Febre Hemorrágica Venezuelana Introdução As febres hemorrágicas virais são um grupo de doenças que afetam diferentes sistemas do organismo, principalmente o sistema vascular. São causadas por vírus de 4 famílias distintas: Arenavírus (Lassa, Lujo, Guanarito, Machupo, Junin, Sabia e Chapare), Filovírus ( Marburg e Ebola), Bunyavírus (Febre do Vale do Rift, Febre Hemorrágica Criméia-Congo e Hantavirose ) e Flavivírus (Dengue, Febre Amarela, Febre Hemorrágica de Omsk, Doença da Floresta de Kyasanur e Alkhurma virus). Febre Hemorrágica Venezuelana - Definição É uma zoonose caracterizada por quadro febril e evolução sistêmica, pertencente ao grupo de febres hemorrágicas da América do Sul. Esta enfermidade é causada por um tipo de Arenavírus endêmico da Venezuela, descoberto em 1989, denominado Guanarito. Apresenta como hospedeiro um determinado roedor e o seu período de incubação é de 6 a 14 dias. Muitos casos são reportados (41 % dos casos) durante os meses de dezembro e janeiro. Os casos fatais estão em taxas entre 19 e 33%, ou seja, é elevada a mortalidade entre os pacientes infectados. Dados epidemiológicos A Febre Hemorrágica Venezuelana foi descoberta em 1989 em uma região rural no município de Guanarito no Estado de Portuguesa, na Venezuela, com a ocorrência de um surto de quadro febril grave. Os pacientes foram inicialmente diagnosticados como dengue clássica, entretanto após isolamento do vírus descobriu-se que se tratava de um novo vírus do grupo dos Arenavírus. De acordo com as Redes de Sociedades Científicas e Médicas locais, desde o descobrimento da enfermidade até o momento foram registrados 4 surtos no país: o primeiro entre 1989 e dezembro de 1991 com 104 casos, o segundo entre 1996 e 1998 com 139 casos, o terceiro que ocorreu entre 2001 e 2003 acumulando 301 (54 casos) e o quarto episódio, com início em 2011, apresentando 76 casos e se estendendo até o presente ano (2012) que apresentou mais 10 casos até o momento. Transmissão Os principais hospedeiros e reservatórios do vírus Guanarito são roedores da espécie Zygodontomys brevicauda – um roedor da cana-de-açúcar. A transmissão da Superintendência de Vigilância em Saúde Centro de Informações e Respostas Estratégicas de Vigilância em Saúde - CIEVS Rua Piquiri, 170 – Rebouças – 80.230-140 – Curitiba – Paraná – Brasil; Fones/Fax: (41) 3330-4492 Fax : 3330-4389 doença ocorre por meio da inalação de aerossóis que contenham partículas de excretas contaminadas. Sintomatologia e Sinais Clínicos A doença é caracterizada pela presença de febre progressiva, prostração, cefaleia, mialgia, artralgia, faringite, tosse, edema pulmonar, odinofagia, náusea, vômito, diarreia, epistaxe, sangramentos nas gengivas, petéquias ocasionalmente, exantema de face e tronco, tontura, convulsões, podendo levar a óbito. Diagnóstico O diagnóstico pode ser realizado por isolamento do vírus em células - inoculação, pela técnica de soro neutralização, por técnica de Ensaio imunoenzimático (ELISA), por técnicas de biologia molecular - RT-PCR. Uma das doenças com a qual a Febre Hemorrágica da Venezuela faz diagnóstico diferencial é a Hantavirose cuja epidemiologia também é similar. Tratamento e Prevenção O tratamento baseia-se em terapia de suporte/sintomática. O uso de antivirais não tem se mostrados eficaz. Não há vacina e a melhor prevenção é a utilização dos adequados equipamentos de proteção individual (EPI) ao realizar limpeza (varrição) de galpão/armazém/paiol ou em outras atividades em que haja a possibilidade de gerar aerossóis. A prevenção é igual àquela utilizada para hantavirose (vide site da SESA-Paraná). Superintendência de Vigilância em Saúde Centro de Informações e Respostas Estratégicas de Vigilância em Saúde - CIEVS Rua Piquiri, 170 – Rebouças – 80.230-140 – Curitiba – Paraná – Brasil; Fones/Fax: (41) 3330-4492 Fax : 3330-4389