Tropicalismo http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/e/e2/PaniseCircenses.jpeg Disco-manifesto do movimento lançado em 1968 Um dos maiores movimentos de Música Popular Brasileira (MPB) do século 20 se chamou Tropicália ou Tropicalismo − um grupo de jovens músicos, apontando para o futuro, mas reverenciando o passado, e, sobretudo, a cultura popular e de massa. Os artistas da Tropicália misturaram influências eruditas com influências populares naquilo que hoje é chamado de “Cultura Pop”. Um movimento antenado com as novas tendências da arte mundial, mas de um modo bem brasileiro que conseguiu deixar marcas profundas na arte brasileira. Seus artistas, atualmente respeitados nomes da MPB, influenciam gerações de artistas até hoje. Neste texto, é possível conhecer um pouco mais sobre esse movimento e seus principais artistas. A Era dos Festivais O surgimento desses artistas e a propagação de suas ideias, ritmos, cores e sons só foi possível por meio dos grandes festivais de música que aconteceram nas décadas de 60 e 70. O grupo da Tropicália chamou a atenção do público no festival de MPB, da emissora Record, de 1967, quando Caetano Veloso, seu principal ideólogo, subiu ao palco para cantar “Alegria, Alegria” acompanhado de guitarras elétricas. Um escândalo para a época, pois a geração anterior, da chamada Bossa Nova, consagrou o formato do “banquinho e violão” para os músicos da MPB. A intenção do artista era justamente essa: provocar o público e ampliar os horizontes da música brasileira. Apesar de ter sido vaiada, “Alegria, Alegria” estourou nas rádios. O disco vendeu mais de 100 mil cópias, número alto para a época. Principais artistas Caetano Veloso Nascido em Santo Amaro, na Bahia, em 1942, Caetano Emanuel Vianna Teles Veloso tem mais de 40 discos gravados. É um artista de renome internacional, sendo comparado a artistas e bandas, como: Bob Dylan, Bob Marley e Beatles. O compositor é responsável por liderar um movimento de renovação da música brasileira após os anos 60. Bastante polêmico, chegou a ser preso e foi exilado do Brasil durante alguns anos da Ditadura Militar. Em 1997, escreveu o livro Verdade Tropical e, em 2000, recebeu o Grammy de melhor disco de World Music. Caetano também fez trilhas inesquecíveis para o cinema e televisão. Em 2003, uma música gravada para o filme "Frida", da diretora Julie Taymor, o levou aos palcos do Oscar. O artista também é irmão de Maria Bethânia, uma das maiores intérpretes da música brasileira. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caetano_Veloso_at_TIM_Festival.jpg Caetano Veloso, 2006. Gilberto Gil Dono de uma musicalidade imensa, Gilberto Passos Gil Moreira é um dos maiores músicos do mundo. Instrumentista, cantor e compositor, o artista também desempenha papel importante na vida política brasileira. Gil é destaque no desenvolvimento da música brasileira, aliando às raízes culturais brasileiras, especialmente às afrodescendentes, a modernização da música ocidental. Ganhador de vários prêmios, dentre eles o cobiçado Grammy Latino, o artista também foi nomeado pela UNESCO com o título de “Artista da UNESCO Pela Paz”, em 1999. De 1º de janeiro de 2003 a 30 de julho de 2008, foi ministro da Cultura do governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Possui mais de 50 discos gravados com uma gama impressionante de ritmos e belíssimas canções. Gilberto Gil, 2011. Tom Zé http://commons.wikimedia.org/wiki/File:TomZeBarbican.jpg Antônio José Santana Martins é um dos músicos mais criativos do grupo da Tropicália. Talvez em função da sua versatilidade e experimentação só teve reconhecimento por sua obra na década de 90, quase trinta anos depois do sucesso do Tropicalismo. Passado o período de ostracismo, o artista goza até hoje de grande notoriedade internacional e grande aceitação do público jovem, justamente por sua originalidade e constante experimentação dentro do universo da música ocidental. Com 25 discos gravados, Tom Zé é chamado de gênio pelos críticos musicais de publicações como “The New York Times” e “The Rolling Stone”. Com muita vitalidade e vigor, o artista também realiza trilhas sonoras para balés, como o Grupo Corpo, e tem sempre a política e os costumes da sociedade em seu discurso e sua obra. Tom Zé, 2006 Os Mutantes Formado pela Rita Lee, e pelos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, os Mutantes formam um grupo de rock paulista que deu o tom mais agressivo à Tropicália, com sua estética psicodélica. Com músicas bastante irônicas e músicos de extrema qualidade técnica, o grupo passou por várias formações até se desfazer em 1978. Tendo Rita Lee com uma carreira mais regular dentro do cenário da MPB, os irmãos também traçaram seu rumo artístico, mesmo com certa dificuldade. Espécie de lenda da MPB, o grupo volta a se reunir a partir de 2006 com apresentações esporádicas de muito sucesso, mesmo sem Rita Lee comandando os vocais. Zélia Duncan assumiu os vocais trazendo para o público espetáculos de muita qualidade e nostalgia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Os_Mutantes.jpg Capa do disco “Os Mutantes”, de 1968. Gal Costa Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em Salvador, na Bahia, em 1945. Herdeira do canto leve e sincopado de João Gilberto, a cantora assimilou em seu canto elementos interpretativos do rock. Na década de 70, forma o quarteto com Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil e que, mais tarde, viria a ser conhecido como "Doces Bárbaros", após participarem, juntos, de um espetáculo que resultou em um LP. Com muitas reviravoltas em sua carreira, mas sem perder a qualidade e o prestígio do público, hoje é considerada a grande dama da MPB. Assista à performance dos “Doces Bárbaros” em uma exibição do grupo em 1976 no programa “Fantástico”, da Rede Globo de Televisão, e conheça um pouco da estética visual e musical desses jovens artistas: <https://www.youtube.com/watch?v=q5ZNNNoUEn0>. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/b/bb/Gal_Costa_1969_capa.jpg Capa do disco “Gal Costa” de 1969. Nara Leão A musa da Bossa Nova, capixaba, mas naturalizada carioca, Nara Lofego Leão Diegues, representa de certa forma a tradição dentro da Tropicália. Com seu estilo leve, porém arrojado, foi uma artista inquieta e criativa, que não se contentava com títulos e confortos estéticos. Cantou sambas de morro em aclamados shows no período da ditadura e foi bastante influente entre os jovens artistas que surgiram após o período da Bossa Nova. Lançou, dentre eles, Chico Buarque, um dos maiores nomes da música no Brasil e no mundo. A cantora faleceu em 1989, vítima de um tumor cerebral. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Euqueriasernarale%C3%A3o2b.JPG Retrato de Nara Leão, 2008. O Movimento da Tropicália se desenvolveu primeiramente na música, e ainda podemos destacar o nome do maestro e arranjador Rogério Duprat, dos letristas Capinam e Torquato Neto, membros fundamentais que foram responsáveis pela construção do mosaico estético dessa geração. No entanto, a Tropicália extrapolou os limites da música e influenciou o mundo das artes visuais, tendo como principal representante Hélio Oiticica; no cinema, Glauber Rocha, influenciando e sendo influenciado; e no teatro, sobretudo com as ousadas performances do diretor José Celso Martinez. Conheça um pouco mais desse universo colorido e multimidiático no site Tropicália, um projeto da pesquisadora Ana de Oliveira: <http://tropicalia.com.br/>.