Florais de Bach

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Guia Completo dos Florais de Bach
DAVID VENNELLS
Guia Completo dos
Florais de Bach
38 essências que curam
Tradução de:
Margarida Pacheco Nunes
Pergaminho
CAPÍTULO 1
A Vida de Edward Bach
Edward Bach nasceu no dia 24 de setembro de 1886 em Moseley, uma aldeia perto de Birmingham, em Inglaterra. Ele foi o
mais velho de três filhos e, ao que se sabe, para além de ter sofrido
de uma saúde débil durante os primeiros anos da sua vida, levou
uma infância bastante normal.
Ele era uma criança simpática, com um sentido de humor
inteligente e um grande interesse pelas pessoas e por tudo o que
o rodeava. Gostava em especial de tudo o que fosse «natural» e
parecia mais feliz e contente quando se encontrava ao ar livre,
brincando nos campos, bosques, lagos e cursos de água que existiam nas proximidades da sua aldeia ou durante as férias com a
família, na zona rural de Gales.
Em criança, o Dr. Bach era sensível, intuitivo e, por vezes,
muito enérgico. Tinha um nível de concentração invulgarmente
elevado e adorava estudar e ler sobre o mundo natural. Era frequente haver momentos de contemplação serena e, como a maior
parte das crianças, fazia perguntas acerca da vida, do Universo,
de tudo. Porque estamos aqui? Qual é o nosso objetivo? Para onde
vamos quando morremos? Porque é que as pessoas adoecem?
O País de Gales era um sítio especial para ele, um tesouro
escondido. Regressou lá muitas vezes ao longo da sua vida. Quando
era jovem e estava em Gales, dava longos passeios a pé pelas
aldeias, pelos campos e pelas montanhas, desfrutando da natureza
local e estudando a fauna e a flora características desse país.
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O País de Gales possui uma longa história, uma cultura singular
e vários lugares sagrados com ligações às religiões dos Celtas e dos
Druidas e aos primeiros santos e místicos cristãos. O jovem Edward
devia sentir um enorme fascínio pelas narrativas à volta dessas
pessoas e desses lugares e pelos célebres mitos e lendas de dragões,
cavaleiros, magos, seres sagrados e feiticeiros da tradição galesa.
Geralmente, pensa-se que os Remédios Florais de Bach têm
a sua origem em Inglaterra, porém são em igual medida um
produto do País de Gales. Os primeiros três remédios foram
descobertos em Gales e o Dr. Bach deu asas a grande parte do
seu raciocínio, da sua investigação e da sua escrita em Gales. Este
país tinha um lugar especial no seu coração; o efeito que ele teve
sobre a sua infância e a influência permanente que exerceu ao
longo da sua vida contribuíram grandemente para o culminar da
obra da sua vida.
Em rapaz, o Dr. Bach sonhava com a descoberta de uma cura
universal para todas as doenças e que, um dia, seria capaz de curar
as pessoas como Jesus fizera, apenas pelo toque. Ele sentia uma
enorme compaixão tanto pelos animais como pelas pessoas. Muitas crianças têm fantasias semelhantes, e estas noções altruístas
são muitas vezes abafadas pelo processo de terem de se adequar
às regras de uma sociedade cínica que desencoraja tais arroubos
de fantasia. O Dr. Bach nunca perdeu a sua inocência e o seu
idealismo, apesar da sua inteligência e soberba mente analítica.
Ele estava sempre aberto às possibilidades do desconhecido e
sempre se interessou pelos aspectos esotéricos e espirituais dos
seres humanos.
Esta necessidade de ajudar os outros foi crescendo ao longo
da sua infância e tornou-se tão forte que ele sabia, mesmo ainda
muito jovem, que iria tornar-se médico. No fundo, a sua compaixão pelos outros era a grande força que alimentava a sua busca
por um método subtil e eficaz, mas poderoso, para curar a mente
e o corpo. Não há dúvida de que a sua dedicação a este objetivo
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e o êxito consequente dos seus esforços se deveu a este singelo
desejo de se entregar ao serviço dos outros. Talvez acreditasse que
o culminar do seu caminho espiritual ou do seu propósito na vida
era dar a sua vida desta forma. Há quem diga que a felicidade e
a satisfação mais pura vêm de se viver de forma tão altruísta.
Várias tradições espirituais certamente defendem esta maneira de
viver, e a maior parte dos homens e mulheres sagrados das religiões possuem tais qualidades.
Houve muitas situações ao longo da carreira do Dr. Bach em
que ele sentiu uma enorme compaixão pelos seus pacientes. Ele
tocava-lhes e sentia instantaneamente um fluxo de energia de cura
vinda de «cima» e que passava dele para os pacientes. Estes sentiam-se melhor e mais aliviados com este «tratamento», ficando muitas
vezes completamente curados das suas doenças. Existe aqui uma
semelhança clara com as curas efetuadas por Jesus, Buda e muitos
outros grandes curadores. O intuito das suas vidas era beneficiar
os outros, sempre motivados por uma enorme compaixão.
Dr. Edward Bach
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O Dr. Bach deixou a escola aos dezasseis anos de idade e trabalhou para o pai durante alguns anos, no seu negócio de fundição de latão. Experimentou várias funções dentro do ofício, desde
o trabalho manual pesado até às tarefas de escritório. Também
trabalhou como caixeiro-viajante durante algum tempo, mas a
sua honestidade e o seu desejo constante de ajudar os outros o
mais possível não fizeram dele grande vendedor, embora fosse
muito popular entre os seus clientes. A experiência desses anos
deu-lhe porventura um conhecimento valioso acerca da natureza
humana. Deve ter convivido com vários tipos de pessoas, de várias
proveniências.
Ele ansiava pelos cenários naturais do seu amado campo, em
vez de estar enfiado num escritório abafado ou no calor e na
sujidade da fundição. Embora se possa ter sentido fora do seu
elemento, mais tarde na vida, ele deve ter olhado para esses tempos e percebido o seu valor, ajudando-o a determinar qual era e
qual não era o caminho certo para a sua vida.
O seu interesse pela profissão de médico foi crescendo e, após
um breve período em que ponderou uma vida eclesiástica, decidiu que queria tornar-se médico. Mais uma vez, foi o seu desejo
irreprimível de ajudar os doentes que o levou a tomar essa decisão. Continuava a querer curar da mesma forma simples e eficaz
que Jesus e outros curadores religiosos, mas também sentia que
devia investigar todos os métodos de cura, incluindo a medicina
convencional, para possuir mais ferramentas e mais conhecimento para poder ajudar os outros. Depois, faria uma seleção
do que não funcionava ou do que parecia fazer mais mal do que
bem.
Apoiado pelos pais, o Dr. Bach iniciou os seus estudos de
Medicina no Birmingham University College Hospital, terminando o curso em 1912. Um ano mais tarde, obteve mais duas
graduações na área da Medicina e, em 1914, recebeu o diploma
de Saúde Pública em Cambridge.
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Esses anos de estudo foram complicados. Ele não gostava de
estar dependente dos pais, por isso arranjou vários trabalhos a
tempo parcial para complementar os seus rendimentos. Continuou
a estudar matérias espirituais e outras formas de cura, como a
fitoterapia, que julgava serem subvalorizadas pela profissão médica.
Além disso, começou a aperceber-se de que a medicina convencional era, de facto, primitiva em vários aspectos e, muitas vezes,
impotente face a doenças crónicas. Ao longo da sua formação
médica, esteve em contacto com muito sofrimento, o que o deve
ter levado a questionar a validade de muitas das práticas médicas
que estava a aprender. Contudo, terminou a sua formação médica
oficial com êxito e tornou-se um médico totalmente qualificado.
Se não o tivesse feito, talvez os remédios de Bach não tivessem hoje
tão boa reputação ou não fossem tão amplamente utilizados.
Ao longo da sua formação académica, o Dr. Bach começou a
formular algumas noções vagas em relação às verdadeiras causas
e curas das doenças, pois estava certo de que a medicina moderna
não compreendia o essencial. Não esquecera os seus sonhos de
infância de descobrir remédios especiais que curassem qualquer
doença e restabelecessem a saúde e a paz de espírito. Decerto
aprendeu muito sobre o modo como diferentes pessoas reagem
à doença e sobre as qualidades que tornam mais provável a recuperação total de certos pacientes.
Desde cedo, tornou-se evidente para ele que havia uma forte
ligação entre o processo de cura e o estado de espírito do paciente.
Rapidamente, começou a pensar que a atitude mental poderia ter
um papel mais direto, até causador, nos primeiros estágios da
doença. De facto, quando terminou a sua formação médica, o
Dr. Bach acreditava que, para continuar com êxito a sua investigação das verdadeiras causas das doenças, teria de «desaprender»
muito do que lhe tinham ensinado na escola de Medicina.
A sua primeira função foi como médico nas urgências hospitalares, embora tivesse de desistir dele alguns meses mais tarde,
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por não se encontrar em boas condições de saúde, provavelmente
devido à sobrecarga de trabalho. Após uma recuperação rápida,
o Dr. Bach abriu um consultório de clínica geral em Londres,
tornando-se rapidamente muito requisitado. O seu interesse pela
pesquisa das verdadeiras causas das doenças levou-o a estudar
Imunologia enquanto bacteriologista assistente no University College Hospital, além de exercer simultaneamente clínica geral.
No geral, o seu estado de saúde não era muito bom, daí terem
recusado a sua entrada nas Forças Armadas durante a Primeira
Guerra Mundial. No entanto, ele conseguiu ajudar milhares de
feridos de guerra que passaram por aquele hospital. Mais para o
final da guerra, o Dr. Bach ficou gravemente doente devido ao
excesso de trabalho e sofreu uma grande hemorragia, que quase o
levou à morte. Muitos dos colegas dele ficaram bastante surpreendidos por ele ter recuperado totalmente e regressado ao trabalho.
Ele acreditava que aquilo que o tinha feito ultrapassar a doença
fora a crença de que tinha um propósito muito definido para cumprir na sua vida. Na altura, estava a fazer progressos em novas áreas,
e acreditava que esses avanços podiam conduzir a algo verdadeiramente especial, embora não soubesse claramente a quê.
Em 1919, o Dr. Bach foi nomeado patologista e bacteriologista
no London Homeopathic Hospital, onde permaneceu até 1922.
Prosseguiu o seu trabalho na área da bacteriologia e juntou as
suas descobertas ao seu novo conhecimento de homeopatia, produzindo os Sete Nosódios de Bach, tratamentos baseados em
bactérias, bem-sucedidos em diversos tipos de doenças crónicas,
e que ainda são utilizados atualmente. Antes de chegar ao London
Homeopathic Hospital, ele determinara sete grupos de bactérias
intestinais que eram prevalecentes em pacientes com certas doenças crónicas. Conseguiu formular tratamentos bem-sucedidos
para essas doenças, e os seus resultados melhoraram bastante
depois de ele dominar os métodos de preparação dos remédios
homeopáticos.
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Antes de se interessar pela homeopatia, o Dr. Bach já tinha
reparado que pacientes com a mesma doença respondiam melhor
a diferentes remédios. Reparou que pessoas com personalidades
semelhantes respondiam bem aos mesmos remédios, mesmo que
as suas doenças fossem totalmente diferentes. De facto, ele conseguia muitas vezes prescrever o remédio certo pela simples observação do temperamento e do carácter do paciente, sem lhe fazer
nenhum exame físico. Descobrir um tipo de medicina cujo cerne
consistia neste método de diagnóstico foi uma descoberta verdadeiramente maravilhosa para o Dr. Bach.
O Dr. Bach deve ter ficado muito impressionado com o trabalho de Samuel Hahnemann, o fundador da homeopatia. Havia
semelhanças claras entre ambos. Ambos tinham motivações fortes
e verdadeiras, e não tinham receio de estar sozinhos na sua crença
de que o mundo natural tinha muito a oferecer à medicina. Ambos
estavam à frente do seu tempo como grandes pensadores e filósofos. Além disso, também acreditavam nas qualidades espirituais
inatas dos seres humanos e que era aí que residia a chave singela
para a saúde e felicidade de todos.
No livro do Dr. Bach, Heal Thyself [Cura-te a Ti Mesmo], ele
diz o seguinte:
Uma das exceções aos métodos materialistas da ciência [médica]
moderna é o extraordinário Hahnemann, o fundador da
Homeopatia. Através da sua consciência do amor benevolente
do Criador e da Divindade que reside dentro do homem, através
do estudo da atitude mental dos seus pacientes em relação à vida,
ao seu meio ambiente e às suas respetivas doenças, Hahnemann
procurou encontrar nas ervas medicinais do campo e nos reinos
da natureza o remédio que não iria apenas curar o corpo deles,
mas ao mesmo tempo elevar a sua atitude mental. Espero que a
ciência dele seja alargada e desenvolvida por verdadeiros médicos, que tenham no seu íntimo o amor pela humanidade.
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Ao longo da sua carreira, o Dr. Bach tomou consciência de que
a sua intuição ou sabedoria interna era uma ferramenta muito útil
e poderosa. Era frequente utilizar tais aptidões para orientar e
apoiar a sua investigação, em especial quando entrava em novos
domínios ou procurava uma nova linha de raciocínio. Ele era um
homem muito espiritual, embora não necessariamente religioso.
A sua confiança e fé nesta relação natural com Deus, a sua sabedoria intuitiva ou «natureza mais elevada» foram-se tornando
cada vez mais a força motriz da sua vida e do seu trabalho. À medida
que este aspecto da sua natureza se foi tornando mais proeminente, ele foi sentindo uma urgência cada vez maior em ter como
principal objetivo a ambição que sempre tivera de descobrir e
aperfeiçoar curas que fossem muito mais eficazes e desenvolvidas
do que quaisquer outras que existissem na mesma época.
Nesta altura, o Dr. Bach acreditava veementemente que a
medicina convencional não estava a ir na direção certa; que as
causas das doenças eram vistas principalmente como problemas
físicos e que não estavam de forma alguma relacionadas com a
personalidade nem com o estado mental dos pacientes. Parecia-lhe que a homeopatia abordava esta questão de forma muito
eficaz através do seu sistema de diagnóstico, relacionando-se diretamente com o paciente como uma pessoa ou um organismo
integral, não apenas como um corpo. Em Heal Thyself, ele diz o
seguinte:
A doença nunca será curada nem erradicada através dos atuais
métodos materialistas, pela simples razão de que a doença, na
sua origem, não é material.
Na realidade, o Dr. Bach acrescenta:
A tendência atual da ciência médica, ao interpretar erradamente a verdadeira natureza da doença, concentrando-a em
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termos materialistas no corpo físico, aumentou grandemente
o poder da doença, em primeiro lugar distraindo os pensamentos das pessoas da sua verdadeira origem e, por conseguinte, do método de ataque eficaz, e em segundo lugar,
localizando-a no corpo, ensombrando assim uma verdadeira
esperança de recuperação e originando um poderoso complexo de medo da doença, que nunca deveria ter existido.
O Dr. Bach constatava que estavam sempre a aparecer doenças
novas e que as derivações das doenças já existentes estavam a
tornar alguns medicamentos ineficazes. Ele sabia que isto continuaria a acontecer, a não ser que a medicina conseguisse chegar
ao cerne da questão.
Após utilizar os Sete Nosódios de Bach durante vários anos,
ele foi capaz de identificar claramente sete tipos de personalidade
que respondiam mais eficazmente a este tipo de tratamento. Era
uma maneira rápida e eficaz de prescrição e poupava muito tempo
e preocupação, tanto para o médico como para o paciente. Ele
escreveu dissertações e deu conferências acerca das suas descobertas e muitas pessoas começaram a reconhecê-lo como um líder,
tanto na medicina homeopática como na convencional. A sua
postura em relação às suas descobertas e à sua investigação sempre
foi de abertura, pois queria que o máximo de pessoas pudesse
beneficiar do seu trabalho. Continuou com as suas consultas de
clínica geral durante este período, recusando muitas vezes o pagamento pelos seus serviços, se as pessoas não tivessem dinheiro
para tal. O dinheiro que conseguia ganhar era canalizado para a
sua investigação ou para o pessoal que o auxiliava.
Enquanto continuava a determinar os tipos de personalidade
que respondiam bem aos nosódios, o Dr. Bach começou a
aperceber-se também de outros tipos de personalidade. Além
disso, acreditava que os remédios para os tipos de personalidade
dos nosódios podiam ser mais eficazes se proviessem de uma fonte
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mais natural, em vez de uma potência homeopática do material
original da doença. Foi aqui que entrou o seu profundo amor pela
natureza e o seu conhecimento das flores silvestres e das árvores.
A altura em que o Dr. Bach começou a procurar remédios
naturais para substituir os Sete Nosódios de Bach marcou um
extraordinário ponto de viragem na sua vida. Era como se ele
estivesse a dar os primeiros passos fora do âmbito da medicina
homeopática e convencional. Embora tivesse processado ou
«potencializado» os primeiros remédios de forma homeopática,
ele não estava especificamente à procura de remédios homeopáticos para substituir os nosódios. Estava recetivo a tudo o que
pudesse descobrir, o que quer que isso fosse e onde quer que o
encontrasse.
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