mandioca - Agrocursos

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Autor: Engenheiro Agronômo Alípio Luís Dias
ÍNDICE
MANDIOCA
ORIGEM
LENDAS
VARIEDADES
ADVERTÊNCIA
UTILIZAÇÃO
CURIOSIDADES
- CLIMA E SOLO
PLANTIO
- EPÓCA DE PLANTIO
- ESPAÇAMENTO E PLANTIO
ADUBAÇÃO E CALAGEM
TRATOS CULTURAIS
PRAGAS E DOENÇAS
COLHEITA E RENDIMENTO
VARIEDADES
PRODUTOS
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MANDIOCA
Mandioca (Aipim ou Macaxeira) é o nome pelo qual é conhecida
espécie comestível e mais largamente difundida do gênero Manihot, composto
por diversas variedades de raízes comestíveis.
O nome dado ao arbusto da manihot é maniva. Trata-se de um arbusto
que teria tido sua origem mais remota no oeste do Brasil (sudoeste da
Amazônia) e que, antes da chegada dos europeus à América, já estaria
disseminado, como cultivo alimentar, até à Mesoamérica (Guatemala, México).
Espalhada para diversas partes do mundo, tem hoje a Nigéria como seu maior
produtor.
No Brasil possui muitos sinônimos, usados em diferentes regiões, tais
como aipi, aipim, castelinha, macaxeira, mandioca-doce, mandioca-mansa,
maniva, maniveira, pão-de-pobre, e variedades como aiapuã e caiabana, ou
nomes que designam apenas a raiz, como caarina.
ORIGEM
Foi cultivada por várias nações indígenas da América Latina que
consumiam suas raízes, tendo sido exportada para outros pontos do planeta,
principalmente para a África, onde constitui, em muitos casos, a base da dieta
alimentar. No Brasil, o hábito de cultivo e consumo da raiz continua.
LENDAS
PÉ DE MANDIOCA
O folclorista Câmara Cascudo regista alguns mitos sobre a mandioca.
São eles:
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Entre os parecis, povo de Mato Grosso a história é a seguinte: Zatiamare
e sua esposa Kôkôtêrô tiveram um par de filhos - o menino Zôkôôiê e uma
menina, Atiolô - que era desprezada pelo pai, que a ela nunca falava senão por
assobios. Amargurada pelo desprezo paterno, a menina pediu à mãe que a
enterrasse viva; esta resistiu ao estranho apelo, mas ao fim de certo tempo,
atendeu-a: a menina foi enterrada no cerrado, onde o calor a desagradou, e
depois no campo, também lugar que a incomodara. Finalmente, foi enterrada
na mata onde foi do seu agrado; recomendou à mãe para que não olhasse
quando desse um grito, o que ocorreu após algum tempo. A mãe acorreu ao
lugar, onde encontrou um belo e alto arbusto que ficou rasteiro quando ela se
aproximou; a índia Kôkôtêrô, porém, cuidou da planta que mais tarde colheu do
solo, descobrindo que era a mandioca.
Entre os bacairis a lenda conta de um veado que salvara o bagadu
(peixe da família Practocephalus) que para recompensá-lo deu-lhe mudas da
mandioca que tinha ocultas sob o leito do rio. O veado conservou a planta para
alimentação de sua família, mas o herói dos bacairis, Keri, conseguiu pegar do
animal a semente que distribuiu entre as mulheres da tribo.
VARIEDADES
Existem diversas variedades da planta, que se dividem em mandiocadoce e mandioca-brava (ou mandioca-amarga), de acordo com a presença de
ácido cianídrico (que é venenoso se não for destruído pelo calor do cozimento
ou do sol). Algumas regiões usam o nome aipim ou macaxeira para designar a
mandioca-doce. As variações não se restringem apenas a quantidade de ácido
cianídrico. Variam também as cores das partes de folhas, caules e raíz, bem
como sua forma.
ADVERTÊNCIA
Só é possível distinguir perfeitamente as espécies venenosas (isto é a
mandioca com alta concentração de ácido cianidrico) em laboratório. No
entanto deixar a raiz da mandioca descascada em água por uma hora ou duas
e depois cozinhar por mais uma hora em água fervendo a torna apta ao
consumo. No entanto, em todo o mundo se come mandioca sem tomar estas
precauções e não é comum a intoxicação devido ao seu consumo. Isto se deve
por um lado que cozinhá-la do modo habitual (fervida ou frita) volatiliza a maior
parte do ácido cianidrico e por outro lado o sabor amargo do cianeto demove
as pessoas de comê-la.
UTILIZAÇÃO
No Brasil, a raiz tuberosa da mandioca é consumida na forma de
farinhas, da qual se faz a farinha de mandioca e tapioca ou, em pedaços
cozidos ou fritos. Está presente também no preparo de receitas típicas da
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Amazônia como o tacacá, o molho tucupí e com suas folhas cozidas preparase a maniçoba.
Dela também são feitas bebidas. Como o cauim (indígena) feito através
de fermentação. Por meio de um processo de destilação é produzida uma
cachaça ou aguardente de mandioca a tiquira. Possui elevado teor alcoólico. É
comum no Estado do Maranhão mas é pouco conhecida no restante do Brasil.
Durante a implantação do Pró-álcool a mandioca foi estudada como
possível alternativa de matéria prima para a produção de etanol.
Dela também se faz outra farinha o polvilho (fécula de mandioca), doce
ou azedo, que serve para a preparação de diversas comidas típicas como, o
pão de queijo. Apesar de freqüente em países da África e da Ásia, para onde
foram levadas pelos colonizadores ibéricos, o hábito de utilizar as folhas da
planta para alimentação, no Brasil, só ocorre na região Norte.
Na África é comum consumir-se, além da raiz, também as folhas jovens
em forma de esparregado. Em Moçambique, estas são piladas (moídas no
pilão), juntamente com alho e a própria farinha seca da raiz e depois cozinhada
normalmente com um marisco (caranguejo ou camarão); esta comida se
chama "matapa" e é uma das mais populares da culinária moçambicana. Em
Angola este esparregado é conhecido como "kissaca".
A farinha de mandioca comumente é preparada a partir da mandiocabrava. Para se extrair a manipuera é necessário o uso do tipiti ou outro tipo de
prensa e dela retira-se a caiarema ou carimã, no linguajado popular, polvilho.
Manipuera:
 mani = o nome da menina,
 puera (güera) = tem o significado de ruim (a parte ruim da mani), o que
já foi, velho.
CURIOSIDADES
O cultivo da mandioca é de grande relevância econômica como principal
fonte de carboidratos para milhões de pessoas, essencialmente nos países em
desenvolvimento. O Brasil possui aproximadamente dois milhões de hectares é
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um dos maiores produtores mundiais, com produção 23 milhões de toneladas
de raízes frescas de mandioca. A região Nordeste tradicionalmente caracterizase pelo sistema de policultivo, ou seja, mistura de mandioca com outras
espécies alimentares de ciclo curto, principalmente feijão, milho e amendoim.
Atualmente a demanda de amido de mandioca (fécula) tem crescido de
forma substancial, principalmente pelo setor industrial a exemplo da utilização
de fécula na mistura de farinha de trigo para fabricação de pães, objetivando
reduzir as importações de trigo, gerando divisas para o país.
A parte mais importante da planta é a raiz. Rica em fécula, utilizadas na
alimentação humana e animal ou como matéria prima para diversas indústrias.
Originária do continente americano, provavelmente do Brasil, a mandioca já era
cultivada pelos índios, por ocasião da descoberta do país. Este trabalho reúne
informações técnicas simplificadas, necessárias ao cultivo da mandioca, de
resultados de pesquisas geradas pelos principais órgãos do Sistema Nacional
de Pesquisa Agropecuária.
CLIMA E SOLO
É cultivada em regiões de clima tropical e subtropical, com precipitação
pluviométrica variável de 600 a 1.200 mm de chuvas bem distribuídas e uma
temperatura média de em torno de 25ºC. Temperaturas inferiores a 15ºC
prejudica o desenvolvimento vegetativo da planta. Pode ser cultivada em
altitudes que variam de próximo ao nível do mar até mil metros. É bem
tolerante à seca e possui ampla adaptação às mais variadas condições de
clima e solo. Os solos mais recomendados são os profundos com textura
média de boa drenagem. Deve-se evitar solos muito arenosos e os
permanentemente alagados.
PLANTIO
Época de Plantio
A época de plantio adequada é importante para a produção da
mandioca, principalmente pela relação com a presença de umidade no solo,
necessária para brotação das manivas e enraizamento. A falta de umidade
durante os primeiros meses após o plantio causa perdas na brotação e na
produção, enquanto que o excesso, em solos mal drenados, favorece a
podridão de raízes. A escolha da época de plantio adequada ainda pode
reduzir o ataque de pragas e doenças e a competição das ervas daninhas.
O plantio é normalmente feito no início da estação chuvosa, quando a
umidade e a temperatura tornam-se elementos essenciais para a brotação e
enraizamento. É importante conectar a época de plantio com a disponibilidade
de manivas, sejam elas recém-colhidas, o que é melhor, ou armazenadas. Nos
cultivos industriais de mandioca é necessário combinar as épocas de plantio
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com os ciclos das cultivares e com as épocas de colheita, visando garantir um
fornecimento contínuo de matéria-prima para o processamento industrial.
Devido a extensão territorial do Brasil, as condições ideais para o plantio
de mandioca não coincidem para as diferentes regiões. Para a região dos
Tabuleiros Costeiros recomenda-se o plantio de mandioca entre os meses de
março e agosto.
Espaçamento e Plantio
A utilização do espaçamento adequado associado a outras práticas de
cultivo contribui para a obtenção de rendimentos elevados.
No cultivo da mandioca o espaçamento depende da fertilidade do solo,
do porte da variedade, do objetivo da produção (raízes ou ramas), dos tratos
culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada).
De maneira geral, recomenda-se os espaçamentos de 0,80 a 1,50 m
entre linhas e 0,50 a 1,00 m entre plantas em fileiras simples, e 2,00 x 0,60 x
0,60 m, em fileiras duplas. Em solos mais férteis deve-se aumentar a distância
entre fileiras simples para 1,20 m, proporcionando uma maior área de
exploração por planta. Enquanto que nas áreas de menor fertilidade a
tendência é reduzir o espaçamento, proporcionado uma maior população,
compensando a menor produção por planta com um maior número de plantas.
Em plantios destinados à produção de ramas para ração animal recomenda-se
um espaçamento mais estreito, com 0,80 a 1,00 m entre linhas e 0,50 m entre
plantas. Com essa redução no espaçamento as plantas apresentam uma
tendência a desenvolver uma parte aérea mais tenra, facilitando seu uso na
alimentação de animais tanto na forma fresca como seca ao sol. Quando o
plantio e/ou a colheita for mecanizada, a distância entre as linhas deve
apresentar um afastamento que permita a movimentação das máquinas. Se as
capinas forem mecanizadas, deve-se adotar um espaçamento que permita a
livre circulação das máquinas sem danificar as plantas; nesse caso, a distância
entre fileiras duplas deve ser de 2,00 m, no caso do uso de tratores pequenos,
ou de 3,00 m, para uso de tratores maiores. Nos pequenos cultivos, capinados
à enxada, deve-se usar espaçamento mais estreito, facilitando a cobertura do
solo mais rapidamente dificultando o desenvolvimento das ervas daninhas.
O espaçamento em fileiras duplas oferece as seguintes vantagens: a)
facilita a mecanização; b) facilita a consorciação; c) reduz o consumo de
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manivas, de adubos, mão de obra com plantio e colheita; d) permite a rotação
de culturas pela alternância das fileiras; e) reduz a pressão de cultivo sobre o
solo; e g) facilita a inspeção fitossanitária e a aplicação de defensivos.
Quanto ao plantio da mandioca, em solos não sujeitos a encharcamento
pode ser feito em covas preparadas com enxada ou em sulcos construídos
com enxada, sulcador a tração animal ou motomecanizados. Tanto as covas
quanto os sulcos devem ter aproximadamente 10 cm de profundidade. As
plantadeiras mecanizadas disponíveis no mercado fazem de uma só vez as
operações de sulcamento, adubação, plantio e cobertura das manivas. Em
solos argilosos recomenda-se o plantio em cova alta ou matumbo, que são
pequenas elevações de terra, de forma cônica, construídas com enxada, ou em
leirões, que são elevações contínuas de terra, que podem ser construídos com
enxada ou arados.
As manivas-semente, estacas ou rebolos podem ser plantadas em três
posições: vertical, inclinada ou horizontal. A maneira mais adotada é a
horizontal, porque facilita a colheita das raízes por apresentar um
desenvolvimento superficial, colocando-se as manivas no fundo das covas ou
dos sulcos. Quando se usa a plantadeira mecanizada, as manivas também são
colocadas na posição horizontal. Enquanto posições inclinada e vertical são
menos difundidas porque as raízes aprofundam mais, dificultando a colheita.
ADUBAÇÃO E CALAGEM
Há evidência que a mandioca tolera as condições de acidez do solo.
Entretanto, os solos devem ser escolhidos, preparados, corrigidos e adubados
adequadamente, conforme os resultados de análise química. As adubações
orgânicas e fosfatadas respondem de forma bastante positiva no aumento da
produtividade.
TRATOS CULTURAIS
São recomendadas em média cinco capinas do mato, sendo três no
primeiro ano e duas no segundo ano.
PRAGAS E DOENÇAS
As principais pragas são: mandarovás, ácaros, percevejo de renda,
mosca branca, mosca do broto, broca do caule, cupins e formigas. As doenças
mais comuns são: Podridão de raiz, Bacteriose, superbrotamento, viroses. Ao
ser constatada qualquer alteração no estado fitossanitário, consultar o órgão
competente mais próximo.
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COLHEITA E RENDIMENTO
A colheita deve ser iniciada de acordo com o ciclo da variedade utilizada
no plantio e é feita manualmente, através do arranquio das raízes. As raízes
colhidas deverão ser processadas pela indústria durante as primeiras vinte e
quatro horas, para não comprometer a qualidade dos seus produtos. A
produtividade varia de acordo com as variedades utilizadas, espaçamento e os
tratos culturais empregados na cultura. A produtividade média varia de 15 a 20
toneladas por hectare. O rendimento industrial varia de 25 a 30%, ou seja uma
tonelada de raízes produz cerca de 300 quilos de farinha.
VARIEDADES
A cultura da mandioca apresenta uma grande variabilidade genética,
possibilitando um grande número de variedades disponíveis para
recomendação de plantio. As variedades são recomendadas de acordo com a
finalidade de exploração. As principais cultivares recomendadas para a Bahia
são: Cigana, Cidade Rica, Maragogipe, Manteiga, Saracura e Casca Roxa.
PRODUTOS
Os produtos das raízes para alimentação humana são a farinha, a
fécula, o beiju, o carimã, dentre outros. A fécula é bastante utilizada nas
indústrias de alimentos como em outras indústrias.
Farinha de Mandioca
Beijú
Carimã
Fécula
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