PRODUÇÃO DE UVAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

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PRODUÇÃO DE UVAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
MAMEDES LUIZ MELO (I): Pesquisador I INMET/IICA ([email protected])
VIVIANE BATISTA DE SOUSA (I): Pesquisadora I INMET/IICA
1- ABSTRACT
The main subject of this job is characterize and show the preferable regions, areas and soil in the Rio
Grande do Norte state with agriculture capability (irrigated) to the “vine” plantation, and at the same time
do a climate zone of the state, to show to the general population, mainly to the governors and farmers, the
importance of the explorations of this culture, due to its limited exploration to the agriculture sector,
representing a new and strong local social-economical investment.
2- RESUMO
O principal objetivo deste trabalho é de caracterizar e mostrar as melhores regiões, áreas e solos com
aptidões agrícola (irrigada) no estado do Rio Grande do Norte para o plantio de “videiras” , ao mesmo
tempo em que paralelamente realiza-se um zoneamento climático do Estado, com isso, mostrar a
população em geral, principalmente aos governantes e agricultores, o quão importante será a exploração
desta cultura, já que a mesma ainda é pouca explorada pelo meio agrícola, representando um novo e forte
investimento sócio-econômico local.
3- INTRODUÇÃO
O Rio Grande do Norte está situado entre os paralelos de 40 49’53” - latitude norte e 60 58’57”- latitude
sul, e os meridianos de 340 58’03”e 380 36’12” a oeste de Greenwich, com 8m de altitude. Sua área
territorial de 53.166,6 km2, corresponde à 0,62% do território nacional. A distância entre os pontos
extremos Norte-Sul é de 233 km e entre os pontos extremos Leste-Oeste é de 403km. Limita-se a norte e a
Leste com o Oceano Atlântico; ao Sul com o Estado da Paraíba e a Oeste com o Estado do Ceará.
Atualmente o Rio Grande do Norte é um dos estados Nordestinos que elegeu a agroindústria como um dos
sustentáculos de sua economia. Com boas reservas de águas no subsolo e na superfície (4,5 bilhões m3 de
água armazenada em açudes públicos), dispõe de várias áreas para cultivo, diminuindo consideravelmente
os problemas com a seca. O Estado é hoje o maior exportador brasileiro de melão, e ainda produz, com
destaque, manga, castanha de caju, acerola, tomate, entre outros.
O Rio Grande do Norte por ser um Estado em expansão, destacando-se a irrigação e a
agroindustrialização, poderá vir somar com esta "cultura" , a ser mais um subsídio de investimento sócioeconômico local, principalmente com as "exportações" de tal produto, já que o mesmo possui boas
rodovias e ferrovias, além de contar com "três portos" para o escoamento de seus produtos.
4- MATERIAL
Foi utilizado como material para este trabalho bibliografias direcionadas para o estado do Rio Grande do
Norte em relação as condições edafoclimática apropriadas para o plantio de “videiras” bem como
bibliografias sobre videiras.
5- RESULTADOS E DISCUSSÕES
No Estado do Rio Grande do Norte a variedade de solos encontrados é grande, porém, as melhores
"classes" que apresentam "aptidão" agrícola para irrigação, concentram-se em boa parte na mesorregião
Oeste Potiguar.
Os principais solos que possuem aptidão agrícola para irrigação no Estado, compreendem as classes:
1
Cambissolos; Podzólicos; Aluviais e os Latossolos.
Os solos poucos favoráveis para irrigação, encontram-se em maior parte na mesorregião Central e áreas
isoladas das mesorregiões do Agreste e Leste. No setor norte, entre as mesorregiões Central e Agreste
potiguar (entre as cidades de Pedra Grande e Parazinho e adjacências), existe uma pequena área de solos
da classe “podzólicos” favoráveis a uma agricultura irrigada, a qual pode ser considerada como um
pequeno "celeiro" do Estado. Na microrregião do Alto Oeste existe uma grande área com predominância
de solo "podzólico" e as culturas exploradas, entre outras, as que se destacam são as de subsistência e de
pastagens. Como este solo é favorável para o uso agrícola irrigado, pode-se caracterizar aí, uma área típica
a ser explorado o "ramo" da fruticultura, tanto para exportação como para consumo. Nas microrregiões do
Médio e Baixo Oeste, consideradas o "celeiro" do Estado, encontram-se as melhores classes de solos para
a agricultura irrigada e também as maiores áreas de cultivo de fruticultura do Rio Grande do Norte, entre
elas, o melão tipo exportação. As classes de solos mais encontrados nestas microrregiões são os
Cambissolos, Podzólicos e os Aluviais. A classe dos Cambissolos predominam em grande parte da
Chapada do Apodi e adjacências. Dantas, J. A e Jacomine, P.K.T - 1987, comprovam os bons solos
encontrados nesta região.
Quanto ao seu clima, recebe de Köppen a seguinte classificação:
-
AW' -> Clima Tropical Chuvoso com Inverno Seco: a estação chuvosa se atrasa para o outono, em
vez do verão (compreende mais as áreas serranas do Estado- Alto Oeste).
As' -> Clima Tropical Chuvoso com Verão Seco: a estação chuvosa se adianta para o outono.
BSs'h' -> Clima Muito Quente e Semi-Árido, tipo "estepe": a estação chuvosa se adianta para o
outono. Compreende área maior ao Norte do Estado e vai estreitando-se para o sul.
BSw'h'-> Clima Muito Quente e Semi-Árido, tipo "estepe": a estação chuvosa se atrasa para o outono.
Já a temperatura, devido a baixa latitude e ausência de outros fatores climáticos que possam influenciar
de forma decisiva, em todo o Estado se apresenta sem grandes variações, embora os fatores geográficos
exerçam influência considerável sobre a temperatura, pois, neste caso, a radiação solar é um fator
importante na sua consideração, porque em baixas latitudes, a radiação solar é mais intensa quanto menor
o ângulo de incidência dos raios solares.
As isotermas representativas das médias anuais, oscilam entre 240C e 270C. A oeste do Estado, as médias
anuais ultrapassam os 270C, não devendo, todavia, em sua amplitude, completar um acréscimo de 10C,
portanto, possui uma fraca oscilação térmica anual. Os meses de maio a julho, geralmente, são os que
apresentam temperaturas mais baixas, porém, nunca inferior a 180C e nos restantes dos meses, são
caracterizados por temperaturas elevadas, principalmente de outubro a dezembro, todavia, nunca superior
a 340C (Hargreaves, 1974). As temperaturas “crescem” no sentido do litoral para o interior do Estado e,
por manter uma média anual elevada durante todo o ano, exerce pouca influência na diferenciação
climática.
Sua Umidade Relativa do Ar (UR) em superfície decresce do litoral para o interior. Mostra-se estável ao
longo do ano, com exceção dos meses compreendidos dentro da estação chuvosa quando os índices de UR
elevam-se.
O RN por pertencer ao NEB, caracteriza-se por baixos índices pluviométricos na maior parte da região e
estação chuvosa concentrada em pouco meses, possuindo uma variabilidade "espacial" e "temporal" de
precipitação alta, o que é típico das regiões semi-áridas do planeta, tais como o Sahel, nordeste da África e
partes da Índia, entre outras.
O Estado possui dois regimes anuais marcantes na distribuição das chuvas (precipitações):
10) O que marca o período chuvoso no semi-árido e compreende as mesorregiões Oeste, Central e parte da
mesorregião Agreste, climatológicamente, vai de fevereiro à maio e o fenômeno meteorológico principal
de grande escala causador das chuvas é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT);
2
20) E o segundo que começa, climatologicamente, de maio à agosto e compreende a mesorregião Leste e o
restante da mesorregião Agreste, onde o principal fenômeno meteorológico de grande escala causador das
chuvas são os "Distúrbios de Leste" (Ondas de Leste) e é onde concentram-se os maiores índices
pluviométricos do Estado.
As características de seu relevo são variados, porém, apresenta uma predominância de extensas superfícies
planas, formadas principalmente por processo de pediplanação em litologias do Cristalino e Sedimentares,
as quais abrangem grande parte da mesorregião Oeste (médio e baixo Oeste), setor norte das mesorregiões
Central e Agreste potiguar, também aparecem em partes isoladas da mesorregião Leste. Em seguida, já no
interior, aparecem as Depressões Sertanejas, as quais apresentam com freqüência sinais de erosão, os
chamados Inselbergs, que são relevos convexizados e por elevações residuais, que aparecem distribuídos
isoladamente ou formando agrupamentos. Após as depressões, aparecem os planaltos (Planalto da
Borborema e o Planalto Residual). No setor sul da mesorregião Oeste (alto oeste) aparecem regiões com as
maiores elevações do Estado, seguido da Serra da Borborema no setor sul do Agreste.
Portanto, o relevo sobre o RN é constituído, basicamente, por planícies e chapadas que não ultrapassam a
300m. Entretanto, na parte meridional do Estado são encontrados maciços que atingem uma altitude média
de 800m.
O tipo de vegetação predominante sobre o RN (recebendo estas características devida ao seu próprio
relevo e clima local) são:
1- Savanas (Cerrados): podem ser de dois tipos: Savana Arbórea Aberta, sem floresta de Galerias - ocorre
no RN principalmente nas proximidades da cidade de Touros (nordeste do Estado) e a Savana Arbórea
Densa.
2- Estepe (Caatinga): é o tipo de vegetação de maior ocorrência sobre o Estado, abrangendo boa parte da
mesorregião Agreste e praticamente toda a mesorregião Oeste e Central potiguar, portanto, na maior
parte das regiões interioranas.
3- Áreas de Formação Pioneira: sofrem influência marinha; compreende uma estreita faixa que abrange
desde o litoral norte até o litoral leste, sendo que na faixa litorânea Norte o tipo de vegetação
predominante é a de "restinga herbácea"; nas cidades de Tibau, Areia Branca, Macau, Guamaré e
Galinhos (na foz dos rios com o Oceano Atlântico no setor norte do Estado), aparecem áreas de
Manguesais. No litoral Leste, o tipo predominante é a restinga Arbustiva, com duas áreas de
Manguesais: uma próxima da cidade de Ceará Mirim (foz do rio Ceará Mirim com o Oceano Atlântico
Leste) e outro na cidade de Natal (foz do rio Potengi com o Oceano Atlântico Leste).
4- Área de Tensão Ecológica: caracterizam-se pela ocorrência de contatos/encrave entre diferentes tipos
de vegetação; no RN aparece na mesorregião Leste em áreas que cobrem as cidades de São Gonçalo do
Amarante, Ceará Mirim e Extremoz. O encrave se dá entre Savana e Estepe (Savana, Arbórea Aberta
sem Floresta de Galeria).
Para o Nordeste, além dos fatores geográficos, a radiação solar é um fator determinante em seu clima,
motivo pelo qual as médias anuais de temperaturas serem elevadas.
A Evapotranspiração Potencial (ETP) e a Evapotranspiração Real (ETR) média anual, variam de
acordo com as temperaturas.
Evaporação de algumas cidade do RN(mm):
Estação
Apodi
Ceará M.
Cruzeta
Florânea
Macau
JAN
219.2
168.1
256.4
225.9
199.9
FEV
155.3
142.8
207.2
163.8
163.3
MAR
117.0
119.0
182.2
137.8
157.3
ABR
102.0
54.0
145.7
123.4
146.3
MAI
117.7
90.8
171.5
147.8
153.8
JUN
134.9
93.1
195.4
153.2
180.4
JUL
163.5
93.6
231.2
202.1
195.0
AGO
218.0
118.6
257.9
256.6
229.5
SET
253.5
134.9
281.8
283.1
249.1
OUT
261.3
176.3
307.3
308.4
234.4
NOV
150.9
181.3
308.1
288.7
214.1
DEZ
252.6
181.0
293.4
255.2
199.5
T/Anual
2145.9
1553.5
2838.1
2546.0
2322.6
3
Mossoró
188.3
145.3
110.0
103.6
101.7
125.0
159.3
214.7
244.3
235.0
231.5
218.9
2077.6
Por estar situado próximo da linha do equador (linha imaginária que divide os dois hemisférios norte-sul),
há uma predominância de ventos de “sudeste” (alísios) em baixos níveis, principalmente ao leste do
Estado, mas no interior sofre variações quanto a sua direção e intensidade, assumindo direções conforme o
sistema meteorológico atuante no momento e da geografia do lugar.
Sabendo-se que a "videira" é uma planta sarmentosa pertencente à família das vitáceas, que se adapta a
diversos tipos de solos, com exceção daqueles muito úmidos e turfuosos e, por ser uma planta de grande
longevidade, desenvolvendo suas raízes em diversas profundidades, necessita apenas de um terreno onde
seu sistema radicular possa desenvolver-se normalmente e aí encontrar os elementos nutritivos e
indispensáveis ao seu desenvolvimento.
Mesmo sendo uma cultura de clima temperado, apresenta ótima adaptabilidade em regiões tropicais e
subtropicais, suportando bem temperaturas superiores a 300 C. Dentre os diversos gêneros, o gênero Vitis é
o mais importante; inúmeras são as espécies pertencentes a este gênero, abrangendo mais de 30 espécies,
porém, as de maior interesse econômico podem ser agrupadas em videiras européias, americanas e
híbridas.
Logo, se o Estado vir a explorar e incentivar este tipo de cultivo, poderá alcançar bons lucros, o que,
automaticamente, refletirá ótimos resultados na sua economia interna e também no Brasil, uma vez que,
além de suas características edafoclimáticas serem favoráveis, pode contar com boas rodovias e ferrovias
e, ainda, de possuir três portos para o escoamento de seus produtos.
ALGUMAS DAS BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS
01- Albuquerque, T.C.S ; Albuquerque, J.A.S Pesquisas Desenvolvidas para melhorar a brotação
da videira na região semi-árida brasileira - EMBRAPA - Petrolina - Pe - n0 79 - 1993
02- Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte - 1995 VOL.22 - P 1-472 - Fundação Instituto de
Desenvolvimento do Rio Grande do Norte - IDEC - V.II (anual).EMBRAPA - Petrolina - Pe
- 1986
03- Dantas, J.A e Jacomine, P.K.T - 1987
04- Hargreaves, G.H Climatic zoning for agricultural production in Northeast Brazil - Logan: Utah
State University, 1974 - 6p
05- Kousky, V.E ; Kayano, M.T., 1993 Principal modes of longwave radiation and 250 mb
circulation for thesouth american sector, submetido do J.Climate
06- Kuhn, G.B ; Lovatel, J.L ; Prezotto, 0.P ; Rivaldo, 0.F O cultivo da videira - informações
básicas - EMBRAPA - Bento Gonçalves - RS - 1984
07- Levantamento Exploratório - Reconhecimento dos Solos do Estado do Rio Grande do Norte;
Boletim Técnico n0 21 - Divisão de Pesquisa Pedológica (DNPEA) - Ministério da
Agricultura; CDU 631.4(831.2) - Série Pedológica N0 9-Divisão de Agrologia (DRN SUDENE) - Ministério do Interior - Recife - PB - 1971
08- Mello, N.G.S ; Sakanoto, M.S ; Torsani, J.A Estudo de caso de um sistema convectivo de
mesoescala (SCM) observado no nordeste do Brasil - Fundação Cearense de Meteorologia
e Recursos Hídricos (FUNCEME) - maio/96
09- Projeto Radambrasil (Programa de Integração Nacional) - Volume 23 - Levantamento de
Recursos Naturais - Ministério das Minas e Energias - Secretaria Geral - Folhas sb. 24/25 –
Jaguaribe/Natal - Rio de Janeiro - 1981
4
Mapa do RN por Mesorregião
Sist. de Circul.Atmosf. c/ relação ao Relevo
Zona de Chuva Orográfica (Barlavento)
Zona de Sombra de Chuva (Sotavento)
Perfil de Rendzina relevo plano
Chapada do Apodi-RN
Agradecimentos Especiais:
Aos colegas da EMPARN(Ribeira)-RN pelo acesso a sua Biblioteca e aos colegas do INMET-DF pela
confecção deste trabalho.
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