CLARISSA FAVERO DEMEDA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS LINHAGENS CELULARES SCC25, SAS E HSC-3 FRENTE À PRESENÇA DOS EXOSSOMOS DERIVADOS DOS MACRÓFAGOS DOS SUBTIPOS M1 E M2. NATAL-RN 2016 CLARISSA FAVERO DEMEDA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS LINHAGENS CELULARES SCC25, SAS E HSC-3 FRENTE À PRESENÇA DOS EXOSSOMOS DERIVADOS DOS MACRÓFAGOS DOS SUBTIPOS M1 E M2. NATAL-RN 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CLARISSA FAVERO DEMEDA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS LINHAGENS CELULARES SCC-25, SAS E HSC-3 FRENTE À PRESENÇA DOS EXOSSOMOS DERIVADOS DOS MACRÓFAGOS (TAMS) DOS SUBTIPOS M1 E M2 Tese apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-graduação em Patologia Oral do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a obtenção de Título do Doutor em Patologia Oral. Orientador: Prof. Dr. Leão Pereira Pinto Co-Orientadora: Profa. Dra. Tuula Anneli Salo NATAL-RN 2016 Catalogação na Fonte. UFRN/Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Demeda, Clarissa Favero. Análise do comportamento das linhagens celulares SCC-25, SAS e HSC-3 frente à presença dos exossomos derivados dos macrófagos (TAMs) dos subtipos M1 e M2 / Clarissa Favero Demeda. Natal, RN, 2016. 104 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Leão Pereira Pinto. Co-orientadora: Prof. Dra. Tuula Anneli Salo. Tese (Doutorado em Patologia Oral) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia. Programa de PósGraduação em Patologia Oral. 1. I. Pinto, Leão Pereira, II. Título. RN/UF/BSO Black D74 DEDICATÓRIA Aos meus pais, por todo amor, dedicação e coragem que me foi ensinado. Por mostrarem que o verdadeiro caminho da vida se faz pelo conhecimento, honestidade, humildade e caridade. Aos meus irmãos, meus melhores amigos. Ao meu marido, com todo amor que se pode sentir, naquele lugar mais profundo, entre a sombra e a alma. AGRADECIMENTOS Era uma vez, uma garota repleta de sonhos que não sabia exatamente para onde ia, mas sabia que iria. Ela pensava que não cabia dentro de um lugar só, mas sim, um dia teria que percorrer uma parte do mundo. A educação sempre foi seu ponto forte, sempre tendo força e coragem para perseverar, mesmo quando tudo parecia tão difícil. Dedicação para atingir seus objetivos era sua principal característica. Um dia, essa garota cresceu, e seus sonhos acabaram se apagando, a vida a levou a diferentes caminhos. Queria ser bióloga, fez Odontologia. Queria estudar os oceanos, acabou estudando a cavidade oral e toda a sua influência em um ser humano. Queria ser professora, mas foi convencida de que não seria a melhor escolha. Hoje, depois de tantas mudanças de percurso, essa garota aprendeu que sonhos devem ser sonhados e, o mais importante, deve-se lutar para realizá-los. Em meio a tantas idas e vindas, a Odontologia criou um novo caminho, no qual o estudo, dedicação, alegrias e sonhos se completavam. Na busca de se tornar uma professora, talvez por ter nascido e crescido tão curiosa com o mundo, ingressou precocemente na iniciação científica, que trouxe bons frutos, como o amor pela Patologia Oral. Esse amor a levou a enfrentar grandes batalhas, sim, muitas superações e aprendizados. Acima disso, desde pequena ela sabia que seu lugar não era um só. Alguma voz lá no fundinho da sua cabeça dizia, seu lugar não é aqui. E graças às oportunidades dadas pelo Programa de Pós-graduação em Patologia Oral e pelos grandes mestres que tive em minha vida acadêmica, comecei a conhecer o mundo. À professora Lélia e professora Roseana meu profundo agradecimento por me darem a oportunidade de ir a Istanbul participar da IAOP, essa viagem me ajudou a perceber que eu era capaz de muito mais coisas que poderia imaginar. Ao Programa de Pós-graduação agradeço profundamente o dia em que convidaram professora Tuula Salo e seu esposo Leo Tjäderhane para ministrarem uma palestra em comemoração aos 30 anos do Programa. Neste dia, conheci as pessoas mais brilhantes, amigáveis e amáveis. E essa garota que já sabia que não poderia mais ficar no mesmo lugar, tomou coragem e perguntou se poderia acompanhar a professora Tuula em Oulu para realizar sua tese de doutorado. Sim, pois até mesmo a Tuula pensou: O que será que essa maluca quer fazer em Oulu. Será que ela está sendo apenas educada ou é doida mesmo? Ela não estava sendo educada, e sim, era doida mesmo. Sabia que devia perguntar e sabia que devia tentar. E essa professora com um enorme coração e uma mente brilhante a acolheu, em sua cidade, em seu laboratório e até em sua casa. E assim.. com altos e baixos, alegrias e tristezas, encontros e desencontros, chegadas e partidas, fez-se um doutorado.... Agradeço de forma muito especial e primeiramente a Deus, nosso Pai e Criador, Grande em seu poder e bondade por ter me dado forças, garra, coragem para não me desviar do caminho que me foi proporcionado. A Ele, agradeço, ainda, imensamente e incondicionalmente a família que me foi cedida como presente. Aos meus pais, Sergio e Clenice, que sempre me proporcionaram a oportunidade de crescer e aprender, nunca medindo esforços e que sempre foram meu alicerce e exemplo de coragem, luta, dedicação, perseverança e amor. Por eles e com eles estou chegando ao caminho sonhado. Ao meu marido, grande companheiro de jornada que esteve comigo desde os primeiros devaneios, pensamentos e decisões me acompanhando, dando força, torcendo, acreditando e apoiando. Sem ele, não teria chegado tão longe. Como um alicerce, uma grande rocha, firme em suas estruturas e sólido, que suporta todas as intempéries a que lhe são submetidos, ele esteve ao meu lado, não importa como, onde, nem quando, mesmo que por um bom tempo um oceano e um continente nos separassem ele se manteve ao meu lado, com toda sua força. Ao meu amor, meu muito obrigado. Aos meus irmãos, Vanessa e Vinícius, meus fiéis cumplices, que mesmo o tempo tendo tratado de nos manter separados sempre estiveram me dando apoio, em todos os momentos. Desde sempre e para sempre, obrigada. Amo vocês. À minha tia Clezita, minha segunda mãe, que sempre torceu e me acompanhou nas batalhas. Querida tia, que sorte a minha de tê-la ao meu lado. Aos meus sogros, Suely e José Maria, e aos meus cunhados, Danielle e Marcelo, obrigada por compartilharem comigo e com Rodrigo nossos momentos de vitória durante esses quatro anos. Aos meus amigos de vida: Cristiane, Delmir, Débora, Natália, Isabel, Danielle e Roberta. Que são responsáveis pelos momentos de distração, alegrias e descontração na minha vida. Sorte daqueles que tem amigos como vocês. Aos amigos distantes, aqueles que sinto por perto e que sempre guiam meus pensamentos. Aos amigos que jamais pensaria que os colocaria aqui, companheiros da jornada em Rio Branco, Nany, Thiago, Letícia, Vivian, Cil, Marianna, Luis, Iná, Marino, Paula, Mário, Érico e todos os que passaram tão rápido por nós, mas que deixaram suas marcas. Obrigado por tornarem os nossos dias em Rio Branco mais leves, mais alegres e por estarem ao lado de Rodrigo num período que não pude acompanhá-lo. Beijo no coração. Às amigas de curso e companheiras de vários anos e histórias de uma vida, Géorgia e Ariza, obrigada por compartilharem comigo as alegrias e tristezas, principalmente pelas gargalhadas e pelas horas de conversa despretensiosa e agradável. Às companheiras de sofrimentos, de aprendizado, de angústias, de vitórias, de crescimento e conquistas, aquelas que o destino juntou para que pudessem aprender melhor a patologia e destrinchar os segredos das lesões de cavidade oral, se é que conseguiremos um dia, Rose, Jamile, Melka, Denise, Natalia e Ana Luiza. Que nossos caminhos sejam iluminados. Sem esquecer da já doutora e competente professora Bárbara, que me ouvia nas horas de angústia e que sempre me deu força. Obrigada. Aos queridos colegas da Patologia Oral, Luciana, Maria Luiza, Andréia, Tiago, Jadson, Marcelo, Mariana, Rodrigo, Thalita, Viviane, Vilson Júnior, Fernanda e Adriana, Keila, Águida, Joabe e tantos outros não menos importantes, obrigada pelas horas de aprendizado, descontração e por compartilharem seus conhecimentos comigo. À Cynthia e Ana Rafaela, por terem me ajudado ainda enquanto iniciava meus passos no mestrado e me dado a oportunidade de aprender. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Patologia Oral, Professora Roseana, Professora Hébel, Professor Costa, Professora Márcia, Professora Éricka, Professor Carlos Augusto e Professor Bruno. Meus mais profundos agradecimentos por terem participado desses importantes anos na minha conquista por uma gota no oceano de conhecimentos. Ao querido professor Leão, por ter sido o responsável por me apresentar a Patologia Oral ainda quando acadêmica, por ter me deixado sonhar e acreditar que conseguiria trabalhar na minha tese na Finlândia. Por sempre me aconselhar na minha vida acadêmica e pessoal. Por ter sido um verdadeiro mestre. À professora Lélia Batista, por demonstrar todos os dias sua dedicação pela Patologia Oral, por ter me apoiado na decisão de ir para Finlândia, por ter me dado a oportunidade de acompanhá-la na IAOP em Istanbul, por todas as oportunidades geradas, pelo seu empenho para que tudo dê certo. Meus mais sinceros reconhecimentos. Ao professor Cassiano Nonaka, pelo exemplo de profissional e pelo auxílio a mim dedicado durante meu mestrado e, ainda, durante o doutorado. Ainda levo seus ensinamentos comigo. Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da UFRN, Gracinha, Idelzuite, Hévio, Sandrinha, Lourdinha e Ricardo, por serem sempre nosso apoio e pelos profissionais gentis que sempre foram, vocês são um ponto de luz na Patologia Oral. E por último, mas não menos importante, agradeço a professora Tuula Salo e toda sua equipe por terem me acolhido de forma doce, amável e acolhedora em seu país. Oulu acabou se tornando uma parte de meu coração, que levarei sempre para aonde for. Os conhecimentos adquiridos nunca serão esquecidos e fica aqui a saudade e a vontade de voltar para continuar um aprendizado importante não só para minha vida acadêmica quanto para minha vida pessoal. Agradeço de forma especial a Johanna Korvala, minha amiga, orientadora, chefinha, encantadora, meu porto seguro e anjo de guarda enquanto estava em Oulu. Meu mais profundo carinho e agradecimento por tudo que compartilhou comigo. Você é um exemplo de competência, inteligência, humildade e bondade. À minha também orientadora Emma Pirilä, agradeço por compartilhar as ideias de nosso estudo, por todas as sugestões e conversas. Por ter aguentado dividir sua sala com uma brasileira falante por 6 meses e por ter me dado a oportunidade de conhecer e me aproximar da princesa Ella. A todos os membros do grupo da professora Tuula, Majia Risteli, Mallu, Meeri Sutinen, Pirjo Åström, Ilkka Alahuhta, Ehsanul Hoque, Abdirisak Ahmed, por todo o tempo a mim dedicado e por todos os momentos de aprendizado, descontração e por tudo que me ensinarem a viver como vocês. Aos amigos brasileiros Priscila Campioni e Maurício Dourado, por toda a ajuda que me foi dada, na moradia, no laboratório, nos momentos de descontração. Priscila, obrigada pelo seu empenho em me ajudar quando cheguei, pelas nossas conversas e por compartilhar seu conhecimento comigo. Mauricio, depois da sua chegada Oulu ficou mais divertida, continue com esse seu brilho. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelos auxílios financeiros que possibilitaram a realização deste curso. “Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz... Estamos indo de volta pra casa” RESUMO O carcinoma epidermóide (CE) de língua representa uma das lesões malignas mais comuns em cavidade oral e caracteriza-se por apresentar um comportamento localmente invasivo e agressivo. Os exossomos são responsáveis pela comunicação célula-célula e podem influenciar na progressão tumoral, metástase e eficácia terapêutica. Dentre as células capazes de secretar exossomos estão as células tumorais e as células imunes. Sabe-se que a presença das células imunes é importante para erradicar os tumores. No entanto, achados recentes demonstram que a inflamação pode promover o crescimento tumoral. Os macrófagos associados a tumores (TAMs) são conhecidos por apresentarem diferentes subtipos, M1 e M2, capazes de secretarem exossomos. O presente estudo se propôs a observar o comportamento dos exossomos derivados dos TAMs, dos subtipos 1 e 2, frente a cultura de células humanas SCC-25, HSC-3 e SAS derivadas de CE de língua, por meio da análise da capacidade de invasão, proliferação e viabilidade das células tumorais na presença dos exossomos. Observou-se que as microvesículas derivadas dos TAMs apresentam positividade para CD63, caracterizando-as como exossomos. Os exossomos dos TAMs do subtipo M2 foram os únicos a apresentarem marcação para TGF-β, quando em comparação com os exossomos M1, THP1 e das linhagens celulares de CE, sugerindo que os exossomos M2 podem ser responsáveis pela expressão de TGF-β nas células tumorais, uma vez que são internalizados. Nos ensaios de migração, observou-se que as células SCC-25 em presença de meio de cultura DMEM F/12, apresentaram maior capacidade de invasão frente aos exossomos M2 (p≤0,001), para concentração de 0,1 µg/ml. Para as células HSC-3 e SAS, não foi observada relação estatisticamente significante entre a presença de exossomos cultivados juntamente com as células tumorais e a capacidade de invasão celular (p>0,05). Quando os exossomos foram colocados no compartimento inferior do transwell, as células HSC-3 em presença dos exossomos M2 (1,0 µg/ml) apresentaram maior capacidade de invasão (p≤0,001). O teste de viabilidade demonstrou que as células HSC-3 tornam-se mais viáveis frente à presença dos exossomos M2 (p≤0,001) na concentração de 50 µg/ml. Para as células SCC-25, o resultado foi o mesmo (p≤0,05). A imunofluorescência demonstrou a internalização dos exossomos nas linhagens celulares estudadas. Os achados sugerem que a presença de exossomos M2, frente às culturas de células de CE de língua, pode ser um campo de pesquisa importante para futuros estudos com terapias-alvo. Palavras-chaves: exossomos; carcinoma de células escamosas; macrófagos. ABSTRACT Squamous cell carcinoma (SCC) of the oral tongue is one of the most common malignant lesions in the oral cavity and is characterized by presenting a locally invasive and aggressive behavior. The exosomes are responsible for cell-cell communication and may influence tumor progression, metastasis and therapeutic efficacy. Among the cells that can secrete exosomes are tumor cells and immune cells. It is known that the presence of immune cells is important to eradicate tumors. However, recent findings suggest that inflammation may promote tumor growth. The tumor associated macrophages (TAMs) are known to have subtypes, M1 and M2, that secrete exosomes. This study’s goal was to observe the behavior of derivatives TAMs exosomes, subtypes 1 and 2, against human cell culture SCC-25, HSC-3 and SAS derived from SCC of oral tongue, through the analysis of invasiveness, proliferation and viability of tumor cells in the presence of exosomes. It was observed that the microvesicles derived from TAMs are positive for CD63, characterizing them as exosomes. The exosomes of the M2 subtype TAMs were the only ones to present TGF-β marking, as compared with M1 exosomes, THP1 and SCC cell lines, suggesting that M2 exosomes may be responsible for TGF-β expression in tumor cells. In the migration tests, it was found that the SCC-25 cells in the presence of culture medium DMEM F / 12 showed higher invasion capacity in the presence of M2 exosomes (p≤0,001) to a concentration of 0.1 µg/ml. For HSC-3 and SAS cells, there was no significant statistical relationship between the presence of exosomes and invasiveness (p> 0.05) for the exosomes derived from TAMs. When the exosomes were placed in the lower compartment of the transwell, the HSC-3 cells in the presence of M2 exosomes (1.0 µg/ml) had higher invasiveness (p≤0,001). The viability test showed that HSC-3 cells became more viable in the presence of M2 exosomes (p≤0.001) at a concentration of 50 µg/ml. For SCC-25 cells, the result was the same (p≤0.05). Immunofluorescence showed the internalization of exosomes in the cell lines studied. These findings suggest that the presence of M2 exosomes in the SCC of the oral tongue cell cultures may be an important research field for future studies of targeted therapies. Keywords: exosomes; squamous cell carcinoma; macrophages. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Exossomos são pequenas vesículas (30-100nm) liberadas por diversos tipos celulares, contendo DNA, RNA, miRNA, proteínas e lipídios. Apresentando marcadores de membrana como CD9, CD81 e CD63 (BENITO-MARTIN et al., 2015)............................................................... Figura 2 Esquema da transferência de proteínas e RNA pelas vesículas extracelulares (RAPOSO; STOORVOGEL, 2013).................................... Figura 3 30 32 Estrutura da proteína tetraspanina. Os resíduos conservados estão indicados, assim como as localizações das palmitoilações (vermelho) e das glicolizações (verde) (LAZO, 2007).................................................... Figura 4 Visão esquemática mostrando a presença do CD63 na via endossomal. (POLS; KLUMPERMAN, 2009).............................................................. Figura 5 34 35 Mecanismo proposto no qual EGCG inibe a infiltração de TAMs e a polarização em M2 no microambiente tumoral (JANG et al., 2003)........................................................................................................... 42 Figura 6 Experimento grupo 1.................................................................................. 53 Figura 7 Experimento grupo 2.................................................................................. 63 Figura 8 Caracterização dos exossomos isolados dos macrófagos pelo método clássico da ultracentrifugação (WX ultra 90 - Thermo electron corporation). Marcadas com anti-CD63. As figuras A-D mostram exossomos THP1, B-E exossomos subtipos M1 e C-F exossomos dos macrófagos tipo 2....................................................................................... Figura 9 63 Imagem representativa da marcação pelo método de imunofluorescência utilizando Vybrint Dilo (células tumorais-verde) e Exo-GLOW (exossomos – vermelho). As imagens as colorações amarelas e alaranjadas correspondem a internalização dos exossomos nas linhagens celulares...................................................................................................... 77 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Concentração de exossomos utilizada no estudo, calculadas com base nos resultados no teste de Bradford..................................................................... 51 Quadro 2 Especificidade, Nº do catálago, fabricante, diluição, anticorpo secundário e tempo de incubação do anticorpo primário utilizado na imunoeletromicroscopia................................................................................ 52 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Ensaio de invasão utilizando linhagem celular SCC-25 em meio de cultura DMEMF/12. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016............................................................................... 64 Gráfico 2 Ensaio de invasão utilizando linhagem celular SCC-25 em meio de cultura livre de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016............................................................................... 65 Gráfico 3 Ensaio de invasão utilizando linhagem celular SCC-25 com exossomos no compartimento inferior do transwell (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016......................................... 66 Gráfico 4 Ensaio de invasão utilizando linhagem celular HSC-3 em meio de cultura DMEMF/ 12. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016............................................................................... 67 Gráfico 5 Ensaio de invasão utilizando linhagem celular HSC-3 em meio de cultura meio de cultura com ausência de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016......................................... 68 Gráfico 6 Ensaio de invasão utilizando linhagem celular HSC-3 contendo exossomos no compartimento inferior do transwell. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016......................................... 69 Gráfico 7 Ensaio de invasão utilizando linhagem celular SAS meio de cultura com ausência de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016............................................................................... 70 Gráfico 8 Ensaio de proliferação BrdU utilizando linhagem celular HSC-3 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura DMEMF/12. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016..................................................... 71 Gráfico 9 Ensaio de proliferação BrdU utilizando linhagem celular HSC-3 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura livre de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016..................................................... 72 Gráfico 10 Ensaio de viabilidade celular MTT utilizando linhagem celular HSC3 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura DMEMF/12. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016..................................................... 73 Gráfico 11 Ensaio de viabilidade celular MTT utilizando linhagem celular HSC3 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura com ausência de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016......................................... 74 Gráfico 12 Ensaio de proliferação BrdU utilizando linhagem celular SSC-25 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura livre de FBS. (*) p≤0,05 (**), p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016..................................................... 75 Gráfico 13 Ensaio de viabilidade celular MTT utilizando linhagem celular SCC25 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura livre de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016...................................................... 76 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS °C – Graus Celsius. µl – Microlitro. µg – Micrograma. AML – Leucemia Mielóide Aguda. BrdU – 5-bromo-2-deoxiuridina. CD – Células dendríticas. CD63 – Do inglês, Cluster designation ou Cluster of differentiation (Grupo de designação ou Grupo de diferenciação). CE – Carcinoma Epidermóide. CÉLULAS THP1 – Linhagem celular derivada do sangue periférico de paciente com leucemia monocítica aguda. CEO – Carcinoma Epidermóide Oral. DMEM/F12 – Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium e Ham’s F-12 Nutrient Mixture. ECGC – Epigalocatenina galato. EDTA – Do inglês, Ethylenediamine Tetraacetic Acid (Ácido etilenodiamino tetra-acético). EpCAM – Do inglês, Epithelial cell adhesion molecule (Molécula de adesão celular epitelial). FBS – Do inglês, Fetal Bovine Serum (Soro fetal bovino). HK – Hidrocortisona. HSC-3 – Linhagem de células de carcinoma de células escamosas de língua. KRAS – Do inglês, Kirsten rat sarcoma viral oncogene homolog (Homólogo do oncogene de sarcoma viral Kirsten rat). LAPs – associação do TGF-β com sua proteína latente. LLC – Porção de proteína que se liga ao TGF-β, causando sua inatividade. M1 – Macrófagos associados a tumores do subtipo M1 M2 – Macrófagos associados a tumores do subtipo M2 MCP-1 – Do inglês, Monocyte Chemoattractant Protein 1 (Proteína quimioatrativa de monócitos 1). miRNA – Abreviatura para small non-coding RNA Molecule (Micro-RNA). MMP – Do inglês, Matrix Metalloproteinases (Metaloproteinases de matriz). MTT – Da sigla, (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-Diphenyltetrazolium Bromide. NF-Κb – Do inglês, Nuclear factor Kappa B (Fator nuclear Kappa B). NK – Células Natural Killers. PBS – Do inglês, Phosphate buffered saline (Salina tamponada com fosfato). PDGF – Fator de crescimento derivado de plaquetas. PMA – Do inglês, phorbol myristate acetate (Acetato de forbol miristato). qRT-PCR – Do inglês, Quantitative Reverse Transcription Polymerase Chain Reaction (Reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa quantitativa). RNA – Ácido ribonucleico. RPM – Rotações por minuto. SAS – Linhagem de células de carcinoma de células escamosas de língua. SCC-25 – Linhagem de células de carcinoma de células escamosas de língua. TAM – Do inglês, Tumor associated macrophage (Macrófago associados a tumores). TGF-β – Do inglês, Transforming growth factor (Fator transformante de crescimento). VEGF-1 – Do inglês, Vascular endothelial growth factor (Fator de crescimento endotelial vascular). SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 19 2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 22 2.1 CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÍNGUA.............................................. 23 2.2 RELAÇÃO DOS TAMS COM NEOPLASIAS MALIGNAS....................... 25 2.3 EXOSSOMOS................................................................................................. 29 2.3.1 Composição da superfície celular dos exossomos....................................... 32 2.4 PAPEL DOS EXOSSOMOS NO MICROAMBIENTE TUMORAL E NAS CÉLULAS TUMORAIS................................................................................. 2.5 36 ATIVIDADE IMUNOSSUPRESSORA DOS EXOSSOMOS ATRAVÉS DA EXPRESSÃO DO TGF-β......................................................................... 40 3 OBJETIVO GERAL..................................................................................... 44 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... 45 4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 46 4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS......................................................................... 47 4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO............................................................. 47 4.3 CARACTERIZAÇÃO DAS CÉLULAS THP1 E POLARIZAÇÃO EM MACRÓFAGOS DOS SUBTIPOS M1 E M2................................................ 48 4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS LINHAGENS CELULARES............................ 48 4.4.1 Cultura de células........................................................................................... 49 4.5 ULTRACENTRIFUGAÇÃO DOS EXOSSOMOS DERIVADOS DAS CÉLULAS THP1, DOS MACRÓFAGOS TIPO 1, MACRÓFAGOS TIPO 2 E DAS CÉLULAS TUMORAIS.................................................................. 49 4.6 TESTE DE PROTEÍNA – TESTE DE BRADFORD (BIO-RAD, USA)......... 51 4.7 IMUNOELETROMICROSCOPIA................................................................. 52 4.8 ENSAIO DE INVASÃO UTILIZANDO MIOGEL....................................... 52 4.8.1 Medição do grau de invasão......................................................................... 54 4.9 ENSAIO DE PROLIFERAÇÃO E VIABILIDADE CELULAR................... 55 4.9.1 BrdU (Bromodeoxiuridina – ROCHE)........................................................ 55 4.9.2 Determinação do crescimento celular baseado no kit MMT (SIGMAALDRICH)..................................................................................................... 56 4.10 IMUNOFLUORESCÊNCIA DOS EXOSSOMOS DERIVADOS DOS TAMS E DAS LINHAGENS CELULARES DERIVADAS DE CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÍNGUA.............................................. 57 4.10.1 Preparação da amostra das linhagens celulares HSC-3, SAS e SCC-25.. 57 4.10.2 Preparação da amostra de exossomos derivados dos TAMs..................... 57 5 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................... 59 6 RESULTADOS.............................................................................................. 61 6.1 ANÁLISE DA IMUNOELETROMICROSCOPIA PARA OS ANTICORPOS ANTI-CD63 E TGF-β........................................................... 62 6.2 ANÁLISE DO ENSAIO DE INVASÃO UTILIZANDO MIOGEL.............. 64 6.2.1 Análise do ensaio de invasão utilizando com utilizando a linhagem celular SCC-25............................................................................................... 6.2.2 64 Análise do ensaio de invasão com miogel utilizando a linhagem celular HSC-3.............................................................................................................. 66 6.2.3 Análise do ensaio de invasão com miogel utilizando a linhagem celular SAS.................................................................................................................. 69 6.3 ANÁLISE DOS ENSAIOS DE PROLIFERAÇÃO (BrdU / MTT)............... 6.3.1 Ensaio de proliferação BrdU/ Ensaio de viabilidade celular (MTT) – linhagem celular HSC-3................................................................................ 6.3.2 70 70 Ensaio de proliferação BrdU/ Ensaio de viabilidade celular (MTT) – linhagem celular SCC-25.............................................................................. 71 6.4 ANÁLISE DESCRITIVA DA IMUNOFLUORESCÊNCIA......................... 72 7 DISCUSSÃO.................................................................................................. 78 8 CONCLUSÕES.............................................................................................. REFERÊNCIAS............................................................................................ Introdução 20 1 INTRODUÇÃO O carcinoma epidermóide oral (CEO) é uma neoplasia maligna originada no epitélio pavimentoso estratificado (BRENER et al., 2007), representando o oitavo câncer mais comum no mundo. Anualmente, 640.000 novos casos são diagnosticados em todo o mundo (SCULLY; BAGAN, 2009). A Organização Mundial da Saúde (2015) prevê um aumento na incidência do CEO nas próximas décadas (SCULLY; BAGAN, 2009). O sítio mais comumente afetado pelo CEO é a língua, local no qual é particularmente agressivo. A taxa de sobrevida de 5 anos para os pacientes com câncer de língua é de aproximadamente 50% (SANO; MYERS, 2007). No microambiente tumoral, as células e moléculas inflamatórias influenciam em quase todos os aspectos na progressão do câncer, incluindo a habilidade das células tumorais metastatizarem (MANTOVANI et al., 2006). A presença de macrófagos associados a tumores (TAMs) do subtipo M2 vem sendo associada ao pior prognóstico da lesão. Estas células inflamatórias têm o potencial de expressar atividades antitumorais e pró-tumorais (MANTOVANI; SICA, 2010). Os TAMs do subtipo M2 podem orquestrar vários aspectos importantes na progressão tumoral, incluindo: desvio da resposta imune; angiogênese; deposição de matriz; e remodelamento e desenvolvimento de metástase. Os macrófagos classicamente ativados, caracterizados como subtipo M1, exibem um comportamento antitumoral (MORI et al., 2011). Sugere-se que a presença dos macrófagos M2 em CE de língua pode ser um processo crítico para a metástase destes tumores (HADLER-OLSEN et al., 2010). A presença de TAMs tem sido relacionada com o pior prognóstico em tumores de esôfago (KOIDE et al., 2002), orofaringe e cavidade oral (COSTA et al., 2013). Um alto percentual de TAMs em CEO metastáticos pode contribuir para uma diminuição da sobrevida do paciente (COSTA et al., 2013). Uma contínua comunicação entre as células cancerígenas e o microambiente tumoral é requerida para um efetivo crescimento do tumor e disseminação metastática (KALLURI; ZEISBER, 2006). Evidências têm sugerido que os exossomos apresentam um papel importante na comunicação célula-célula, local e sistêmica, nos tumores malignos. Os exossomos são microvesículas liberadas por uma grande variedade de células, sejam malignas ou não, incluindo macrófagos, células dendríticas e células epiteliais (BENITO-MARTIN et al., 2016). 21 O interesse nos exossomos é um campo em crescimento e com potencial para diferentes aplicações (SPARKS, 2014). Na atualidade, essas microvesículas são consideradas mediadores e reguladores-chave para as respostas imunes. Os exossomos podem ainda apresentar um papel bimodal no câncer. No papel pró-tumor, os exossomos podem manipular o microambiente local e sistêmico possibilitando o crescimento e disseminação do câncer ou programar o sistema imune para impedir uma resposta antitumoral, levando a uma rede de interações complexas (KAHLERT; KALLURI, 2013). Já em sua feição antitumoral, as microvesículas podem atuar ativando a resposta imune contra as células transformadas (TAYLOR; GERCEL-TAYLOR, 2013). Os exossomos são compostos por diversas proteínas derivadas de células parentais, com numerosas funções, incluindo proteínas de transporte e de fusão celular, como mRNA, microRNA e fragmentos de DNA. As proteínas da família das tetraspaninas encontram-se abundantes na superfície dos exossomos, como o CD63. Trata-se da primeira proteína a ser relacionada com o maior potencial invasivo de tumores como melanoma e carcinoma de colo (LAZO, 2007). Umas das proteínas que podem ser secretadas pelos exossomos é o Fator Transformante de Crescimento β (TGF-β), que é caracterizado por seu papel na carcinogênese e na progressão tumoral, podendo causar a supressão da resposta imune inflamatória através da polarização dos macrófagos no fenótipo M2 (SZCZEPANSKI et al., 2011). O presente estudo teve a finalidade de avaliar o comportamento de exossomos derivados de macrófagos, dos subtipos 1 e 2, frente a cultura de células humanas SCC-25, SAS e HSC-3 derivadas de CE de língua. Por meio desta análise, pretendeu-se avaliar a capacidade de invasão, proliferação e viabilidade da/s células tumorais na presença dos exossomos. Também, foi avaliada a capacidade dos exossomos em secretar Fator transformante de crescimento β, tanto derivados das linhagens celulares, quanto dos TAMs e a capacidade de internalização dos exossomos derivados dos TAMs nas células tumorais. Revisão da Literatura 23 2 REVISÃO DA LITARATURA 2.1 CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÍNGUA O carcinoma epidermóide oral (CEO) está entre os 15 cânceres mais comuns em todo o mundo, com mais de 300.000 novos casos diagnosticados no ano de 2012 (2% do total). (FERLAY et al., 2013). A língua é o sítio mais comum e que apresenta maior índice de morbidade para o carcinoma de células escamosas de cavidade oral. Particularmente, a sua porção móvel é o local onde o tumor tende a apresentar um comportamento mais agressivo devido à alta frequência de metástase linfonodal regional. O CE de língua é conhecido por ser uma doença agressiva, apresentando metástase na fase inicial do tumor. Está bem estabelecido que as recorrências loco-regionais são as maiores causas da falha no tratamento (CHATZISTAMU et al., 2010). Nos últimos anos, diferentes características morfológicas e clinicopatológicas têm sido sugeridas como fator prognóstico do CE de língua (PATEL, et al., 2009; YUEN, 2002). A língua apresenta características estruturais distintas das outras áreas acometidas pelo CEO, incluindo um alto e denso feixe de fibras musculares e uma rica rede de vasos linfáticos, fatores que podem influenciar na propagação do tumor (ALMANGUSH et al., 2014). CE da língua é conhecido por desenvolver, com frequência, metástase subclínica nos estágios iniciais do tumor (PATEL, et al., 2009). O controle do carcinoma de língua é relacionado com a extensão do tumor primário e o estado dos linfonodos regionais (PATEL, et al., 2009; YUEN, 2002). A metástase linfonodal regional é uma importante causa de morte pelo carcinoma de língua. Entre os pacientes com tumores T1 / T2 da língua, 41% desenvolvem metástase no pescoço, clinicamente evidente (WOOLGAR, 2006). As respostas da imunidade inata e adaptativa podem ser superadas pelos tumores, com o objetivo de suas células evadirem-se dos seus efeitos (GAJEWSKI; SCHREIBER; FU, 2013). Os macrófagos estão intimamente envolvidos nas respostas inflamatórias observadas na metástase e no desenvolvimento tumoral. Os TAMs podem apresentar diversas funções prótumorais, incluindo a expressão de fatores de crescimento, MMPs, a promoção da angiogênese e a supressão da resposta imune adaptativa (BENITO-MARTIN, 2015). 24 A identificação de determinados parâmetros que possuam um valor preditivo, continua a ser imperativo. Isto é de particular importância para os CEs de língua, no qual a metástase loco-regional é comum. O tratamento da lesão inicial com possível metástase oculta no pescoço ainda não está bem estabelecido, variando desde o esvaziamento cervical eletivo ao acompanhamento do paciente (KESKI-SANTII et al., 2006; SPIRO; STONG, 2006). Existem diferentes fatores que podem promover a progressão tumoral e levar à metástase, como o desequilíbrio nas vias de sinalização e crescimento celular, a alteração do ciclo celular, a mutação genômica e a evasão do sistema imune. A metástase é um evento complexo que corresponde a mais de 90% das mortes relacionadas à doença. Isso reflete a evolução do tumor primário através de interações entre o microambiente tumoral e os órgãos à distância (DUNN; KOEBEL; SCHREIBER, 2006). Os tumores usam diferentes estratégias para escapar da vigilância do sistema imune. Uma dessas estratégias é a edição tumoral, na qual as células tumorais menos imunogênicas são selecionadas, estabelecendo uma supressão ativa da resposta imune e criando condições no microambiente tumoral que facilitam o crescimento desta lesão (DUNN; KOEBEL; SCHREIBER, 2006). O microambiente tumoral tem demonstrado desempenhar um papel importante na progressão do câncer, através do fornecimento, para as células neoplásicas, de um ambiente rico em nutrientes e fatores de crescimento que facilitam a proliferação das células do câncer (LIU et al., 2008). De forma geral, a associação entre a presença aumentada do número de TAMs e um mal prognóstico do CEO tem sido demonstrada. No entanto, esses achados ainda são limitados, no que diz respeito ao CE de língua (LIU et al., 2008; CHATZISTAMOU et al., 2010). De forma geral, os exossomos secretados pelas células tumorais podem promover a ativação dos macrófagos, através da secreção de fatores que podem modular a ativação e polarização dos macrófagos nos subtipos M1 e M2, como por exemplo, a ativação do fator nuclear- κB (NF-κB). No entanto, esses mecanismos ainda não se encontram devidamente esclarecidos (PIRILÄ et al., 2015). 25 2.2 RELAÇÃO DOS TAMS COM NEOPLASIAS MALIGNAS O desenvolvimento tumoral e a metástase são influenciados pelo estroma, por vasos sanguíneos e linfáticos, e ainda, pela resposta imune inata e adaptativa. O conceito de vigilância imune do tumor foi primeiramente contemplado por Paul Ehrlich em 1909, o qual postulou que o sistema imune pode restringir o crescimento das células transformadas pela sua identificação e eliminação (DUNN; OLD; SCHREIBER, 2004; GHABLY et al., 2015). Atualmente, observa-se que o sistema imune pode atuar tanto contra as neoplasias malignas, quanto a favor (SHANKARAN et al., 2001; DUNN et al, 2002). Em 2001, foi demonstrado que o interferon-γ e os linfócitos colaboram para prevenir o crescimento tumoral (SHANKARAN et al., 2001). Na resposta imune contra os tumores, as células natural killers (NK) são as células imunes efetoras que são ativadas para eliminar as células transformadas, além de promover a maturação e a migração de células dendríticas, com o consequente aumento da apresentação de antígenos para as células T. Desta forma, a ativação das células imunes poderia resultar na erradicação das células transformadas e ativação crônica da resposta imune inata, o que poderia promover a progressão do câncer (POLLARD, 2004). Dentre as células inflamatórias recrutadas para o microambiente tumoral, os macrófagos podem ser chamados de “jogadores-chave”. Estes são capazes de produzir fatores angiogênicos, proteases e fatores de crescimento que resultam em um ambiente que estimula a migração, proliferação e sobrevivência das células epiteliais transformadas (POLLARD, 2004; BENITOMARTIN, 2015). Os macrófagos estão intimamente envolvidos nas respostas inflamatórias no câncer e na metástase. Diversas observações indicam que os TAMs têm diversas funções pró-tumorais, incluindo a expressão de fatores de crescimento, MMPs, promoção de angiogênese e a supressão da resposta imune adaptativa (POLLARD, 2004; TANAKA et al. 2012; MARTIN et al., 2015; PIRILÄ et al., 2015). Os fatores secretados pelas células cancerígenas, ativam e polarizam os macrófagos em M2 (SOKI et al.,2010). Tem sido demonstrado que exossomos secretados por macrófagos podem regular a invasividade das células de câncer através da entrega de miRNAs oncogênico, sugerindo que aqueles de origem M2 podem atuar (BENITOMARTIN et al., 2015). A inflamação passou a ser compreendida como um componente do microambiente tumoral. Seis fatores caracterizam a carcinogênese: potencial de replicação ilimitado; sinais de 26 crescimento autossuficiente; evasão da morte celular programada; insensibilidade aos inibidores de crescimento; habilidade de desenvolver novos vasos sanguíneos; e invasão tecidual e metástase. Atualmente, a inflamação relacionada ao câncer, surge como o sétimo fator responsável pela progressão tumoral (HAHAHAN; WEINBERG, 2011). Duas vias do componente inflamatório participam da ligação entre o câncer e a resposta imune do hospedeiro. A via intrínseca, responsável pela ativação de diferentes classes de oncogenes que levam à construção da resposta inflamatória nas proximidades do tumor, e a via extrínseca, na qual a inflamação promove o desenvolvimento do câncer. Assim, a inflamação é um componente-chave do microambiente tumoral e alvo para intervenções farmacológicas (MANTOVANI, 2009). Estudos anteriores sugerem que os oncogenes, como o RAS, MET ou EGFR, levam à formação das vesículas extracelulares. Esses oncogenes podem trafegar entre as células, processo este mediado pelos exossomos (LEE; CHENNAKISHNAIAH; RAK, 2015). A encapsulação de miRNA´s específicos pelas vesículas extracelulares parece protege-los de enzimas com capacidade de degradação que estão em quantidades elevadas no sangue. Diante disso, os sinais de crescimento, progressão tumoral, metástase e angiogênese podem ser transmitidos para as células recipientes através da membrana ou pela internalização das vesículas (AKERS et al., 2013). Ainda, a ativação de oncogenes pode orquestrar a produção de citocinas inflamatórias e o recrutamento de células inflamatórias (LE BITOUX et al., 2008). Os tumores sólidos consistem tanto de células malignas como de outros tipos celulares (WITZ, 2008). Atualmente, os TAMs presentes no microambiente tumoral, constituem um tipo celular que tem despertado grande interesse. Essas células são recrutadas para o tumor como monócitos, a partir dos vasos sanguíneos, pela liberação de quimiocinas, como o MCP-1 e o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), produzidos pelas células malignas e pelo estroma (POLLARD, 2004; LEWIS; POLLARD, 2006). Os monócitos recrutados da circulação para tecidos saudáveis ou para sítios que sofrem com injúrias como inflamação, infecção ou neoplasias malignas, sofrem diferenciação para macrófagos (GORDON, 2003), os quais se caracterizam como células altamente versáteis e multifuncionais, cuja função depende da sua localização anatômica, bem como do contexto em que estão inseridos (HAGEMAN et al., 2009). Os TAMs são descritos como sendo “classicamente” ativados por produtos microbianos ou interferon γ (IFN-γ), assumindo um fenótipo M1, que expressam altos níveis de citocinas pró-inflamatórias e são capazes de destruir patógenos e células tumorais (SICA; ALLAVENA; MANTOVANI, 2008). Por outro lado, o estímulo por citocinas, como as 27 interleucinas IL-4, IL-10 e IL-13, levam os macrófagos a uma via de ativação “alternativa” ou fenótipo M2. Nesse estágio, eles são responsáveis pela regulação da resposta inflamatória, promovendo angiogênese e remodelação tecidual (MANTOVANI et al., 2002). Os macrófagos podem ser polarizados pelo microambiente tumoral. O fenótipo M2 pode ser subdivido em M2a, quando exposto as IL-4 e/ou IL-13, adquirindo função em processos alérgicos e na encapsulação e morte de parasitas; M2b, quando induzido pela exposição combinada a complexos imunes, receptor toll-like e o receptor antagonista da IL-1R, ou M2c, induzido pela IL-10, que está mais relacionado com a supressão da resposta imune antitumoral e remodelação tecidual (MANTOVANI et al., 2004; WITZ, 2008). Diversos estudos têm indicado que os monócitos recrutados pela vasculatura tumoral assumem o fenótipo M2. Os TAMs com fenótipo M2 têm baixa capacidade de apresentar antígenos e expressar MHC de classe II. Além disto, possuem reduzida capacidade antimicrobiana e atividade tumoricida (VAN GINDERACHTER, et al., 2006). No entanto, apresentam aumento na produção de mediadores que promovem angiogênese, como VEGF, bem como citocinas anti-inflamatórias, como a IL-10. Outra característica marcante para os TAMs do subtipo M2 é a reduzida capacidade de expressarem IL-12 (MANTOVANI et al., 2002). A concentração de IL-10 derivada dos tumores pode promover a diferenciação dos monócitos em macrófagos em diferentes localizações do tumor, podendo-se observar a ocorrência desta situação em câncer de mama, tireoide e ovário (SICA, et al., 2006; CONDEELIS; POLLARD, 2006). Os TAMs encontram-se difusamente distribuídos entre o tumor e podem residir entre as células neoplásicas, ao redor de vasos e no estroma (BISWAS et al., 2008). Deve ser ressaltado que o status de ativação dos TAMs pode variar de acordo com o tipo de tumor, enquanto que o estágio de desenvolvimento, é moderado por sinais locais provenientes do microambiente tumoral, como a hipóxia (LEWIS; POLLARD, 2006; BISWA; SICA; LEWIS, 2008). Esta diversidade de funções torna-se evidente a partir da observação das diversas moléculas expressas pelos TAMs, atuando tanto com função pró-inflamatória, no subtipo M1, quanto características imunossupressoras, no fenótipo M2. Pode-se observar, ainda, a presença das duas funções em uma mesma célula (VAN GINDERACHTER, et al., 2006). Na maioria dos tumores investigados, os TAMs apresentam um fenótipo M2 (VAN GINDERACHTER, et al., 2006; MANTOVANI; SICA, 2010). A presença de TAMs nos sítios tumorais tem sido considerada como uma das principais marcas da inflamação associada aos tumores (ALLAVENA et al., 2007). A atividade 28 pró-tumoral desses macrófagos está relacionada com características cruciais para o crescimento das células neoplásicas, como: proliferação, migração, metástase, sobrevivência em ambientes hipóxicos e evasão da resposta imune, através da supressão da imunidade antitumoral (SICA; ALLAVENA; MANTOVANI, 2008). Esses macrófagos auxiliam no comportamento maligno das células tumorais, não apenas por produzirem citocinas, como também por secretarem fatores de crescimento e enzimas responsáveis por degradar a matriz extracelular (WYCKOFF, 2007). Os TAMs possuem a habilidade de estimular tanto positiva quanto negativamente o crescimento celular. A sobrevivência das células tumorais pode ser promovida pela ativação dos macrófagos com a consequente liberação de VEGF, que é responsável pelo aumento na demanda de nutrientes e oxigênio (BARBERA-GUILLEM et al., 2002; KATAKI et al., 2002; BLOT et al., 2003). Outro mecanismo pelo qual os TAMs podem favorecer o crescimento tumoral é a partir da sua citotoxicidade (GURUVAYOORAPPAN, 2011). Diversos estudos reportaram que os macrófagos que apresentam fenótipo M1 podem mediar a produção de IL-2 e fator de necrose tumoral (TNF-α), capazes de ativar as células NK, que são efetoras contra as células transformadas. Entretanto, os macrófagos M2 têm demonstrado produzir altos níveis de IL-10, que é um inibidor de macrófagos ativados, o que lhe cabe um importante papel no controle homeostático das reações da imunidade inata e da imunidade celular. Eles ainda têm a capacidade de inibir a produção de IL-12 e TNF-α pelos macrófagos ativados, inibir a expressão de co-estimuladores e das moléculas do MHC de classe II nos macrófagos, inibindo a atividade Th1, resultando na inibição das células natural killers (AKDIS; BLAZER, 1999; SICA et al., 2000). O alto número de TAMs em tumores primários tem sido correlacionado com o estabelecimento de metástase precoce em carcinomas de mama e bexiga (LEEK; LEWIS, 1996; HANDA, 2000). Esses macrófagos atuam em áreas nas quais podem promover a motilidade da célula maligna, como o estroma e a região perivascular, levando à metástase (GURUVAYOORAPPAN, 2011). De forma geral, na interação entre os TAMs e as células neoplásicas há uma prevalência da sua função pró-angiogênica, o que é observado pelo aumento na produção de VEGF e do fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) (LEWIS, 1995). Os TAMs podem estar envolvidos, ainda, na promoção de metástase à distância. Em diversos tipos de tumores, o elevado número de macrófagos está correlacionado com o envolvimento linfonodal (HANADA et al., 2000; OHNO et al., 2004). Gorelik et al. (1982) demonstraram pela primeira vez que os macrófagos aumentam a formação de nódulos tumorais nos pulmões. A inibição dos TAMs em tumores, a partir da neutralização de quimiocinas, 29 responsáveis pelo recrutamento de monócitos, diminui a ocorrência de metástase à distância (ROLNY et al., 2008). 2.3 EXOSSOMOS Recentemente, o estudo das vesículas extracelulares está focado principalmente em um tipo de vesícula secretada através de um compartimento extracelular, o qual passou a se chamar exossomos. Johnstone et al. (1987) foram os primeiros a isolaram exossomos através de reticulócitos ovinos e os descreveram como de origem endocítica. As vesículas extracelulares são constitutivamente liberadas por diversos tipos celulares, incluindo neurônios, células tumorais, células do sistema imune, entre outros. Elas também podem ser encontradas em diferentes fluidos corporais, como o leite materno, saliva, soro plasmático, sêmen, urina (LÄSSER et al., 2011; STREET et al., 2012; MADSON, 2014; DE TORO, et al., 2015). O seu desenvolvimento começa, quando os endossomos carregados com proteínas ubiquitinadas são reconhecidos pelo complexo de triagem endossomal necessário para o transporte. Este reconhecimento permite a formação de vesículas intraluminais, o que dá origem a corpos multivesiculares, contendo proteínas. Esse processo continua com a fusão desses corpos multivesiculares com a membrana plasmática, liberando o seu conteúdo no espaço extracelular. Este processo é caracterizado por um brotamento através da membrana dos endossomos, o qual tem como função encapsular moléculas de RNA e proteínas funcionais nos exossomos. Em seguida, os endossomos multivesiculares se fusionam com a membrana celular e liberam as microvesículas no espaço extracelular (KAHLERT; KALLURI, 2013). Essas microvesículas liberadas são chamadas de exossomos (KELLER et al., 2006; PANT et al., 2012; DE TORO et al., 2015). 30 Figura 1 – Exossomos são pequenas vesículas (30-100nm) liberadas por diversos tipos celulares, contendo DNA, RNA, miRNA, proteínas e lipídios. Apresentando marcadores de membrana como CD9, CD81 e CD63 (BENITO-MARTIN et al. 2015). A maioria dos tipos celulares secretam vesículas que apresentam uma quantidade variada de funções biológicas. O termo exossomo foi inicialmente utilizado para classificar vesículas com tamanhos que variavam de 40 – 100 nm, liberadas por uma variedade de culturas de células, definidas por serem esfoliadas de membranas vesiculares. No entanto, mais tarde, este termo foi adotado para vesículas menores (30-100 nm) com origem endossomal, liberadas através da fusão dos corpos multivesiculares com a membrana plasmática (THÉRY et al., 2006). Dentre as funções biológicas dos exossomos, pode-se citar apresentação de antígenos, regulação da morte celular programada, angiogênese, inflamação, comunicação célula-célula e coagulação (FIGURA 1). A maioria dos estudos com exossomos foca os seus efeitos potenciais nas células tumorais e nas células imunes (BENITO-MARTIN et al., 2015). Os exossomos são caracterizados por vesículas com tamanho e densidade conservada. Acredita-se que eles apresentam um papel importante nas comunicações intercelulares, podendo, também, modular a motilidade celular. Existe um vasto número de proteínas que podem estar envolvidas no processo de migração e invasão celular localizadas nos exossomos. Essas microvesículas afetam a motilidade celular por meio da sua ligação direta com a membrana plasmática da célula-alvo e pela internalização através da endocitose (HEE DOO et al., 2013). 31 A figura 2 mostra a formação dos exossomos, originados diretamente através de botões formados pela membrana plasmática. O maquinário celular envolvido na sua formação e liberação, provavelmente, são diferentes. No entanto, alguns mecanismos podem ser compartilhados (RAPOSO; STOORVOGEL, 2013). Quando os exossomos são secretados para fora das células, eles podem seguir por três caminhos: 1 – podem ser capturados pelas células vizinhas ou pelas mesmas células que deram origem a eles; 2 – podem ser internalizados por células distantes; ou, alternativamente 3 – podem entrar na corrente sanguínea e serem absorvidos por diferentes tecidos (PANT et al., 2012; DE TORO, et al., 2015). As proteínas associadas à membrana, localizadas na região transmembrana, e os RNAs são seletivamente incorporados dentro das vesículas intraluminais das microvesículas endossomais ou das microvesículas que estão brotando da membrana plasmática. As multivesículas endossomais se fusionam com a membrana plasmática, liberando os exossomos no meio extracelular. Os exossomos ligam-se à membrana plasmática da célula alvo por receptores específicos e fusionam-se. O resultado da internalização dos exossomos gera a liberação de seu conteúdo, contendo proteínas e RNA, na membrana ou no citosol (FIGURA 2) (RAPOSO; STOORVOGEL, 2013). 32 Figura 2 – Esquema da transferência de proteínas e RNA pelas vesículas extracelulares (RAPOSO; STOORVOGEL, 2013). 2.3.1 Composição da superfície celular dos exossomos Exossomos de diferentes tipos celulares contém um conjunto básico de proteínas idênticas, que incluem os membros da família tetraspanina (CD9, CD63, CD81 e CD82). Além dessas proteínas, essas estruturas também podem conter algumas proteínas específicas, que refletem suas células de origem. Os tumores de origem epitelial, por exemplo, são capazes de secretar exossomos contendo a proteína EpCAM, responsável pela adesão epitelial (RUNZ, 2007). A família de moléculas tetraspaninas são proteínas de superfície celular com 4 domínios transmembrana, que são chamados de teias de tetraspaninas, as quais se associam com diversas moléculas de adesão, receptores e outras moléculas de tetraspanina. Sabe-se que essas moléculas apresentam várias funções, como adesão celular, sinais de transdução, proliferação celular, movimentação, diferenciação celular, ativação de células imunes e fusão celular em eventos como a fertilização e infecção viral (LE NAOUR et al., 2006; LAZO e al., 2007; HIRANO et al; 2009). 33 Os domínios transmembrana (FIGURA 3) com pequenas regiões intracitosólicas N- e C- terminais e dois loops extracelulares. O loop extracelular 1 (EC1) é pequeno e se encontra entre o primeiro e segundo domínios transmembrana. O loop extracelular 2 (EC2) é grande e é encontrado entre a terceira e quarta regiões transmembrana, apresentando mais de 100 aminoácidos e algumas características distintas, como diversos domínio de cisteínas altamente conservados em todos os membros da família. Esses resíduos permitem a identificação celular por conferirem assinaturas às proteínas. A estrutura da EC2 identifica pelo menos 3 proteínas do subgrupo das tetraspaninas. A região transmembrana hidrofóbica contém resíduos polares conservados. A região terminal C promove um link para moléculas de sinalização intracelular (LAZO, 2007). Na família das tetraspaninas existem 33 diferentes tipos de proteínas expressas em diferentes células. As proteínas associadas à membrana podem ser modificadas covalentemente pela palmitoilação, o que pode controlar sua associação e organização em diferentes membranas celulares. As tetraspaninas CD9, CD37, CD 63, CD81, CD82 e CD 151, são proteínas hidrofóbicas que podem formar microdomínios ricos em colesterol, distintos dos microdomínios de glicolipídios, na superfície celular de uma maneira dinâmica e reversível (HIRANO et al., 2007). A palmitoilação determina a formação dos microdomínios de colesterol. As proteínas associadas às membranas podem ser modificadas covalentemente pela palmitoilação, a qual pode controlar a organização e diferenciação em diferentes membranas celulares. O CD63, usado neste estudo, é uma molécula palmitoilada, podendo, através desse processo, exercer a função de interação com as integrinas, característica importante para adesão célula-célula (NISHIUCHI et al., 2005). As tetraspaninas são sintetizadas no retículo endoplasmático (RE). Suas regiões transmembranas são importantes para sua saída do RE e, sua palmitoilação, ocorre no complexo de Golgi. Após esse processo, essas proteínas são transportadas para a superfície celular com a função de formar uma rede de conexões com diversas proteínas, chamada de microdomínio enriquecido de tetraspaninas (ANDRE et al., 2007). 34 Figura 3 – Estrutura da proteína tetraspanina. Os resíduos conservados estão indicados, assim como as localizações das palmitoilações (vermelho) e das glicolizações (verde) (LAZO, 2007). As tetraspaninas também são encontradas no sistema endossomal. A endocitose tem início com o brotamento de vesículas endofíticas a partir da membrana plasmática, que se fusionam e passam a caracterizar endossomos imaturos. A partir destes endossomos imaturos as proteínas ligam-se à superfície celular ou tornam-se incorporadas em vesículas intraluminais (VIs) que brotam para o lúmen endossomal. Durante sua maturação, os endossomos adquirem um aumentado número de VIs, motivo pelo qual os endossomos maduros são também chamados de corpos multivesiculares. Os corpos multivesiculares podem sofrer maturação ou fusão com os lisossomos (FIGURA 4). As tetraspaninas são encontradas de forma abundante nos corpos multivesiculares e nos lisossomos, sugerindo que essas proteínas têm função protetora contra a proteólise lisossomal (LUZIO et al., 2007; MEEL et al., 2008). As tetraspaninas CD37, CD53, CD63, CD81 e CD82 são encontradas no interior dos exossomos. Acreditava-se que os exossomos derivados de tumores poderiam ter um importante papel em iniciar uma resposta imune anti-tumoral, pois eles podem entregar específicos antígenos tumorais às células apresentadoras de antígenos (APCs). Mais recentemente, no entanto, as evidências demonstram que os exossomos podem apresentar função supressora da resposta imune tumoral, por carregarem proteínas envolvidas na angiogênese e responsáveis pela resistência a drogas, promovendo a progressão tumoral (POLS; KLUMPERMAN, 2009). 35 Figura 4 – Visão esquemática mostrando a presença do CD63 na via endossomal (POLS; KLUMPERMAN, 2009). O gene responsável por codificar CD63 é localizado no cromossomo humano 12q13 e foi à primeira tetraspanina caracterizada. Originalmente, a CD63 foi descoberta como uma proteína presente na superfície celular das plaquetas. Esta proteína interage com diversas integrinas, incluindo, 4β1, α3β1, α6β1, LFA-1e β2, além de outras tetraspaninas, como D81, CD82, CD9, CD151, e ainda com receptores de superfície, como MHCII e CD3. A maioria dos antígenos da CD63 é usualmente detectada em uma alta concentração nas partículas endossomais. Essa molécula tem despertado grande atenção por suas características na sua função de sinalização celular. A região C- terminal intracelular da CD63 interage com o domínio PDZ da sintetina – 1, molécula que está relacionada na regulação da endocitose e diminui a internalização do CD63. A CD63 localizado na superfície celular é utilizado como um marcador de superfície. Este é um marcador claro de funções biológicas, afetando a disseminação tumoral. A CD63 foi a primeira tetraspanina a ser relacionada com o maior potencial invasivo de tumores como melanoma e carcinoma de colo (LAZO, 2007). A captação dos exossomos ocorre de uma forma não aleatória e é dependente de proteínas transmembrana. Estudos recentes indicam que o complexo integrina-tetraspanina contribui consideravelmente, na habilidade dos exossomos ligarem-se as células-alvo, através da interação ligante-receptor. Assim, os exossomos se fundem com a membrana plasmática, resultando em uma liberação direta de seu conteúdo no interior do citoplasma. A internalização dos exossomos pode ocorrer, também, por fagocitose (FEVRIER; RAPOSO, 2004). 36 Uma comparação entre a composição dos exossomos e suas células de origem indica a existência de um processo de enriquecimento seletivo nos exossomos, ou seja, há um perfil específico de mRNAs e miRNAs no exossomos, não se caracterizando como um evento aleatório. O empacotamento específico de certas moléculas nos exossomos pode ser útil para descartar mRNAs específicos, aumentando, assim, o potencial oncogênico das células cancerígenas (HESSVIK et al., 2012). 2.4 PAPEL DOS EXOSSOMOS NO MICROAMBIENTE TUMORAL E NAS CÉLULAS TUMORAIS Os tumores malignos são estruturas complexas constituídas tanto por células cancerígenas, quanto pelo estroma. A interação entre essas células e o microambiente do hospedeiro é requerida para um crescimento tumoral efetivo e sua disseminação sistêmica (KAHLERT; KALLURI, 2013). Evidências sugerem que os exossomos podem desempenhar um importante papel na comunicação célula-célula no câncer (HURLEY; ODORIZZI, 2012). A transição epitélio-mesênquima (TEM) é um processo morfogenético altamente conservado, definido pela supressão das características epiteliais e aquisição do fenótipo mesenquimal. As células epiteliais transformadas adquirem a capacidade de invadirem, resistirem a apoptose e disseminarem-se pelos tecidos (GREENING et al, 2015). A cascata metastática consiste no processo em que as células tumorais se distanciam do sítio tumoral primário, através da supressão da adesão célula-célula e célula-matriz extracelular, degradação e invasão da matriz extracelular. O aumento da motilidade celular e da penetração das células tumorais na circulação também está associado à disseminação das células na circulação para órgãos distantes, sugerindo que a TEM pode facilitar o desenvolvimento de metástases. As células tumorais liberam fatores que modulam a microambiente tumoral (MT) e aumentam a transformação celular durante a TEM. Esse processo inclue fatores de crescimento, citocinas e quimiocinas, ou, ainda, ligantes e receptores que podem mediar a comunicação entre as células tumorais e as células do estroma tumoral. Esses fatores são responsáveis por gerar um microambiente celular favorável à metástase. Numerosas vias de sinalização que se relacionam entre si são conhecidas por regularem a TEM. Moduladores extracelulares do MT 37 podem influenciar o estado celular e seu potencial invasivo (MATHIAS; GOPAL; SIMPSON et al., 2013; GREENING et al., 2015). A medida que o câncer progride, o microambiente localizado ao redor do tumor cria um circuito dinâmico de sinalização que promove a inicialização e crescimento celular, levando ao desenvolvimento da doença. Hanahan e Weinberg (2000) propuseram que os tumores não agem de forma isolada e, sim, subsistem num microambiente rico em fibroblastos, células endoteliais, células imunes e matriz extracelular (PIETRAS; ÖSTMAN, 2010). O estroma tumoral caracteriza-se como uma parte integral da iniciação do câncer. Os componentes do estroma tumoral podem estar relacionados com o prognóstico e, ainda, previsão da resposta ao tratamento (PIETRAS; ÖSTMAN, 2010). A progressão tumoral, a metástase e a quimioresistência dependem da habilidade do tumor e do seu microambiente em comunicarem-se (BRINTON et al., 2015). Os exossomos podem manipular o microambiente local e sistêmico, possibilitando o crescimento e disseminação do câncer. Os exossomos podem programar o sistema imune para impedir uma resposta antitumoral, levando a uma rede de interações complexas (KAHLERT; KALLURI, 2013). Os exossomos derivados de tumores podem ser isolados tanto das neoplasias malignas quanto de fluidos corporais dos pacientes. Diversos tumores reportados possuem capacidade de liberar exossomos, como os localizados na mama, cavidade oral, colo retal, cérebro, ovário, bexiga, próstata e pele (ZHANG et al., 2012). Via exossomos, as células tumorais podem fazer o intercâmbio de proteínas com atividade oncogênicas. Os exossomos podem mediar, por exemplo, o intercâmbio de KRAS mutante, induzindo, assim, o aumento no crescimento celular. Resultados preliminares sugerem que os exossomos podem mediar a transferência de proteínas entre as células cancerígenas, podendo provocar a quimiorresistência (DEMORY et al., 2004). Os tumores possuem mecanismos que impedem a ativação do sistema imune, podendo causar a supressão do sistema imune, o que facilita o seu crescimento e progressão (ZHANG et al., 2012). As células cancerígenas recrutam células do sistema imune para aumentar a invasão tumoral, angiogênese e disseminação do tumor. A comunicação entre as células tumorais e as células imunes pode ser mediada por exossomos e estar envolvida no recrutamento de células imunes pró-tumorigênese. As células cancerígenas são capazes de inibir as funções antitumorais da imunidade do hospedeiro através das sinalizações induzidas pelos exossomos. Os exossomos derivados das células tumorais podem contribuir para o recrutamento e 38 reprogramação do microambiente tumoral e formar um ambiente pró-tumoral (KAHLERT; KALLURI, 2013). Estudos recentes demonstraram que os macrófagos são capazes de produzir exossomos que introduzem proteínas ou microRNAs (miRNA) nas células adjacentes. Yang et al. (2011) demonstraram que a transfecção de miRNA 223 exógenos em macrófagos M2, ativados pela IL-4, podem ser introduzidos em células de câncer de mama na ausência do contato direto dos macrófagos com as células tumorais. Os exossomos contendo miRNA-223 são liberados pelos macrófagos e, então, internalizados pelas células que não expressavam miRNA. Essa internalização promoveu um aumento da capacidade invasiva das células malignas. Essa internalização resulta em células malignas com características mais invasivas, com maior capacidade de metástase e pior prognóstico para o paciente. A prevenção da comunicação entre os exossomos derivados de macrófagos e as células epiteliais malignas pode inibir a metástase durante a progressão tumoral e, assim, contribuir para novas terapias contra o câncer de mama. Ismail e colaboradores (2013) observaram que os exossomos derivados dos macrófagos se comunicam com uma variedade de tipos celulares, sugerindo que o impacto dessas estruturas pode ser difundido entre diferentes tecidos. O tratamento de células-alvo com exossomos pode induzir mudanças genéticas e fenotípicas, as quais não requerem a utilização do seu maquinário transcricional. A identificação de biomarcadores dos exossomos pode ser útil na sua detecção, no diagnóstico precoce e para determinar o prognóstico dos tumores. Assim, a liberação dos exossomos tanto pelas células tumorais quanto pelas células circulantes pode ser novo alvo de terapia. Os exossomos podem representar um veículo de entrega seletiva de drogas quimioterápicas, pequenas moléculas terapêuticas ou agentes para gene terapia contra as células tumorais. E ainda, as moléculas presentes nos exossomos podem servir como biomarcadores para a detecção precoce e o diagnóstico de neoplasias malignas, podendo ser um fator determinante para o prognóstico e para prever a eficácia terapêutica (ZHANG et al., 2011). A caracterização dos exossomos tem sido facilitada pela sua purificação através de sobrenadantes em culturas usando diversas procedimentos, incluindo a ultracentrifugação (MIGNOT et al., 2006; LAMPARSKI et al., 2002). As análises dos exossomos purificados têm sido realizadas através da imunoeletromicroscopia, western blotting, espectrometria de massa e pela técnica de cromatografia (THERY et al., 1997; THERY et al., 2001; MIGNOT et al., 2006). Jakobsen et al. (2015) realizaram um estudo para observar se as proteínas exossomais apresentam potencial como marcadores de prognóstico em carcinoma de pulmão avançado. 39 Para isso, foi isolado o plasma de 109 pacientes com estágios avançados, III e IV, e 110 casoscontrole, que apresentavam suspeitas inicias de câncer, porém o diagnóstico final foi de ausência da doença. Para o estudo, os exossomos foram isolados diretamente do plasma. Os autores identificaram 37 proteínas-alvo para o câncer de pulmão, através da técnica de arranjo de vesículas extracelulares (Extracellular Vesicle Array), dentre elas CD9, CD63 e CD81. Essa análise foi capaz de detectar e fenotipar os exossomos através do plasma sanguíneo. A presença desse painel de marcadores resultou na identificação correta da presença tumoral em 75% dos pacientes. Como resultado, observou-se que essa técnica foi capaz de detectar o fenótipo dos exossomos em todas as amostras, fornecendo o conteúdo exossomal com um requerimento mínimo de amostra, procedimento este que pode ser ajustado e otimizado para avaliações individuais com o potencial de identificar os pacientes com câncer de pulmão. Recentemente, as células-tronco do câncer têm se mostrado promissores no tratamento e diagnóstico da lesão. Kumar et al. (2014) observaram que o microambiante tumoral é um importante campo para o entendimento, detecção e tratamento do câncer. Esses autores propuseram que as células-tronco do câncer de próstata e mama secretam exossomos, os quais mostram função na comunicação entre as células neoplásicas e células normais, suprimindo o sistema imune e regulando o crescimento neoplásico e a metástase. Os exossomos derivados das células-tronco tumorais podem ser usados como biomarcadores para diversos tumores. Os autores detectaram a presença de tetraspaninas como CD9, CD63 e CD81, e, ainda, constataram a indução de genes de autofagia, como o Atg7, nessas microvesículas. Concluindo, assim, que os constituintes exossomais podem ser importantes para a compreensão do mecanismo de formação, liberação e função dos exossomos, bem como podendo propor uma nova estratégia de terapia para o tratamento e prevenção do câncer. As células endoteliais e o recrutamento de leucócitos durante a inflamação são fortemente controlados pelas funções das integrinas. Doo Lee et al. (2014) relataram que os exossomos liberados pelos macrófagos humanos podem regular negativamente a migração das células endoteliais por meio do controle do tráfico das integrinas. Os exossomos derivados dos macrófagos promovem a internalização das integrinas β1 para os compartimentos lisossomais com uma correspondente diminuição das integrinas destinadas para reciclagem endossomal, resultando na degradação proteolítica da integrina. Além disso, a ubiquitinação das integrinas β1 das células humanas endoteliais da veia umbilical é aumentada pelos exossomos e a degradação que é induzida pelos exossomos derivados dos macrófagos é inibida pela bafilomicina A, um inibidor de degradação lisossomal. Os autores concluíram, com essas 40 observações, que os exossomos derivados dos macrófagos apresentam função significante na regulação do tráfego das integrinas. 2.5 ATIVIDADE IMUNOSUPRESSORA DOS EXOSSOMOS ATRAVÉS DA EXPRESSÃO DO TGF-β O fator transformante de crescimento β (TGF-β) é um membro de uma superfamília de mais de 40 citocinas, que incluem as proteínas morfogenéticas do osso, fatores de diferenciação, entre outros. Essas citocinas pleotrópicas controlam numerosas funções biológicas, como proliferação, apoptose, manutenção das células-tronco, diferenciação celular e regulação do sistema imune (PAPAGEORGIS, 2015). A molécula de TGF-β é inicialmente sintetizada em uma forma inativa, que consiste na associação do TGF-β com proteínas latentes. O complexo TGF-β latente encontra-se associado à matriz extracelular via sua região N-terminal. A presença desse complexo mantém a citocina inativa prevenindo a interação com seu receptor (ANNES; MUNGER; RIFKIN, 2003). O TGF-β pode ser ativado de diferentes formas. Primeiro, as proteínas latentes podem passar por mudanças conformacionais, seguidas pela clivagem mediada por proteases, como as MMPs. Alternativamente, as integrinas, que se tornam superreguladas em processos de cicatrização ou inflamação, ligam-se ao TGF-β e os tornam ativados (DUBOIS, et al., 1995; YU; STAMENKOVIC, 2000). É aceito que TGF-β tem um papel fundamental na carcinogênese e na progressão tumoral. No entanto, estudos têm demonstrado claramente que o TGF-β age como uma “faca de dois gumes” durante esse processo. Inicialmente, o TGF-β pode suprimir o crescimento das células normais e das células pré-malignas. Contudo, frente ao acúmulo de alterações genéticas e epigenéticas nas células tumorais, esse mecanismo muda para promover um fenótipo próinvasivo e pró-metastático, acompanhado por um aumento na secreção dos níveis de TGF-β. Esse aumento pode variar de acordo com o tipo celular e o microambiente tecidual (WIPFF et al., 2007). Em diversos tumores, a secreção excessiva de TGF-β é comumente detectada localmente no microambiente tumoral e no estroma que promove a invasão do front e a metástase. O TGF-β pode derivar tanto das células tumorais, das células estromais, quanto dos 41 fibroblastos, macrófagos e leucócitos. Essa citocina pode ser armazenada na matriz extracelular dos ossos, tornando-se biologicamente ativo durante o desenvolvimento de metástases osteolíticas. Dentro do microambiente tumoral, o TGF-β exibe uma interação dinâmica com vários componentes do estroma. Isto tem um papel importante na diferenciação de fibroblastos em miofibroblastos. Posteriormente, os miofibroblastos são capazes de secretar α-SMA, que por sua vez estimula a secreção de TGF-β (MASSAGUÉ, 2008; QUAIL; JOYCE, 2013). O TGF-β pode apresentar, ainda, forte função imunossupressora através da inibição da função de diferentes células do sistema imune. Acredita-se que TGF-β é capaz de inibir a proliferação e de suprimir a função antitumoral das células TCD8 e TCD4, tanto in vivo, quanto in vitro. TGF-β também é capaz de induzir a apoptose das células B e inibir a ativação das células T, através da supressão da apresentação de antígenos pelas CD, que são responsáveis pela estimulação das células T durante a resposta imune. Em adição, TGF-β bloqueia a produção de IFN-γ pelas células NK, enfraquecendo sua habilidade de reconhecer e eliminar as células de câncer (GORELINK; FLAVELL, 2001; RAMESH, 2009). Além disso, o TGF-β pode promover o crescimento tumoral induzindo a polarização dos macrófagos do tipo 1 para o tipo 2, o que corresponde a uma redução na produção de citocinas inflamatórias, como IL-6 e IL-11. Deste modo, o TGF-β tem um papel crítico em suprimir o sistema imune do hospedeiero para facilitar a progressão do tumor (PAPAGEORGIS, 2015). Young Jong et al. (2013) avaliaram exossomos derivados de células de câncer tratadas com epigalocatenina galato (EGCG), que é conhecida pelos seus efeitos anti-tumorais. Para os estudos, os autores utilizaram a linhagem celular de câncer de mama 4T1. Os exossomos foram extraídos das células tumorais tratadas com EGCG, através da RT-qPCR (transcrição reversa quantitativa de cadeia da polimerase). As células tumorais e os TAMs isolados do tumor foram encubados com os exossomos derivados das células 4T1 tratadas com a EGCG. Essas células também foram tratadas com miR-16, que atua como inibidor da expressão da EGCG, e seus exossomos também foram isolados. Como resultado, os autores observaram que o crescimento tumoral foi suprimido pela presença dos exossomos das células tratadas com EGCG e foi associado com a diminuição da infiltração de TAMs e macrófagos M2. As citocinas expressas pelos TAMs deixaram de apresentar características do fenótipo tipo 2, através da diminuição de IL-6 e TGF-β, passando para o aumento do TNF-α, que caracteriza o fenótipo M1. Foi observado, ainda, que na presença do inibidor de EGCG, miR-16, as características inicias foram restauradas (FIGURA 5). 42 Figura5 – Mecanismo proposto no qual EGCG inibe a infiltração de TAMs e a polarização em M2 no microambiente tumoral (JANG et al., 2003). Para Hong et al. (2014), os exossomos isolados do plasma de pacientes que apresentam leucemia mielóide aguda (AML) têm elevada quantidade de proteínas e TGF-β, inibindo a capacidade citotóxica das células NK. Em seus estudos, os autores avaliaram um papel potencial dos exossomos em prever respostas à quimioterapia em pacientes com AML durante o tratamento. Para tanto, os autores avaliaram a presença de exossomos no plasma de 5 grupos de pacientes: no primeiro grupo, o plasma foi coletado no momento do diagnóstico da AML; no segundo grupo, após a quimioterapia; no terceiro grupo, durante a consolidação da quimioterapia; no quarto, durante o período de remissão; e no quinto, era composto por voluntários saudáveis. Os níveis de TGF-β1 exossomais foram avaliados através do teste ELISA, cujo objetivo é a quantificação de proteínas. Os resultados demonstraram que, no momento do diagnóstico, os níveis de TGF-β eram maiores no plasma dos pacientes com AML do que no grupo de controle (p < 0.009 e p < 0.004). Esses valores diminuíram depois das sessões de quimioterapia (p <0,05 e p <0,004), aumentando após a consolidação da quimioterapia (p <0,02 e p <0,005), e voltaram aos valores iniciais durante a fase de remissão. Apenas o complexo de TGF-βl, o qual se encontra em estado inativo, foi visto nos exossomos do grupo controle e nos pacientes no período de remissão da quimioterapia. Como conclusão, os autores observaram que as mudanças nos níveis de TGF-β nos exossomos podem refletir as diferentes respostas para quimioterapia. Este perfil de exossomos pode sugerir a presença residual da doença em pacientes em que foram considerados em completa remissão. As microvesículas derivadas do tumor presentes no sangue dos pacientes podem exercer efeito sobre as células imunes, influenciando na progressão tumoral. Szczepanski et al. (2011) 43 sugeriram que a citotoxicidade das células NK em pacientes com AML é diminuída em comparação com pacientes saudáveis. Para isso, os autores investigaram o nível de proteínas, o perfil molecular e a atividade das células NK em pacientes diagnosticados com AML. Como resultado, observou-se que o sangue dos pacientes com AML apresentou maior nível de microvesículas quando comparados com o grupo controle, composto por pacientes saudáveis. As microvesículas isoladas apresentaram um perfil molecular distinto, em adição ao perfil molecular dos marcadores convencionais. Os exossomos continham TGF-β1, CD34, CD33 e CD137. O estudo revelou que as microvesículas diminuíam a citotoxicidade das células NK (p<0,002), através da diminuição da expressão de NKG2D (células natural killer do grupo 2) (p<0,001), responsável por ligar-se à célula, atuando como um receptor de reconhecimento e tornando a célula suscetível à ação das células NK. O plasma de pacientes com AML apresentavam altos níveis de TGF-β. Para os autores, a liberação do TGF-β1 pelos tumores é considerada um mecanismo de escape do sistema imune e as células NK são altamente sensíveis ao TGF-β1. A observação das microvesículas isoladas de pacientes com AML sugere fortemente que as microvesículas suprimem a atividade das células NK, utilizando as vias TGFβ1. Objetivos 45 3 OBJETIVO GERAL O presente estudo propôs-se a observar o comportamento dos exossomos derivados de macrófagos associados a tumores (TAMs), dos subtipos 1 e 2, frente a cultura de células humanas SCC-25, SAS e HSC-3, derivadas de carcinoma epidermóide de língua humana, por meio da análise da capacidade de invasão, proliferação e viabilidade das células tumorais na presença dos exossomos. 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Caracterizar os exossomos derivados dos macrófagos, subtipo M1 e M2, e das células SCC25, HSC3 e SAS utilizando o anticorpo anti-CD63; Observar a presença do anticorpo anti-TGF-β nos exossomos derivados dos TAMs, subtipo M1 e M2, e nas células SCC-25, HSC-3 e SAS; Avaliar comparativamente a capacidade de invasão das células SCC-25, HSC-3 e SAS quando em contato com os exossomos derivados dos TAMs, subtipos M1 e M2; Avaliar comparativamente a proliferação e a viabilidade das células tumorais SCC-25 e HSC-3 quando em presença dos exossomos derivados dos TAMs, subtipos M1 e M2; Observar a captação dos exossomos derivados dos TAMs, subtipos M1 e M2, pelas células tumorais SCC-25, HSC-3 e SAS. Materiais e Métodos 47 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS O presente estudo não necessitou de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), considerando que foram utilizadas apenas linhagens celulares imortalizadas (SCC-25, SAS, HSC-3) derivadas de carcinoma epidermóide de língua humano, comercialmente disponíveis. Todos os procedimentos de biossegurança foram adotados nas diversas etapas dos experimentos, garantindo a integridade física dos pesquisadores envolvidos. Os experimentos foram realizados no laboratório de biologia molecular do Centro de Pesquisa Médica de Oulu, na Universidade de Oulu - Finlândia. 4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO Este estudo caracteriza-se como uma investigação experimental in vitro, para observar a influência dos exossomos derivados dos TAMs nas células derivadas de carcinoma epidermóide de língua humana: SCC-25, SAS, HSC-3. 4.3 CARACTERIZAÇÃO DAS CÉLULAS THP1 E POLARIZAÇÃO EM MACRÓFAGOS, DOS SUBTIPOS M1 E M2 As células THP1 são derivadas de leucemia, (ARCC, VA, USA, Cat no.TIB-202), comumente usadas para diferenciação de modelos de monócitos/macrófagos, como previamente descrito por Tiju et al. (2009). As células foram cultivadas em meio RPMI suplementado com 10% de soro fetal bovino (Life Technologies, CA, USA), no qual adicionouse 2mM de L-Glutamina (Life Technologies, CA, USA), 100 U/ml de penicilina, 100 µg/ml de streptomicina e 250 ng/ml de fungizone (todos da Sigma-Aldrich), de acordo com a metodologia utilizada pelos autores supracitados. 48 As células THP1 polarizadas em macrófagos foram adicionadas em meio contento 200 ng/ml de phorbol 12-myristate 13-acetate (PMA; Sigma-Aldrich), por um período de 6 horas. As células foram, então, polarizadas em M1 através da incubação por 18 horas com 20 ng/ml de IFN-γ (ProSpec, Israel) e 100 ng/ml de lipopolissacarídeo (LPS; Sigma-Aldrich). Para a polarização dos macrófagos em M2, as células foram submetidas a incubação com 20 ng/ml de IL-4 (ProSpec) e 20ng/ml de IL-3 (ProSpec) por 18 horas. A incubação foi realizada em temperatura de 37ºC, em 5% de CO2. Os exossomos das células THP1 foram utilizados como grupo de controle. 4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS LINHAGENS CELULARES A linhagem celular HSC-3 (Japanese Collection of Research Bioresources - Tokyo, Japão) é derivada do carcinoma epidermóide oral de origem humana com alto potencial metastático, proveniente de um paciente do sexo masculino de 64 anos e que não apresentava nenhum problema sistêmico preexistente. A SCC25 foi estabelecida a partir de um paciente do sexo masculino com 70 anos de idade, o qual não foi submetido a nenhum tratamento prévio à biópsia (RHEINWALD EBECKET, 1981). A linhagem de de células SAS, também derivadas de tumor primário de carcinoma epidermóide, são altamente tumorigênicas e com elevada capacidade de crescimento (Japanese Collection of Research Bioresources - Tokyo, Japão). 4.4.1 Cultura de células As células foram cultivadas em meio de cultura DMEM/F-12 (Ref. 31330, Life Technologies); contendo 57 ml de soro fetal bovino inativado (FBS, Life Technologies), 5,7 ml de penicilina/streptomicina, 5,7 ml de vitamina C, 0,570 ml Fungizone (FZ) e 0,057 ml de hidrocortisona (HK) (todos da Sigma-Aldrich). As células SCC-25, SAS e HSC-3 foram cultivadas até atingirem confluência entre 70 e 90%, o que acontece em até 72 horas. As linhagens celulares em meio de cultura são armazenadas em incubadora a +37ºC, em atmosfera contendo 5% de CO2. 49 O crescimento celular foi monitorado diariamente com o auxílio do microscópio invertido de fase (NIKON – CFI60, Spectrum – Bioengenharia médica hospitalar LTDA). Para o estudo, as células tumorais foram submetidas a tripsinização (tripsina-EDTA diluída em 10x PBS). A tripsina-EDTA é diluída em 10x PBS. Utilizou-se 6 ml de tripisinaEDTA no meio de cultura, este meio é incubado a +37ºC durante 5 minutos. Para inativar a tripsina foi utilizado 18 ml de meio de cultura DMEM/F12. 4.5 ULTRACENTRIFUGAÇÃO DOS EXOSSOMOS DERIVADOS DAS CÉLULAS THP1, DOS MACRÓFAGOS TIPO 1, MACRÓFAGOS TIPO 2 E DAS CÉLULAS TUMORAIS Para isolar os exossomos, utilizou-se amostras de meio de cultura dos macrófagos 1 e 2, das células THP e das linhagens celulares SCC-25, SAS e HSC-3. A amostra foi colocada em tubos específicos para ultracentrifugação (Modelo WX Ultra 90 – Thermo electron Corporation), feitos de vinil. A quantidade de amostra colocada em cada tubo foi a mesma, calibradas em balança de precisão. Os tubos são colocados em um carrossel e as amostras foram submetidas a dois processos de ultracentrifugações. O primeiro para remover organelas residuais e fragmentos de células, realizado em temperatura de +4ºC, realizado durante 90 minutos a 7600 rotações por minuto (RPMs). Ao fim da primeira ultracentrifugação, o sobrenadante é removido e submetido a uma nova ultracentrifugação, seguindo os mesmos métodos citados acima. Esta última etapa foi realizada a 24200 RPMs, em temperatura de +4ºC, durante 90 minutos. Após este procedimento, os exossomos ficam localizados no fundo dos tubos. A amostra é, então, coletada em eppendorfs estéreis e armazenada em temperatura de -70ºC. 4.6 TESTE DE PROTEÍNA – TESTE DE BRADFORD (BIO-RAD, USA) O teste de proteína Bio-Rad é um teste colorimétrico que quantifica a concentração de proteína através da solubilização de detergente. A reação atinge cerca de 90% do seu máximo 50 de cor em 1 hora. Após esse período, a cor não muda mais do que 5% depois de 1 hora e 10% após 2 horas da adição dos reagentes. O teste é baseado na reação da proteína com uma solução de tartarato de cobre alcalino e o reagente Folin, que é um reagente alcalino, usado para medir os níveis de aminoácidos, produz uma cor vermelha brilhante e fluorescente em soluções alcalinas. O teste foi realizado para medir a concentração de proteínas presentes nas amostras de exossomos derivados das células THP1, M1 e M2, as quais foram utilizadas para fazer os testes funcionais de invasão, proliferação, viabilidade celular e imunofluorescência. As amostras utilizadas foram diluídas em concentrações de 1:1 (5 µl da amostra para 5 µl de solução de PBS). Essas amostras foram pipetadas dentro de poços em uma placa de cultura celular de 96 poços. Para a reação, foi utilizado o leitor de absorbância. Após acrescentar os reagentes, a placa foi submetida ao leitor de absorbância com comprimento de onda 750 nm. A tabela 1 apresenta de forma resumida as concentrações de exossomos utilizadas no presente estudo, que foram calculadas através do teste de proteína – teste de Bradford (BIO-RAD, USA). Exossomos Concentração dos exossomos por estoque (µg/µl) Concentração utilizada nos testes (µg/ml) Quantidade de exossomos pipetada / Apenas em um teste (µl) Concentrações usadas nos testes THP1 0.406 0.1 0.05 0.406µg/µl * 0.05µl = 0.0203 µg M1 0.44 0.1 0.045 0.44µg/µl * 0.045µl = 0.0198µg M2 0.55 0.1 0.04 0.55µg/µl * 0.04µl = 0.022µg THP1 0.406 1.0 0.5 0.406µg/µl * 0.5µl = 0.203 µg 0.45 0.44µg/µl * 0.45µl = 0.198µg M1 0.44 1.0 51 M2 0.55 1.0 0.4 0.55µg/µl * 0.4µl = 0.22µg THP1 0.406 10.0 5 0.406µg/µl * 5µl = 2.03 µg M1 0.44 10.0 4.5 0.44µg/µl * 4.5µl = 1.98µg M2 0.55 10.0 3.6 0.55µg/µl * 3.6µl = 2.2µg Quadro 1 – Concentração de exossomos utilizada no estudo, calculadas com base nos resultados no teste de Bradford. 4.7 IMUNOELETROMICROSCOPIA A imunoeletromicroscopia foi realizada com os anticorpos primários anti-CD63 e antiTGF-β. O anti-CD63 foi utilizado para identificar e confirmar a presença dos exossomos nas amostras derivadas das células THP1 e dos macrófagos M1 e M2, após a ultracentrifugação. Os exossomos provenientes das linhagens celulares SCC-25, SAS e HSC-3, derivados das células THP1 e dos macrófagos M1 e M2, foram marcados com o anticorpo anti-TGF-β, com o objetivo de observar a secreção desta proteína pelas referidas microvesículas. Para o anticorpo monoclonal anti-CD63, a diluição utilizada foi de 1:100 (AbD Serotec). Já para o anticorpo policlonal anti-TGF-β (Cell Signaling Technology), a diluição empregada foi de 1:200, baseado no estudo de Jan Van Deun et al., 2014. Os exossomos isolados foram depositados em uma grade de níquel revestido “formvar”, material este composto por uma resina termoplástica, formada a partir de polímeros de álcool polivinílico. O “formvar” é comumente utilizado como material de revestimento e adesivo. Sua função é estabilizar o filme de carbono antes da aplicação da amostra. A grade de níquel juntamente com a amostra de exossomos é incubada em meio contento PBS e 1% de BSA. As microvesículas foram expostas aos anticorpos primários durante 20 minutos. Em seguida, utiliza-se o anticorpo secundário anti-IgG (Zymed, San Francisco, CA, EUA) 52 associado à proteína conjugada com ouro de 10 nm (SLOT et al.,1985), por um período de 20 minutos. As grades foram coradas com 2% uranilacetato neutro. As imagens foram examinadas em microscópio eletrônico de transmissão Tecnai G2 Spirit (FEI Europa, Eindhoven, Países Baixos). As imagens foram capturadas pela câmera Quemesa CCD e analisadas utilizando Item software (Olympus Imaging Solutions macio GMBH, Munster, Alemanha). A ausência do anticorpo primário foi utilizada como controle negativo. Especificidade Nº DO CATÁLOGO CD 63 557305 TGF β 3711 FABRICANTE DILUIÇÃO ANTICORPO SECUNDÁRIO INCUBAÇÃO Becton Dickinson® 1:200 IgG (Zymed, San Francisco, CA, USA) 20 min 1:1000 IgG (Zymed, San Francisco, CA, USA) 20 min Cell Signaling Technology® Quadro 2 – Especificidade, Nº do catálago, fabricante, diluição, anticorpo secundário e tempo de incubação do anticorpo primário utilizado na imunoeletromicroscopia. 4.8 ENSAIO DE INVASÃO UTILIZANDO MIOGEL Para investigar os efeitos que os exossomos derivados dos macrófagos, M1 e M2, e das células THP1 exercem sobre a característica de invasão das linhagens celulares SCC-25, SAS e HSC-3, foi utilizado o modelo de invasão previamente caracterizado por Salo et al. (2015). Este modelo tem como principal característica o fato de mimetizar o microambiente tumoral. Para isso, o ensaio de invasão foi realizado utilizando placas de cultura de 24 poços, usando o modelo organotípico baseado em mioma humano, o miogel. Para este teste, foi preparado um meio de cultura contendo 50 ml DMEM/F-12 1:1 (Gibco; REF. 31330) com adição de 0,5 ml de penicilina/estreptomicina, 0,5 ml de vitamina C, 50 µl de FZ e 5 µl de HK, sem adicionar FBS. E, ainda, solução contendo 1% de solução agarose e solução contendo 2,4 mg/ml de miogel. 53 Para o preparo do miogel, é feito o descongelamento do material de forma lenta. Cada poço da placa de cultura deve conter 50 µl da solução preparada contendo miogel. Composta por 0,2% da solução de agarose e 2,4 mg/ml de miogel diluído em meio de cultura livre de FBS. Para a preparação do miogel, utilizou-se um eppendorf, no qual as substâncias foram adicionadas em ordem, primeiro o meio de cultura livre de soro, em seguida o miogel, acrescentando por último a agarose, diluída em PBS estéril. Em cada poço coloca-se 50 µl deste preparo. Em seguida, o miogel é deixado descansando, para que a membrana pudesse tomar consistência, por um período de 30 minutos. Para o teste de invasão, as células foram tripsinizadas normalmente, e a tripsina-EDTA deve ser inativada utilizando DMEM/F12, como previamente descrito. Neste estudo, foram realizados dois tipos de experimento: 1. Para este ensaio, apenas as linhagens celulares SCC-25 e HSC3 foram colocadas no compartimento superior do poço. Os três diferentes tipos de exossomos derivados de TAMs (THP1, M1 e M2), com as três diferentes concentrações estudas (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml), foram colocados no compartimento inferior, com o intuito de a investigar a existência de quimiotaxia por parte dos exossomos em relação às células tumorais No compartimento inferior, foi realizado o teste tanto com o meio de cultura livre de FBS, quanto com meio de cultura; Well Well Transwell Transwell Linhagem celular de câncer Linhagem celular de câncer + exossomos Miogel Miogel Meio de cultura Meio de cultura + exossomos Figura 6 – Experimento grupo 1 Figura 7 – Experimento grupo 2 Para cada poço, foram utilizadas 80000 células, esse valor foi multiplicado por 40, número que corresponde ao número de poços utilizados. Assim, para cada tipo celular (SCC25, SAS e HSC-3), foram utilizadas ao todo 3.200.000 células em 8.000 µl de meio de cultura livre de FBS, para todo o conteúdo de suspensão celular. Cada transwell recebeu 200 µl de células suspensas em meio sem FBS. O mesmo teste foi realizado com as células suspensas em 54 meio de cultura DMEM/F-12 (Ref. 31330, Life Technologies), substituindo o meio de cultura livre de FBS, com o intuito de observar se havia diferenças entre os meios. 2. No segundo ensaio, utilizou-se as linhagens celulares SCC-25, HSC-3, SAS juntamente com os três diferentes tipos de exossomos derivados de TAMs (THP1, M1 e M2), com as três diferentes concentrações estudas (0,1µg/ml, 1µg/ml, 10µg/ml), colocadas no compartimento superior do poço, para investigar se os exossomos possibilitam que as células migrem mais rapidamente através do miogel e ultrapassem a membrana microporosa do transwell para o compartimento inferior. No compartimento inferior, o teste foi realizado tanto com meio de cultura livre de FBS, quanto com meio de cultura DMEM/F-12 (Ref. 31330, Life Technologies). Para este segundo experimento, foram utilizadas 80.000 células (SCC-25, HSC-3, SAS) em cada poço, contabilizando 4.000.000 de células no total de 50 poços utilizados para cada linhagem celular. Para o teste, utilizamos 40 µl de exossomos por poço nas concentrações de 0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml associados às células tumorais mais 160 µl de meio de cultura livre de FBS. No compartimento inferior, foram adicionados 500 µl de meio de cultura livre de FBS. O mesmo teste foi realizado adicionando 500 µl de meio de cultura DMEM/F-12 (Ref. 31330, Life Technologies). Todos os testes foram feitos em triplicatas. As placas do teste de invasão foram incubadas por 72 horas a temperatura de +37°C, a 5% de CO2 para permitir que as células invadam o miogel. 4.8.1 Avaliação do grau de invasão Para avaliar o grau de invasão celular foi utilizada a coloração de azul de toluidina. Para isso, após o período de incubação de 72 horas, o meio de cultura contido no compartimento inferior dos poços é drenado e, em seguida, adiciona-se 500 µl de formol a 4%, deixando-se a amostra fixar durante 1 hora em temperatura ambiente. Com a amostra fixada na membrana microporosa do transwell, lava-se os poços com PBS a 1% e remove-se com sucção o excesso de células que não ficaram aderidas e o gel. As células aderidas são, posteriormente, coradas com 500 µl de solução de azul de toluidina. O excesso de solução é removido dos transwells com lavagens com água deionizada. 55 Após a lavagem, adiciona-se 500 µl de solução de 1% SDS (Dodecil sulfato de sódio) em cada poço. De cada poço, 150 µl desta solução é transferida para uma placa contendo 96 poços. Cada amostra foi feita em triplicada. A placa foi submetida à leitura de absorbância com comprimento de onda de 650 nm. 4.9 ENSAIO DE PROLIFERAÇÃO E VIABILIDADE CELULAR 4.9.1 BrdU (bromodeoxiuridina - ROCHE) Para o teste de proliferação BrdU (ROCHE), foram utilizadas as linhagens celulares HSC-3 e SCC-25, no qual se adicionou 5.000 células/poço. Estas células foram adicionadas tanto em meio de cultura livre de FBS, quanto em meio de cultura DMEM/F-12 (Ref. 31330, Life Technologies). O seguinte protocolo para o ensaio de proliferação BrdU (ROCHE) foi seguido: 1. Meio de cultura livre de FBS: HSC3 + exossomos derivados dos TAMs (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml); 2. Meio de cultura DMEM/F-12: HSC3 + exossomos derivados dos TAMs (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml); 3. Meio de cultura livre de FBS: SCC-25 + exossomos derivados dos TAMs (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml); 4. Meio de cultura DMEM/F-12: SCC-25 + exossomos derivados dos TAMs (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml). Para o ensaio, foi utilizada uma placa contendo 96 poços. O volume final de meio de cultura e células adicionados em cada poço foi de 100 µl e o período de incubação foi de 24 horas, para que as células entrassem em sincronismo. O experimento foi realizado em quadruplicata. 56 Adicionou-se 10 µl/poço do marcador BrdU, com posterior incubação da placa por 3 horas. Após esse período, removeu-se o meio com o marcador e foi adicionado 200 µl da substância FixDenat, presente no kit, e a placa foi incubada em temperatura ambiente. Após, removeu-se a solução fixadora (FixDenat) e foi adicionado 100 µl/poço da solução de anticorpo anti-BrdU-POD, com período de incubação de 1h30 min, em temperatura ambiente. Para remover essa solução, foram realizadas lavagens com PBS 10x. Ao remover pela última vez o PBS 10x, adicionou-se 100 µl/poço da solução de substrato ou de parada que já vem com o próprio Kit. A solução fica em temperatura ambiente por 10 minutos e em seguida, observa-se a mudança de cor em cada poço. A absorbância é medida em comprimento de onda de 450 nm. 4.9.2 Determinação do crescimento celular baseado no kit MTT (SIGMA-ALDRICH) O componente chave deste teste é (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5- Diphenyltetrazolium Bromide) ou MTT. Este teste foi conduzido de forma semelhante ao ensaio de proliferação BrdU: 1. Meio de cultura livre de FBS: HSC3 + exossomos derivados dos TAMs (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml); 2. Meio de cultura DMEM/F-12: HSC3 + exossomos derivados dos TAMs (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml); 3. Meio de cultura livre de FBS: SCC-25 + exossomos derivados dos TAMs (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml); 4. Meio de cultura DMEM/F-12: SCC-25 + exossomos derivados dos TAMs (0,1 µg/ml, 1 µg/ml, 10 µg/ml). Como protocolo, adicionamos 10 µl da solução de MTT e retornamos à incubadora por 3 horas. Após esse período, remove-se os cristais formados pelo MTT, através de sucção, adicionando-se, a seguir, 100 µl de solvente para MTT em cada poço, seguido de agitação durante 10 minutos a 300 RPMs. Por fim, mede-se a absorbância em comprimento de onda de 570 nm. 57 4.10 IMUNOFLUORESCÊNCIA DOS EXOSSOMOS DERIVADOS DOS TAMS E DAS LINHAGENS CELULARES DERIVADAS DE CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÍNGUA 4.10.1 Preparação da amostra das linhagens celulares HSC-3, SAS e SCC-25 Para a marcação das linhagens celulares HSC-3, SAS e SCC-25, utilizou-se o marcador Vybrant DIL (Life Technology). Após a ressuspensão das células, elas passam por processo de centrifugação durante 4 minutos a 1.000 RPM. Posteriormente, o meio é descartado e as células foram suspensas em meio de cultura livre de FBS. As células foram diluídas em uma concentração de 1x 106 células/ml. Nesse meio, foram adicionados 5µl da solução Vybrant DIL às células em suspensão em um período de incubação de 20 minutos, em temperatura de +37ºC a 5% de CO2. Após o período de incubação, as células foram lavadas 3 vezes com meio de cultura DMEM/F-12. Enquanto foi realizada a preparação da amostra dos exossomos derivados dos TAMs, as células foram deixadas na incubadora em temperatura de 37ºC a 5% de CO2. 4.10.2 Preparação da amostra de exossomos derivados dos TAMs O kit Exo-Glow permite que os exossomos isolados sejam marcados por imunofluorescência para medir absorção e interação celular. Os exossomos isolados são ressuspensos e incubados em Exo-Red. O marcador Exo-Red é baseado no composto Laranja de Acridina (Acridine Orange - AO). As membranas dos exossomos são permeáveis ao laranja de acridina. Esta coloração é responsável pela marcação imunofluorescente de RNAs de cadeia simples dentro dos exossomos. Os RNAs marcados pelo Exo-Red podem, então, ser monitorados, possibilitando a observação da entrega dos exossomos às células-alvo através dos exossomos usando microscópio de imunofluorescência. Para o experimento, os exossomos isolados são ressuspensos em 500 µl de PBS. A quantidade de exossomos utilizada foi de 100 µg para reação de marcação. Adicionou-se 50 µl de Exo-Red para 500 µl de suspensão de exossomos em PBS 10x. Em seguida, a solução de exossomos foi incubada a 37ºC em 5% de CO2 por 10 minutos. Para interromper a reação de marcação, adicionou-se 100 µl do reagente ExoQuick-TC à solução de exossomos marcados. A amostra de exossomos marcados foi mantida no gelo por 58 trinta minutos. Posteriormente, as amostras foram submetidas a microcentrifugação durante três minutos a 14.000 RPM. Em seguida, foi removido o excesso de marcador flutuante e os pellets de exossomos marcados foram ressuspendidos em 500 µl de PBS 10x. Os exossomos foram, então, adicionados às placas de 24 poços, juntamente com as linhagens celulares marcadas com o Vybrant DIL e a incubação foi realizada por 2 horas. O monitoramento das células foi realizado após este período com um microscópio com filtro para imunofluorescência. Os testes foram realizados em triplicatas e avaliados no programa Leica Qwin Standard. Análise Estatística 60 5 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os resultados do estudo foram tabulados e submetidos a testes apropriados. No presente estudo, foram avaliados três diferentes tipos de linhagens celulares com diferentes concentrações de exossomos. Após os tratamentos, as células foram avaliadas de acordo com a viabilidade (MTT), proliferação (BrdU) e invasão. Para essas análises, foi utilizado o programa IBM SPSS Statistics v21.0 (IBM corp. Armol, NY, USA). Utilizou-se o teste paramétrico para avaliar a distribuição da amostra e para identificar as diferenças entre os grupos. Para a análise de variância no ensaio de invasão celular, viabilidade e proliferação celular, utilizou-se teste ANOVA, seguido do teste Scheffe’s Post Hoc. A avaliação das amostras não paramétricas foi realizada através do teste Kruskal-Wallis, para identificar a diferença entre os grupos. Os gráficos foram construídos utilizando o OriginPro 9.1.0 program (©1991-2013 OriginLab Corporation). A análise da imunofluorescência e das marcações do CD63 e TGF-β foi realizada de forma descritiva. Para os testes estatísticos utilizados, o nível de significância atribuído foi de 5% (p≤0,05). Resultados 62 6 RESULTADOS 6.1 ANÁLISE DA IMUNOELETROMICROSCOPIA PARA OS ANTICORPOS ANTI-CD63 E TGF-β Os exossomos derivados dos macrófagos e das células THP1 foram submetidos à marcação utilizando a técnica da imunoeletromicroscopia, com o anticorpo anti-CD63, com o objetivo de identificar a secreção de microvesículas por essas células. Ao avaliar as imagens, observou-se que todos os exossomos derivados dos TAMs e das células THP1 apresentaram marcação pelas partículas de ouro associadas ao anticorpo primário anti-CD63 (FIGURA 7), confirmando que as células isoladas pelo processo de ultracentrifugação apresentam forma e tamanho compatíveis com essas microvesículas. Entre as amostras analisadas, os exossomos derivados dos macrófagos do subtipo M2 foram os que se apresentaram em maior número. A imunomarcação para o TGF-β foi realizada tanto nos exossomos derivados das linhagens celulares estudadas (SCC-25; SAS e HSC3), quanto nos exossomos derivados dos TAMs e das células THP1. De forma descritiva, observou-se que os exossomos derivados dos TAMs e das células THP1 apresentaram marcação para este anticorpo de forma escassa. Ao comparar as imagens obtidas pela microscopia eletrônica de transmissão, utilizando o software iTEM (Olympus Soft Imaging Solutions GMBH, Munster, Germany), constatou-se que as microvesículas derivadas das células tumorais não apresentavam qualquer marcação para o TGF-β, demonstrando que, nas amostras avaliadas, os exossomos derivados dos tumores não expressaram esta proteína. Quando analisadas as amostras de exossomos derivados dos macrófagos, percebe-se, no presente estudo, que estas microvesículas derivadas de M1, M2 e das células THP1 apresentaram secreção de TGF-β de forma variada entre si. No entanto, as microvesículas derivadas de M2 foram as únicas capazes de apresentar uma forma expressiva e mais consistente de marcação para TGF-β (FIGURA 8). 63 Figura 7 – Caracterização dos exossomos isolados dos macrófagos pelo método clássico da ultracentrifugação (WX ultra 90Thermo electron corporation), marcadas com anti-CD63. As figuras A e D apresentam exossomos THP1, B e E exossomos subtipos M1 e C e F exossomos dos macrófagos tipo 2. A B C D E F Figura 8 – Ausência de marcação para TGF-β dos exossomos derivados das linhagens celulares HSC-3 (FIGURA A) e SCC5 (FIGURA B) e nos exossomos derivados das células THP 1 (FIGURA D) e M1 (FIGURA E). Presença de marcação para TGF-β dos exossomos derivados dos TAMs M2 (FIGURA F). 64 6.2 ANÁLISE DO ENSAIO DE INVASÃO UTILIZANDO MIOGEL 6.2.1 Análise do ensaio de invasão utilizando com utilizando a linhagem celular SCC-25 A análise do teste de invasão demonstrou que, para a linhagem celular SCC-25, cultivada juntamente c om os exossomos derivados dos macrófagos e das células THP1, utilizando meio de cultura DMEM/F 12 no compartimento inferior do poço, o ensaio de invasão realizado sem exossomos apresentou menor invasão celular, quando comparado aos outros grupos. Com relação ao grupo de exossomos apresentando concentração de 10 µg/ml, observou-se que todas as amostras apresentaram significância estatística (p≤0,001). Os resultados estatísticos mostraram, também, a relação entre a invasão celular sem exossomos e com a presença de exossomos do tipo THP1 e M2 na concentração de 0,1 µg/ml com p≤0,01; já para as amostras contendo exossomos do subtipo M1 a significância estatística foi de p≤0,001 (GRÁFICO 1). GRÁFICO 1 – Ensaio de invasão utilizando linhagem celular SCC-25 em meio de cultura DMEMF/12. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016. 65 O GRÁFICO 1 mostra que entre os ensaios de invasão com concentração de exossomos 0,1 µg/ml, houve diferença estatisticamente significativa entre os ensaios utilizando os exossomos THP1 e M1 (p≤0,001). No teste de invasão utilizando 1,0 µg/ml, observou-se relação estatisticamente significativa entre as amostras apresentando os exossomos M1 e M2 (p≤0,05). O GRÁFICO 2 apresenta a relação entre os grupos contendo exossomos e a linhagem celular SCC-25, em meio de cultura sem FBS, no qual, observou-se relação estatisticamente significativa entre o grupo que apresenta exossomo do subtipo M2, em concentração de 1,0 µg/ml ( p≤0,01), em relação ao grupo em que há ausência de exossomos. Para o grupo com exossomos em concentração 0,1 µg/ml, M2 apresentou significância estatística (p≤0,001) também em relação à amostra que apresenta ausência de exossomos. No grupo com concetração 0,1 µg/ml, observou-se diferença entre os exossomos do subtipo M2 e M1 (p≤0,01) e entre os exossomos M2 e THP1 (p≤0,001). Para os testes realizados com os exossomos localizados no compartimento inferior, não houve significância estatística entre os grupos (p>0,05) (GRÁFICO 3). GRÁFICO 2 – Ensaio de invasão utilizando linhagem celular SCC-25 em meio de cultura livre de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016. 66 GRÁFICO 3 – Ensaio de invasão utilizando linhagem celular SCC-25 com exossomos no compartimento inferior do transwell (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016. 6.2.2 Análise do ensaio de invasão com miogel utilizando a linhagem celular HSC-3 Ao avaliar os resultados com a linhagem celular HSC-3, observa-se que o grupo em que há ausência de exossomos apresentou maior invasão celular em presença de meio de cultura DMEM/F12. Em relação aos grupos contendo as diferentes concentrações de exossomos (0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml; 10 µg/ml), constatou-se que, na invasão celular, há relação estatisticamente significativa entre a invasão celular na ausência de exossomos e na presença dos exossomos THP1, M1 e M2. Neste aspecto, sugere-se que a presença dos exossomos diminuiu a capacidade invasiva das células HSC-3 em presença de meio de cultura DMEM/F12 (GRÁFICO 4). 67 GRÁFICO 4 – Ensaio de invasão utilizando linhagem celular HSC-3 em meio de cultura DMEMF/ 12. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2015. Quando o ensaio foi realizado em presença de meio de cultura livre de FBS, os resultados obtidos foram semelhantes aos observados em presença de meio de cultura DMEMF/12. Observou-se com o ensaio um maior potencial de invasão das células na ausência de exossomos, quando comparado com a quantidade de invasão obtida em presença das diferentes concentrações de exossomos (p≤0,001) (GRÁFICO 5). 68 GRÁFICO 5 – Ensaio de invasão utilizando linhagem celular HSC-3 em meio de cultura meio de cultura com ausência de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016. Ao observar os resultados da análise do ensaio em que as células HSC-3 localizaram-se no compartimento superior dos poços e os exossomos na região inferior, é possível observar que foi observada uma menor capacidade de invasão das células com a ausência de exossomos quando comparadas com as amostras de células com exossomos. Neste ensaio, constatou-se que a presença de exossomos M2, na concentração 10 µg/ml, no compartimento inferior, demonstrou relação estatisticamente significativa em relação ao grupo que apresenta na ausência de exossomos (p≤0,001). O mesmo foi observado para M1. Entre as amostras de concentração 0,1 µg/ml percebe-se que há uma maior capacidade invasiva de M1 em relação aos exossomos derivados das células THP1 (GRÁFICO 6). 69 GRÁFICO 6 – Ensaio de invasão utilizando linhagem celular HSC-3 contendo exossomos no compartimento inferior do transwell. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016. 6.2.3 Análise do ensaio de invasão com miogel utilizando a linhagem celular SAS A análise de invasão mostra que as células da linhagem SAS, em meio de cultura livre de FBS, obtiveram maiores níveis de invasão quando comparadas às amostras de células tumorais associadas aos exossomos derivados dos TAMs, M1 e M2, nas concentrações 10 µg/ml (p≤0,001). O mesmo resultado foi observado para os exossomos M1 e M2 em concentração de 1,0 µg/ml (p≤0,001). No entanto, observou-se que os exossomos derivados das células THP1 (10 µg/ml) apresentaram um maior grau de invasão quando comparados a M1 (p≤0,05) e a M2 (p≤0,01), o mesmo se aplicando à concentração de 1,0 µg/ml (GRÁFICO 7). Quanto às análises realizadas em meio de cultura contendo DMEM/F12, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre as amostras. O mesmo resultado foi constatado para o ensaio de invasão realizado com os exossomos localizados no compartimento inferior dos poços de cultura celular. 70 GRÁFICO 7 – Ensaio de invasão utilizando linhagem celular SAS meio de cultura com ausência de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016. 6.3 ANÁLISE DOS ENSAIOS DE PROLIFERAÇÃO (BrdU / MTT) 6.3.1 Ensaio de proliferação BrdU/ Ensaio de viabilidade celular (MTT) – linhagem celular HSC-3 No gráfico 8, observa-se os resultados inerentes ao estudo de proliferação, utilizando meio de cultura DMEMF/12, revelaram que as células HSC-3 quando cultivadas com ausência de exossomos apresentaram um maior índice de proliferação quando comparada ao grupo teste (50 µg/ml). Para a linhagem celular HSC-3 cultivada com exossomos derivados das células THP1 (p≤0,001), M1 (p≤0,001) e M2 (p≤0,01), observou-se diferença estatisticamente significativa em relação às células cultivadas sem exossomos, para a concentração 50 µg/ml. No que diz respeito aos testes intergrupos, para a linhagem celular HSC-3, observou-se que os exossomos (0,1 µg/ml) derivados das células THP1 apresentaram maior função na atividade de proliferação das células em relação aos exossomos derivados dos TAMs do subtipo M2 (p≤0,001). 71 Para o grupo teste com exossomos na concentração 1 µg/ml, os testes estatísticos realizados entre os grupos demonstraram que as linhagens celulares cultivadas em meio contendo exossomos M2, apresentaram maior capacidade de proliferação quando comparados aos exossomos M1 (p≤0,001), o mesmo sendo observado com os exossomos das células THP1 (p≤0,001) (GRÁFICO 8). GRÁFICO 8 – Ensaio de proliferação BrdU utilizando linhagem celular HSC-3 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura DMEMF/12. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016. Ao avaliar a proliferação das células HSC-3 na presença dos exossomos derivados das células THP1, M1 e M2, em meio de cultura apresentando ausência de FBS, observou-se que as células cultivadas apresentaram maior capacidade de proliferação, quando associadas a exossomos do subtipo M2, na concentração de 50 µg/ml, quando comparadas com as outras concentrações de exossomos avaliadas. As células HSC-3 cultivadas com exossomos M2 também apresentaram maior capacidade proliferativa quando comparadas às células cultivadas com ausência de exossomos, constatando-se relação estatisticamente significativa (p≤0,01) (GRÁFICO 9). 72 GRÁFICO 9 – Ensaio de proliferação BrdU utilizando linhagem celular HSC-3 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura livre de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016. 73 GRÁFICO 10 – Ensaio de viabilidade celular MTT utilizando linhagem celular HSC-3 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura DMEMF/12. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016. Quanto ao estudo de viabilidade celular, na presença de meio de cultura DMEMF/12, utilizando a linhagem celular HSC-3, constatou-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos e entre as células cultivadas na ausência de exossomos (p>0,05) (GRÁFICO 10). Ao avaliar os resultados inerentes à viabilidade celular, em presença de meio de cultura com ausência de FBS, também foi observada ausência de relação estatisticamente significativa (p>0,05) (GRÁFICO 11). Viabilidade HSC 3 Meio de cultura sem FBS 74 GRÁFICO 11 – Ensaio de viabilidade celular MTT utilizando linhagem celular HSC-3 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura com ausência de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016. 6.3.2 Ensaio de proliferação BrdU/ Ensaio de viabilidade celular (MTT) – linhagem celular SCC-25 O ensaio de proliferação realizado com a linhagem celular SCC-25, utilizando meio de cultura DMEM F/12, exossomos derivados das células THP1, M1 e M2, em suas diversas concentrações, não apresentou diferença estatisticamente significativa (p>0,05) em relação às amostras cultivadas na ausência de exossomos (GRÁFICO 12). No entanto, pôde-se verificar relação estatisticamente significativa entre os grupos. A cultura de células SCC-25 realizada juntamente com os exossomos M2, em concentração de 0,1 µg/ml, demonstrou uma maior capacidade de proliferação destas células quando comparadas com as células cultivadas com exossomos THP1, nas concentrações 10 µg/ml e 50 µg/ml (p≤0,05) (GRÁFICO 12). 75 GRÁFICO 12 – Ensaio de proliferação BrdU utilizando linhagem celular SCC-25 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura livre de FBS. (*) p≤0,05 (**), p≤0,01 (***), p≤0,001. NATAL-RN, 2016. Em relação ao ensaio realizado com meio de cultura apresentando ausência de FBS, não foi possível observar relações estaticamente significativas entre os grupos, nem entre a cultura celular com ausência de exossomos (p>0,05). Quanto à viabilidade celular, também foi observada presença de diferenças estatísticas entre o grupo contendo M2 (concentração de 50 µg/ml) e entre os grupos e as células cultivadas sem a presença de exossomos, tanto em meio de cultura ausência de FBS (p≤0,05) (GRÁFICO 13). 76 GRÁFICO 13 – Ensaio de viabilidade celular MTT utilizando linhagem celular SCC-25 e exossomos nas concentrações 0,1 µg/ml; 1,0 µg/ml, 10 µg/ml, 50 µg/ml, em meio de cultura livre de FBS. (*) p≤0,05, (**) p≤0,01, (***) p≤0,001. NATAL-RN, 2016. 6.4 ANÁLISE DESCRITIVA DA IMUNOFLUORESCÊNCIA A análise realizada pela imunofluorescência teve como objetivo observar se haveria ou não a internalização dos exossomos derivados dos TAMs para o interior das células tumorais, nas linhagens estudadas. Ao analisar as amostras utilizadas no teste de imunofluorescência, foi possível observar que houve a internalização dos exossomos derivados tanto das células THP1 quanto dos TAMs, M1 e M2, para o interior das células tumorais. Deste modo, evidenciou-se que há uma comunicação entre exossomos e célula. É possível perceber, ainda, de forma descritiva, que a capacidade de interação entre os diferentes tipos celulares é diferente. Ao se observar a diferença de coloração entre as diferentes linhagens celulares, percebe-se que há uma tendência maior das células SCC-25 a internalizarem os exossomos. Isso é evidenciado pela coloração amarela nas imagens. As células em verde representam as linhagens celulares e as em vermelho representam os exossomos. Durante a comunicação célula-exossomo, momento em que os exossomos passam seu conteúdo para o interior celular, essa coloração fica sobreposta, caracterizando a cor amarela. Essa coloração foi melhor observada e de maneira mais intensa nas células SCC-25, quando em cultura com os exossomos do subtipo M2 (FIGURA 9). 77 Figura 9 – Imagem representativa da marcação pelo método de imunofluorescência utilizando Vybrint Dil (células tumoraisverde) e Exo-GLOW (exossomos – vermelho). As imagens as colorações amarelas e alaranjadas correspondem a internalização dos exossomos nas linhagens celulares. Discussão 79 7 DISCUSSÃO Diante da escassez de estudos que relacionam a presença de exossomos derivados dos TAMs no microambiente tumoral e o comportamento das células de CE de língua frente a essas microvesículas, torna-se relevante realizar análises objetivando compreender o mecanismo pelo qual os exossomos derivados dos TAMs atuam frente às linhagens de CE de língua. Sabe-se que a lesão maligna vem sendo compreendida como inserida em um microambiente, no qual as interações entre os elementos celulares e moleculares que o compõem são determinantes na progressão tumoral. Componentes presentes no microambiente tumoral podem influenciar no processo de crescimento da lesão. Entre esses integrantes, encontram-se os elementos da imunidade, cuja modulação tem sido demonstrada, tanto no sentido da vigilância imunológica, quanto no favorecimento da progressão tumoral (ONUCHIC; CHAMMAS, 2010). A hipótese da imunoedição proporcionou um melhor entendimento sobre o mecanismo de escape tumoral. Esta hipótese parte da idéia de que o sistema imune tem um duplo papel no processo tumoral (DUNN; OLD; SCHREIBER, 2004; SCHEREIBER, 2005). A imunoedição pode ser dividida nas fases eliminação, equilíbrio e escape. A fase de eliminação representa o conceito clássico de imunovigilância, em que as células e moléculas da resposta imune inata e adaptativa reconhecem e destroem os tumores, protegendo o hospedeiro contra o câncer. Esta fase inicial pode erradicar uma grande quantidade de células transformadas. Porém algumas podem resistir e a persistência destas células caracteriza a segunda etapa, denominada fase de equilíbrio (BENITO-MARTIN et al., 2015). A fase de equilíbrio representa um tipo de dormência na qual o crescimento tumoral é controlado pela imunidade (SCHREIBER; OLD; SMYTH, 2011). Nesta fase, muitas células tumorais são eliminadas e poucas sofrem mutação, tornando-se resistentes ao ataque do sistema imune devido a mutações sofridas. Assim, no fim da fase de equilibrio, surge uma nova população de clones tumorais sobreviventes, cuja característica principal é a baixa imunogenicidade em continuidade instala-se o que é chamado de fase de escape, na qual as células que sofreram mutações tornam-se resistentes à resposta imune e sobrevivem. Em seguida, ocorre um crescimento celular exagerado, de maneira descontrolada, iniciando assim a progressão tumoral (ZITVOGEL; TESNIERE, KROMER, 2006). Tais achados evidenciam a importância do sistema imune no controle do desenvolvimento tumoral. Entre as células componentes do sistema imune que infiltram o 80 tumor, a participação de macrófagos vem ganhando importância e complexidade crescente. Os macrófagos são envolvidos em processos de inflamação crônica e parecem estar associados à progressão tumoral e metástase. Densidades elevadas de macrófagos no tecido neoplásico foram relacionadas a mau prognóstico e à superexpressão de CSF-1 (colony-stimulating factor -1, um fator de crescimento de macrófagos), já encontrada em tumores de mama, útero, e ovário, está correlacionada a um alto grau de malignidade (CONDEELIS; POLLARD, 2006). Os macrófagos associados a tumores (TAMs) podem secretar substâncias como citocinas e quimiocinas, promovendo a migração e infiltração de leucócitos que podem contribuir para o crescimento tumoral. Os macrófagos estão entre as células em maior número no tumor primário e nas metástases. Elas servem para reconhecer, fagocitar e destruir as células invasoras (CHOW et al., 2014). Estudo recente tem indicado a presença de dois tipos de macrófagos, M1 e M2. Os TAMs associados a tumores do subtipo M1 são caracterizados por uma alta expressão de citocinas pró-inflamatórias como a IL 1, IL 6 e IL 12, células efetivas contra microrganismos e células tumorais. Em contraste, os macrófagos M2 são caracterizados pela alta expressão de IL4 e IL-10, com capacidade de promoverem a angiogênese, remodelação tecidual e reparo, e podem estar relacionados com a maior capacidade de resistência à terapia e pior prognóstico (SUGIMURA et al., 2015). O CE e os TAMs parecem apresentar uma estreita relação no microambiente tumoral. No entanto, ainda não está bem esclarecido como essas células podem interagir entre si. Pirilä e colaboradores (2015) observaram que os TAMs do subtipo M2 podem exercer importante papel como reguladores da adesão, migração, invasão e produção de citocinas, que, por sua vez, podem favorecer o crescimento tumoral. Esses autores sugerem que os pacientes com CE de língua poderiam se beneficiar com terapias-alvo utilizando os TAMs. Sabe-se que tanto as células tumorais quanto as células que se encontram no microambiente tumoral podem ser capazes de secretar microvesículas que apresentam diversas funções biológicas (BENITO-MARTIN et al., 2015). Por serem responsáveis por descartar detritos celulares, os exossomos constituem motivo de continuados estudos, o que tem permitido demonstrar a sua função na comunicação celular, particularmente na capacidade de mediar a interação célula-célula (COLOMBO; RAPOSO; THERY, 2014). Os exossomos podem ser responsáveis por carrear moléculas que se encontram nas suas células de origem. Dentre estas, pode-se citar DNA, mRNA, miRNA, proteínas e lipídios derivados das células mães (COLOMBO; RAPOSO; THERY, 2014). Alguns desses componentes podem ser usados como marcadores para exossomos (ZLOTOGORSKI- 81 HURVITZ et al., 2015). Os estudos relacionados aos exossomos estão focando, principalmente, na relação dos exossomos derivados de tumores e das células inflamatórias e sua função em modular as interações com a resposta imune do hospedeiro (PEINADO et al., 2012). A membrana celular dos exossomos pode conter receptores responsáveis pela identificação da célula-alvo. Essa interação possibilita que os exossomos possam liberar seu conteúdo no interior celular. A capacidade dos exossomos de se ligarem à membrana de células específicas pode ativar sinais transmembrana, estando envolvidas em coordenar processos fisiológicos e patológicos (COCUCCI; RACCHETTI; MELDOLESI, 2009). É um motivo de preocupação a técnica a ser utilizada para isolar essas microvesículas. O método de ultracentrifugação tem sido reportado na literatura como o mais utilizado (LI et al., 2015). É de especial atenção utilizar métodos que minimizem o isolamento de agregados de proteínas, o que pode diminuir a acurácia do método (THERY et al., 2006). Dentre os métodos mais estudados e utilizados, atualmente, pode-se citar a ultracentrifugação, ultrafiltração e kits comerciais, como o ExoQuick™, A ultracentrifugação tem sido utilizada como padrão ouro para isolar exossomos (LOBB et al., 2015). Observou-se que a técnica utilizada para isolar exossomos exerce influência no procedimento de isolamento de exossomos. A ultracentrifugação pode ser capaz de isolar melhor as microvesículas sem contaminação. Quanto ao ExoQuick, este apresenta significante presença de agregados de proteínas não exossomais (LOBB et al., 2015; YAMASHITA et al., 2016). Diante desses achados, optou-se por utilizar a ultracentrifugação para isolar os exossomos estudados. Uma das proteínas observadas na superfície dos exossomos é a CD63, membro da família das tetraspaninas, utilizada como um dos marcadores de identificação dos exossomos. Esta proteína apresenta função no intercâmbio celular, através da sua interação com receptores, como a integrina. Por meio da adesão mediada pela interação integrina-CD63, esta proteína tem papel na adesão das células à matriz extracelular (NISHIUCHI et al., 2005). Um dos objetivos abordados no presente estudo foi o de observar se os TAMs, sejam eles M1 ou M2, seriam capazes de secretar exossomos. Para tanto, utilizou-se o marcador de superfície CD63. Através da análise utilizando imunoeletromicroscopia, pôde-se observar a presença dessas microvesículas, derivadas dos TAMs. Este achado é de relevância para o presente estudo, considerando ser possível a identificação dos exossomos, uma vez que se pode realizar os ensaios propostos, com finalidade de ajudar elucidar o comportamento das células derivadas de CE de língua frente a essas microvesículas. 82 Sabe-se que as tetraspaninas são as proteínas mais abundantes na superfície dos exossomos e que tanto as células tumorais quanto as células imunes são capazes de secretar essas microvesículas. Diante deste fato, o achado da marcação pelo anti-CD63 no presente estudo encontra-se de acordo com os dados observados na literatura (MIGNOT et al., 2006; LAZO et al., 2007; HIRANO et al., 2009). A presença de altos níveis da CD63 em pacientes com câncer vem sendo relacionada a um pior prognóstico (JAKOBSEN et al., 2015). No interior dos exossomos é possível observar diferentes proteínas, dentre elas, o TGFβ, que pode apresentar importante função. Sabe-se que esta proteína pode atuar como uma potente molécula imunossupressora, capaz de inibir a citotoxidade das células NK, importantes na eliminação das células tumorais (SZCZEPANSKI et al., 2011). Cai e colaboradores (2013) observaram a capacidade inibitória do TGF-β na proliferação celular e demonstraram que seu efeito é dose-dependente. Com a estimulação do TGF-β, macrófagos são recrutados para o local do tumor e polarizados em TAMs do subtipo M2, apresentando propriedades relacionadas com o suporte do crescimento tumoral. Em diversos tipos tumorais, a superexpressão de TGF-β é localmente detectada no microambiente ao redor da lesão e no seu estroma, promovendo a invasão no front tumoral, facilitando assim a formação de metástase. Essa proteína pode ser derivada tanto das células tumorais, quanto das células infiltradas no estroma tumoral, como fibroblastos, macrófagos e leucócitos. O TGF-β pode, ainda, ser armazenado na matriz extracelular do osso, tornando-se biologicamente ativo durante a progressão de lesões osteolíticas de natureza metastáticas (PICKUP; NOVITSKIY; MOSES, 2013; PAPAGEORGIS, 2015). No presente estudo, pôde-se observar que os exossomos derivados das linhagens celulares SCC-25, SAS e HSC-3, apresentaram ausência de marcação para o TGF-β, enquanto que para os exossomos derivados dos TAMs foi possível perceber a presença desta proteína, de forma escassa. Os TAMs do subtipo M2, quando comparados com M1, apresentaram marcação em maior número de microvesículas. Os achados apresentados pela imunoeletromicroscopia sugerem que os TAMs do subtipo M2 podem apresentar capacidade aumentada de secreção de TGF-β, o que pode representar a habilidade que esses macrófagos possuem na sua atividade pró-tumoral. Por outro lado, a ausência da secreção de TGF-β pelos exossomos das células tumorais pode sugerir que a captação desta proteína para o interior da célula transformada pode estar relacionada com o microambiente tumoral e na interação célula-célula que os exossomos apresentam como função, o que facilitaria a progressão e crescimento tumoral. 83 Esses achados estão de acordo com os autores Gholamin et al. (2009) e Malkoski et al. (2012), quando sugerem que a maior fonte de TGF-β está nos macrófagos, linfócitos B e T. As células tumorais podem, também, secretarTGF-β, relacionando-se este fato com um pobre prognóstico, representado pelo aumento na proliferação e invasão tumoral, aumento da densidade dos vasos sanguíneos e pobre sobrevida em casos de adenocarcinoma de pulmão, câncer gástrico e CEO (MINCIONE et a., 2008; MA et al., 2013; GONÇALVES et al., 2015). O que se pode sugerir com os achados da presente pesquisa é que talvez as células tumorais, através da internalização dos exossomos derivados dos TAMs, subtipo M2, passem a apresentar o TGF-β em seu interior, por meio da comunicação célula-célula. O meio utilizando o tecido derivado de mioma tem sido relatado pela sua capacidade de mimetizar o microambiente tumoral in vivo, melhor que os meios que utilizam colágeno. O padrão de invasão das células no miogel parece ser similar à invasão das células de CE nos tecidos humanos (SALO et al., 2015). Diante desses achados, o presente estudo optou por utilizar o meio organotipico derivado de miomas humanos, miogel, para realizar o ensaio de invasão, com o objetivo de observar o comportamento das células tumorais de CE de língua frente aos exossomos derivados dos TAMs. Foi analisada a invasão dessas células em presença dos exossomos das células THP1, M1 e M2, em diferentes concentrações e em diferentes meios de cultura. Em primeira análise, observou-se que as células SCC-25 apresentaram uma maior capacidade de invasão quando cultivadas conjuntamente com os exossomos, comparada com os poços em que as células foram cultivadas em ausência de microvesículas, em meio de cultura DMEM / F12. Dentre as concentrações avaliadas, as células associadas aos exossomos M2, concentração 10 µg/ml, apresentaram maior capacidade de invasão. Para as concentrações 0,1 µg/ml e 1,0 µg/ml, as células SCC-25 apresentaram maior capacidade de invasão quando em presença dos exossomos M1. Ao observar a linhagem celular HSC-3, foi possível perceber que, na presença dos exossomos, as células apresentaram menor capacidade invasiva, em meio DMEM / F12, quando em comparação com as células cultivadas em ausência de exossomos. A quantidade de células com capacidade de invasão foi ligeiramente maior no grupo de concentração 1,0 µg/ml para os exossomos THP1. Entre as linhagens celulares cultivadas em meio de cultura DMEM / F12, foi possível perceber que as células SCC-25, apesar de apresentarem, originalmente, menor capacidade de invasão, comportaram-se de forma distinta em relação às células HSC-3. Diante deste achado, 84 especula-se que, possivelmente, essas células apresentem uma maior sensibilidade à presença dos exossomos em seu meio de cultura. Fatores ambientais, como os que constituem o meio de cultura, podem afetar a produção e o comportamento dos exossomos (LI et al., 2015). Esses fatores podem impactar na forma que essas microvesículas interagem com as células tumorais (LI et al., 2015). Diante disto, optou-se por realizar os ensaios deste estudo utilizando diferentes meios de cultura. Ainda em relação ao ensaio de invasão, o presente estudo objetivou analisar o comportamento celular frente aos exossomos na ausência de meio DMEM F/12, através da utilização de meio de cultura livre de FBS. Para as células SCC-25, os resultados demonstraram que essa linhagem apresentou um maior grau de invasão, quando em cultura com os exossomos do tipo M2 nas concentrações 0,1 µg/ml e 1,0 µg/ml, quando comparadas às células cultivadas na ausência de exossomos. Para a concentração de 10 µg/ml, constatou-se que os exossomos do subtipo M1 apresentaram capacidade de influenciar na invasão de forma positiva, quando comparado com os grupos M2 e THP1 com a mesma concentração. Para as células HSC-3, observou-se que, quantitativamente, um maior número de células foi capaz de invadir o miogel. No entanto, ainda foi possível observar que em meio de cultura com ausência de FBS, as células cultivadas com ausência dos exossomos ainda apresentaram um potencial de invasão aumentado quando comparadas aos grupos-teste. Com o objetivo de verificar de forma mais precisa a diferença da capacidade de invasão das células de CE de língua, utilizou-se a linhagem celular SAS para os testes em ausência de FBS e em presença de DMEM/F12. Esta linhagem celular apresentou uma grande variação em sua capacidade invasiva de acordo com as diferentes concentrações, em meio de cultura apresentando ausência de FBS. Com os exossomos derivados das células THP1 apresentando maior participação no processo de invasão, nas três diferentes concentrações estudadas, as células cultivadas com ausência de exossomos apresentaram, ainda, uma maior capacidade de invasão. Ao avaliar os testes realizados em presença de DMEM F/12, os resultados não apresentaram relações estatisticamente significativas com grandes variações entre as concentrações. A aquisição de um comportamento que facilita a mobilidade celular e a disseminação tumoral constitui um degrau importante à metástase do tumor. Tem sido extensivamente estudada a migração celular via TEM, mecanismo caracterizado pela secreção de MMPs, reduzida adesão intercelular e aumento da invasividade (KALLURI; WEINBERG, 2009). O gene regulador do citoesqueleto, DIAPH3, fica perdido com frequência elevada em tumores de próstata. Esse silenciamento leva a um fenótipo ameboide das células tumorais, 85 acompanhado por um aumento na invasão, migração e metástase. A perda deste gene também está associada ao aumento da liberação de exossomos, fato este que se relaciona com o aumento na proliferação tumoral e supressão das células imunes infiltradas no tumor (KIM et al., 2014). Harshyne e colaboradores (2015) analisaram a presença de exossomos derivados das células tumorais do gliobastoma presentes no soro do sangue periférico. Os autores relataram haver uma alta concentração na presença de monócitos exibindo positividade para CD63 no sangue dos pacientes quando comparados com o de pacientes saudáveis. O soro destes pacientes apresentava uma mistura complexa de exossomos e fatores solúveis. Esse complexo levaria à polarização in vitro dos monócitos em macrófagos M2. Neste contexto, a análise de múltiplas citocinas revelou altos níveis de fatores de diferenciação de monócitos, assim como citocinas relacionadas às células Th2; IL-2, -4, -13. Estes resultados sugerem que altos níveis de CD63 e IL-4 e IL-3 são potenciais indicadores para demonstrar o estado imune desregulado em portadores de gliobastoma, bem como a resposta Th2 estaria envolvida em mecanismo antitumoral, contribuindo para as células tumorais se evadirem da resposta imune. Farahani et al. (2015) realizaram estudo que descreve os exossomos derivados das células de leucemia linfocítica crônica, demonstrando que essas vesículas apresentam tamanhos entre 50-100 nm. O estudo avaliou o fenótipo dos exossomos e observou a presença de marcação para CD63, CD81 e TGS-101. Estes autores demonstraram que a secreção dos exossomos tem implicações nas células do microambiente tumoral e apresentam um importante papel no comportamento biológico da leucemia linfocítica crônica. Foi observado, ainda, que esses exossomos foram capazes de internalizar miRNA 202-3P, capaz de alterar a capacidade de transcrição e o comportamento das células recipientes, implicando na proliferação tumoral. Neste contexto, Chow et al. (2014) relataram que os exossomos derivados do câncer de mama podem ativar a via de sinalização NF-κB e promover a secreção de citocinas inflamatórias pelos monócitos. Os exossomos derivados do tumor podem ser internalizados pelos macrófagos no microambiente tumoral, sendo que a ausência do receptor Toll like 2 (Th2) resulta na falha da ativação do fator de transcrição NF-κB, o que impede o efeito dos exossomos derivados da lesão. A segunda parte do ensaio de migração consistiu em observar se os exossomos apresentaram capacidade de atrair as linhagens celulares de CE de língua através do meio organotípico miogel. Para isto, os exossomos foram adicionados em suas diferentes concentrações, na porção inferior do transwell. 86 Para as células SSC-25, observou-se uma grande variação entre a capacidade de invasão celular e as concentrações avaliadas sem, no entanto, ser observada a relação de significância estatística entre esses achados. As células HSC-3 apresentaram maior capacidade de invadir pelo miogel quando os exossomos estavam localizados no compartimento inferior do transwell, especialmente quando as células HSC-3 foram cultivadas apresentando os exossomos do subtipo M2, na região inferior do transwell (1,0 µg/ml). De forma semelhantemente aos resultados com a linhagem celular, houve uma grande variação na capacidade de invasão entre as concentrações, oportunidade em que foi possível se verificar que os exossomos, quando utilizados em menores concentrações, podem direcionar a célula para invadir os tecidos. Para formar metástase à distância, as células tumorais devem completar diversos passos, incluindo invasão da membrana basal, invasão dos vasos sanguíneos, com consequente disseminação pela circulação, extravasar para os tecidos distantes e adaptar-se ao local onde será desenvolvida a metástase (CHAFFER; WEINBERG, 2011). O acúmulo de evidências sugere que os exossomos são capazes de levar a metástase à distância. No entanto, esse mecanismo, que é descrito em diversos tipos tumorais, ainda é pouco esclarecido (ZHANG; WANG, 2015). Pela primeira vez, Costa-Silva et al. (2015) realizaram um estudo objetivando demonstrar que os exossomos derivados de lesões pancreáticas malignas apresentam importante papel na iniciação de nichos metastáticos. Neste estudo, os autores delinearam os passos para formação de metástase pelos exossomos derivados de adenocarcinoma ductal pancreático e observaram que essas microvesículas podem induzir a via de sinalização do TGFβ, levando à remodelação da ME, promovendo um maior fluxo de macrófagos em direção ao fígado, promovendo um microambiente favorável para metástase nesse órgão. Diante destes fatores, os autores relatam ser a primeira vez que se observou que os exossomos derivados de tumor podem atuar nas células tumorais para possíveis metástases utilizando, para isto, a via de sinalização TGF-β. No presente estudo, foram realizados testes para observar se a presença dos exossomos não seria um indicador de citotoxicidade, ou seja, se essas microvesículas apresentariam capacidade de inviabilizar o crescimento das células. Para isto, foi utilizado o ensaio de MTT. A primeira linhagem celular avaliada foi HSC-3. Tanto para os testes em meio de cultura DMEM F/12, quanto para os ensaios realizados em meio de cultura com ausência de FBS, não se observou diferença estatisticamente significativa. No entanto, foi possível observar que houve um discreto aumento na viabilidade celular quando se tratou da linhagem celular 87 associada a exossomos M2 (1,0 µg/ml) em meio de cultura DMEM F/12. Apesar da pouca diferença entre grupos, pode-se sugerir que, possivelmente, a presença dos exossomos derivados de TAM com fenótipo M2 (1,0 µg/ml) podem tornar as células mais viáveis para proliferação, quando comparados aos resultados dos outros grupos. Ante essa realidade, o mesmo não foi observado quando em presença de meio sem FBS. Isto esclarecido, é importante consignar que os exossomos de TAMs com fenótipo M2 não apresentaram função no aumento da viabilidade celular quando comparado entre os outros grupos e entre o meio contento a linhagem celular com a ausência de exossomos. Para a linhagem celular SCC-25, quando em meio de cultura livre de FBS, observou-se durante o teste de viabilidade que, para todas as concentrações, houve um aumento na proliferação das células em presença dos exossomos, quando comparado com as células cultivadas em ausência das microvesículas. Dentre os exossomos que mais influenciou positivamente na viabilidade celular está o M2 (50 µg/ml). Para o teste de viabilidade celular realizado com meio de cultura DMEM F/12, percebese que os exossomos M2 (10 µg/ml, 50 µg/ml) levaram a um ligeiro aumento da proliferação celular quando comparados com as células testadas com ausência de exossomos. Outro fator que deve ser destacado é que, de forma semelhante, os exossomos M1 induziram a um aumento na viabilidade celular, quando comparados com os outros grupos e com as células em ausência das micropartículas (10 µg/ml, 50 µg/ml). Menck et al. (2013) demonstraram que em sistemas de co-cultura em que não há o contato direto célula-célula, as células tumorais podem induzir à superexpressão da proteína Wnt 5a em macrófagos, aumentando a capacidade de invasão tumoral. Através da análise dos exossomos derivados tanto de linhagem celular de câncer de mama, quanto dos exossomos derivados de macrófagos, presentes no sangue, observou-se que as microvesículas derivadas do tumor podem induzir a invasão através da modulação dos macrófagos. Por meio da microscopia eletrônica, sugere-se que Wnt 5a se encontra localizada na superfície dos exossomos, tanto tumorais, quanto das células imunes estudadas, sugerindo que esses exossomos podem internalizar a proteina Wnt 5a presente nos tumores. Concluíram os autores que os exossomos derivados de macrófagos apresentam papel crítico em mediar a invasão celular. Ainda neste estudo, através da imunofluorescência, observou-se a internalização dos exossomos nas células SCC-25, SAS, HSC-3. Embora a análise tenha sido realizada apenas de forma descritiva, pôde-se perceber diferenças entre as diversas linhagens celulares e a sua capacidade de internalização. 88 A tetraspanina CD63, encontrada na superfície dos exossomos, tem como uma de suas funções guiar o tráfego intracelular dos exossomos. As microvesículas liberadas possuem capacidade de interagir com as células vizinhas ou com células distantes, através do plasma, e de serem internalizadas por células receptoras. Sabe-se que este mecanismo não é aleatório. A membrana dos exossomos é composta por uma vasta variedade de proteínas pela comunicação célula-célula, como moléculas de adesão (integrinas), moléculas apresentadoras de antígeno (MHC classe I e II) e receptores transmembrana, o que os torna suscetíveis a internalização em tipos celulares que apresentem receptores compatíveis em sua membrana (CAI et al., 2012; SCHAWAB et al., 2015; YANG et al., 2015). O estudo dos exossomos derivados dos TAMs apresenta papel relevante para possível função terapêutica dessas microvesículas. Sabendo de sua maior habilidade de ligar-se a certos tipos de células tumorais, é razoável admitir seu uso em diversos tipos celulares, com a função de internalizar substâncias e proteínas que possam ser entregues para as células transformadas, possibilitando o tratamento de tumores. Atualmente, uma das técnicas utilizadas com intuito de tratamento através dos exossomos é a introdução da curcumina no interior dos exossomos. Através da internalização desta substância, tem sido observada uma melhora na permeabilidade da membrana das células, facilitanto a entrada de quimioterápicos no seu interior (KALANI et al., 2014). A imunoterapia refere-se ao tratamento de tumores através da ativação ou imunossupressão da resposta imune. Este método estimula o sistema imune a reconhecer e erradicar as células tumorais, uma vez que no microambiente tumoral o sistema imune é suprimido pela presença de citocinas inibitórias e células imunossupressoras. A importância da imunoterapia é devida à sua capacidade de matar as células tumorais com mínimos danos às células saudáveis (CHATENOUD, 2006; PAULIS et al., 2013). Sabe-se que os exossomos apresentam capacidade de expressar moléculas de adesão que facilitam sua internalização pelas células. Dependendo da origem dos exossomos, eles podem expressar diferentes marcadores de superfície, como MHC classe I e II, CD68, CD3 nos exossomos derivados das células T e EpCAM em exossomos derivados de células de câncer de ovário (PENG et al., 2013). Os exossomos apresentam vantagens na imunoterapia por ser bem tolerada pelo corpo, haja vista que possuem origem endógena e apresentam uma excelente biodistribuição e biocompatibilidade e, ainda, apresentam habilidade em suprimir os efeitos da IL-10 e TGF-β, que apresentam potencial em suprimir a resposta imune (QUAH; O´NEIL, 2005; TRAN et al., 2015). 89 Conclui-se, que o estudo dos exossomos derivados dos macrófagos associados a tumores é de grande relevância para possíveis investigações a respeito do tratamento do CE de língua, diante da escassez de estudos nessa área. A necessidade de conhecer o comportamento das diferentes linhagens celulares existentes no CE de língua disponíveis tornou este estudo de grande relevância, por contribuir com futuras imunoterapias, com a utilização de exossomos nestas lesões. Conclusões 91 8 CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos neste estudo, pode-se concluir que: 1. Os TAMs são capazes de secretar exossomos quando diferenciados em monócitos a partir de células THP1 e quando polarizados em macrófagos M1 e M2. Este achado foi confirmado pela presença de exossomos positivos para o marcador de superfície CD63; 2. Os exossomos derivados de TAMs M1 e das células THP1 apresentaram escassa marcação para TGF-β. Não obstante os exossomos derivados dos macrófagos M2 apresentarem positividade para TGF-β. No que concerne ao exossomos derivados das linhagens celulares SCC-25, SAS e HSC-3, não foi possível observar a presença de marcação para esta proteína, sugerindo que os exossomos das células de CE de língua não apresentam TGF-β em seu interior; 3. As células SCC-25 cultivadas juntamente com os exossomos, no ensaio de invasão utilizando o meio de cultura DMEM F/12, apresentaram maior tendência de invasão através do miogel para a concentração 10 µg/ml dos exossomos derivados de M2. A linhagem celular HSC-3 apresentou menor capacidade invasiva em meio DMEM F/12. No meio de cultura com ausência de FBS, percebeu-se que houve uma maior capacidade invasiva pelas células HSC-3, de forma quantitativa, apesar da ausência de relação estatisticamente significativa. A linhagem de células SAS não apresentou maior capacidade invasiva quando comparados os diferentes meios de cultura; 4. Quanto à capacidade de atração das linhagens celulares pelos exossomos, foi possível inferir que a linhagem celular SCC-25 não apresentou maior capacidade de invasão quando os exossomos estavam localizados no compartimento inferior do transwell. Ao passo que a linhagem HSC-3 apresentou maior capacidade de invadir quando em presença dos exossomos M2 (1,0 µg/ml) no compartimento inferior do transwell; 5. Os ensaios de proliferação e viabilidade celular utilizando a linhagem HSC-3 apresentaram discreto aumento na viabilidade celular em presença de exossomos M2 (1,0 µg/ml) em meio de cultura DMEM F/12. A linhagem celular SCC-25 apresentou aumento na proliferação em presença de exossomos M2 (50 µg/ml) para ambos os meios de culturas estudados; 6. O estudo da imunofluorescência possibilitou a observação de que exossomos derivados de TAMs apresentam capacidade de internalização nas células de CE de língua. Referências 93 REFERÊNCIAS AKDIS, C.A.; BLASER, K. 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