Agosto 2010 - número 15 CONTAGEM DE CARBOIDRATOS: MAIS OPÇÕES NO SEU DIA A DIA Notas Rápidas Editorial R Foi essa percepção que levou o Laboratório CEDLAB, no interior de São Paulo, a criar um Núcleo de Diabetes com atendimento multiprofissional a preços subsidiados para facilitar o acesso de pacientes com dificuldade para controlar a glicemia. O núcleo já tem cinco anos e os resultados são tão animadores que já atraíram a atenção até da prefeitura de Pindamonhagaba, onde está localizado. A fim de conhecer e incentivar novas experiências, a revista BD Bom Dia abre espaço para a divulgação de trabalhos voltados para a prevenção e o controle do diabetes. Assim, se você ou sua empresa tem projetos focados em diabetes, não deixe de enviar sua história para gente pelo e-mail: [email protected] Escreva para nós! Márcia Camargo de Oliveira, Coordenadora do Centro BD de Educação em Diabetes. Essa é a proposta da exposição francesa “Epidemik – O impacto das epidemias na sociedade ao longo dos séculos” que estará aberta até 26 de setembro na Estação Ciência, em São Paulo. A mostra é dividida em duas partes. Na primeira, o visitante entra em contato com a história do homem e das epidemias, desde o neolítico aos dias atuais. Através de gravuras, pinturas, filmes, fotos, reportagens contemporâneas e históricas e depoimentos de pacientes, familiares e profissionais da saúde é possível conhecer a visão dos que enfrentaram crises epidêmicas. A segunda parte da exposição deve provocar um interesse ainda maior, principalmente dos jovens. Um videogame gigante permite que 40 jogadores simulem e enfrentem, ao mesmo tempo, diferentes cenários de epidemia, conhecidos ou fictícios como um atentado bioterrorista de peste pulmonar em Nova York, AIDS em Paris ou malária em Bamako, na África. A exposição, considerada uma das mais originais sobre o tema, foi criada pelo Museu La Citté des Sciences et de l’Industrie/Universcience, de La Villette, em Paris. Em São Paulo, ela vem sendo realizada conjuntamente com a Estação Ciência, da Universidade de São Paulo, com o apoio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e recursos diretos do Grupo Sanofi-Aventis. Um dos jogos foi especialmente desenvolvido para o Brasil, trata-se do combate contra a epidemia de dengue no Rio de Janeiro, em 2008. Ao pisar no tabuleiro o jogador recebe uma aura individual projetada do solo que o acompanhará durante toda a partida e vai indicando seu “estado de saúde” em função das ações preventivas ou providências tomadas para se tratar. As orientações podem ser vistas numa tela de onze metros e os participantes ainda contam com a ajuda de monitores. O objetivo da mostra é apresentar um panorama do impacto das epidemias na história da humanidade, as descobertas científicas e o desenvolvimento de políticas públicas de saúde, além do comportamento do homem em situações de crise. A exposição alerta o cidadão sobre as suas responsabilidades e das autoridades na prevenção e no enfretamento de calamidades. @ Serviço Muitas empresas já perceberam que, tão importante quanto a produção e a comercialização de produtos e serviços de qualidade, é o compromisso com a satisfação e o bem-estar do cliente, através da disseminação de informações ou programas educativos. Essa tem sido uma das missões da revista BD Bom Dia ao longo de 25 anos de trabalho. A orientação e o acompanhamento do portador de diabetes são responsáveis por boa parte do sucesso do tratamento. Saúde também se aprende Foto: © S.Chivet/CSImage Responsabilidade Social é algo que pode ser discutido em várias frentes. Na área do meio ambiente, da educação, da saúde ou qualquer outro setor ela é um item fundamental no exercício da cidadania. Epidemik o impacto das epidemias na sociedade ao longo dos séculos De terça a domingo: das 8 às 18 horas (aos sábados, domingos e feriados abre às 9h00) • Ingresso: R$ 4,00 • Local: rua Guaicurus, 1394, Lapa, São Paulo-SP • Site: www.eciencia.usp.br 1 • Informações, ligue: (11) 3672-5364 e 3675-6889 Expediente Publicação mensal do Centro BD de Educação em Diabetes Coodernação Geral: Márcia Camargo de Oliveira • Coordenação Técnica: Debora M. Camilo • Jornalista Responsável: Silvana Silva • Colaboradora: Iris Nunes • Projeto gráfico e DTP: [email protected] • Revisão Ortográfica: Solange Martinez • Capa: © Bonkphoto/Dreamstime • As matérias desta publicação podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte. Disque Centro BD de Educação em Diabetes - 0800 11 5097 Gente O autocuidado é a chave do controle do diabetes Da redação A Autocuidado. Esse é o foco do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Laboratório CEDLAB em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, a 140 km de São Paulo. Há cinco anos, a biomédica proprietária do laboratório, Dra. Alexandra Manfredini percebeu a dificuldade que uma boa parcela de portadores de diabetes tinha para manter a glicemia sob controle. Em dezoito anos de trabalho o número de casos assim só crescia. Para mudar esse quadro ela decidiu criar um Núcleo de Diabetes capaz de oferecer toda a assistência necessária para a prevenção e o controle do diabetes. O programa conta com um corpo médico especializado em diabetes, psicólogos, biomédicos, fisioterapeutas, podólogos, nutricionisAula de culinária no CEDLAB. tas, enfermeiros, dentistas e culinaristas. Durante seis meses os participantes fazem três grandes avaliações (médicas, nutricionais e odontológicas). Além disso, são realizados vinte encontros educativos e mais dezesseis psicoeducativos, com o objetivo de trabalhar os hábitos e os bloqueios que impedem as mudanças de comportamento. Fotos: Divulgação CEDLAB Alexandra Manfredini conta com uma ponta de orgulho que os resultados têm sido animadores: depois de seis meses 90% dos participantes saem bem equilibrados, com suas metas atingidas e com uma qualidade de vida muito melhor. O programa estabelece metas individuais e para o grupo, para a redução dos índices glicêmicos, lipídicos, de peso corpóreo e circunferência abdominal. A funcionária pública Maria Regina da Silva, de 53 anos, tem diabetes Tipo 2 e conta que não conseguia controlar a glicemia. Em janeiro decidiu aderir ao programa. Até então sua glicemia de jejum Maria Regina, Dra. Alexandra e Márcia. era de 479 mg/dL e a hemoglobina glicada estava em 11,3%. Após o contato com o grupo e com a ajuda de nutricionistas e culinaristas do programa, aprendeu a comer e a cozinhar de uma maneira mais saudável. Antes tomava comprimidos, mas não fazia nenhum controle alimentar. Em junho, ao deixar o programa a glicemia de jejum estava em 129 mg/dL e a hemoglobina glicada em 7,8%. A funcionária pública conta que sua autoestima subiu muito. O químico Valdemir Rodrigues, portador de diabetes Tipo 2, desde 2001, conta que foi convidado pelo laboratório Cedlab para participar do programa e confessa que, inicialmente, não estava muito confiante. Ele participou de uma das turmas do primeiro Dra. Alexandra e Valdemir. semestre desse ano. No contato com a equipe de saúde e outros portadores de diabetes descobriu que não é só a comida que altera a glicemia. Uma inflamação no dente, a ansiedade ou até mesmo o estresse podem fazer isso. Para controlar a ansiedade, Valdemir adotou a caminhada. Em junho, quando terminou o programa, sua glicemia de jejum estava em 98 mg/dL e a hemoglobina glicada em 5,9%. O químico garante que ganhou muito com o novo programa e aprendeu que Encontro de nutrição no Cedlab. pode ter até mais qualidade de vida que uma pessoa que não tem diabetes, pois agora sabe se alimentar de maneira equilibrada e saudável e reconhece a importância do exercício físico regular. Alexandra Manfredini não se surpreende com os resultados. Por isso defende a facilitação do acesso a equipes multiprofissionais para o controle do diabetes. “Diabetes é uma doença progressiva e de comprometimento multifatorial, seu tratamento e controle estão alicerçados em quatro pilares fundamentais: educação, nutrição, exercício físico e medicamentos. O portador de diabetes é sujeito ativo do seu tratamento e para que ele tenha a consciência disso, o autocuidado deve ser trabalhado a todo instante.” @ ¨ Para maiores informações sobre o Núcleo de Diabetes acesse o site www.laboratoriocedlab.com.br ou entre em contato através dos telefones: (12) 3648-5991 ou (12) 3648-1307 E-mail: [email protected] Vida Saudável Acupuntura: uma aliada à saúde A prática da acupuntura foi desenvolvida na China há mais de 4 000 anos. No Brasil é classificada como uma especialidade médica desde 1995, sendo portanto, uma das 50 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina. Por: Iris Nunes Foto: © leezsnow/iStockphoto.com A revista BD Bom Dia entrevistou a doutora Anaflávia de Oliveira Freire, graduada em medicina, especialista em medicina chinesa e pós-doutoranda em medicina do sono e acupuntura na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para falar um pouco sobre os benefícios dessa terapia. O que é Acupuntura? – Dra. Anaflávia Freire: é um tratamento que utiliza a inserção de agulhas, e/ou o aquecimento de pontos específicos ao longo do corpo. Esta estimulação desencadeia uma série de reações bioquímicas e elétricas responsáveis pela modulação dos sistemas endócrino, imunológico e nervoso, resultando na melhora de sintomas diversos. A acupuntura sistêmica utiliza-se dos 365 pontos básicos, descritos pelos antigos chineses, distribuídos ao longo do corpo. As agulhas são compostas por dois tipos distintos de materiais, o que gera um potencial eletromagnético. A aurículo-acupuntura, a craniopuntura, e outras técnicas diversas são complementares à acunputura sistêmica. Pontos básicos da acupuntura sistêmica. A acupuntura dói? – Dra. Anaflávia Freire: depende da intensidade do estímulo, da sensibilidade individual, do tamanho da agulha, etc. Em geral, o médico acupunturista deve proceder de maneira delicada para que haja o mínimo de dor possível, pois estudos científicos utilizando imageamento cerebral, como a Ressonância Nuclear Magnética, mostram que a sensação de acupuntura verdadeira e eficaz é sentida como um leve adormecimento, e não dor incomodativa. Porém, em certas ocasiões, o estímulo deve ser mais forte, provocando um certo desconforto, principalmente quando estamos extremamente desiquilibrados. Acupuntura tem contra-indicação? – Dra. Anaflávia Freire: a acupuntura é efetiva e cientificamente comprovada no tratamento de diversas patologias. Casos de febre não impedem a aplicação da terapia. Em gestantes, pontos que poderiam estimular contrações são evitados. Em bebês, os mesmos pontos onde o acupunturista aplicaria as agulhas são manipulados com um bastão de artemísia, uma erva com propriedades anti-inflamatórias e algodão aquecido. A terapia é adaptada a cada caso. Para utilizar-se da acupuntura é preciso interromper outros tratamentos? – Dra. Anaflávia Freire: não, pois, na grande maioria das vezes, a associação da acupuntura com outras formas de tratamento não apenas é possível, como é benéfica para o paciente. Somente após a realização de uma consulta e a definição do diagnóstico, o médico poderá determinar qual o tratamento mais adequado. Desse modo, poderá associar à acupuntura, medicamentos, fisioterapia e outros métodos complementares de tratamento. As agulhas podem transmitir doenças? – Dra. Anaflávia Freire: a normatização da Agência Nacio- nal de Vigilância Sanitária (ANVISA) concernente à prática da acupuntura determina que ela seja realizada, exclusivamente, com material descartável. Infelizmente, profissionais sem formação adequada insistem na reutilização das agulhas. Por esse motivo, a literatura médica tem registrado grande número de relatos de pessoas vitimadas por doenças transmitidas por agulhas de acupuntura. Dentre essas, encontram-se: hepatites, meningites, mastoidites, encefalites, etc. Cabe ressaltar que as agulhas não devem ser reaproveitadas, nem no mesmo paciente, pois, uma vez guardadas, sua contaminação é quase certa. Agulha, só descartável. Além disso é preciso ficar atento à higiene da orelha na aurículo-acupuntura. As agulhas especiais são fixadas com adesivos e se o local não for mantido limpo pode dar oportunidade para o surgimento de inflamações e infecções. Por isso, as sementes de mostarda são mais indicadas, especialmente no caso dos portadores de diabetes, porque não apresentam risco de infecção, têm propriedades medicinais e tamanho ideal para a estimulação dos pontos da orelha. A prática da acupuntura pode gerar complicações? – Dra. Anaflávia Freire: bem praticada, a acupuntura é segura; no entanto, quando realizada por profissionais sem a devida qualificação, tem-se revelado extremamente danosa. Os relatos de complicações são muitos e variados: desmaios, lesões em nervos periféricos, pneumotórax (perfuração do pulmão), hemotórax (sangramento no tórax), infecção no pavilhão auricular, meningite, encefalite, mastoidite e até óbito, entre outros. É possível emagrecer através da acupuntura? – Dra. Anaflávia Freire: na medicina chinesa além dos relatos do paciente são avaliados outros fatores de relevante importância como as emoções, e desequilíbrios psíquicos. A acunputura já tem sua eficácia comprovada cientificamente em casos de estresse, depressão, insônia, ansiedade e altera- Foto: © Yuri Arcurs/Dreamstime.com Vida Saudável ções hormonais, que são relacionadas ao aumento de peso. Corrigidos esses aspectos e associando-se a atividade física e alimentação equilibrada é possível emagrecer. A acupuntura tem efeitos sobre o diabetes? – Dra. Anaflávia Freire: a experiência tem demonstrado que a terapia pode funcionar como uma importante aliada no controle do diabetes. Além de contribuir para o equilíbrio metabólico e perda de peso, tem-se observado o aumento da resistência física, melhora da circulação e estabilização, em alguns casos, dos quadros de retinopatias. Em que sentido a medicina oriental se difere da ocidental? – Dra. Anaflávia Freire: em linhas gerais ela observa o paciente como um todo, incluindo emoções, estilo de vida e baseia o tratamento no reequilíbrio das energias que, mais acentuadas ou enfraquecidas, geram as doenças. Finalizando, a Dra. Anaflávia salienta que a acupuntura não elimina o uso de insulina ou comprimidos para o controle da glicemia. Ela age de forma que o organismo absorva melhor o medicamento, dando maior eficiência ao tratamento e evitando complicações. @ Vale a pena saber: Foto: © Box Studio7728/Dreamstime.com A acupuntura, por lei, deve ter cobertura dos planos de saúde contratados a partir de 1999. De acordo com a resolução 211/2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) não há limite de sessões, desde que haja indicação médica. Nos locais em que não há profissionais especializados e conveniados é recomendável buscar um acordo prévio com a operadora de saúde para que seja feito o reembolso dos custos da terapia, se isso já não estiver previsto no contrato. No Sistema Único de Saúde (SUS) a acupuntura vem sendo oferecida desde 2006, em algumas localidades. Relatório do Ministério da Saúde revelou que o número de procedimentos de medicina não convencional, que inclui acupuntura, entre 2007 e 2008, cresceu 123%, passando de 97.240 para 216.616 sessões. Foto: © Okea/fotolia.com Nutrição e Saúde Contagem de carboidratos: o que é isso? Q Quem imagina que os portadores de diabetes têm uma lista mínima de alimentos permitidos e não pode consumir doces sob hipótese alguma está completamente enganado. O que vale para os portadores de diabetes se estende para qualquer pessoa: alimentação saudável e balanceada que, na prática, significa consumir todos os nutrientes necessários para o funcionamento, a manutenção, o desenvolvimento e a proteção do organismo. A regra geral sobre as porções ideais para o consumo de cada alimento pode ser observada na chamada Pirâmide Alimentar, mas o controle da glicemia terá mais sucesso com um plano alimentar individualizado. Regimes padronizados ou dietas publicadas em revistas não produzem o mesmo efeito para todos porque as necessidades nutricionais variam com o sexo, a idade, o estado de saúde, o estilo de vida, o tipo de atividade física e os hábitos alimentares de cada um. Por isso, uma das grandes conquistas na área da nutrição, em especial no controle do diabetes, foi a possibilidade de se traçar um plano alimentar individualizado, levando-se em conta essas variáveis, calcular e fracionar em 5-6 refeições a quantidade diária de energia necessária através da contagem dos carboidratos. A contagem de carboidratos é um método onde contamos os gramas de carboidratos consumidos em todas as refeições, proporcionando uma flexibilidade no plano alimentar, além de maior estabilidade da glicemia, podendo ser realizada em todos os tipos de diabetes. Por que carboidratos? Porque é o nutriente que mais afeta a glicemia. Quase 100% dos carboidratos se transformam em glicose rapidamente, entre 15 minutos e duas horas. Para a contagem de carboidratos deve ser considerado o consumo de massas em geral (macarrão, bolachas, pizza), grãos (arroz, feijão, lentilha, soja), vegetais, doces, leite, iogurtes, frutas, sucos, açúcar etc. No caso das proteínas, entre 30% e 60% se transformam em glicose e demoram até três horas para serem metabolizadas. Entre as gorduras, o índice de conversão é ainda menor: 10% e, para isso, demora quase cinco horas. Segundo Fernanda Castelo Branco, nutricionista da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), em São Paulo, a contagem de carboidratos é igualmente útil para portadores de diabe- tes Tipo 1 e 2, especialmente entre os usuários de insulina, já que permite um ajuste melhor nas correções. Para quem faz uso de bombas de infusão de insulina o método garante uma precisão ainda maior, liberando a insulina necessária ao longo das 24 horas, imitando o funcionamento normal do pâncreas. O objetivo é evitar grandes oscilações da glicemia, casos de hipo e hiperglicemia. Num primeiro momento, a contagem de carboidratos pode parecer complicada. Por isso a orientação profissional é importante. É preciso ter uma noção clara das porções e um manual (há até edições de bolso) das quantidades de carboidrato em cada alimento. Com o tempo, entretanto, basta olhar os rótulos dos produtos industrializados e as associações passam a ser automáticas, garante Fernanda Castelo Branco. É importante lembrar que a quantidade de carboidratos não equivale ao peso da porção. Para chegar a ela é preciso pesar os alimentos e consultar a tabela de referência. O método pode ser um pouco mais demorado inicialmente, mas é mais preciso. Para suprir as necessidades nutricionais do nosso organismo, precisamos combinar vários alimentos. A contagem de carboidratos não restringe alimentos. Ao contrário, cria novas possibilidades de combinações ampliando o leque de opções para portadores ou não de diabetes. O segredo da alimentação saudável é fazer as melhores escolhas, levando em conta qualidade e quantidade dos alimentos. @ Para saber mais... Curso sobre contagem de carboidratos Em São Paulo, a Associação de Diabetes Juvenil realiza regularmente cursos para interessados em adotar a terapia nutricional. A participação é restrita a pessoas com diabetes e familiares, e é gratuita. Os próximos cursos estão previstos para os dias 23 de outubro e 27 de novembro. As inscrições devem ser feitas pelo telefone: (11) 3675-3266 Ramal 11. Quem quiser ler sobre o assunto a dica da nutricionista Fernanda é o livro Contagem de Carboidratos e Monitorização – 101 respostas de Luciana Bruno, Gisele Rossi Goveia e Paula Pascali. Diabetes & Cirurgias Por: Silvana Silva M Manter a glicemia equilibrada é importante para evitar as complicações típicas do diabetes, e principalmente imprescindíveis nos casos em que o paciente necessita de uma cirurgia. A revista BD Bom Dia convidou a endocrinologista Dra. Najla Zambelle El Halabi Almeida, membro da Sociedade Brasileira de Diabetes e o anestesista Dr. Irimar de Paula Posso, professor da Faculdade de Medicina da USP e de Taubaté para falar sobre alguns cuidados que o portador de diabetes deve ter antes de uma cirurgia. Quem tem diabetes pode fazer qualquer tipo de cirurgia? Há alguma contra-indicação? – Dra. Najla: não é o tipo de diabetes que define o grau de risco ou complicações numa cirurgia e, sim, o estado geral do paciente. Todos os portadores de diabetes devem ter seus níveis glicêmicos e a hemoglobina glicada o mais próximo possível do ideal. Como a hemoglobina glicada informa sobre os últimos três meses de controle, ela é uma boa ferramenta de acompanhamento. Caso a cirurgia seja eletiva (aquela que é planejada e feita com dia e hora marcados), e o paciente não esteja com bom controle, o ideal é reavaliar o tratamento e marcar a cirurgia quando o paciente atingir a compensação clínica e laboratorial. Em casos de cirurgia de emergência (após acidentes, por exemplo), o acompanhamento e o controle clínico são feitos durante a internação, mas o risco de complicações é maior. Nos casos mais graves e delicados, é sempre necessária a discussão do caso entre os especialistas envolvidos a fim de se ter o melhor resultado com menores riscos. Qual o papel do endocrinologista caso o paciente com diabetes necessite de uma cirurgia? – Dra. Najla: ao endocrinologista cabe apenas manter o melhor estado clínico do paciente. Não compete a nós interferir na escolha da anestesia ou mesmo a técnica empregada, entretanto, o trabalho conjunto dos especialistas é extremamente importante, principalmente nos casos em que a glicemia oscila muito em períodos curtos de tempo e exige uma monitorização muito mais rigorosa. A pessoa que tem diabetes pode receber qualquer tipo de anestesia? – Dr. Irimar: o diabetes não impede a realização de cirurgias, nem restringe o tipo de anestesia (geral, local ou peridural). Tudo depende do porte da intervenção e da técnica a ser aplicada, como em outro paciente que não tem diabetes, a diferença ficará por conta do controle mais rígido da glicemia Cirurgias em pacientes com diabetes são mais arriscadas? – Dr. Irimar: quanto maior o tempo de diabetes, maiores são as possibilidades do paciente apresentar neuropatias, problemas vasculares, alterações de pressão e na musculatura do coração, entre outros. Os riscos de uma cirurgia em pacientes com diabetes podem ser até dez vezes maiores, mas havendo preparo pré-operatório adequado e, durante a cirurgia, monitorização constante da glicemia, a possibilidade de complicações durante a operação é quase nula. O tratamento cirúrgico provoca alteração na glicemia? – Dr. Irimar: o estresse da cirurgia e a lesão de tecidos que ela exige provocam o aumento da glicemia, por isso o controle é feito antes, durante e depois. Quando a glicemia está abaixo de 50 mg/dL e acima de 300 mg/dL o ato cirúrgico não é viável. O médico recomenda ainda que a internação ocorra com 12 ou 24 horas de antecedência para que o paciente seja monitorado por mais tempo. Em geral, o medicamento de rotina (comprimidos) é substituído pela aplicação de insulina associada à infusão de soro, dependo do caso. Como é o processo de cicatrização da pessoa com diabetes? Há alguma diferença das pessoas que não têm diabetes? Dr. Irimar: cumpridas as etapas iniciais, o pós-operatório não costuma apresentar problemas maiores, nem de cicatrização, embora o portador de diabetes mereça uma atenção maior em relação à possíveis infecções e ao funcionamento dos rins. Se o paciente puder, de imediato, se alimentar normalmente deve retornar a sua rotina de controle de glicemia, tomando comprimidos ou aplicando insulina, e voltar para casa. Como recomendação final os especialistas lembram que nem todas as cirurgias permitem o preparo do paciente com antecedência e a escolha do melhor momento para a sua realização. Em casos de emergência (no caso de acidentes, por exemplo), se o paciente não tiver um histórico de equilíbrio, as chances de haver complicações são maiores, por isso ficar atento ao bom controle do diabetes é essencial. @ Foto: © Dmitriy Shironosov/Dreamstime.com Entrevista Autoaplicação em idosos Por: Cíntia Cuesta Carrasco de Lima enfermeira do Centro BD de Educação em Diabetes H Há quem pense que a aplicação de insulina em idosos difere da aplicação em jovens e adultos. Quem pensa assim se engana! A técnica de aplicação de insulina não é diferente, porém, alguns ítens devem ser levados em conta: escolha do comprimento de agulha adequado como o tecido subcutâneo em idosos se concentra mais na região abdominal e menos nas outras regiões, é muito importante dedicar maior atenção na escolha do tamanho da agulha mais adequada para a aplicação em cada região; capacidade para preparo da dose correta de insulina como o processo de envelhecimento traz mudanças físicas e fisiológicas importantes, tais como alterações visuais e na habilidade manual, é necessário checar a capacidade do idoso em aspirar a dose correta de insulina; capacidade para autoaplicação de insulina assim como na aplicação em jovens e adultos, é necessário avaliar o conhecimento sobre técnica de aplicação de insulina, tais como prega subcutânea, rodízio para evitar alterações na pele, riscos da reutilização, além do descarte adequado de seringas, agulhas, algodões com sangue e frascos de insulina utilizados. A família tem papel importante na identificação das limitações do idoso e no auxílio na aplicação de insulina! @ BD. Quem convive com diabetes, cuida. Para esclarecer dúvidas sobre aplicação de insulina e receber material educativo, entre em contato com o Centro BD de Educação em Diabetes através do telefone 0800 11 5097. Foto: AlvoPM Aplicação de insulina