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DISTÚRBIOS DA ARTICULAÇÃO
TEMPOROMANDIBULAR
Rômulo Elias  Roberto Elias
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Capítulo 13
ANATOMIA
A articulação temporomandibular é uma ar-
A cavidade mandibular ficara na parte
ticulação que se encontra entre a parte es-
anterior ao músculo auricular externo,
camosa do osso temporal e o processo con-
sendo limitada anteriormente pela ver-
dilar da mandíbula, chamada de diartrose,
tente posterior do tubérculo articular, lo-
compreendida por dois tipos de articulação
calizado na parte lateral da eminência
sinovial - uma dobradiça e uma de desliza-
articular e também, posteriormente, pela
mento, sendo formada pelo disco articular,
parede timpânica ou pós-glenoide. O teto
processo condilar da mandíbula, ligamen-
será formado por uma lâmina óssea fina,
tos e a parte escamosa, ou seja, o tubérculo
com mais ou menos 1 mm, separando os
articular do osso temporal. O côndilo man-
lobos temporais e a eminência articular
dibular tem uma morfologia muito variada
por duas paredes ou vertentes - a ante-
em relação à forma e às medidas do côndilo
rior, sendo mais rasa, e a posterior, sendo
humano sendo, no entanto, sempre conve-
mais íngreme com variações acentuadas.
xa em todos os planos. No plano sagital, o
A união dessas duas vertentes formara a
côndilo varia em muito poucos graus.
crista articular.
Se avaliarmos frontalmente, notaremos
Na parte escamosa do temporal, existe
duas proeminências nas suas extremida-
uma superfície avascular composta de
des - o polo lateral e o polo medial. Entre
tecido conectivo fibroso em vez de car-
esses dois polos há uma ligeira concavida-
tilagem hialina. As principais áreas de
de chamada fóvea pterigóidea, aonde irão
suporte de carga localizam-se na vista
se inserir as fibras do músculo pterigoide
lateral da parte escamosa, na cabeça
lateral inferior e a parte superior. A super-
da mandíbula e no disco articular. O
fície funcional da articulação corresponde
denso tecido conectivo fibroso é mais
à parte anterior do teto da fossa mandibu-
espesso nas áreas de suporte de car-
lar, à vertente posterior do tubérculo e á
ga. Anteriormente as fibras escamosas
face superior e anterior do côndilo, estan-
do músculo temporal se relacionam com
do todas essas revestidas por tecido fibro-
a eminência articular condilar, em ou-
so denso que as protege de atrito durante
tra parte intermediária dentro da fossa
os movimentos mandibulares.
mandibular e posteriormente na região
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timpânica. A eminência articular é uma
Sabe-se que os ligamentos são meios de
forte proeminência óssea na base do
união dessa articulação e que cada um
processo zigomático.
possui uma extrema importância para o
funcionamento de toda a ATM. Eles são
O tubérculo articular fornecerá fixação
compostos pela cápsula articular ou li-
para a cápsula articular e para o liga-
gamento capsular, ligamento lateral,
mento lateral. A fossa mandibular é uma
ligamentos esfenomandibular e estilo-
depressão na qual se localiza o processo
mandibular, que pertencem ao sistema
condilar da mandíbula. Superiormente a
mastigatório, ligamentos colaterais, liga-
esta fina lâmina de osso encontramos a
mento do disco mamelar, pela zona bila-
fossa média do crânio. A parte timpâni-
minar e pelo disco articular.
ca é uma lâmina vertical localizada anteriormente ao meato acústico externo. O
A cápsula articular é uma membrana
tubérculo articular posterior irá ser uma
fina, resistente e relativamente laxa que
extensão inferior da parte escamosa do
circunda completamente a superfície
temporal, formando a face posterior da
articular do osso temporal e do proces-
fossa mandibular e fornecendo fixação
so condilar da mandíbula, recobrindo
para a cápsula articular.
toda a articulação, se inserindo superiormente ao longo de toda a circunfe-
Em relação à localização das estruturas
rência da fossa mandibular e tubérculo
ósseas, temos visto que a posição do
articular e, inferiormente ,ao longo do
côndilo em relação à eminência articular
colo do côndilo no nível da fóvea pteri-
tem sido um assunto bastante discutido
góidea. A sua camada externa é forma-
há anos. De um ponto de vista estrita-
da por tecido conjuntivo rico em fibras
mente estático, a posição do disco de-
de colágeno. A camada interna é reves-
pende da forma da fossa, da inclinação
tida por células endoteliais específicas
da eminência e da forma do côndilo. Nos
que formam a estrutura da membrana
anos 70, localizou-se o côndilo em uma
sinovial. Os tecidos sinoviais ricamente
posição geometricamente cêntrica na
vascularizados e inervados segregam
fossa. Já as definições atuais orientam
o líquido sinovial e fornecem nutrientes
essa relação (côndilo-disco-fossa) para
e capacidade imunológica aos tecidos
conceitos funcionais.
intra-articulares.
Capítulo 13
Do ponto de vista histopatológico, deve-
feixe mais profundo estende-se do tubér-
se realçar a importância do líquido si-
culo e do arco zigomático até o polo late-
novial e que alterações do seu fluxo ou
ral do côndilo e parte posterior do disco.
comprometimento do seu metabolismo
Devido à sua posição, alguns movimentos
bioquímico podem predispor os tecidos
são limitados do complexo côndilo/disco.
articulares a malformações adaptativas
Suas fibras mais superficiais impedem o
e degenerativas. Uma propriedade bio-
abaixamento excessivo do côndilo, impe-
química relevante neste processo é a
dindo a abertura bucal excessiva; já as
viscosidade necessária para a ação lu-
fibras mais profundas impedem o movi-
brificadora das superfícies articulares,
mento posterior do disco e do côndilo.
possibilitando os movimentos de deslizamento com o mínimo de fricção, proporcionada pela presença de ácido hialurônico. A membrana sinovial é constituída
por duas camadas: uma celular, que contém vasos sanguíneos, fibroblastos, macrófagos, mastócitos, células adiposas e
fibras elásticas, que se misturam com a
MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO IMPORTANTES
PARA O DESENVOLVIMENTO DA ATM
Músculo Temporal: Tem origem na fossa
temporal e face profunda da fáscia temporal, dirigindo-se para baixo e para fren-
cápsula articular; e outra camada forma-
te, passa por baixo do arco zigomático e
da por tecido conjuntivo fibroso laxo que
se insere na apófise coronoide e no bor-
se serve de apoio para a camada celular.
do anterior do ramo da mandíbula quase
Vale lembrar que umas das funções da
até o terceiro molar. Tem função de ele-
cápsula articular é a propriocepção.
var a mandíbula (fechamento da boca) e
a parte posterior de retrair a mandíbula.
O ligamento lateral é formado por uma
É inervado pelo ramo anterior e posterior
camada superficial em forma de leque
do temporal profundo (ramo mandibular
e orientado obliquamente para baixo e
do trigêmeo).
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para trás e outra mais profunda em direção mais horizontal. O feixe mais super-
Músculo Masseter: É um músculo espesso
ficial estende-se do tubérculo articular e
e quadrilátero constituído por dois feixes;
do arco zigomático até à parte externa e
o feixe profundo com origem no terço
o bordo posterior do colo do côndilo; o
posterior do bordo inferior e toda a face
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medial do arco zigomático, dirigindo-se
Músculo Pterigoideo Lateral: É um músculo
para frente e para baixo para se inserir
grosso que se estende praticamente ho-
na metade superior do ramo e face lateral
rizontalmente entre a fossa infra-tempo-
do processo coronoide. Já o feixe super-
ral e o côndilo, também possuindo dois
ficial tem origem no processo zigomático
feixes- um chamado feixe superior, com
da maxila, dois terços anteriores do bordo
origem na parte inferior da face lateral da
inferior do processo zigomático, dirigindo-
grande asa do esfenoide e na crista in-
-se para baixo e para trás para se inserir
fra-temporal, e o feixe inferior que se ori-
no ângulo e na metade inferior da face ex-
gina na face lateral da lâmina pterigoide
terna do ramo da mandíbula. Sua função
lateral do esfenoide. Ambos irão se diri-
é de elevar a mandíbula e é inervado pelo
gir para trás, para fora e horizontalmente
nervo massetérico.
para se unir na parte anterior do colo do
côndilo e margem anterior do disco. Sua
Músculo Pterigoideo Medial: É um músculo
função é de abertura bucal, protrusão e
espesso e quadrilátero, que possui dois
lateralidade, sendo inervado pelo nervo
feixes, ocupando o espaço da face in-
pterigoideo lateral.
terna do ramo da mandíbula por baixo
do masseter. O feixe profundo se origi-
Músculo Supraioideo: É formado por quatro
na na face medial da lâmina do pteri-
músculos que se situam entre a mandíbu-
goide lateral do esfenoide e processo
la e o osso hioide, com uma grande par-
piramidal do palatino; já o feixe super-
ticipação no movimento de abaixamento
ficial se origina na face lateral do pro-
mandibular.
cesso piramidal do palatino e na tuberosidade maxilar. Esses dois feixes se
Entre eles podemos citar: músculo digás-
direcionam para baixo, para fora e para
trico, formado por dois feixes: o ventre
trás e se encontram na parte inferior e
anterior, com origem em uma depressão
posterior da superfície medial do ramo
no lado interno da mandíbula junto à
e ângulo da mandíbula. Sua função é
sínfise, com direção para baixo e para
o fechamento bucal e é inervado pelo
trás para se unir ao ventre posterior,
nervo pterigoideo medial.
que tem origem na apófise mastoide
do temporal, com sua direção voltada
para baixo e para frente unindo-se ao
Capítulo 13
ventre anterior pelo tendão, se fixando
VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DA ATM
no corpo e no grande corno do hioide.
O músculo miloioideo se insere na linha
A vascularização da articulação temporo-
miloioidea na face interna da mandíbu-
mandibular é basicamente fornecida pela
la, com sua direção voltada para baixo e
artéria maxilar e pela artéria temporal su-
para dentro, se unindo no corpo do hioi-
perficial em razão de serem os ramos mais
de. Na linha média ele irá se juntar com
importantes da carótida externa, através
o contralateral formando o pavimento da
dos ramos auricular profundo, meníngea
cavidade bucal.
média, temporal posterior, auricular posterior e occipital. A inervação é fornecida
Já o músculo genioioideo é um músculo
por todos os ramos da divisão mandibu-
com características de ser estreito com
lar do trigêmeo, ou seja, principalmente
origem na face interna da sínfise men-
pelos nervos auriculotemporal, masseté-
toniana, com sua direção voltada para
rico, temporal profundo e pterigoideo. No
baixo e para trás para pode se unir na
espaço ou fossa retromandibular, o nervo
face anterior do osso hioide, ficando em
auriculotemporal é responsável pela sen-
contato com o oposto. O músculo es-
sibilidade da articulação e os outros ra-
tiloioideo tem sua origem na superfície
mos desviam-se para inervar o tímpano
posterior e lateral do processo estiloide,
e a parede anterior do conduto auditivo
com sua direção voltada para baixo e
externo. O estímulo intenso e contínuo de
para frente, para poder se unir no corpo
um nervo por meio de sinais no núcleo
do hioide.
central, junto aos neurônios intimamente
relacionados com o nervo estimulado, irá
Músculo Infraioideo: Conjunto de quatro
produzir uma dor refletida, que é um fenô-
músculos localizados abaixo do osso
meno central com um estímulo de origem
hioide, que auxiliam na abertura forçada
periférica. Como exemplo, a dor intensa
da boca, fixando o hioide para permitir
em um dente na mandíbula (zona do ner-
uma maior ação dos músculos supra-hi-
vo dental inferior) pode levar à trigemial-
óideos. Os quatro músculos que citamos
gia. Isto explica, sob o ponto de vista da
acima são: esternoioideo, esternotireoi-
neurologia, dores na região do trigêmeo
deo, tiroioideo e omoioideo.
oriundas na ATM, que pode confundir o
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diagnóstico correto.
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ETIOLOGIA DAS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES
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As disfunções temporomandibulares apre-
Alguns pesquisadores acreditam que to-
sentam um caráter multifatorial pois ainda
das as teorias propostas possuem uma
existe uma concordância sobre a etiologia
base hipotética e não têm necessaria-
de uma disfunção da ATM e vários pesqui-
mente qualquer significado clínico, como
sadores tentam encontrar origens para jus-
diz Zarb e Mohl22. Já Schiffman, Fricton
tificar essa patologia devido à mesma estar
e Haley18 ressaltam que uma teoria não
associada à hiperatividade muscular, trau-
pode explicar adequadamente a ocor-
ma, estresse, emocional, maloclusão, além
rência de todas estas disfunções. A ori-
de inúmeros outros fatores predisponentes,
gem multifatorial das DTMs é citada por
precipitantes ou perpetuantes dessa con-
muitos pesquisadores como Bianchini3 e
dição. Há teorias que explicam a etiologia
os mesmos enfatizam a maloclusão, o es-
da DTM, como a do deslocamento mecâ-
tresse e os hábitos parafuncionais como
nico, acreditando-se que ocorra um deslo-
fatores de risco importantes.
camento condilar decorrente de problemas
oclusais; a neuromuscular propõe que a
O pesquisador Okeson15 cita que os fa-
maloclusão traz como consequência hábi-
tores etiológicos de uma DTM podem ser
tos orais nocivos alterando a musculatura
devido a um trauma (direto e indireto), al-
ou a ATM além de produzirem mudanças
terações anatômicas, alterações fisiopato-
na oclusão. Já a psicofisiológica acredita
lógicas, como fatores sistêmicos ou locais
que o principal fator causador das DTMs
e alterações psicossociais. O trauma pode
é o estresse ou outros desajustes emocio-
ocorrer quando há uma força aplicada nas
nais, sendo que os hábitos parafuncionais
estruturas anatômicas que ultrapassa a
são consequências do estado emocional
carga funcional normal. Quanto maior for a
do indivíduo, que levam à hiperatividade
duração e a intensidade desta força, pior
muscular e podem causar DTM; a psicoló-
será o trauma resultante. O autor divide os
gica atribui a DTM a uma origem psicológi-
traumas em três tipos: direto, que é quan-
ca, sem haver uma relação importante com
do acontece um golpe súbito e isolado nas
as disfunções orgânicas.
estruturas, podendo aparecer inflamação
Capítulo 13
e perda da função; indireto, quando ocor-
DTM podem apresentar características
re um golpe súbito, sem contato direto en-
de personalidade que tornem as situa-
tre as estruturas envolvidas, como no caso
ções da vida complicadas. Geralmente,
de trauma por aceleração-desaceleração;
esses indivíduos são mais ansiosos e
e os microtraumas, que ocorrem devido às
podem possuir outras desordens rela-
forças repetitivas e prolongadas durante
cionadas com o estresse. De Boever 5
um determinado tempo, como os hábitos
faz algumas referências sobre as DTMs
parafuncionais. Outros fatores que podem
que aparecem devido à profissão do
agravar o quadro da DTM são os atos
indivíduo exercer uma força maior so-
de comer, bocejar, gritar ou abrir a boca
bre a articulação temporomandibular; já
exageradamente, quando realizados com
autores como Schiffman, Fricton e Ha-
muito estiramento ou compressão e o bru-
ley 18 acreditam que os hábitos parafun-
xismo. Os fatores etiológicos anatômicos,
cionais são fatores etiológicos para al-
como desproporções e malformações es-
guns indivíduos, sendo que os mesmos
queléticas, podem provocar deslocamen-
podem desencadear ou agravar esta
to de componentes articulares. Há referên-
patologia. Okeson 15 sugere que a com-
cias de que a ingremidade da eminência
binação de dois aspectos como a hiper-
articular possa ser um fator etiológico da
mobilidade articular e uma parafunção
DTM, além dos efeitos da radiação e das
podem ser fatores muito predisponen-
doenças sistêmicas como desordens de-
tes a uma patologia na ATM. Com isso,
generativas, infecciosas, metabólicas e
em virtude de toda esta complexidade
vasculares, também podem influenciar no
etiológica e da variedade dos sinais e
aparecimento das DTMs.
sintomas que podem, genericamente,
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também representar outras patologias,
Muito se discute e se comenta que os
o reconhecimento e a diferenciação das
fatores etiológicos psicossociais podem
disfunções temporomandibulares po-
desencadear ou manter a DTM em al-
dem apresentar-se de forma não muito
guns indivíduos e que os pacientes com
clara ao profissional.
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Ligamento Lateral
(temporomandibular)
Cápsula Articular
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Ligamento Esfenomandibular
Processo Estilóide
Ligamento Estilomandibular
Artéria Meníngea Média
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Cápsula Articular
Nervo Mandibular e Gânglio Ótico
Nervo Auriculotemporal
Artéria Maxilar
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Nervo Alveolar Inferior
Nervo Lingual
Ligamento Esfenomandibular
Artéria e Nervo Milo-hióideos
Ligamento Estilomandibular
01  Vista lateral ATM.
Capítulo 13
02  Vista óssea da articulação
temporomandibular.
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Fossa
Osso Temporal
Disco
Côndilo
Músculo Masséter
Mandíbula
03  Esquema topográfico
região condilar.
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LEMBRAMOS
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SINAIS E SINTOMAS DA DISFUNÇÃO DAS ATMS
NÃO DEIXAR DE FAZER AS SEGUINTES PER-
PODEM INCLUIR
GUNTAS NA ANAMNESE
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ŠŠ Dificuldade para abrir a boca de manhã,
ao acordar;
ŠŠ Dores no maxilar e no osso da bochecha;
ŠŠ Sentir dores ou cansaço no maxilar ao
comer;
ŠŠ Dores ou zumbido nos ouvidos;
ŠŠ Dores de cabeça;
ŠŠ Dores atrás dos olhos;
ŠŠ Alterações na mordida;
ŠŠ Ruídos na articulação do maxilar como
estalos ou cliques ou chiados ao abrir e
fechar a boca;
ŠŠ Travamento do maxilar quando fechado;
ŠŠ Deslocamento do maxilar quando aberto;
ŠŠ O maxilar não se movimenta de um
lado para o outro e nem para frente corretamente;
ŠŠ Dores quando a área das ATMs ou os
músculos do maxilar são tocados
ŠŠ Inchaço ao redor das ATMs.
ŠŠ Origem do problema;
ŠŠ Duração, caráter e localização de qualquer dor que esteja sentindo;
ŠŠ Consciência de que seu maxilar esteja
sendo cerrado ou triturado durante a noite
e/ou dia;
ŠŠ Se você acorda de manhã com o maxilar rígido;
ŠŠ Sintomas que se intensificam quando
está sob estado de maior estresse;
ŠŠ Histórico de artrite em outra parte do
corpo;
ŠŠ Histórico familiar de algum problema
similar;
ŠŠ Histórico de traumas no maxilar, na cabeça ou no pescoço;
ŠŠ Ruídos nas articulações (como cliques,
estalos ou chiados);
ŠŠ Limitações nos movimentos do maxilar
inferior;
ŠŠ Qualquer desconforto relacionado;
ŠŠ Tratamentos atuais ou anteriores.
Capítulo 13
ALERTAMOS
MECANISMO DA CREPITAÇÃO
LUXAÇÃO - REDUÇÃO ESPONTÂNEA
O estalo ou click da articulação ouvido
Na abertura máxima da boca, o disco
pelo paciente, e às vezes pelo exami-
interarticular se interpõe entre o côndilo
nador, é uma crepitação articular pouco
e a eminência articular. Quando ultra-
esclarecida. Surge e desaparece es-
passa este limite, o côndilo fica luxado
pontaneamente em 50% da população.
e o paciente fica de boca aberta, não
Ocorre por uma descoordenação entre
conseguindo fechá-la. É preciso que se
o côndilo e o disco durante o movimento
faça a redução manual ou cirurgia. En-
de translação, no qual perdem por um
tretanto, em 35% da população geral,
momento a sua relação de alinhamento.
normalmente ocorre a luxação com a
Em casos mais severos de bloqueio da
redução espontânea sem que se perce-
ATM, o disco articular pode estar des-
ba. Dependendo de a cápsula ser mais
locado em direção anterior ou dobrado
ou menos frouxa e de maior ou menor
sobre si mesmo, como demonstram ar-
proeminência da eminência articular, o
trografias feitas com radiografias com-
disco, nesta passagem, pode ou não
putadorizadas ou na ressonância mag-
ser traumatizado, resultando em dor.
nética dinâmica. A presença do “estalo”
na articulação sem acompanhamento
de bloqueio ou de dor não tem o menor
significado patológico uma vez que não
produz disfunção que justifique tratamento mais enérgico. É muito frequente
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como o é na coluna cervical durante os
seus movimentos.
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ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR - Posição fechada
normal. Osso do maxilar é separado do crânico por um disco flexível
que age como um amortecedor quando você mastiga, fala e engole.
ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR - Posição aberta normal.
Disco permanece no lugar quando o maxilar está em uso.
ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR - Posição anormal.
Disco é puxado para frente quando o maxiliar está em uso,
obrigando as estruturas ósseas a atritarem entre si.
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Placas relaxantes ou aparelhos noturnos são
geralmente usados em seus dentes para o
tratamento das disfunções das ATMs.
04  Esquema ilustrativo da ATM.
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TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES
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“O tratamento imediato da dor na sua fase
fatores fundamentais para um possível
aguda é eminentemente conservador, e
diagnostico e tratamento correto. Por-
deve ser sempre considerado e praticado
tanto, o tratamento de DTM é voltado
antes de qualquer outro mais agressivo,
tanto para alívio da sintomatologia como
não importa a etiologia. O tratamento con-
para identificação dos fatores predis-
servador consiste em repousar a articula-
ponentes, iniciadores e perpetuantes.
ção sem imobilizá-la”.
O importante, e lógico, é uma abordagem inicial voltada para a disfunção e
As alternativas de tratamento sempre
dor e nenhum tratamento invasivo como
devem ser baseadas em evidências
cirurgias, ortodontias, próteses e apa-
científicas e tratamentos conservadores
relhos ou dispositivos interolcusais co-
pouco invasivos são sempre a primei-
nhecidos como placas de uso contínuo,
ra escolha, pois o arsenal terapêutico
encontram respaldo científico como te-
descrito na literatura para tratamento
rapia inicial para as disfunções tempo-
das disfunções temporomandibulares
romandibulares e para a dor orofacial.
é bastante diverso, incluindo aconse-
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lhamento para mudança de hábitos
Um aspecto bastante importante é que
nocivos, fisioterapia, modificações re-
as dores manifestas no complexo crâ-
versíveis do padrão oclusal, como dis-
nio-cérvico-orofacial nem sempre serão
positivos interoclusais, Ortodontia, Re-
originárias nas estruturas do aparelho da
abilitação oral e Cirurgia. Okeson cita
mastigação, sendo formada pelos dentes,
que vários fatores devem ser conside-
músculos e ATM. Muito embora as dores
rados para o tratamento de DTM, onde
orofaciais mais frequentes sejam as de
o padrão oclusal (relação das arcadas
origem dentária, deve-se tomar muito cui-
dentárias), trauma, estresse emocional
dado no diagnóstico diferencial das dores
e atividade parafuncional (hábitos no-
que se manifestam na região da cabeça,
civos como bruxismo, entre outros) são
do pescoço e da face.
Capítulo 13
Uma opção bastante utilizada por especialistas é o tratamento dividido em
duas partes: diurno e/ou noturno, onde
o tratamento diurno, dependendo do
tipo de disfunção, vai desde o comportamental cognitivo, correção da postura
de boca, hábitos parafuncionais, terapia
muscular, desativação dos pontos gatilhos existentes na musculatura da mastigação, avaliação da mordida para verificação de interferências oclusais, até
um tratamento oclusal. Já o tratamento
noturno, se necessário, é o uso de uma
placa estabilizadora, ou seja, um dispositivo intra-oral que é usado para proteger os dentes, os músculos e a ATM, e
sua indicação deve ser realmente precisa, selecionando conforme a disfunção
que o paciente apresenta.
PLACA ESTABILIZADORA
A placa estabilizadora é um dispositivo
interoclusal rígido e removível, onde é
importante salientar que deve ser rígida,
confeccionada em acrílico, não podendo ser macia (de silicone), pois esta aumenta a parafunção do paciente, piorando assim, o seu quadro clínico, levando
o paciente perpetuar a sua disfunção
da ATM, recidivando frequentemente os
sintomas. A mesma necessita de ajustes sucessivos e contínuos, devolvendo
contatos bilaterais e simultâneos e tem
suas finalidades de distribuir as forças
oclusais, promover estabilidade oclusal,
proteger os dentes de cargas que venham a ser traumáticas, reduzir desgaste dental nos pacientes que rangem os
dentes à noite, no caso do bruxismo, e
estabilizar os dentes que não possuem
os seus antagonistas.
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TIPOS
Vários autores relacionam diversos ti-
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pos de placas oclusais e estabelecem
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classificações segundo a finalidade e
as características das mesmas. Procurando simplificar a compreensão desta
afirmação relacionaremos abaixo a classificação estabelecida por Dawson, com
pequenas modificações:
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05  Placa estabilizadora DTM.
1.Placa Permissiva: Os côndilos ficam livres
para excursionar sem restrições de movimento.
1.1. Placa Miorrelaxante: (estabilizadora) cobertura total e cobertura parcial (anterior);
2. Placa Directiva: tem por objetivo posicionar a mandíbula em uma relação específica
com a maxila, alinhando côndilo e disco.
Capítulo 13
PRINCÍPIO DE AÇÃO
ACUPUNTURA
A razão da eficiência na redução de sinto-
Uma alternativa complementar para o possí-
mas não está totalmente clara, mas várias
vel tratamento das disfunções, evitando cau-
teorias foram propostas para tentar expli-
sar desconforto e perda do sono é a famosa
car seu mecanismo de ação.
terapia com acupuntura que, diferentemente
das placas estabilizadoras, possui a vanta-
Clarck enumera 5 teorias que explicam o me-
gem de proporcionar um sono melhor e uma
canismo de ação das placas interoclusais:
melhor qualidade de vida; além de aliviar a
ŠŠ Teoria do desengrenamento oclusal,
que proporciona ao paciente, através da
placa, uma oclusão “ideal”;
ŠŠ Teoria da restauração da dimensão
vertical, que devolveria ao paciente a dimensão vertical de oclusão (DVO) que foi
perdida, reduzindo ou eliminando todas
as atividades musculares anormais;
ŠŠ Teoria do realinhamento maxilomandibular, que preconiza o alinhamento da posição mandibular em relação à maxila através de placas interoclusais baseando-se
em detalhes anatômicos que orientariam a
montagem dos modelos em articulador;
ŠŠ Teoria do reposicionamento da ATM
para uma posição determinada através de
imaginologia;
ŠŠ Teoria da consciência cognitiva, que se
baseia no conceito de que a presença de
qualquer tipo de aparelho interoclusal na
boca alerta o paciente constantemente a
alterar os comportamentos anormais ou
danosos ao sistema estomatognático.
dor, a técnica se vale de pontos que reduzem o estresse e a ansiedade, condições
que agravam a DTM e trazem um efeito muito semelhante ao da placa. A acupuntura é
uma técnica de tratamento da Medicina tradicional chinesa que consiste no estímulo de
pontos determinados da superfície da pele,
denominados “meridianos”, que são canais
de energia, onde se localizam pontos que
deverão ser estimulados tanto para sedação como para tonificação, com o objetivo
de equilibrar a energia vital do ser humano.
Podem ser utilizados neste processo agulhas, ventosas, cromoterapia, auriculoterapia, massagens, e até o calor proveniente
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da queima da moxa, preparada a partir da
erva artemísia. Esta técnica, através do seu
mecanismo de analgesia, colabora para a
diminuição do consumo de medicamentos,
assim como analgésicos e anti-inflamatórios.
Também é um ótimo auxílio no alívio da dor
pós-operatória em cirurgias odontológicas
assim como as de terceiros molares inclusos.
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ISBN 978-85-60842-68-1
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