual. A punição psicossexual pode acontecer em qualquer idade. A culpa obsessiva é outra forma que pode ferir o desenvolvimento da psicossexualidade. A culpa surge quando foi incisivamente apontado que fez algo mau ou perdeu a inocência. A culpa sadia age como voz interior que chama a uma tomada de consciência entre o bem e o mal e impulsiona a deixar a conduta errada e a reparar os erros cometidos. É sadia quando é proporcional ao mal cometido. Há pessoas que são incapazes de se sentirem culpadas apesar de terem ofendido seriamente a outros. São pessoas centradas excessivamente em si e não se importam com os outros. Frequentemente quem abusa sexualmente dos outros, pertence a esta categoria. Há outros que se sentem culpados, sem sê-lo. Sofrem tremenda ansiedade, escrúpulos. A culpabilidade não sadia fere a psicossexualidade. Outra forma que aparece entraves são os fracassos afetivos e sexuais gerando desânimo e sensação de incompetência. A impossibilidade de relacionamentos, medos existenciais, relacionamentos sexuais e não relacionais tem efeito prolongado nas interações relacionais. Como tantas outras primeiras tentativas na vida, a primeira experiência sexual prepara o cenário para as seguintes. Sempre que enfrentamos o fracasso na relação, precisamos sentir essa perda, e experimentar a aflição como parte da cura. O prazer narcisista é outro entrave no desenvolvimento psicossexual. Freud2 considera o narcisismo no desenvolvimento sexual. O termo narcisismo lembra o mito de Narciso que designa essencialmente amor à imagem de si mesmo. A preocupação por si mesmo é uma fase normal, embora transitória, no desenvolvimento psicossexual. Sem o espelho de uma aceitação incondicional dos pais, a criança não tem meios de saber quem ela é. Cada um de nós foi feito nós antes de ser eu. Fomos o que nossos pais pensaram e disseram de nós. Precisamos saber que somos importantes, que somos levados a sério. Cada parte de nós é digna de ser amada, de ser aceita, de saber que os que tomam conta de nós nos amam e que podemos confiar neles. A criança interior, privada dessas necessidades, contamina o adulto com uma sede insaciável de amor, atenção e afeição. As carências das crianças são de dependência, isto é, carências que dependem de outra pessoa para serem atendidas. Na vida adulta não estabelecem vínculos no relacionamento interpessoal, estão sempre procurando algo que preencha o vazio, mantém o relacionamento enquanto o outro satisfaz suas carências; cobram amor, afeição, reconhecimento, presença dos que convivem para preencher o vazio, o que não obtiveram de seus pais; dificuldades de um voltar-se para o seu interior, encontrar-se consigo mesmo, de desenvolver uma espiritualidade. Isto amedronta. Encontrar-se consigo é encontrar-se com o seu vazio, com o seu nada; fazem do apostolado um palco onde recebem aplausos; sente-se abandonada, desesperadamente vazia e para impedir a solidão do abandono externo, volta-se para diversos tipos de vícios com o intuito de se preencher: vícios em pessoas (codependência) e vícios em coisas e atividades. A pessoa “vulnerável por sua necessidade de investimento narcísico, fica sujeito ao que os pais dizem ou calam, perdendo a liberdade de interpretar com seu próprio psiquismo as verdades familiares e vinculares. Torna-se depositário, cativo de um luto não elaborado, de um segredo ou de uma vergonha clivados em seu psiquismo, que o alienem de si mesmo, obrigando-o a viver uma história que, ao menos em parte, não é sua.”1 P. 66 Quanto mais cedo as experiências traumáticas aconteceram, mais danos ocasionarão ao crescimento. Se as feridas e lembranças dolorosas começaram cedo na história psicossexual e a pessoa não teve recursos internos para superação por ser muito pequena e, por vezes, não tem consciência do ocorrido, haverá dificuldade de dar e receber amor pelo resto da vida. Para haver cura é preciso olhar o conjunto da vida, a história do nosso amar e, a exemplo da Samaritana no poço de Sicar, contar nossa história sexual com a simplicidade e humildade. Primeiro contar para si mesmo e depois para alguém que compreenda e ajude a nomear claramente a verdade. Como foi ferido? Onde falta integração? Onde é possível crescer mais? Nomear o que se foi ou ficou escondido dentre o mais fundo de nós mesmos para ser recuperado positivamente. Onde falhamos no relacional? Onde traímos o amor? A qualidade dos vínculos instituídos no convívio familiar, nos primeiros anos, arquiteta um padrão básico de relacionamento na mente da criança. Ela tenderá a repetir e a recriar ao longo de seu desenvolvimento em diversas circunstâncias e em diversos cenários. Constata-se que nas pessoas em que a relação edípica está predominantemente marcada pela inveja, egoísmo, rivalidade, ciúme, o relacionamento tenderá a ser mais conflitivo. Ela dificilmente terá capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendê-lo e tratá-lo como ser individualizado. Procurará, ao contrário, transformar os relacionamentos em um campo de batalha de suas lutas internas com as figuras parentais da infância. No indivíduo emocionalmente maduro, os conflitos, ainda que presentes, serão menos intensos. O outro será visto como uma pessoa individualizada com a qual irá se reunir para, mutuamente, completarem sua identidade biopsicológica. A maturidade está baseada em um modelo interno de relação que predominam, além dos anseios de reparação, sentimentos de simpatia, tolerância, solidariedade e gratidão. Quando ocorre algo que afeta o desenvolvimento psicossexual, o processo de maturação emocional se detém em alguma etapa. Quando isso acontece, uma série de consequências desagradáveis afetam toda vida do ser humano. Quando a pessoa faz uma retrospectiva pode ser surpreendidas pelos efeitos em sua vida e missão das feridas sofridas nas diversas etapas do desenvolvimento: Na infância Ausência da consciência sexual. Os adultos com uma fixação nesta etapa tendem a ser assexuados. Sua energia psicossexual está congelada gerando pessoas frias afetivamente. O interesse por fantasias, sensações, condutas é limitado ou está ausente, podendo até parecer pueris ou ingênuos. Tendem a depender de outras pessoas mesmo que estas lhe causam prejuízos. Despertar sexual. Os adultos com uma fixação nesta etapa tendem a um comportamento impróprio: não socializam adequadamente seu elevado interesse sexual criando constrangimento nas outras pessoas. Tendem a centrarem-se em si mesmos, buscam aprovação e facilmente se sentem ameaçados pelos outros. As relações interpessoais são curtas e superficiais. Socialização psicossexual. Estes adultos tendem a esconder a sua sexualidade. Temem o que sentem, pensam como agem sexualmente. São incapazes de falar do que se passa com eles. São muito críticos ao julgar o comportamento sexual dos outros. Zelosos da sua privacidade, não se relacionam em profundidade. Buscam compensações substitutivas como novelas românticas, filmes ou sites pornográficos ou redes de relacionamentos. Tem masturbação compulsiva. Adolescência Fantasia sexual. Os adultos com uma fixação nesta etapa vivem sua sexualidade mais na fantasia do que na realidade. Idealizam as relações interpessoais de tal modo que ninguém está à altura de suas expectativas. Ciúmes, ressentimentos e conflitos caracterizam os seus relacionamentos. São possessivos. Preocupação sexual. Estes adultos vivem preocupados com o sexo e a sua própria pessoa. Muito centrados em si mesmos: “seus” desejos, “suas” necessidades, “seus” sentimentos... Não se relacionam com a pessoa, mas com as partes corporais dela... Tendo uma fixação sexual, utilizam os outros, cortando os relacionamentos que não agradam ou excitam. Exploração relacional. Estes adultos são superficiais nos seus relacionamentos. Com medo de serem rejeitados, não questionam nada. Tem baixa autoestima. Os celibatários, com uma fixação neste nível, relacionam-se com muitos amigos, mas temem ficar com um/a. Suas decisões relacionais busca apenas o que é melhor para eles. Idade adulta Mutualidade psicossexual. Mantém relacionamentos sadios, recíprocos... Medo de assumir riscos ou suportar tensões nos relacionamentos. Embora sadios, fogem de relacionamentos mais profundos ou íntimos por senti-los como ameaçadores. Devido às experiências de traição, nas fases posteriores geram adultos com medo do abandono ou de serem completamente dominados. Uns isolam-se devido ao medo de serem abandonados, cobram amor e atenção, responsabilizam os outros pelos seus sentimentos, controlam os outros com zangas, agrados, outros recusam romper relacionamentos, mesmo que destrutivos. O medo da intimidade se manifesta pela impossibilidade de estabelecer uma ligação afetiva, com confiança e atenção recíproca. Esse medo está correlacionado à probabilidade de reeditar experiências traumáticas vividas anteriormente com o agressor e também ao sentimento de desconfiança, por ter sido, no caso do incesto, abusada pelo pai e nem sempre protegida pela mãe. O homem atual é um ser esvaziado de valor intrínseco: vale pelo que produz ou pelo que consome; não pelo que é, nem por seus valores e convicções. Da mesma forma pode-se falar de sexo vazio, ao contrário do sexo pleno leva os indivíduos à insegurança, à solidão, a sentimentos de frustração, à falta de saciedade, ao isolamento, à desconfiança, à agressividade, à infidelidade. O sentimento de vazio é vivenciado, mas nem sempre compreendido. Para o preenchimento deste vazio, os indivíduos se lançam a uma busca contínua e frustrante de novos parceiros e de novas experiências; sem compreenderem que o vazio não está no outro, mas em si próprios. O vazio é preenchido com desilusões, doenças sexualmente transmissíveis, crises de depressão e angústia, gestações não planejadas e não desejadas, abortos, entre outras consequências negativas. A experiência mostra que famílias desajustadas não oferece adequada proteção para seus filhos. Aceita a presença do abusador dentro da própria casa, permite ameaças explicitas ou veladas e encobre segredos sobre os abusos. Relações familiares com tal nível de doenças trazem consequências desastrosas no desenvolvimento da personalidade da criança e do adolescente. Nem todas as pessoas reagem do mesmo modo diante de situações traumáticas ou experiências negativas. Algumas pessoas carregam experiências penosas do seu passado psicossexual. Existem graus no mal sofrido, alguns problemas passageiros e outros são devastadores e permanentes. O abuso sexual ou a ameaça do abuso sexual é sempre destrutivo seja qual for à idade, frequência ou a natureza do abuso. As consequências podem piorar com o tempo, até chegar a configurar numa patologia. Podem variar de indivíduo a indivíduo de acordo com sua subjetividade, situação emocional e até mesmo estímulos e influências do meio em que o sujeito esta inserido. Dentre elas: Físicas: dores crônicas gerais, hipocondria ou transtornos psicossomáticos, alterações do sono e pesadelos constantes, problemas gastrointestinais, desordem alimentar. Comportamentais: dependência virtual de redes e sites de relacionamento, consumo de drogas, medicamento e álcool, transtorno de identidade, fugas, condutas suicidas ou de autoflagelo, hiperatividade, diminuição do rendimento acadêmico. Emocionais: depressão, ansiedade, baixa autoestima, dificuldade para expressar sentimentos, medo generalizado, agressividade, culpa e vergonha, isolamento, ansiedade, depressão, baixa autoestima, rejeição ao próprio corpo (sente-se sujo). Sexuais: fobias sexuais, problemas de identidade sexual, disfunções sexuais, exibicionismo, falta de satisfação ou incapacidade para o orgasmo, alterações da motivação sexual, maior probabilidade de sofre estupros e de entrar para a prostituição, dificuldade de estabelecer relações sexuais saudáveis. Sociais: problemas de relação interpessoal, isolamento, dificuldades de vínculo afetivo, déficit em habilidades sociais, comportamentos antissociais. Psiquiátricos: transtorno do stress pós-traumático, transtorno boderlaine e antissocial de personalidade, depressão, uso de drogas, delinquência, prostituição e distúrbios ligados à personalidade do individuo. Espirituais: escrúpulos, piedade ingênua, moralizante. Fazem parte da classificação de Parafilias os seguintes diagnósticos do DSM.IV3. Parafilia: Para = desvio; filia = atração. É um transtorno sexual caracterizado por fantasias, desejos e/ou práticas sexuais intensas e recorrentes, envolvendo situações sexuais diferentes da realizada com um ser humano, adulto e vivo, com finalidade de prazer e/ou procriação. É o mesmo que transtorno de preferência. Exibicionismo - A excitação provém da exposição, do exibir o corpo, ou parte dele, para outro. Fetichismo Transvéstico - é o desvio do interesse sexual para algumas fantasias ou para peças de vestuário, adornos Frotteurismo - envolve tocar e esfregar-se em uma pessoa sem seu consentimento. Pedofilia - Interesse sexual primariamente ou exclusivamente por crianças. Masoquismo - envolve o ato (real, não simulado) de ser humilhado, espancado, atado ou de outra forma submetido a sofrimento. Sadismo - envolve atos (reais, não simulados) nos quais o indivíduo deriva a excitação sexual do sofrimento psicológico ou físico (incluindo humilhação) da vítima. Voyeurismo - O envolve o ato de observar indivíduos, geralmente estranhos, sem suspeitar que estão sendo observados, que estão nus, ao se despirem ou em atividade sexual. Parafilia Sem Outra Especificação: Escatologia telefônica - A excitação erótica, a facilitação e lograr o orgasmo dependem da realização de chamadas telefônicas obscenas, a pessoas tanto conhecidas como desconhecidas. Necrofilia - A excitação sexual e a obtenção do orgasmo supõem o estabelecimento de relações sexuais com um cadáver. Parcialismo - Para a obtenção de prazer o sujeito centra a sua atenção exclusivamente numa parte do corpo. Zoofilia - Para a obtenção de prazer sexual a pessoa mantém relações com animais. Coprofilia - O contacto com fezes é o objeto do prazer sexual. Clismafilia - a obtenção da excitação erótica depende de se receber um enema (clister) por parte do companheiro. Urofilia - Transtorno da preferência sexual em que o prazer e a satisfação sexuais são obtidos exclusivamente através do contato com a urina do (a) parceiro (a). Por exemplo: urinar ou receber urina nas diversas partes do corpo, inclusive ingestão de urina. Transtornos de identidade sexual - Identificação forte e persistente com o gênero oposto (masculino ou feminino), acompanhado de grande desconforto e inadequação em relação ao seu sexo biológico e ao papel social inerente a ele. Para Cencine (1997c)4, a pessoa é uma realidade fragmentada e atraída por direções opostas, progressiva e regressiva, como por exemplo, transcendência-imanência, liberdadeescravidão, consciente-inconsciente, amor-egoísmo. A realização está em reconhecer esta divisão interna e posicionar-se em favor da polaridade positiva, sem esquecer de abafar a negativa. Também a pessoa consagrada vive esta ambivalência e, por vezes, sofre com as feridas que a machucaram ao longo da vida. O referido autor assinala a relação com o autotranscendente. Na Vida Religiosa feminina, “a beleza e a disponibilidade da união física com um parceiro é substituída e transformada pela beleza de uma vida totalmente oferecida ao amor a Deus e ao próximo e, no entanto, plenamente saciadora e realizadora da própria afetividade” (p. 510). Esta opção de vida requer da pessoa uma adequada identidade sexual e uma adequada interação das capacidades receptiva e oblativa. Para a religiosa é fundamental que o seu amor para com Deus não signifique uma fuga do relacionamento humano, nem defesa de impulsos não desejados, mas seja, um relacionamento de real envolvimento afetivo colocado no centro de sua vida, gerando uma multiplicidade de relacionamentos interpessoais saudáveis. Perguntas para pensar e partilhar: 1. Escutando a sua história sexual, onde percebe seus traumas (castigos, culpabilidade, fracasso relacional, egocentrismo...)? 2. Como influíram essas experiências nos seus relacionamentos? Quais os efeitos na sua vida? Como continuam ainda presentes nos seus relacionamentos? 3. Quais foram os momentos sexuais mais desagradáveis, terríveis ou dolorosos? Como afetaram sua confiança? Quais os momentos sexuais que lhe deram mais vida, mais libertadores, de maior sanação? Da sua história sexual, você se arrepende mais de que parte? Esse arrependimento o/a move a fazer alguma coisa agora? O que você precisa mudar mais no seu modo de pensar, agir ou de se relacionar sexualmente? Curar? Perdoar? Há sinais na sua vida que indiquem que a sua energia sexual está ativa? Oprimida? Afastada da sua vida? Temerosa? Há ainda ocasiões nas quais ainda fere pisco sexualmente outras pessoas? Manipula-as? Abusou de outros sexual, emocional ou fisicamente? Se sim, poderia buscar ajuda? Se abusaram de você sexualmente, recebeu alguma ajuda de terapia profissional? 1. 2. 3. 4. 5. Referência bibliográfica Trachtenberg, Ana Rosa Chait [et al]. Transgeracionalidade: de escravo a herdeiro: um destino entre gerações. Porto Alegre: Sulina, 2013. Freud DSM-IV. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Trad. Dayse Batista. 4ª ed. Porto alegre: Artes Médicas, 1995. CENCINI, Amadeo. Por amor. São Paulo: Paulinas, 1997c. _______ Por amor. São Paulo: Paulinas, 1997a.