Diagnóstico precoce detém aumento de casos de malária Adotada como principal estratégia de controle, medida também reduz a ocorrência de formas graves da doença e mortes na Amazônia Legal O Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, investe no diagnóstico e no tratamento precoce para evitar o crescimento do número de casos de malária e, principalmente, a ocorrência de formas graves e mortes pela doença. Trata-se da principal estratégia de controle adotada na Amazônia Legal, que reúne os estados da Região Norte, além de Maranhão e Mato Grosso. Estes estados respondem por mais de 99% das notificações de malária no Brasil. O tratamento é simples, principalmente quando faz-se o diagnóstico rapidamente. O Sistema Único de Saúde oferece integralmente esse tratamento. No Brasil há duas espécies de parasita causadoras da doença: o vivax – responsável por 80% dos casos e de manifestação mais branda – e o falciparum (mais grave e causador de cerca de 20% dos casos). Para cada tipo de malária há medicamentos ou associações de medicamentos específicos, em dosagens adequadas à situação de cada doente. Os médicos recomendam que as pessoas infectadas mantenham repouso durante pelo menos cinco dias. Devem também se alimentar de forma adequada, com reforço na ingestão de ferro e vitaminas. Mas o mais importante é não deixar de tomar os medicamentos indicados pelo médico, até o fim, mesmo quando os sintomas já desapareceram – o tratamento pode durar seis ou sete dias. Isso garante a cura do paciente, ao mesmo tempo em que interrompe o ciclo de transmissão da doença. Diagnóstico imediato – Quanto mais tarde o diagnóstico da malária for feito, maior a possibilidade de complicação. Por isso, as pessoas que vivem em áreas onde endêmicas devem procurar imediatamente a ajuda de um profissional de saúde, logo que aparecer uma febre, mesmo que baixa. “Quando a febre surge é sinal de que o parasita já está no sangue e o paciente deve ser logo tratado”, alerta o diretor de Gestão da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, Fabiano Pimenta. Ele destaca também que as pessoas não devem jamais se automedicar. A mesma indicação vale para quem não vive, mas visitou áreas onde existe a malária. Logo que aparecer qualquer febre, deve-se procurar uma unidade de saúde. Essa atenção deve ser redobrada ao longo de 40 dias – período de encubação da doença. O método mais utilizado no Brasil para diagnóstico da malária, o gota espessa, é feito a partir de um simples exame de sangue. Com a análise do material coletado, em um microscópio, visualiza-se o parasita. O exame tem baixo custo (em torno de R$ 0,20). Por isso, o Ministério da Saúde incentiva que ele seja realizado sempre que houver qualquer suspeita. O diagnóstico tardio traz mais prejuízos para a condição do paciente. Balanço – A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a malária um grave problema de saúde pública. Cerca de 40% da população de mais de 90 países convivem com o risco de contágio. Em todo o mundo, entre as doenças infecciosas, somente a aids supera a malária em número de mortes. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2005, a Amazônia Legal registrou 584 mil casos da doença. Esse número representa cerca de 25,8% a mais do que o notificado em 2004. Noventa pessoas morreram. Segundo o Programa Nacional de Controle da Malária, o aumento do número de casos se concentrou principalmente nas periferias de cidades como Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Cruzeiro do Sul (AC), com cerca de 27% dos casos. Técnicos do Ministério da Saúde acreditam que o crescimento ocorreu por uma série de fatores, entre eles o desenvolvimento acelerado das cidades, principalmente das periferias, e o aumento do extrativismo, que leva pessoas a ocuparem áreas de risco, onde os mosquitos têm seus criadouros. Além desses fatores, as condições climáticas da Amazônia Legal favorecem o desenvolvimento do mosquito transmissor. Fabiano Pimenta, destaca a complexidade do controle da malária na região, que além dos fatores já mencionados, também é influenciado pelo regime de chuvas. As autoridades em saúde recomendam que os habitantes das áreas endêmicas evitem banhos nos igarapés, principalmente no final da tarde e durante a noite. Quando possível, deve-se usar mosquiteiros, telas nas janelas e portas das casas, que funcionam como proteção contra o mosquito transmissor da doença. Sintomas – A malária apresenta, como sintoma mais marcante, a febre. Mas há outros: calafrios, fadiga, náuseas, dor de cabeça e, em alguns casos, anorexia (falta de apetite). Conforme o tipo de infecção, os sintomas podem aparecer entre sete e 30 dias após a picada do mosquito. Não há vacinas para a doença. Crianças e idosos – com sistema imunológico mais frágil – são mais vulneráveis à forma mais agressiva, capaz de trazer complicações. As mulheres grávidas correm o risco de sofrer aborto ou parto prematuro, em conseqüência da doença. Também conhecida como paludismo, a malária tem como transmissor fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, que picam as pessoas, principalmente ao entardecer e à noite. Quando um mosquito pica alguém infectado, leva consigo o parasita. O plasmodium desenvolve parte de seu ciclo no inseto e, quando alcança as glândulas salivares, está pronto para ser transmitido para outro ser humano. Como o plasmodium fica na circulação sanguínea, a transmissão da malária também pode ocorrer a partir de transfusões, de transplantes de órgãos, da utilização compartilhada de seringas por usuários de drogas e de mãe para o filho (malária congênita), antes ou durante o parto.