Tropicalismo

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Tropicalismo
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Disco-manifesto do movimento lançado em 1968
Um dos maiores movimentos de Música Popular Brasileira (MPB) do século 20 se chamou
Tropicália ou Tropicalismo − um grupo de jovens músicos, apontando para o futuro, mas
reverenciando o passado, e, sobretudo, a cultura popular e de massa.
Os artistas da Tropicália misturaram influências eruditas com influências populares naquilo
que hoje é chamado de “Cultura Pop”. Um movimento antenado com as novas tendências da arte
mundial, mas de um modo bem brasileiro que conseguiu deixar marcas profundas na arte
brasileira. Seus artistas, atualmente respeitados nomes da MPB, influenciam gerações de artistas
até hoje.
Neste texto, é possível conhecer um pouco mais sobre esse movimento e seus principais
artistas.
A Era dos Festivais
O surgimento desses artistas e a propagação de suas ideias, ritmos, cores e sons só foi
possível por meio dos grandes festivais de música que aconteceram nas décadas de 60 e 70. O
grupo da Tropicália chamou a atenção do público no festival de MPB, da emissora Record, de
1967, quando Caetano Veloso, seu principal ideólogo, subiu ao palco para cantar “Alegria,
Alegria” acompanhado de guitarras elétricas. Um escândalo para a época, pois a geração
anterior, da chamada Bossa Nova, consagrou o formato do “banquinho e violão” para os músicos
da MPB.
A intenção do artista era justamente essa: provocar o público e ampliar os horizontes da
música brasileira. Apesar de ter sido vaiada, “Alegria, Alegria” estourou nas rádios. O disco
vendeu mais de 100 mil cópias, número alto para a época.
Principais artistas

Caetano Veloso
Nascido em Santo Amaro, na Bahia, em 1942, Caetano
Emanuel Vianna Teles Veloso tem mais de 40 discos
gravados. É um artista de renome internacional, sendo
comparado a artistas e bandas, como: Bob Dylan, Bob
Marley e Beatles.
O compositor é responsável por liderar um movimento de
renovação da música brasileira após os anos 60.
Bastante polêmico, chegou a ser preso e foi exilado do
Brasil durante alguns anos da Ditadura Militar.
Em 1997, escreveu o livro Verdade Tropical e, em 2000,
recebeu o Grammy de melhor disco de World Music.
Caetano também fez trilhas inesquecíveis para o cinema e
televisão. Em 2003, uma música gravada para o filme
"Frida", da diretora Julie Taymor, o levou aos palcos do
Oscar.
O artista também é irmão de Maria Bethânia, uma das
maiores intérpretes da música brasileira.
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Caetano Veloso, 2006.

Gilberto Gil
Dono de uma musicalidade imensa, Gilberto Passos Gil
Moreira é um dos maiores músicos do mundo.
Instrumentista, cantor e compositor, o artista também
desempenha papel importante na vida política brasileira.
Gil é destaque no desenvolvimento da música brasileira,
aliando às raízes culturais brasileiras, especialmente às
afrodescendentes, a modernização da música ocidental.
Ganhador de vários prêmios, dentre eles o cobiçado
Grammy Latino, o artista também foi nomeado pela
UNESCO com o título de “Artista da UNESCO Pela Paz”, em
1999.
De 1º de janeiro de 2003 a 30 de julho de 2008, foi ministro
da Cultura do governo do presidente Luís Inácio Lula da
Silva.
Possui mais de 50 discos gravados com uma gama
impressionante de ritmos e belíssimas canções.
Gilberto Gil, 2011.

Tom Zé
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Antônio José Santana Martins é um dos
músicos mais criativos do grupo da
Tropicália. Talvez em função da sua
versatilidade e experimentação só teve
reconhecimento por sua obra na década
de 90, quase trinta anos depois do
sucesso do Tropicalismo.
Passado o período de ostracismo, o artista
goza até hoje de grande notoriedade
internacional e grande aceitação do
público jovem, justamente por sua
originalidade e constante experimentação
dentro do universo da música ocidental.
Com 25 discos gravados, Tom Zé é
chamado de gênio pelos críticos musicais
de publicações como “The New York
Times” e “The Rolling Stone”.
Com muita vitalidade e vigor, o artista
também realiza trilhas sonoras para balés,
como o Grupo Corpo, e tem sempre a
política e os costumes da sociedade em
seu discurso e sua obra.
Tom Zé, 2006

Os Mutantes
Formado pela Rita Lee, e pelos irmãos
Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, os
Mutantes formam um grupo de rock
paulista que deu o tom mais agressivo à
Tropicália, com sua estética psicodélica.
Com músicas bastante irônicas e
músicos de extrema qualidade técnica,
o grupo passou por várias formações
até se desfazer em 1978.
Tendo Rita Lee com uma carreira mais
regular dentro do cenário da MPB, os
irmãos também traçaram seu rumo
artístico, mesmo com certa dificuldade.
Espécie de lenda da MPB, o grupo volta
a se reunir a partir de 2006 com
apresentações esporádicas de muito
sucesso, mesmo sem Rita Lee
comandando os vocais. Zélia Duncan
assumiu os vocais trazendo para o
público espetáculos de muita qualidade
e nostalgia.
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Capa do disco “Os Mutantes”, de 1968.

Gal Costa
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em
Salvador, na Bahia, em 1945. Herdeira do canto leve e
sincopado de João Gilberto, a cantora assimilou em
seu canto elementos interpretativos do rock.
Na década de 70, forma o quarteto com Caetano
Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil e que, mais
tarde, viria a ser conhecido como "Doces Bárbaros",
após participarem, juntos, de um espetáculo que
resultou em um LP.
Com muitas reviravoltas em sua carreira, mas sem
perder a qualidade e o prestígio do público, hoje é
considerada a grande dama da MPB.
Assista à performance dos “Doces Bárbaros” em uma
exibição do grupo em 1976 no programa “Fantástico”,
da Rede Globo de Televisão, e conheça um pouco da
estética visual e musical desses jovens artistas:
<https://www.youtube.com/watch?v=q5ZNNNoUEn0>.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/b/bb/Gal_Costa_1969_capa.jpg
Capa do disco “Gal Costa” de 1969.

Nara Leão
A musa da Bossa Nova, capixaba, mas naturalizada carioca,
Nara Lofego Leão Diegues, representa de certa forma a tradição
dentro da Tropicália. Com seu estilo leve, porém arrojado, foi
uma artista inquieta e criativa, que não se contentava com
títulos e confortos estéticos. Cantou sambas de morro em
aclamados shows no período da ditadura e foi bastante influente
entre os jovens artistas que surgiram após o período da Bossa
Nova. Lançou, dentre eles, Chico Buarque, um dos maiores
nomes da música no Brasil e no mundo.
A cantora faleceu em 1989, vítima de um tumor cerebral.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Euqueriasernarale%C3%A3o2b.JPG
Retrato de Nara Leão, 2008.
O Movimento da Tropicália se desenvolveu primeiramente na música, e ainda podemos
destacar o nome do maestro e arranjador Rogério Duprat, dos letristas Capinam e
Torquato Neto, membros fundamentais que foram responsáveis pela construção do
mosaico estético dessa geração. No entanto, a Tropicália extrapolou os limites da
música e influenciou o mundo das artes visuais, tendo como principal representante
Hélio Oiticica; no cinema, Glauber Rocha, influenciando e sendo influenciado; e no
teatro, sobretudo com as ousadas performances do diretor José Celso Martinez.
Conheça um pouco mais desse universo colorido e multimidiático no site Tropicália, um
projeto da pesquisadora Ana de Oliveira:
<http://tropicalia.com.br/>.
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