Interiorização do cresc imento econômico: o caso da mesor

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JULIANA MARLY DA COSTA
INTERIORIZAÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO:
O CASO DA MESORREGIÃO DO
SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO
RECIFE
2011
INTERIORIZAÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO: O CASO DA MESORREGIÃO DO SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO
Orientador:
ENILDO MEIRA DE OLIVEIRA JUNIOR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Ciências Econômicas, da Faculdade São Miguel, como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Ciências Econômicas.
Trabalho julgado adequado e aprovado com conceito ( A ) em 17/02/2012
Banca Examinadora
___________________________________________________
Artur Gilberto Garcéa de Lacerda Rocha, Faculdade São Miguel
___________________________________________________
Roberto da Silva Alves, Faculdade São Miguel
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Interiorização do crescimento econômico: o caso da mesorregião do São Francisco pernambucano
FACULDADE SÃO MIGUEL
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
AGRADECIMENTOS
Durante a minha formação sempre houve uma presença e um suporte
incondicional muitas vezes foi um amigo, outras vezes a família e ainda por
outras meus mestres, agradeço a Deus, pela resistência e persistência concedidas para o alcance dos meus objetivos em minha vida e neste trabalho.
Sou grata aos meus pais José e Marli e irmãos pela base e investimento pessoal que foram muito importantes. Aos amigos admiráveis José Luís Alonso,
Ladjane, Adalberto, minha madrinha Elisete, e todos que me receberam com
carinho juntos são uma equipe de pessoas muito importantes em minha trajetória e estão em meu coração
A meus amigos Adriano dos Santos, Angélica Diniz, Alessandra de
Farias, Carlos Henrique, Edgar Alves, Elton Guimarães, Fábio Luiz, Jaqueline
Liberato, José Fernando, Marcos Balduíno, Magaly de Almeida, Pérolla Rodrigues, Rafaela Holanda, Sabrina Áurea, Sidney Martins e Wildson Mário, com
os quais me formei durante o período da graduação, e que fizeram deste
curso interessante e rico em experiências e conteúdo. Uma turma sem igual.
RESUMO
O presente trabalho reuniu análises sobre dados e elementos para compreensão e identificação dos fatores que elevaram o dinamismo econômico da
Mesorregião do São Francisco Pernambucano durante o período de 2003 a
2010, e como esse dinamismo tornou visível a potencialidade de geração
de emprego e renda nas regiões semi-áridas e mais afastadas da capital
pernambucana. Teve como objetivos específicos apontar as principais atividades geradoras de renda, identificar a proporção do emprego geral, por
setor econômico e identificar a composição das faixas de remuneração salarial da mão-de-obra ocupada, por município na Mesorregião do são Francisco
Pernambucano. Este estudo utilizou para o método de abordagem quantitativo e qualitativo tendo por fonte de pesquisa dados da base do MTE/CAGED
e bibliográfica por meio de material publicado em jornais, revistas, livros e
fontes virtuais. Quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva na medida em que
buscou expor características do fenômeno, e, explicativa, pois procurou esclarecer os fatores que contribuíram para ocorrência do mesmo, tendo em
vista o reconhecimento da importância das atividades que contribuem para
alcance de uma melhor distribuição de crescimento para o Estado, geração
de renda e emprego para os cidadãos e otimização na alocação dos fatores
produtivos integrando contribuindo para o desenvolvimento do Estado de
Pernambuco. A análise dos dados demonstrou a influência da relação entre as variáveis referentes à escolaridade, mão-de-obra, remuneração salarial, emprego, atividades econômicas desenvolvidas na mesorregião e o seu
crescimento econômico, exibindo dessa forma a importância do investimento
em setores estratégicos da economia para o desenvolvimento das regiões
mais pobres do Estado de Pernambuco.
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SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO.........................................................................127
2.
REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................129
2.1 Revisão bibliográfica sobre as teorias de crescimento econômico
e regional.............................................................................129
2.2
O Processo Histórico de formação sócio-econômico da
Mesorregião do São Francisco Pernambucano............................135
2.3 A Mesorregião do São Francisco Pernambucano..........................141
2.4 Comportamento da Economia da Mesorregião do São Francisco
Pernambucano.......................................................................144
3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................154
REFERÊNCIAS.................................................................................157
1.INTRODUÇÃO
A pesquisa desenvolvida é o resultado de estudos elaborados sobre
os efeitos da geração de emprego e renda na Mesorregião do São Francisco,
objetivando responder à seguinte questão: Por que a Mesorregião do São
Francisco Pernambucano apresentou características de uma região dinâmica,
no que diz respeito à geração de renda, no período de 2003 a 2010?
Como objetivo geral, pretendeu-se avaliar o dinamismo econômico da
Mesorregião do São Francisco Pernambucano, no período de 2003 a 2010,
bem como os aspectos que influenciam este dinamismo, sejam eles ligados
ao emprego da mão de obra, ou remuneração salarial, visto que entre os
anos de 2003 2 2010 o país vivenciou um favorável momento de crescimento
e estabilidade econômica no governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva.
E como objetivos específicos apontar as principais atividades geradoras de
renda, identificar a proporção do emprego geral, por setor econômico e identificar a composição das faixas de remuneração salarial da mão-de-obra ocupada, por município na Mesorregião do são Francisco Pernambucano
A classificação da pesquisa obedeceu a dois aspectos: quanto aos fins
e quanto aos meios. O estudo para elaboração do Trabalho de Conclusão de
Curso foi realizado empregando o método de abordagem quantitativo, pois
foram utilizados dados relativos à mão de obra, emprego formal, remuneração salarial dos municípios que compõem a Mesorregião e qualitativo foram
apontadas as principais atividades econômicas vinculadas à geração de emprego e renda na Mesorregião. Quanto aos meios é documental, porque foram
usados dados da base do MTE/CAGED e IBGE; e, bibliográfica, em virtude
da analisar material publicado em jornais, revistas, livros, fontes virtuais e
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Palavras-chave
Dinamismo econômico. Emprego. Mesorregião. Remuneração Salarial. Pernambuco.
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outros.
Quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva na medida em que buscou
expor características do fenômeno, e, explicativa, pois procurou esclarecer os
fatores que contribuíram para ocorrência do mesmo. Foram trabalhadas variáveis independentes, como a quantidade de emprego e de renda por setor
econômico da Mesorregião.
O panorama econômico do Nordeste, e de Pernambuco em particular, expõe uma estrutura produtiva dependente de outras regiões do país
e agrava-se quando a comparação é com o Sudeste brasileiro. Apesar de
Pernambuco compor com o Ceará e a Bahia o grupo de estados mais ricos
da região e de ter se beneficiado bastante das políticas governamentais de
investimento nos últimos tempos, que têm contribuído para a manutenção do
nível de crescimento, ainda está muito longe de representar uma economia
sólida, moderna e desenvolvida.
Ainda assim, a economia de Pernambuco, por sua importância relativa,
apresenta as características de um espaço polarizado e reflete, obviamente,
na região em que está inserida. Em Pernambuco, assim como em outros estados da região, é no interior, que a estagnação e a pobreza se tornam mais
evidentes pela distância em relação às áreas mais polarizadas do estado,
principalmente em relação à região metropolitana.
Entretanto, algumas regiões despontam como realidades exitosas de
interiorização do crescimento e desenvolvimento. Um desses casos, de que
se tem falado positivamente, é a Mesorregião do São Francisco Pernambucano.
Formada por quinze municípios, esta área de Pernambuco desperta a
curiosidade, para se analisar as suas reais potencialidades, principalmente
no que diz respeito à geração de emprego e renda desta região do sertão
pernambucano. Uma região que era vista como um enclave ao crescimento,
por ser pouco produtiva, através de atividades ligadas às potencialidades
econômicas da própria região dinamizou a circulação de renda e promulgou
o crescimento dentro do sertão nordestino.
A valorização destas potencialidades torna a Mesorregião atraente a
fatores geradores de emprego e renda, e influência direta e indiretamente
nas demais áreas da região nordestina, podendo ela servir como um modelo
para outras áreas com características econômicas semelhantes, que almejem
valorizar os aspectos naturais em particular e aumentar sua eficiência produtiva fomentando a geração de emprego e renda, ao mesmo tempo em que
tornam as economias regionais interioranas mais igualitárias e equivalentes
às economias das regiões metropolitanas.
O Estudo da Mesorregião do São Francisco Pernambucano pretendeu contribuir para o reconhecimento da importância de estimular atividades que
colaboram na descentralização dos benefícios do crescimento econômico que
acontece no Estado de Pernambuco.
A estrutura do trabalho é iniciada pela introdução, que ilustra os objetivos, a metodologia e a importância e contribuição da pesquisa realizada;
o segundo subdivide-se em quatro: a primeira subseção faz referência à revisão bibliográfica sobre as teorias que refletem sobre a geração de renda e
a economia do nordeste; a segunda aborda o processo histórico de formação
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2.
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Revisão bibliográfica sobre as teorias de crescimento econômico e regional.
A busca por maximizar o bem estar social leva o homem a meditar
sobre os temas da Ciência Econômica, desde suas razões históricas até sua
concepção prática, pois por meio da economia são instituídos padrões de
produção e organização social, que definem o perfil de cada nação no cenário
global.
Para alcançar este objetivo a Ciência Econômica utiliza de vários ramos do conhecimento para compreender a formação dos muitos cenários
existentes, busca a interpretação dos fatos pela ótica da história, geografia,
política, filosofia, matemática entre outros conhecimentos exercidos pelo ser
humano, que ajudam a analisar melhor a conjuntura econômica das diversas
regiões. No estudo da economia o conhecimento das diversas variáveis que
impactam direta ou indiretamente no progresso, ou mesmo o seu equilíbrio econômico, revela a importância do exame dos efeitos de suas transformações ao longo do tempo em certa região, estado ou nação.
A compreensão da magnitude dos impactos de algumas destas variáveis é essencial para a contextualização e concepção de seus impactos ao
crescimento econômico, nesse intuito se encontra o conceito de Renda Nacional, que pode ser definida como aquela que tem origem na produção de
bens e serviços ofertados pelos residentes de um país (BLANCHARD, 1999
Apud SANTANA, 2006).
Na análise da macroeconomia, a Renda Nacional reúne o total de pagamentos feitos aos diversos fatores de produção, utilizados para obtenção do
Produto Nacional que simboliza o valor monetário dos bens finais produzidos
pela economia, que por sua vez é utilizado como meio de medir o desempenho da economia do país ou região, esse indicador pode ilustrar a posição
do dinamismo econômico em certo período em estudo.
Ao medir o desempenho de uma economia o que se pretende é quantificar de alguma forma o bem estar causado à sociedade por meio da atividade econômica, e em que pontos ela deve ser estimulada a fim de gerar
mais bem estar social. Um dos fatores intrínsecos ao crescimento da Renda
Nacional é o emprego, esta variável tem uma relação diretamente proporcional com a renda, pois maiores níveis de emprego elevam os níveis gerais
de remuneração da mão-de-obra e consequentemente o poder de consumo
das pessoas e isto trará mais bem estar à sociedade como um todo (FONSECA, 2004).
No estudo desses fatores alguns economistas buscaram delimitar
variáveis importantes na geração de renda e nível da atividade econômica,
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sócio-econômico, o terceiro trata das características e a quarta subseção
aborda o comportamento da economia da Mesorregião do São Francisco Pernambucano. Por fim se consolidam as considerações finais do estudo.
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elaboraram teorias que interligavam salários, emprego, produtividade entre
outros fatores em suas apreciações. Os economistas clássicos analisavam a
economia e o mercado de trabalho de maneira linear e mais pragmática, para
Jean Baptiste Say, por exemplo, a oferta criaria sua própria demanda, ou
seja, haveria sempre uma eficiente auto-regulação dos mercados. E no mercado de trabalho, como não seria diferente, um excesso de oferta de mãode-obra devia provocar um movimento de queda dos salários reais, capaz de
reduzir a oferta e elevaria a demanda.
Dessa maneira, a auto-regulação dos mercados acarretaria o desaparecimento do desemprego, pois a oferta de mão-de-obra se tornaria igual
à demanda. Porém, este modelo não era capaz de assimilar situações na
quais a produção não seja absorvida, e por efeito provoque desemprego. Por
esta razão se fez necessário a elaboração de novos postulados e modelos
mais completos, capazes de identificar meios de combate ao contínuo aumento do nível de desemprego (RAMOS, 2003).
No contexto de minimizar os efeitos negativos do desemprego compreender os fatores de geração de emprego tais como suas políticas de promoção de distribuição de renda são cada vez mais essenciais quando se
observa o atual crescimento da economia brasileira. Observa-se que o país
tem cada vez mais investido em iniciativas de transferência de renda, todavia ainda são muitos os limites que dificultam o êxito desses investimentos
(GUIMARÃES, 2008).
Mas especificamente entre as Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil
se observa as grandes disparidades de renda que as tornam não apenas culturalmente, mas economicamente afastadas. Alguns fatores facilitam a compreensão do subdesenvolvimento do Nordeste, como a menor disponibilidade
de recursos naturais (água, minérios e solo), que não estimulam a exploração
econômica na região, também historicamente o processo de industrialização
se deu no Sudeste devido à infraestrutura agrícola e de serviços, e a ação
governamental deficiente na alocação de recursos que em muitos momentos
promoveram o alargamento dessas disparidades (HOLANDA, 1979).
No decorrer do século XX, o Brasil vivenciou um rápido processo de crescimento econômico, notadamente na década de 1930. Esse crescimento foi
mais acentuado em determinadas regiões do País do que em outras e,
como conseqüência as disparidades inter-regionais aumentaram. Nesse
período de início de processo de industrialização brasileira, o crescimento
econômico no país ocorreu com profundas desigualdades regionais, concentrando-se a atividade econômica na região Sudeste e Sul (IPEA, 2010,
p. 97).
As disparidades econômicas entre as regiões Nordeste, Sudeste e Sul
são bastante impressionantes, em meados de 1970 a renda per capita do
nordeste correspondia a um terço da renda per capita deste último, esta
diferença tornara-se maior do que a que era observada entre a renda do
Sudeste e Sul e de países industrializados da Europa. O que demonstrava
a necessidade de desenvolvimento de elementos que estimulassem o dinamismo dos processos produtivos, a modernização dos fatores de produção
e para que dessa forma se consolidasse uma integração inter-regional para
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Hoje, na região, as ausências de empregos ligados, ainda, a subutilização
e sub-remuneração da força de trabalho, por sua vez, associados à pobreza e miséria da população, ultrapassam os níveis sustentáveis de malestar e tendem a para revoltas e conflitos sociais abertos, não somente
no agro, mas também na urbe. (AGUIAR, 1985, p.195).
Porém, apenas o crescimento da economia não assegura que os trabalhadores serão incorporados ao processo de produção e mercado de trabalho
em ampliação. Esse é um dos motivos que tornam essencial um programa de
geração de emprego e renda que seja eficiente em suas ações, desde a elaboração de projetos com elaboração de programas que estimulem a economia
local e que ao mesmo tempo dê a estes trabalhadores garantia condições
mínimas de sobrevivência. (CACCIAMALI, 1995).
Um importante ponto de partida é fazer um bom diagnóstico e mensurar
o potencial econômico do município, identificando-o em termos tanto locacionais quanto de disponibilidade de recursos produtivos e de qualidade
dos recursos humanos (GUIMARÃES, 2008, p.10).
De acordo com Hirschman (1974, p. 219) “A estratégia é escolher alguns projetos-chave para concentrar o esforço do crescimento”.
O bom planejamento de projetos e programas públicos e privados que
estimulem as potencialidades elevando o dinamismo econômico das regiões
traz consigo impactos positivos na geração de emprego e renda dessas áreas,
desde as atividades que se relacionam com a criação desses projetos até ao
próprio funcionamento delas, e que apesar das dificuldades de implantação,
são essenciais ao crescimento econômico regional (HEINZE, 2002).
O investimento endógeno, ou seja, aquele que se inicia de dentro da
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alcançar uma possível solução aos entraves ao crescimento econômico da
região nordeste (SUDENE, 1978).
Segundo Dirceu (2006, p. 134), “É ilusão acharmos que uma região importante como o Nordeste, tão importante do ponto de vista geográfico, cultural,
político, populacional e econômico pode ficar à margem do país.”
Para o Brasil, a importância de entender e compreender fatores que
promovem o emprego se faz essencial principalmente para alcançar um maior
equilíbrio de renda entre suas regiões, vista as sua grande heterogeneidade,
que coloca o país no topo da lista dentre os maiores níveis de concentração
de renda segundo comparações realizadas por órgãos internacionais (BARROS, 2011).
Para encontrar a fonte das disparidades regionais entre o Nordeste e as
outras regiões na década de 1980, foram realizadas análises focadas no fator
emprego, estas análises concluíram que os principais problemas com relação
ao emprego no Nordeste, se encontravam principalmente na precariedade
das relações de trabalho, precariedade esta que era percebida quando se
observou a sub-remuneração, a instabilidade do emprego e a informalidade,
alguns destes obstáculos dificultavam o desenvolvimento de uma economia
mais equilibrada e uniforme em sua extensão, causando outros problemas
ligados ao desemprego e má distribuição de renda (SUDENE, 1985).
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região para atingir as potencialidades regionais, incrementa recursos locais,
cria mais empregos e produz mais efeitos de cadeia na economia regional. A
partir da mobilização da iniciativa local, quer do setor público, quer do setor
privado e da comunidade, como motor para o desenvolvimento regional ou
local, torna-se possível, além disso, alavancar recursos provenientes de fora
da região (CORREIA, 1994).
“A política econômica regional se faz de baixo para cima, a partir das
pequenas comunidades locais” (BARQUERO, 2002, p. 29).
Dessa forma o investimento realizado em pequenos centros e internamente da região estimula o crescimento de dentro para fora, gerando uma
demanda interna que poderá ser expandida, esse crescimento torna-se mais
auto-sustentado, do que um crescimento que dependa em sua maioria de
uma demanda exterior.
Ao buscar investir nas atividades realizadas pelas comunidades locais,
ressalta-se a importância de conhecer as atividades propícias à área, que
possam sustentar o crescimento, trazer retorno financeiro para os investidores e para a população, além de interligar os processos produtivos.
Observa-se que o incentivo as potencialidades produtivas inerentes aos
municípios nordestinos e a utilização de forma eficiente dos seus recursos
produtivos pode tornar a área mais atrativa a investimentos, promovendo
emprego, estimulando a instalação de outras atividades econômicas e promovendo o bem estar social, pois lançam novas oportunidades a população e
a região em si. Os governos locais e federais devem identificar estas potencialidades produtivas e impelir a sustentabilidade dessas atividades (GUIMARÃES, 2008).
Análises sobre projetos que foram estabelecidos com o intuito de dinamizar a economia regional mostram que além de surtirem fortes efeitos
na mesma há um efeito multiplicador que impacta no significativo aumento
da demanda por bens de consumo e serviços, e este por sua vez, estimula o
aumento do número de estabelecimentos industriais e comerciais, gerando
aumento dos níveis de emprego e renda nesses locais (HEINZE, 2002).
De acordo com “The Brookings Institution” (1989), para se alcançar bons
níveis de renda é preciso fortalecer pontos de crescimento econômico da
região, pois o crescimento econômico em si não ocorre de forma bem distribuída, geralmente é atraído por condições favoráveis a sua sustentabilidade.
Conforme PERROUX (1977 Apud Souza 2009, p. 55) “O crescimento
não aparece simultaneamente em toda a parte. Ao contrário, manifesta-se
em pontos ou pólos de crescimentos, com intensidades variáveis, expande-se
por diversos canais e com efeitos variáveis sobre toda a economia”.
Estes pontos de crescimento que devem se desenvolver de acordo com
as atividades econômicas potenciais das regiões, o fortalecimento destes
pontos de crescimento corroboram com o dinamismo econômico de tal maneira a aumentar o volume de empregos e concomitantemente elevando o
nível de renda da mesma (HIRSCHMAN, 1958).
Ainda para Schwartzman (1977):
Constitui um pólo de crescimento uma indústria que, pelos fluxos de
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Segundo Clemente (1994) um pólo de crescimento influencia a área
onde está localizado tornando esta área numa região polarizada. Por sua vez
nesta região se concentra atividades industriais, comerciais e de serviços e a
sua volta gravitam centros de menor proporção que se tornam encadeados
pelas ligações ente seus processos produtivos, ou seja, uma atividade se
conecta a outra pelo fornecimento ou compra do produto de outra.
De acordo com Lopes (1980), “A região polarizada pode ser definida
como uma área na qual as relações econômicas internas são mais intensas
do que nas estabelecidas entre regiões exteriores a ela”
O efeito positivo que o crescimento econômico tem sobre a renda de
uma localidade está além das estatísticas de crescimento propriamente ditas,
traz consigo o bem estar social e melhora de vida para a população, diminuindo conflitos sociais (AGUIAR, 1985).
e acordo com Souza (2009), o efeito positivo gerados pela polarização
se estende além da atividade produtiva em si, pode trazer uma polarização
pelas rendas, que consiste na geração de emprego e renda na economia local, a partir do funcionamento do pólo e das atividades polarizadas, a diversificação da atividade industrial provocadas pelos efeitos de encadeamento da
produção o desenvolvimento de outras indústrias que terão seus processos
produtivos interligados.
Os incentivos a esses pólos dinâmicos da economia principalmente no
nordeste constituem-se em concentrações de avanços e de transformações
concretas sobre a estrutura produtiva, agindo positivamente sobre a dinâmica do emprego e suas conseqüências para a região. Observa-se que mesmo
com características e potencialidades diversas, essas iniciativas já produziram efeitos importantes sobre o nível de emprego e renda e mesmo sobre a
diversificação da economia de cada um dos seus subespaços (LIMA, 1994).
Contudo, deve-se observar a interdependência entre os pontos gerada
pela polarização como salienta Lopes (1979):
Ao conceito de polarização fica inerente uma noção de dependência, donde uma perspectiva de hierarquização, por isso pode-se dizer que um
espaço polarizado é um conjunto de unidades ou de pólos econômicos
que mantêm com um pólo de ordem imediatamente superior mais trocas
e ligações do que com outros pólos de mesma ordem.
Ratificando a existência de uma hierarquia entre pólos Boudeville
(1972, p. 31) define região polarizada como:
Um espaço heterogêneo, cujas diversas partes possuem um caráter complementar e mantém de maneira principal, com um pólo dominante, volume maior de trocas do que qualquer outro pólo de mesma ordem dominando uma região vizinha.
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produtos e de rendas que pode gerar, condiciona a expansão e o crescimento de indústrias tecnicamente ligadas à ela, determina a prosperidade
no setor terciário, por meio das rendas (polarização das rendas) que gera
e produz um aumento da renda regional, graças à concentração de novas
atividades numa zona determinada.
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Quanto à geração de renda, está diretamente ligada à geração de emprego descrevem Souza e Souza: “Admite-se implicitamente que estas duas
variáveis estão positivamente correlacionadas quanto mais as novas atividades geram maiores rendas, maiores serão os níveis de emprego”( 1988
apud COSTA; SOBEL, 2004, p. 410).
Promover a geração de empregos dando ao país maior equilíbrio
econômico entre suas regiões inibe o surgimento de problemas decorrentes
da evasão de trabalhadores de áreas mais pobres para as mais ricas. O que
pode ocasionar maior crescimento econômico da região de destino e diminuir
o crescimento da região de onde saíram. (SOUZA, 1981).
Salienta-se que é importante identificar alguns pontos, dentro da economia regional para efetivar a geração de renda, tais como: identificar as indústrias a implantar de acordo com as características e prioridade da região,
para aperfeiçoar o crescimento da mesma e ao mesmo tempo assegurar a
rentabilidade do empreendimento a ser efetivado; elevar os níveis de renda
per capita e os níveis de emprego da região; proporcionar uma maior a integração interna do da indústria regional, bem como sua diversificação para
torná-la mais dinâmica; proporcionar o planejamento nacional com base na
agregação dos planejamentos regionais, para obter-se a alocação racional
dos recursos escassos e específicos de cada localidade; ocupar mais racionalmente o espaço geográfico do país, distribuindo da melhor forma possível os
recursos de mão-de-obra e as atividades econômicas para assegurar que as
regiões sejam atrativas a investimentos de maneira similar (SOUZA, 1981).
Tornar uma região propícia de crescer economicamente e torná-la
atraente a produção, seja de bens ou serviços é imprescindível para atingir
um bem estar social, pois não se pode erradicar a pobreza sem que se consiga gerar riqueza. Porém, a geração de renda deve estar associada a projetos
que atendam os pressupostos de eficiência econômica, para que se atenda a
demandas provenientes da sociedade, como é o caso da geração de empregos e renda e maior participação nas políticas que levam as transformações
das regiões (CARVALHO, 1988).
Outro artifício que pode ser utilizado para atender ao objetivo de diminuição do desemprego é postergar o início do ingresso da população no
mercado de trabalho. Ao permanecer por mais tempo no sistema escolar, a
pressão sobre a oferta de trabalho se reduz, na realidade, há um adiamento
da entrada de mais pessoas ao mercado de trabalho. Além desse objetivo, se
agrega a idéia segundo a qual quanto maior a escolaridade, maiores serão
as chances de encontrar emprego, desta forma induzir a permanência da
população no sistema escolar poderia diminuir, direta ou indiretamente, o
desemprego (RAMOS, 2003).
No Brasil, atualmente, se observa implantação de projetos que visam
uma maior integração econômica das regiões mais atrasadas, principalmente
do Nordeste, gerando emprego e renda para as populações locais, e que no
caso do Nordeste brasileiro pode-se citar os projetos no Vale do São Francisco, que através de grandes planos estruturadores atingem avanços econômicos beneficiando a população local e aumentando o bem estar social trazido
pelo crescimento econômico (ARAÚJO, 1997).
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O povoamento da Mesorregião do São Francisco Pernambucano foi
dado inicialmente por criadores de gado saindo da Bahia e de Pernambuco
que se direcionaram ao Sertão subindo a margem do Rio São Francisco, por
volta do século XVII (CONDEPE, 1998).
A interiorização da povoação desta área se deu pela necessidade de
manutenção da atividade pecuária longe das terras litorâneas destinadas a
atividade canavieira, principal atividade econômica da época, evitando assim
que o gado danificasse as plantações de cana-de-açúcar. A pecuária era tida
como atividade complementar à canavieira, mas era essencial pela necessidade do fornecimento de animais de tração e seus derivados para o litoral
açucareiro pernambucano (CONDEPE, 1998).
Segundo ABREU (1975 Apud CAMELO 2005), o gado tinha sua principal
função desenvolvida nos transportes muito ligados ao cotidiano das atividades realizadas nos engenhos, como no processo de moagem da cana-deaçúcar, movimentado por tração animal.
A necessidade de levar o gado para longe das plantações de cana-deaçúcar apenas reforça a importância desta atividade para o Brasil enquanto
Colônia Portuguesa, pois poucos eram os países produtores de açúcar naquela época, fato que elevava o preço do produto e o tornava muito lucrativo e
cobiçado no mercado mundial, pois não existiam muitos produtos concorrentes ou substitutos para ele.
A partir da interiorização da atividade agropecuária o interior do Nordeste foi sendo ocupado e novas atividades desenvolvidas, todavia no o aspecto edafoclimático da região era pouco propício ao desenvolvimento da
agricultura. No Sertão pernambucano a presença do São Francisco tornou
possível a sustentabilidade de uma agricultura tanto voltada ao nível de exportação com alta qualidade quanto à agricultura de subsistência, em terras
tidas secas e impróprias ao cultivo de qualquer cultura não-xerófila e pouco
resistente ao baixo nível pluviométrico. Outro benefício fornecido pelo São
Francisco, além da sustentabilidade da agricultura, é de fornecer uma importante via de transporte através da sua navegação que desde o ciclo da mineração até os dias hodiernos proporciona uma ligação entre Nordeste e Sudeste
brasileiros, sendo chamado de “Rio da Integração Nacional” (CAMELO, 2005).
O florescimento das diversas atividades que geraram e geram renda
no Sertão do Estado de Pernambuco, em particular na Mesorregião, foi em
essência devido à presença do Rio São Francisco. Através dele as populações
puderam se estabilizar de modo a utilizar as suas águas para a manutenção
da agricultura, pecuária, e até mesmo atividades que não eram diretamente
ligadas ao rio.
Esse aproveitamento econômico da localização da Messoregião gerou o
interesse em investir em projetos sócio-econômicos que proporcionassem um
maior dinamismo ao Sertão Nordestino e ao final da década de quarenta foi
criada a Comissão do Vale do São Francisco – CVSF, dando inicio aos projetos
(CONDEPE, 1998).
A partir da década de 60 se observou a necessidade de definir políticas
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2.2 O Processo Histórico de formação sócio-econômico da Mesorregião do São Francisco Pernambucano
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regionais de desenvolvimento próprias para a região do Vale do São Francisco, visto que a região foi considerada uma das principais áreas para elevar
o crescimento econômico do Estado. Então, entidades como a SUDENE e a
FAO, realizaram estudos relacionados ao desenvolvimento agrícola e agroindustrial, em detrimento de suas potencialidades de recursos naturais, entre
outras (SUDENE, 1995).
No contexto econômico e histórico onde a ditadura militar conferia
uma visão nacionalista de desenvolvimento econômico, fortalecer setores estratégicos que promovessem o desenvolvimento e gerasse renda através de
fatores endógenos e próprios do país, a fim de elevar o nível de atividade
econômica no Brasil.
Posteriormente os estudos realizados e as diversas análises sobre a
economia regional, foram elaborados projetos pelos órgãos governamentais como a SUDENE, que obtiveram êxito em seus objetivos de estimular o
desenvolvimento os setores produtivos potenciais, como os de irrigação no
Submédio do São Francisco que incitaram a geração de empregos diretamente ligados às atividades agrícolas das áreas irrigadas e geraram efeitos
multiplicadores em outros ramos econômicos ligados indireta e diretamente
aos perímetros de irrigação, como a indústria de transformação, devido ao
surgimento da agroindústria e o setor de serviços que cresceu para atender
as demandas do crescimento no local (SUDENE, 1995).
Em 1969 o planejamento dos projetos de irrigação foi transferido da
SUDENE para a SUVALE, atual CODEVASF, que continuou desempenhando o
gerenciamento dos projetos, além de receber a colaboração do Centro de Pesquisa do Semi-Árido (CPSTSA) da EMBRAPA e de ONGs que se estabeleceram
na localidade e buscam conjuntamente com outros órgãos regionais pontos
convergentes que assegurem o dinamismo econômico da região (SUDENE,
1995).
Um dos mais importantes pólos de crescimento é a cidade de Petrolina
situada na Mesorregião do São Francisco Pernambucano. Economicamente,
essa região se destaca no âmbito das economias do sertão nordestino pela
dinâmica do processo de desenvolvimento em decorrência da incorporação
da infraestrutura produtiva básica e modernas tecnologias no campo da irrigação e processamento de matérias primas agroindustriais. Alguns outros
fatores como a diversidade nas vias de transportes, favorecem o escoamento
da produção tornam a área atraente a investimentos privados de empresas
exportadoras (SUDENE, 1995).
Ao analisar o contexto ao qual se atrela o crescimento econômico no
interior do estado de Pernambuco percebe-se que o mesmo ocorre em meio a
uma realidade de estagnação e pobreza, devido à insuficiente distribuição de
renda não apenas no Estado, mas na região sertaneja do nordeste brasileiro
de um modo geral, decorrente de uma produção pouco diversificada e pouco
produtiva e irregularidades pluviométricas.
Porém, diferentemente das outras áreas do Nordeste, nas quais as
irregularidades das chuvas prejudicam a produção agrária, a Mesorregião
banhada pelo Rio São Francisco prevalece com uma boa infraestrutura e possibilidade de estímulo ao comércio internacional (ANÁLISE..., 2009; FRANÇA,
2001 Apud SOBEL 2004).
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Ela constitui na região a forma de produção dominante e moldou através
dos séculos a organização econômica, política e social das populações
rurais. A fazenda de gado foi, portanto, a unidade de produção típica do
Sertão nos primeiros séculos da colonização e constitui particularmente
nos anos recentes, uma das principais formas de expansão capitalista na
região. (JATOBÁ, 1985, p.137).
A partir dessa perspectiva, observa-se que de modo geral, o Sertão
do Estado tem como características ser pouco produtivo e distanciado da assistência estatal, o que torna ainda mais discrepantes as diferenças econômicas com as outras regiões dentro do próprio Pernambuco, todavia, a Mesorregião do São Francisco Pernambucano, demonstra sua capacidade de
subsidiar o crescimento interno (SUDENE, 1995).
Dentre os municípios, observa-se que desde o início de sua formação
até recentemente, a economia era voltada à prestação de serviços, comércio
local e agropecuária, da qual se obtinha alguns produtos que eram propícios
ao clima semi-árido nordestino e que tinham como mercados consumidores o
próprio município ou os núcleos regionais. Porém, essa produção não gerava
excedentes suficientes para criar um fluxo de capital que elevasse o crescimento econômico da região (SOBEL, 2006).
Segundo Coelho e Mellet (1995 apud SOBEL, 2006), até meados do
século passado com essa realidade era impossível projetar o futuro da região
como um grande pólo produtivo do País, juntando a este aspecto, havia a
característica climática que tornava o sertão pouco habitado, afligido pelas
secas, e aliado a estas características os municípios se apresentavam com
uma estrutura produtiva bastante deficiente.
O que se ressalva é que regiões que já possuem uma infraestrutura
implantada e uma rede de empresas atuantes acaba por atrair novos empreendimentos, pois nestas áreas há menores custos relativos à transporte,
entre outros fatores, diminuindo o preço do produto e tornando-o mais
competitivo, o que não era característica da região nordestina Por isso, a
região do sertão nordestino não era atrativa e não possuía um bom nível
de produção, fazendo necessários investimentos para desenvolver a infraestrutura necessária à atração de atividades.
Na década de 70, foram iniciados os investimentos na região, con-
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Devido à boa localização geográfica, foram desenvolvidas atividades
de irrigação para a manutenção da fruticultura, com vistas a atender demandas de frutas pelo comércio exterior, além de atividades agropecuárias e
comércio, que contribuem para a formação do segundo maior PIB per capita
do Estado (ANÁLISE..., 2009).
Essa sub-região resiste como exceção à regra, pois se observa que
historicamente a economia do Sertão nordestino se deu em detrimento da
exploração da pecuária e da cultura do algodão, essas atividades foram determinantes no uso da terra e nos tipos de relações sociais, que contribuíram
para a estagnação e pobreza da população (IRMÃO, 1985).
Ainda deve-se lembrar que segundo Junior (1960 apud JATOBÁ, 1985,
p. 137) “A atividade de exploração pecuária foi a forma de produção típica do
Sertão desde os primeiros séculos de colonização.”
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forme foram designados pelos órgãos de apoio e desenvolvimento do nordeste, um dos principais investimentos foi na agricultura irrigada que foi fator
importante para a geração de empregos diretos e indiretos devido ao parque
industrial que foi construído à sua volta. Essa elevação do nível de emprego
se deve a ampliação dos setores secundários e terciários que surgiram devido
à irrigação na região.
Desde sua formação a área do Submédio do Vale do São Francisco já
era apontada como uma região de considerável potencial econômico para o
desenvolvimento de uma economia diversificada e atrativa a novas atividades
empresariais ligadas aos três setores econômicos, principalmente agricultura,
e este potencial inerente à área seria promovedor de efeitos multiplicadores
na economia, não apenas dos estados, mas na região como um todo. Todavia, esse potencial exigia o alargamento de uma infraestrutura básica que a
região não tinha desenvolvido (SOBEL, 2006).
Assim como a maior parte das regiões sertanejas do Nordeste, eram de
imprescindíveis investimentos na infraestrutura de transporte, energia, estudos de mercado, pesquisa agronômica, entre outros, que tornassem viável a
ampliação do excedente de produção local. Ressalta-se que posteriormente à
década de 1950, grandes investimentos provenientes em sua maior parte do
setor público, foram direcionados à setores base da infraestrutura, como nos
de transportes (construção da ponte sobre o Rio São Francisco e pavimentação das rodovias federais); comunicação (ampliação da oferta de linhas
telefônicas e possibilidade de ligação DDD e DDI) e energia (construção de
grandes barragens, por hidrelétricas) .
Em respostas aos investimentos efetuados nota-se que nas décadas de
1960 e 1970, houve crescimento dos setores que receberam os investimentos públicos, e diminuição dos custos dos investimentos privados que foram
atraídos, o que fez passar a existir novas atividades ligadas ao comércio e
serviços que absorviam bastante mão-de-obra local. Além dos problemas
físicos ligados à infraestrutura em si, os projetos de investimentos previstos
tiveram de enfrentar problemas políticos, em 1968 análises do IV Plano Diretor da SUDENE apontava a estabelecida aspereza na estrutura agrária nordestina e a reestruturação econômica e social não foram recebidas de forma
amistosa pela classe de grandes latifundiários do Nordeste, o que era dentre
outros fatores, um dos entraves a serem arguidos (SOBEL, 2006).
E o estímulo de intervir e promover alterações na estrutura do semiárido por muitas vezes foi de encontro ao interesse de grupos sociais e por
isso, foi combatido por alianças conservadoras e coalizões políticas que eram
apoio para os extratos que sempre dominaram os sucessivos governos nacionais, e foi mais proeminente durante o período de regime militar no Brasil,
que por ventura também era o período em que se inspiravam os projetos
direcionadores de investimentos e reformas para o Nordeste. Estes grupos
impediam qualquer mudança substancial nas estruturas produtivas locais que
alterassem a situação fundiária nos estados (VIDAL, 2001).
Contudo, a intervenção do Estado na economia regional ganhou propulsão na década de 1970, por meio de programas e projetos de impacto
na situação local e regional, como Programa de Integração Nacional (PIN),
e o Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do
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Norte e do Nordeste (Proterra), que foram mais tarde incorporados ao I Plano
Nacional de Desenvolvimento (I PND), implementado na ditadura militar e
fixado para o período 1972-1974 (VIDAL, 2001).
Na década de 1980, são implantados programas para estimular a iniciativa privada na região do São Francisco, o FINOR (Fundo de Investimentos
do Nordeste) e o FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste).
Foi incentivada a participação da iniciativa privada nos projetos de irrigação
para dentre outros fatores aumentaria a eficiência dos perímetros (SUDENE,
1995 Apud SOBEL 2008).
A importância do incentivo à iniciativa privada foi identificada para que
o espaço econômico fosse aberto à concorrência e novas empresas pudessem
se instalar e gerar empregos independentes da ação estatal do Estado. De
meados da década de 1990 até recentemente se percebeu a importância da
ação cooperativa e não apenas de empresas e órgãos separadamente, pois
o intenso processo de abertura comercial tornou necessário o fortalecimento
conjunto dos produtores perante a concorrência internacional.
No intuito de favorecer o surgimento das associações foram mobilizados diversos órgãos como SEBRAE, BNB, Distritos de Irrigação, CODEVASF,
EMBRAPA, entre outros, visando o estabelecimento de associações, organizações e cooperativas que se auto-afirmassem no mercado competitivo,
proporcionando ao Vale do São Francisco, maior diversidade nas modalidades
empresariais existentes.
Com os recentes investimentos nas diversas áreas da economia, o Estado de Pernambuco vem tomando impulso para sair de um relativo período
de estagnação econômica, e fomenta uma recuperação do dinamismo em sua
economia. Esse dinamismo é composto do somatório dos crescimentos de
algumas áreas que se destacam no contexto de crescimento como o distrito
industrial portuário, o complexo Suape, a fruticultura irrigada no Vale do São
Francisco e do gesso na região do Araripe (LIMA, 2007 Apud LIRA 2010).
No aspecto geração de empregos formais por setor a administração
pública tem uma participação de 26,5%, a agropecuária 23,6%, comércio
20,2% e outros serviços 18,6%, apesar de percentualmente o maior número
de empregos formais estarem na administração pública, os outros setores
também expandem suas contratações motivadas pelo crescimento econômico da área, que demanda um contingente maior de mão-de-obra para dar
suporte ao aumento no nível de produção.
Em contraponto a emprego de mão-de-obra, no qual a administração
pública detém maior percentual, a geração de valor dos serviços representa
29% do PIB da região, o comércio e a indústria em conjunto representam
39,4% da participação no produto (ANÁLISE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS,
2006).
Observando as atividades econômicas existentes no Vale do São Francisco e na Mesorregião, ressalta-se o destaque na fruticultura irrigada, porém
grupos industriais ligados principalmente à produção de frutas também se
encontram presentes na região como Agrovale; Fruitfort e Curaçá Agrícola;
Carrefour – Labruinier, Vale das Uvas e Orgânica Vale; Grupo Queiroz Galvão
– Fazenda Timbaúba e CAJ; Grupo Special Fruit – Sueme; Fazenda Brasiuvas;
e, Fazenda Nova Fronteira (SOBEL, 20XX).
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Para o alcance de uma elevação no nível de crescimento e oferta dos produtos
da agricultura irrigada foram realizados investimentos em pesquisa e apoio
as empresas e cooperativas de comercialização o que favoreceu o fortalecimento de um competitivo setor perante o mercado internacional fazendo com
que as frutas do Vale ganhassem maio valor agregado e um maior acréscimo
nas culturas voltadas para o comércio exterior.
Outros financiamentos promovidos pelo Governo Federal que favorecem
principalmente a cultura voltada para exportação vêm modificando o aspecto
tecnológico do Vale com o incentivo de especializações em comércio exterior,
desenvolvimento da infra-estrutura de transporte e produção, além da logística. Segundo Oliveira e Santos (2009, p. 41), “A fruticultura irrigada como
principal vetor do desenvolvimento do Submédio São Francisco”.
O destino da maior parte da produção é atender a demanda internacional pelas frutas produzidas no Vale, que aumenta sequencialmente, pela
qualidade e diversidade dos produtos ofertados, essa demanda externa estimula motivando o estabelecimento de produtores e indústrias, que buscam
a especialização, para atender esses mercados, que exigem acima de tudo
um alto nível de qualidade e segurança, sem perder espaço no mercado para
a concorrência (OLIVEIRA, 2009; SANTOS 2009).
De acordo com Scherb (1991), no setor industrial estabelecido na
região do São Francisco existem as indústrias que têm por base produtiva
recursos naturais, chamadas agroindustriais e as que dependem de materiais
processados ou semi-processados, porém o setor industrial se amplia seja
relacionando-se com o início do processo produtivo agrícola ou com o final.
Ou seja, Trabalhando com os produtos iniciais ou finais da produção vinda da
agricultura da região.
O estabelecimento das diversas atividades na região do São Francisco
é possível pela sustentabilidade gerada pelos investimentos estatais, que fomentam um crescimento da agricultura irrigada, empregando mão-de-obra e
gerando renda, segundo Lima et al (2005), a sustentabilidade dos perímetros irrigados dinamizam a agricultura, a sustentabilidade econômica, social,
ambiental e política, dando aporte para a progresso da qualidade de vida das
famílias dos agricultores, e contribuem para a conservação e recuperação
dos recursos naturais inerentes à região com implicando em melhoramentos
na dinamização das economias locais e regionais, que conjuntamente contribuem para o crescimento do país como um todo.
atividade industrial da Mesorregião é bastante diversificada, elas fabricam desde implementos agrícolas a sofisticados equipamentos, todavia nela
não há interligação entre seus ramos industriais, o que desfavorece a polarização da economia, e dificulta a criação de um setor industrial forte que
forneça para si mesma os insumos necessários ao processo produtivo e que
empregue mais trabalhadores, a cidade de Petrolina constitui-se o único pólo
industrial da Mesorregião.
Todavia, com o passar dos anos nota-se que a economia do sertão
mesmo apoiadas em algumas cidades promotoras de desenvolvimento, vem
se modificando e interligando-se através das atividades complementares,
que se adéquam ao perfil sócio econômico de cada município, e este crescimento é refletido nos índices de renda de acordo com Heinze (2002), um dos
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A Mesorregião do São Francisco Pernambucano
Nas teorias neoclássicas de desenvolvimento a existência de um espaço adequado para a formação de um sistema produtivo eficiente era fator
decisivo para o pleno desenvolvimento da indústria nascente de um país,
segundo a teoria de Friedrich List a indústria nascente não teria condições
tecnológicas para competir e conseguir se manter num livre mercado, por
isso precisavam de proteção por barreiras alfandegárias, este seria o espaço
propício ao crescimento destas indústrias. Mais adiante, Johann Heinrich
Von Thunen elabora um modelo sobre especializações sub-regionais agrárias da Alemanha, na qual se combinavam produtividade da terra e distância
dos produtores com relação aos mercados consumidores, desta combinação
representaram-se os “Anéis de Von Thunen” que otimizava a especialização
agrícola sobre o espaço existente (COSTA, 2010).
Na perspectiva de Isard (1956), são muitos os fatores que podem levar as pessoas e as atividades econômicas a se concentrarem em determinado lugar, alguns se podem mencionar como: alterações no meio ambiente,
erosão dos solos, crescimento demográfico, inovações tecnológicas e alterações na demanda.
Para definir o melhor lugar para o desenvolvimento de uma atividade
industrial os teóricos neoclássicos como Von Thunen, utilizavam, em seus
modelos de localização, funções de produção homogêneas. Em sua teoria,
a fertilidade da terra e a disponibilidade de transporte seriam uniformes por
toda a região, todavia o modelo de Von Thunen não fez a interligação entre
a interdependência das firmas, a interdependência técnica ou de elementos
que levam à concentração das atividades no espaço geográfico” (FERREIRA,
1989).
Após esta teoria, Alfred Weber adicionou outros fatores a sua análise,
como existência de centros de consumo e número limitado de fontes de matérias primas, alem de outros como disponibilidade de água. Esses fatores
seriam responsáveis pela aglomeração das indústrias em determinados espaços. Nesta teoria a empresa buscará se estabelecer no local que minimize
seus custos com transporte e salários (SOUZA, 2009). “As indústrias que se
orientam para centros específicos estão sob influência de fatores regionais de
localização” (WEBER, 1969, P. 20).
A partir das conceituações de localização e de espaço econômico buscase conceitualização de uma região e suas possíveis subdivisões para definir
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fatores que demonstram este crescimento é o PIB da microrregião Sertão do
São Francisco que em 1990 demonstrou um crescimento a taxas superiores
ao observado para o Estado de Pernambuco, no período 1970-90 esse crescimento elevou o PIB regional de 1,9% em 1970, para 3,7%, em 1990.
Desta forma contribuindo para a conscientização da potencialidade
econômica do Nordeste brasileiro que necessita de investimentos para desenvolver atividades específicas ao perfil do sertão, promovendo o crescimento
desta área desfavorecida por suas condições edafoclimáticas, o país promove
o maior equilíbrio regional e bem estar nacional, não apenas na região beneficiada.
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a influência desse espaço no crescimento da área na qual está inserida, dentre as subdivisões do espaço se encontra a definição de área como mesorregião. A conceitualização de região e até mesorregião é um tema recente
nas discussões acadêmicas e sua delimitação tem levado em consideração
seus aspectos geográficos, econômicos e sociais, muitas vezes divergentes
nas formas como é concebida no meio acadêmico.
Para Souza (2009), as maiores dificuldades na definição de região estão na delimitação precisa de suas fronteiras, que muitas vezes não são as
mesmas fronteiras determinadas pelo setor público de forma oficial, a contiguidade, ou seja, sem intercalações com outras regiões e além desses dois
fatores, há a dificuldade de dimensionar a dinâmica de suas rendas.
De acordo com o decreto nº 6.047, de 22 de fevereiro de 2007, a
Presidência da República do Brasil delimita mesorregião como:
Entende-se por Mesorregião Diferenciada o espaço subnacional contínuo menor que o das macrorregiões, existentes ou em proposição, com
identidade comum, que compreenda áreas de um ou mais Estados da
Federação, definido para fins de identificação de potencialidades e vulnerabilidades que norteiem a formulação de objetivos socioeconômicos,
culturais, político-institucionais e ambientais.
Ainda para o IBGE, citada por CLEMENTE (1994, p.23), o conceito de
mesorregião geográfica pode ser assim definido:
Entende-se por mesorregião uma área individualizada, em uma unidade
da federação, que apresenta formas de organização do espaço geográfico
definidas pelas seguintes dimensões: O processo social, como determinante, o quadro natural, como condicionante e a rede de comunicação
e lugares, como elemento de articulação espacial. Estas três dimensões
possibilitam que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma identidade regional, esta identidade é uma realidade construída ao longo do
tempo pela sociedade que ali se formou.
Dentro deste contexto o Estado de Pernambuco também é subdividido
em mesorregiões, que são elas: Mesorregião do Sertão Pernambucano, Mesorregião do Agreste Pernambucano, Mesorregião da Mata Pernambucana e
Mesorregião do São Francisco Pernambucano. Dentre as mesorregiões do
Estado destaca-se a do São Francisco.
Localizada a sudoeste do estado de Pernambuco, no semi-árido do
estado, a Mesorregião do São Francisco Pernambucano abrange uma área de
24.634 Km², correspondendo a 24,9% da área total estadual. Tem suas limitações com as microrregiões do Araripe, de Salgueiro, e do Pajeú ao norte;
com a microrregião do Moxotó, e com o sertão de Alagoas a leste; com os
Estados da Bahia e Piauí ao leste e ao sul com no Rio São Francisco, como se
observa na figura 1.
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Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano 2000
Está subdividida em quinze municípios distribuídos em duas microrregiões: Petrolina e Itaparica. Fazem parte da microrregião de Petrolina os
municípios de: Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina,
Santa Maria da Boa Vista e Terra Nova. Fazem parte da microrregião de Itaparica: Belém do São Francisco, Carnaubeira da Penha, Floresta, Itacuruba,
Jatobá, Petrolândia e Tacaratu (CONDEPE, 1998).
O vale do São Francisco está localizado no chamado polígono das secas
que corresponde a 88,84% da área total do Estado e onde localizam-se os 15
municípios da Mesorregião (COSTA, 2008; MUNIZ, 2008; SOBEL, 2008).
Por esta razão o fator de grande importância e influência para os municípios
é a presença do Rio São Francisco, a existência dele garante a existência de
atividades importantes para a economia da Mesorregião. As águas do São
Francisco percorrem desde a Serra da Canastra, em Minas Gerais, 2.700 km
até chegar ao oceano Atlântico ao norte. Durante esse percurso a maior parte
é uma região semi-árida ou seca, com solos e vegetação variados, porém em
sua maioria pertencentes ao bioma da caatinga (COELHO, 1996 Apud MENDONÇA 2004).
O percurso percorrido pelas águas do Rio São Francisco, também conhecido como “Velho Chico”, garante o acesso à água potável a comunidades
do Centro-Oeste e Nordeste brasileiros. Segundo a Comissão para o Desenvolvimento do Vale do São Francisco - CODEVASF (2003) a área da Bacia do
São Francisco é totalizada em cerca de 631.133 Km², essa extensão corresponde a 7,4% do território brasileiro, passa pelos estados de Minas Gerais,
Goiás, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, além do Distrito Federal.
A existência deste rio de grande valor para o país e particularmente
para os estados por onde passa, ajuda a amenizar os efeitos negativos das
constantes secas no Nordeste e particularmente da população que está situada nos municípios que são abrangidos pelo polígono das secas, garantindo
a sobrevivência de parte da população que resiste às dificuldades por serem
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FIGURA 1: Mesorregiões do Estado de Pernambuco.
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enfrentadas por um clima tão desértico como o do sertão.
2.4 Comportamento da Economia da Mesorregião do São Francisco
Pernambucano
De acordo com Análise (1994), nas últimas décadas notou-se que a
economia brasileira e particularmente a do Nordeste, busca uma maior integração regional entre seus setores gerando uma transferência de capital
produtivo do centro para o interior ou periferia. Desse modo promove uma
inversão da concentração dos centros produtivos nos principais pólos já estabelecidos.
Pode-se dizer que essa busca por uma descentralização dos fatores
de produção nos principais pólos pretende promover uma maior homogeneização do crescimento econômico, reflexo de políticas públicas de distribuição
de renda e desenvolvimento regional, pois são visíveis os benefícios causados
pela geração de renda na apenas nas capitais, mas também no interior. Ao
levar o crescimento ao interior se evita o excesso populacional dos centros
urbanos, e diminui-se as desigualdades de renda que levam a problemas secundários como violência e miséria.
As cidades que compõem o Vale do São Francisco possuem a capacidade de gerar um aumento no potencial de crescimento a partir do investimento no fator agrícola, que pelo potencial de exportar frutas tropicais
produzidas nos perímetros irrigados, atraem população de cidades vizinhas,
elevam sua demanda interna, atraindo a implantação de agroindústrias que
por efeito multiplicador gera empregos diretos e indiretos, remunerando a
nova mão-de-obra empregada e alterando novamente a demanda e posteriormente forçando a expansão oferta (BARBOSA, COELHO, SARMENTO 2006).
De acordo com SUDENE (1995) as cidades de Petrolina em Pernambuco e Juazeiro na Bahia tornaram-se áreas permanentes de atração, devido
aos diversos programas instalados em seu entorno. Os investimentos realizados nessas áreas polarizadas são provenientes da iniciativa pública, quando
se trata da implantação e de auto-sustentação pela iniciativa privada.
Para corroborar a existência de um maior dinamismo econômico das
cidades que fazem parte do Vale do São Francisco, de modo particular os municípios do São Francisco Pernambucano, e evidenciar o crescimento trazido
através dos investimentos realizados em seus programas de desenvolvimento, podem ser observados os dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho e
Emprego – MTE/ CAGED, referentes à quantidade de empregos nos Municípios que fazem parte da Mesorregião do São Francisco Pernambucano, no ano
de 2003.
Conforme se observa na tabela 1, muitos dos municípios não possuíam trabalhadores empregados em alguns dos setores econômicos mais
dinâmicos como a indústria de transformação, serviços industriais (SIUP) e
construção civil, em grande parte destes municípios o maior número de empregos está concentrado no comércio, serviços e agropecuária.
Este aspecto demonstra que os municípios são formados por uma população que se emprega no meio rural, e que este é o meio de subsistência
desta população, visto que a indústria local é pequena ou até mesmo inex-
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TABELA 1: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, número de empregos por setor econômico – 2003.
Fonte: MTE/CAGED; Reelaborado pela autora.
Em contraponto ao que aconteceu em Petrolina que naquele ano totalizou cerca de 31.441 empregos dispersos entre os setores de indústria de
transformação, construção civil, comércio, serviços e agropecuária, outros
municípios possuíam um nível bem menor de pessoas empregadas, como a
cidade de Terra Nova que registrou apenas17 postos de trabalho e estes por
sua vez se encontravam concentrados em sua maioria no setor de comércio,
outro caso a se destacar é a cidade de Itacuruba que não registrou nenhum
posto de trabalho formal no ano de 2003, nem mesmo o setor de comércio,
que geralmente é o setor que emprega nas pequenas cidades , não houve
registro de postos de trabalho.
Considerando os empregos existentes por setor econômico no ano
de 2003, encontra-se a extrativa mineral representando aproximadamente
0,09% dos empregos totais; a indústria de transformação 3,6%; os serviços
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Interiorização do crescimento econômico: o caso da mesorregião do São Francisco pernambucano
iste. A produção agrícola muitas vezes não é suficientemente forte para gerar
excedentes que possam ser reinvestidos em outros setores mais dinâmicos
e com produtos de maior valor agregado. Nestes municípios o comércio é
junto com a agropecuária um dos setores que mais emprega representando
um percentual de 28,40% do total de postos de trabalho, enquanto a agropecuária representava 46,62% dos empregos existentes naquele ano.
Dentre os municípios analisados nota-se que a cidade de Petrolina
apresenta os maiores níveis de empregos por setor econômico, ela abrange
a maior parcela dentre o total de empregos da mesorregião no ano de 2003
e estes empregos se encontravam melhor distribuídos e de forma mais homogênea entre as diferentes atividades nesta cidade, diferentemente do que
acontece na maior parte das outras cidades.
A cidade de Petrolina ganhou um maior destaque dentre os quinze
municípios da Mesorregião no que diz respeito à quantidade de empregos
por atividade econômica devido principalmente, aos programas de irrigação
promovidos pelo Governo, com vistas a incrementar a economia do sertão
nordestino. Conforme tabela 1.
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industriais (SIUP) 0,05%; a construção civil 11,02%; comércio 28,4%;
serviços 10,2%; administração pública 0,02%; agropecuária representando
46,62% dos empregos totais registrados, esse setor representa a maior parte
dos empregos existentes na região, devido aos grandes investimentos realizados nos perímetros onde há agricultura irrigada. Como se pode observar no
gráfico1.
GRÁFICO 1: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, participação dos
setores econômicos no total de empregos em 2003.
Fonte: Elaborado pela autora.
Os níveis mais elevados de empregos estiveram concentrados em
Petrolina que alcançou um nível de 87,59% do total de empregos e a diferença entre esta cidade e a segunda que mais empregou em 2003 é extremamente desproporcional, pois a segunda cidade que mais empregou não
alcançou nem 4% dos empregos totais, este município é a cidade de Floresta
que abarcou 3,55% dos empregos na Mesorregião.
Os outros municípios obtiveram níveis de empregos ainda menores
como Santa Maria da Boa Vista (2,04%); Lagoa Grande (1,64%); Afrânio
(1,37%); Petrolândia (1,18%), e o restante dos municípios representaram
menos de 1 por cento no total de empregos, como é o caso das cidades de
Jatobá (0,94%); Belém do São Francisco (0,92%); Cabrobó (0,25%); Dormentes (0,19%); Tacaratu (0,14%); Orocó (0,07%); Carnaubeira da Penha
(0,06%); Terra Nova (0,05%) e Itacuruba que não teve registro de empregos
naquele ano como pode-se observar no .gráfico 2, a participação dos quinze
municípios no total de empregos registrados no ano de 2003, na Mesorregião.
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Fonte: Elaborado pela autora.
O crescimento econômico brasileiro vivido na última década beneficiou
não apenas os grandes centros e capitais do Brasil, o nordeste e o interior
também sentiram seus efeitos positivos, as políticas de distribuição de renda
e promoção de empregos através de investimentos em setores estratégicos,
adotadas pelo governo surtiu efeitos visíveis nas economias do nordeste e
também nos municípios da Mesorregião do São Francisco Pernambucano.
Os dados relativos ao número de empregos por setor econômico na
Mesorregião do São Francisco Pernambucano para o ano de 2010, apontam o
crescimento dos empregos em várias atividades e o surgimento de postos de
trabalho em alguns municípios, como se pode notar na tabela 2. Alguns municípios tiveram sua participação no total de empregos reduzida, ao mesmo
tempo que algumas cidades elevaram seu grau de participação, porém as
reduções possuem proporcionalmente um impacto maior em cidades com
menores número de empregos do que em cidades com elevados números de
empregos.
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Interiorização do crescimento econômico: o caso da mesorregião do São Francisco pernambucano
GRÁFICO 2: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, participação dos
municípios no número total de empregos em 2003.
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
TABELA 2: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, número de empregos por setor econômico – 2010.
Fonte: MTE/CAGED; Reelaborado pela autora.
Em 2010 a participação dos setores econômicos no total de empregos
registrados foi de 0,11% para extrativa mineral, a indústria de transformação
apresentou 4%; SIUP 0,07%; construção civil 14,62%; comércio 15,9%;
serviços 9,82%; administração pública 0,47%; agropecuária 55,02%, conforme ilustrado no gráfico 3.
GRAFICO 3: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, participação dos
setores econômicos no total de empregos em 2010.
Fonte: Elaborado pela autora.
O número de empregos apresentados por município foi de 83,1% para
a cidade de Petrolina; 6,06% para Lagoa Grande; 3,25% em Petrolândia;
2,87% em Cabrobó; 1,22% em Belém do São Francisco; 0,98% em Floresta; 0,91% em Santa Maria da Boa Vista; 0,67% para a cidade de Afrânio;
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GRÁFICO 4: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, participação dos
municípios no número total de empregos em 2010.
Fonte: Elaborado pela autora.
As atividades apresentaram significativas alterações nas quantidades
de empregos através dos anos de 2003 para 2010, as taxas de variação total
por atividade foram as seguintes: o setor de extrativa mineral lançou uma
variação total de 229%; a indústria de transformação obteve uma variação
total de 186,6%; os serviços industriais (SIUP) representaram 313,3%; a
construção civil apresentou 240,6%; comércio e os serviços apresentaram
45,2% e 148,3%, respectivamente; a administração pública variou 6.071,
4%; a agropecuária variou 204,2% e confrontando-se as variações totais
de 2003 e 2010 chegou-se ao resultado de 158,2% de aumento no número
de empregos gerados entre os anos de 2003 e 2010, conforme observado no
gráfico 5.
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Interiorização do crescimento econômico: o caso da mesorregião do São Francisco pernambucano
1,22%; 0,43% em Dormentes; 0,24% em Jatobá; 0,09% em Tacaratu; 0,08
em Carnaubeira da Penha; 0,06% em Itacuruba; 0,03% em Orocó e 0,02%
em Terra Nova.
Exibe-se uma permanência da cidade de Petrolina como município
que possui os maiores níveis de emprego na Mesorregião ainda em 2010,
prosseguindo com sua característica diferenciadora no aspecto de geração de
empregos. Como pode ser observado no gráfico 4
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
GRÁFICO 5: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, variação total do
número de empregos 2010/2003.
Fonte: Elaboração pela autora.
A taxa de variação total exibe um acumulado do crescimento ocorrido
nas atividades do ano de 2003 para o ano de 2010, sem indicar o quanto
cada ano cresceu ou decresceu anualmente, mas a taxa média anual indica
de uma forma mais distribuída as variações apresentadas pelas atividades
em cada ano dentre o período 2003 a 2010, dessa forma pode-se conhecer a
que ritmo cresceram os números de empregos em cada setor analisado.
Algumas dessas taxas podem parecer impressionantes pela sua desproporcionalidade com relação às taxas apresentadas pelos outros setores
na Mesorregião, como a variação extra comunal dos empregos na administração pública com sua variação total de 6.071, 4% e sua taxa de crescimento
anual de 80,2% ao ano observada no gráfico 5, porém o fato a ser observado
é o número de empregos que sofreram as alterações é relativamente pequeno, que neste caso passaram de 7 para 432 empregos, o que não alterou de
forma substancial o quadro de postos de trabalhos ofertados nos municípios.
As taxas médias anuais de crescimento indicam as variações no número de
empregos gerados pelas atividades anualmente, os resultados das variações
anuais foram de 18,5% ao ano para o setor de extrativa mineral, 16,2% ao
ano para indústria de transformação, 22,5% de crescimento ao ano para
SIUP, de 5,5% para o comércio e de 13,9% para serviços, 80,2% ao ano administração pública, agropecuária 17,2% ao ano e de forma geral houve uma
TMA de 14,5% ao ano, conforme gráfico 6.
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Fonte: Elaboração pela autora.
As taxas mostraram que os setores ostentam variações positivas ao
longo dos anos, alguns setores importantes como a indústria de transformação e a construção civil apresentaram variações substanciais em quantidade de empregos, apesar de a agricultura continuar sendo o setor de grande
influência nesta Mesorregião.
O Brasil possui uma das maiores desigualdades regionais já registradas, as disparidades econômicas entre suas regiões além de ser um obstáculo na busca por um desenvolvimento homogêneo, traz conseqüências
negativas ao bem estar social almejado com o processo de crescimento que
o país vem passando, estas diferenças estão evidenciadas nas rendas de suas
regiões e estados, o Nordeste brasileiro apesar de crescer, não alcança os
níveis alcançados pelas regiões do Sul brasileiro com séculos de antecedência
e vantagens na alocação dos investimentos estatais e privados.
Este fato é evidenciado pesquisas e dados colhidos pelo Governo acerca
do rendimento médio das famílias no Nordeste, que vem sendo elevado nos
últimos anos, mas apesar disso esse rendimento ainda se encontra abaixo
da média nacional. De acordo com pesquisas realizadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, o emprego formal no Nordeste recebe até dois salários
mínimos, e segundo o IBGE, o rendimento médio das pessoas em idade
ativa cresceu 30,8% do ano de 2005 para 2009, sendo elevado a R$ 620,00.
Porém o rendimento nacional cresceu 18,2% sendo elevado a R$ 1.006 no
mesmo período.
O que se notou na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE é
que o rendimento total de uma família no Nordeste representava 63,8% do
rendimento médio total de uma família no Brasil, o que deixou o Nordeste
com a menor participação dentre todas as regiões (SUDENE, 2011).
Na Mesorregião do São Francisco Pernambucano, cerca de 45,38%
das famílias, representando um contingente de 16.176 pessoas, recebiam de
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GRÁFICO 6: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, Taxa média anual
de crescimento do número de empregos 2003/2010.
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0,51 a 1 salário mínimo em 2003, e 37,4% recebiam de 1,01 a 1,5 salários
mensais, cerca de 13.317 pessoas. Nestas faixas salariais estava concentrada
a maior parte da população da Mesorregião, na faixa salarial que vai de 1,51
a 2 estavam 9,6% da população, empregada, cerca de 3.420 pessoas. Salários entre 2,01 a 3 representaram 4,7%, aproximadamente 1.555 pessoas,
conforme tabela 3.
TABELA 3: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, remuneração segundo a faixa de salário mínimo 2003.
Fonte: MTE/CAGED; Reelaborado pela autora.
De 3,01 a 4 salários estavam 1,81% da população, 645 pessoas, 4,01
a 5 salários 0,6% da população que representava 214 pessoas. De 5,01 a 7
salários apenas 147 pessoas, que percentualmente representavam 0,41%.
De 7,01 a 10 eram 0,26% das pessoas, cerca de 93 pessoas.
Enquanto nas maiores faixas salariais acima de 10,01 a 20 salários estavam 0,11% da população, um grupo de 39 pessoas e acima de 20 salários
0,04%, 16 pessoas. As variações ocorridas nos rendimentos entre os anos
de 2003 e 2010 nos quinze municípios foram admiráveis, houve significativo
aumento do número de pessoas em todas as faixas salariais, na cidade de
Afrânio houve um aumento de 25, 6% no número de pessoas remuneradas
como pode ser observado no gráfico 7 e 8.
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Fonte: Elaborado pela autora.
GRÁFICO 8: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, remuneração segundo a faixa de salário mínimo – 2010.
Fonte: Elaborado pela autora.
Em Belém do São Francisco um crescimento de 240%, em Cabrobó
uma variação positiva de 2804,4%; em Carnaubeira da Penha a variação foi
de 242,9%; em Dormentes foi ocorrido aumento de 488,9%, no município de
Jatobá houve 149,4% de variação; em Lagoa Grande 845,4% de variação;
Petrolândia apresentou uma taxa de 605,4%; Petrolina cresceu 143, 2%;
Tacaratu aumentou 60%.
Os menores índices foram localizados nos municípios de Santa Maria
da Boa Vista com 14,3%, Terra Nova com 11, 7% e Orocó com 4,17% de au-
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Interiorização do crescimento econômico: o caso da mesorregião do São Francisco pernambucano
GRÁFICO 7: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, remuneração segundo a faixa de salário mínimo – 2003.
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mento. Dois fatos que chamaram atenção foi o município de Floresta que foi
a única cidade que apresentou um crescimento um decréscimo no número de
pessoas remuneradas com sua taxa de -29,02% em 2010 e a cidade de Itacuruba que registrou remuneração salarial de 51 pessoas. Os dados podem
ser observados na tabela 4.
TABELA 4: Mesorregião do São Francisco Pernambucano, remuneração segundo a faixa de salário mínimo 2010.
Fonte: MTE/CAGED; Reelaborado pela autora.
3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescimento vivenciado pela economia brasileira nos últimos anos
trouxe consigo uma tendência de crescimento também para áreas mais distanciadas dos principais centros produtivos já estabelecidos no país, no Estado de Pernambuco áreas do Sertão como a Mesorregião do São Francisco
Pernambucano, apresentam satisfatórias taxas de crescimento no que diz
respeito à geração de empregos e renda. Através de dados fornecidos pelo
Ministério do Trabalho e Emprego/ Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (MTE/CAGED) relativos à quantidade de empregos por setor
econômico e remuneração salarial em cada município da mesorregião foram
identificadas variações positivas no número de pessoas empregadas por setor
econômico entre os anos de 2003 e 2010.
No ano de 2003 os dados referentes à quantidade de pessoas empregadas por setor econômico na Mesorregião mostraram que cerca de 46,6%
da população estava empregada na agropecuária, denotando uma característica de região fornecedora de produtos básicos e de menor valor agregado.
Enquanto o setor industrial empregava pouco mais de 3,5% da população,
a baixa empregabilidade deste setor de fundamental importância para a fomentação de oferta de uma produção industrial com produtos de maior valor
agregado e intensivos em tecnologia, apontava que o número de empresas
desse ramo era baixo e que a região não era grande fornecedora de produtos
manufaturados.
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A mesorregião trazia sua população empregada em dois grandes pilares: agropecuária e comércio, cerca de 28,40% da população estava empregada nestes setores, a construção civil e os serviços vinham logo em
seguida com 11,02% e 10,20% das pessoas empregadas respectivamente.
Além do acontecimento das cidades serem voltadas em sua maioria para a
agropecuária, encontrada nos dados relativos à participação das atividades
no total de empregados, nota-se uma discrepância quanto a participação por
município, no total de pessoas empregadas no ano de 2003.
A cidade de Petrolina estava bastante afastada dos outros municípios
no que diz respeito à quantidade de empregos registrados, ela deteve aproximadamente 87, 6% enquanto a soma dos outros quatorze municípios representou apenas 12,4% do total de empregados.
Todavia essa diferenciação pode ser explicada pelo fato da cidade de
Petrolina ser um pólo de crescimento já estabelecido no Vale do São Francisco
e no sertão pernambucano, nela muitos investimentos e projetos de irrigação
tiveram êxito e este sucesso fomentou seu crescimento diferenciado, isto
levou as outras cidades funcionarem como satélites tendo seu próprio crescimento, influenciado pelo crescimento da cidade pólo.
Os dados referentes ao número de empregos no ano de 2010 na Mesorregião do São Francisco Pernambucano indicaram variações positivas no
que diz respeito a número de empregos por atividade econômica, o que indica
que houve um crescimento da economia local Entretanto a magnitude da variação de alguns setores é menor do que a variação percentual apresentada, o
que disfarça o resultado real alcançado após a variação. O setor de extrativa
mineral, por exemplo, obteve uma variação percentual de 229% de 2003
para 2010, porém em 2003 este setor empregava 31 pessoas, passando a
empregar 102 e a administração pública variou 6.071,4% o que elevou o
contingente de 7 pessoas para 432, estes crescimentos apesar de terem sua
importância para a economia da local, não apresentam uma alteração significativa no quadro geral de empregos da mesorregião.
Crescimentos como o da construção civil apresentam alterações significativas na conjuntura econômica, pois com uma variação positiva de 240,6%
entre 2003 e 2010 o número de empregos foi de 3.949 para 13.452, outro
caso semelhante ocorreu com a agropecuária que apresentou uma taxa de
204,2%, as pessoas empregadas passaram de 16.646 para 50.641 em 2010.
A elevação no número de pessoas empregadas na indústria de transformação
mostra que as cidades estão aumentando seu grau de industrialização, além
disso, significa uma alteração no perfil produtivo até então predominantemente agrícola, passou de 1.283 pessoas para 3.677 pessoas empregadas
em 2010 a indústria ganhou propulsão, sua taxa média anual (TMA) de crescimento foi de 16,2%.
Comércio e serviços tiveram variações absolutas de 45,2% e 148,3%,
com taxas médias anuais de 5,5% e 13,9%, divulgando a força destes
setores conjunto que empregarem juntos 13.716 pessoas em 2010. Este
detalhe aponta para um possível crescimento da demanda de produtos e de
prestação de serviços devido ao maior número de trabalhadores empregados
e instalação de novas empresas na região, que foram atraídas pelo potencial
econômico da região.
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
Além disso, houve uma maior retração na participação das diversas atividades
nos empregos gerados em 2010, a agropecuária passou teve sua participação
aumentada passando de 46,62% em 2003 para 55,02% em 2010, o que
revela o crescimento proporcionado possivelmente pela agricultura irrigada,
que continua expandindo sua fronteira de produção. As outras atividades
como extrativa mineral, indústria de transformação, SIUP e administração
pública tiveram aumentos na participação abaixo de 1%, ou mantiveram o
nível alcançado em 2003, o pode indicar que estes setores ainda não possuem demanda ou investimentos o suficiente para expandir sua procura por
mão-de-obra.
Para avaliar o rendimento das pessoas empregadas na Mesorregião
utilizou-se a subdivisão por quantidade de pessoas que se encontravam nas
diversas faixas salariais estabelecidas. Os dados referentes a 2003 mostraram que a maior parte da população empregada, ou seja, 45,4% da população empregada, o que corresponde a 16.176 pessoas recebiam de 0,51 a 1
salário mínimo mensal, enquanto a segunda maior parcela dos empregados,
13.317 pessoas, cerca de 37,4% da população empregada estava dentro da
faixa salarial que ia de 1,01 a 1,5 salários mínimos, atrelando-se esta informação ao quantitativo de pessoas empregadas por setor, acredita-se que
estas sejam possivelmente as que trabalham na agropecuária e no comércio,
respectivamente vista a semelhança entre os percentuais.
Com relação ao ano de 2010 verifica-se que houve um deslocamento
de pessoas para a faixa salarial localizada entre 1,01 e 1,5 salários mínimos
mensais, este acontecimento tem sua importância revelada quando percebese que as pessoas empregadas obtiveram aumento em sua remuneração, fazendo com que elas representassem mais de 75% da população empregada.
Este fato acarreta um efeito multiplicador sobre a economia dos municípios,
pois quando a população tem seu nível de renda elevado, se elevarão também
seus níveis de consumo e poupança, posteriormente o crescimento do nível
de consumo elevará o nível de produção para que seja satisfeita a nova demanda, para elevar o nível de produção se contratará mais pessoas para trabalhar e assim esses trabalhadores também serão remunerados, este efeito
cíclico proporciona a economia um maior dinamismo à conjuntura econômica
da mesorregião. Uma economia mais dinâmica gera mais bem estar à população e reage melhor a possíveis crises econômicas.
As cidades que obtiveram as maiores variações no número de pessoas
remuneradas no período de estudo foram: Cabrobó (91 pessoas em 2003 e
2.643 em 2010); Lagoa Grande (590 pessoas em 2003 e 5.578 em 2010);
Petrolândia (424 pessoas em 2003 para 2.991 em 2010) e Belém do São
Francisco (330 pessoas em 2003 e 1.222 em 2010). Todavia o município que
mais remunerou pessoas ainda foi a cidade de Petrolina, alcançando uma
grande variação elevou o número de pessoas remuneradas de 31.441 para
76.475 em 2010.
De modo geral a Mesorregião do São Francisco vem demonstrando
um crescimento tanto no que diz respeito à geração de empregos, quanto à
remuneração da população empregada, o número de empregos foi elevado e
muitas das pessoas empregadas mudaram de extrato salarial, elevando assim seu nível de renda e a renda da mesorregião.
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Interiorização do crescimento econômico: o caso da mesorregião do São Francisco pernambucano
Os indicadores estudados sugerem que a Mesorregião do São Francisco
Pernambucano continuará a manter a atividade econômica em crescimento
e expansão. Esta realidade torna-se possível graças à sua localização, o fato
de estar inserida em uma área do sertão nordestino onde grande parte dos
projetos desenvolvidos no Vale do São Francisco, com objetivo de estimular
a economia regional, obteve sucesso ajudou a modificar o panorama socioeconômico dos municípios, outrora estagnado e pobre.
No entanto, há uma grande disparidade os níveis de emprego e renda
dos municípios, principalmente entre a cidade de Petrolina e os outros quatorze municípios que compõem a Mesorregião. Petrolina foi beneficiada pela
irrigação e atraiu muitos investimentos, esta realidade a tornou um dos pólos
mais dinâmicos do Nordeste, apresentou crescimento diferenciado em todos
os indicadores analisados.
Para diminuir as disparidades de crescimento entre seus municípios se
fazem necessários investimentos em projetos que estimulem as potencialidades locais dos municípios, para que assim como Petrolina as outras cidades
também se tornem pólos de crescimento que tragam mudanças para a dura
realidade econômica e social do interior do Estado de Pernambuco e do Nordeste de modo geral.
Na busca pela diminuição das desigualdades regionais e desenvolvimento do Brasil e de Pernambuco é fundamental que haja o bom planejamento e ação conjunta de políticas públicas visando o melhor aproveitamento
econômico da Mesorregião do São Francisco. Para isso é essencial descentralizar os investimentos públicos o e tomar impulso crescimento que vem se
espalhando pelo país para elevar o dinamismo da economia do interior do estado e assim melhorar a qualidade de vida dos pernambucanos e brasileiros
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