Fluxo gênico e diversidade genética do gavião

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55º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 55º Congresso Brasileiro de Genética • 30 de agosto a 02 de setembro de 2009
Centro de Convenções do Hotel Monte Real Resort • Águas de Lindóia • SP • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2
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Fluxo gênico e diversidade genética do gavião-real
(Harpia harpyja) no Brasil
Banhos, A1,4; Sanaiotti, TM2; Hrbek, T3; Farias, IP4
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 3Universidade de Puerto Rico.
Laboratório de Evolução e Genética Animal - Universidade Federal do Amazonas.
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Palavras-chave: microssatélites; DNAmt; biogeografia; dispersão; conservação
O gavião-real ocorre nas florestas neotropicais do México à Argentina e possui distribuição mais ampla no Brasil,
onde existem registros principalmente na Amazônia e Mata Atlântica. Algumas questões foram levantadas no
cenário de sua distribuição: existem duas populações diferenciadas de gavião-real, uma na Amazônia e outra na
Mata Atlântica? A região de vegetação aberta entre esses biomas impede o fluxo gênico dessa ave? As mudanças na
paisagem no Pleistoceno afetaram essa espécie? As ameaças atuais ao gavião-real atingiram sua diversidade genética? Para responder a estas questões, foi realizada uma análise conjunta de 200pb da região controle do DNAmt
e oito locos microssatélites nucleares em uma amostragem histórica e atual de 166 indivíduos de gavião-real. As
análises com DNAmt mostraram diferenciação genética significativa entre as amostras da Amazônia e Mata Atlântica, enquanto que os microssatélites mostram alto nível de mistura populacional. Ambos os marcadores apresentaram altas taxas de fluxo gênico do gavião-real entre as regiões. O fluxo gênico com base nos dados de DNAmt foi
unidirecional da Mata Atlântica para o leste da Amazônia, enquanto que para microssatélites foi bi-direcional, embora com maior taxa na direção do leste da Amazônia. Esses resultados sugerem panmixia e ausência de barreira
para o fluxo gênico da espécie entre as regiões. As diferenças nos resultados dos marcadores sugerem uma maior
dispersão dos machos e residência das fêmeas, um viés oposto ao padrão geral de dispersão em aves. As análises
de coalescência evidenciaram que durante o Pleistoceno o gavião-real passou por longo período de redução populacional, seguido de expansão após a última glaciação, possivelmente relacionado à retração e expansão das florestas, respectivamente, promovida pelas mudanças climáticas. A diversidade genética encontrada para o gavião-real
foi similar a de aves ameaçadas, incluindo Falconiformes. Uma grande redução da diversidade genética ao longo do
tempo foi detectada entre o passado (1911-1953) e o período recente da Mata Atlântica (1967-2008). A diversidade
genética da amostragem da região do arco do desmatamento foi menor que da região com melhores condições de
floresta da Amazônia (2000-2008) e similar ao período recente da Mata Atlântica. A diversidade genética da espécie da região com melhores condições de floresta da Amazônia foi similar a do passado da Mata Atlântica. Esses
resultados sugerem que a perda de habitat e a remoção de indivíduos da natureza impactaram negativamente a
diversidade genética do gavião-real. Nas análises com microssatélites, o fluxo gênico dessa espécie foi mais limitado comparando a Amazônia central com o período mais recente da Mata Atlântica do que com o passado da
Mata Atlântica. Isso se deve possivelmente à diminuição das conexões de floresta no corredor de vegetação aberta
entre esses dois biomas. As respostas obtidas nesse estudo podem contribuir para as estratégias de conservação
do gavião-real.
Apoio Financeiro: Fundação O Boticário de Proteção a Natureza; Cleveland Metroparks Zoo; Capes; Fapeam
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