Programa de Curso Novas tecnologias e transformações sociais

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Programa de Curso Novas tecnologias e transformações sociais:
sociabilidade e subjetivação em espaços sociais online
Primeiro semestre de 2014
Jair de Souza Ramos
PPGS – UFF
Objetivos e bibliografia
A tecnologia é inerente à ação humana e com tal é um produto social. Um de seus usos
mais proeminentes reside na comunicação e, como tal, ao longo da história humana, diversas
tecnologias tem sido usadas para conectar pessoas e instituições e ultrapassar distâncias.
As três últimas décadas marcam, contudo, um aprofundamento radical da relação entre
tecnologia e comunicação. Desde o fim dos anos 1970 assistimos um desenvolvimento em
progressão geométrica da microinformática, e com ele a criação do Personal Computer (PC),
que ao entrar nas casas, redefiniu progressivamente a relação entre trabalho e lazer. Dos anos
1980 em diante, temos a expansão das tecnologias de redes que permitiram a constituição da
WEB e sua expansão comercial. Esse quadro se aprofundou ainda mais com a difusão da
computação móvel através de equipamentos como os smartphones, das tecnologias de
compressão e transmissão de dados por meio do wi-fi e das redes 3G; e de softwares e
plataformas voltadas para a intercomunicação rápida e constante, como os microblogs e as redes
sociais. Disso resultou que “a participação da comunicação mediada por computador na vida
cotidiana se ampliou e encontra-se em expansão em ambientes hiper-conectados. A associação
entre dispositivos móveis e a banda larga sem fio nos coloca diante de um fenômeno inédito: a
possibilidade de envio e recebimento de dados em tempo real em qualquer lugar do planeta”
(Rodrigues, 2010).
Estamos diante de uma panóplia de tecnologias digitais e com elas, uma desconcertante
variedade de novas formas de mídia que engendram novas formas de sociabilidade, que estão
modificando nossa compreensão sobre como nos relacionamos uns com os outros e, até mesmo,
sobre o que significa ser humano.
Toda esta mudança tem sido objeto de perguntas acerca da natureza da mudança
tecnológica e de seu impacto nas relações sociais. Todavia, frequentemente a resposta a essas
perguntas tem sido buscada em interpretações totalizantes e abstratas acerca destes fenômenos
de hiper-conexão. Em contraposição a isso, acredito que ao invés de nos propormos uma
sociologia da Internet, é necessário entender o ciberespaço como um espaço social complexo,
múltiplo e em constante transformação e que, portanto, o que precisamos é de uma sociologia na
Internet, capaz de dar conta dessa complexidade e de suas transformações.
Assim, esse curso tem por objetivo examinar uma literatura empírica e teórica que se
propõe a interpretar e observar situações concretas de uso de tecnologias e de produção de
sociabilidades e do modo como ambas tem se engendrado mutuamente na contemporaneidade.
1ª aula: Apresentação do curso
2ª e 3ª aulas: Para uma análise social da Internet:
MILLER, Daniel; SLATER, Don. The internet: an ethnographic approach. Oxford: Berg, 2000.
217 p.
CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a
sociedade. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. 244 p
RAMOS, Jair. Teoria Social e a internet como novo espaço social. Palestra apresentada na 2a
Jornada de Antropologia do PPGA/UFF. 2013
Heather Horst and Daniel Miller (Eds.) Digital Anthropology (Berg Publishers, 2012) 328pp.
4ª aula: A etnografia virtual. Algumas discussões de método
HINE, Christine. “Virtual Ethnography Revisited.” Paper summary prepared for session on
Online Research Methods, Research Methods Festival, Oxford, July 1st 2004 (2004): 810.
HINE, Christine. Etnografia Virtual. Barcelona: UOC, 2004. Colección Nuevas Tecnologías y
Sociedad. Tradução para o espanhol por Cristian P. Hormazábal. 2004.
boyd, danah (2008). "How Can Qualitative Internet Researchers Define the Boundaries of Their
Projects: A Response to Christine Hine." Internet Inquiry: Conversations About Method
(eds. Annette Markham and Nancy Baym). Los Angeles: Sage, pp. 26-32.
BRAGA, Adriana. Técnica etnográfica aplicada à comunicação online: uma discussão
metodológica. UNIrevista - Vol. 1, n° 3 : (julho 2006)
BOELLSTORFF, Tom, NARDI, Bonnie, PEARCE Celia, and TAYLOR, T. L.. Ethnography
and Virtual Worlds: A Handbook of Method. Princeton: Princeton University Press, 2012.
264 pp.
5ª aula: Redes na antropologia
MITCHELL , J. Clyde Social. Networks. Annual Review of Anthropology, Vol. 3. (1974), pp.
279-299.
WATTS, Duncan J. Networks, Dynamics, and the Small-World Phenomenon. American Journal
of Sociology, Volume 105, Issue 2 (Sep., 1999)
ACIOLI, Sonia. Redes Sociais e Teoria Social: Revendo os Fundamentos do Conceito in
Inf.Inf., Londrina, v. 12, n. esp., 2007.
FELDMAN-BIANCO, Bela, in Feldman-Bianco (org.), Antropologia das sociedades
contemporâneas – Métodos, Sp, Global, 1987
BARNES, J.A. Redes sociais e processo político”, in Feldman-Bianco (org.), Antropologia das
sociedades contemporâneas – Métodos, Sp, Global, 1987.
VAN VELSEN, J “A análise situacional e o método de estudo de caso detalhado”, in FeldmanBianco (org.), Antropologia das sociedades contemporâneas – Métodos, São Paulo, Global,
1987
6ª aula: Os agenciamentos Ator-rede de Latour
LAW, John. Notas sobre a teoria do ator-rede: ordenamento, estratégia, e heterogeneidade.
Trad., Fernando Manso. Disponível em: http://www.necso.ufrj.br. Acesso em: 17 de jun.
2005. 1992.
LATOUR, Bruno. The Whole is Always Smaller Than Its Parts. A Digital Test of Gabriel
Tarde’s Monads. Sciences Po, Paris
LATOUR, Bruno. Ciência em Ação. Como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora,
tradução do texto original em inglês por Ivone C. Benedetti, Editora Unesp, São Paulo,
2000, 440 p.
7ª aula: Reputação, Fofoca e segredo
ELIAS, Norbert. Observações sobre a Fofoca. IN Os estabelecidos e os outsiders. P. 121 a 135.
In: Estabelecidos e outsiders. Introdução: ensaio teórico sobre a relação entre estabelecidos
e outsiders. RJ, Jorge Zahar editora, 2000.
SIMMEL, Georg. A sociologia do segredo e das sociedades secretas. Tradução de Simone
Carneiro Maldonado. Universidade Federal da Paraiba.
SIMMEL, Georg . As grandes cidades e a vida do espírito (1903) in Mana vol.11 no.2 Rio de
Janeiro Oct. 2005
boyd, danah. 2006. "Facebook's 'Privacy Trainwreck': Exposure, Invasion, and Drama.
"Apophenia Blog. September 8.
boyd, danah and Hargittai, Eszter. Facebook privacy settings: Who cares?. First Monday,
Volume 15, Number 8 - 2 August 2010
8ª aula: : Sociabilidade na e a partir da internet
boyd, danah. It’s Complicated: The Social Lives of Networked Teens. Yale University Press,
2014.
BARROS, Carla. Games e redes sociais em lan houses populares: um olhar antropológico sobre
usos coletivos e sociabilidade no “clube local”. Internext – Revista Eletrônica de Negócios
Internacionais, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 199-216, ago./dez. 2008.
boyd, danah. (2007) “Why Youth (Heart) Social Network Sites: The Role of Networked Publics
in Teenage Social Life.” MacArthur Foundation Series on Digital Learning – Youth,
Identity, and Digital Media Volume (ed. David Buckingham). Cambridge, MA: MIT
Press.
boyd, danah, Scott Golder, and Gilad Lotan. 2010. “Tweet, Tweet, Retweet: Conversational
Aspects of Retweeting on Twitter.” HICSS-43. IEEE: Kauai, HI, January 6.
Sarita Yardi and danah boyd (2010). "Dynamic Debates: An Analysis of Group Polarization
over Time on Twitter." Bulletin of Science, Technology & Society 30(5), 316-327
Nicole B. Ellison and danah boyd. Sociality through Social Network Sites. In Dutton, W. H.
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151-172.
9ª e 10 ª aulas: Subjetivação
TURKLE, Sherry. “Always-on Always-on-you: The Tethered Self.” In James Katz (ed.)
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TURKLE, Sherry. “Cyberspace and Identity.” American Sociological Association Stable 28, no.
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BRUBAKER, R. “Au-delà de l' ‘identité’” em Actes de la recherche en sciences sociales. 2001,
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BOURDIEU, Pierre - A ilusão biográfica, in Ferreira, Marieta e Amado, Janaína (orgs.), Usos e
abusos da história oral, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996, p. 183-192.
ELIAS, Norbert. A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro, Zahar, 1994. Capítulo 1.
SIMMEL, Georg, O indivíduo e a liberdade. e. In. SOUZA, J.; OELZE, B. (Org.). Simmel e a
modernidade. 2. ed. Brasília: Ed. UnB, 2005. p. 107-115.
STETS , Jan E. e BURKE Peter J. IDENTITY THEORY AND SOCIAL IDENTITY THEORY.
1998. Washington State University
GESER, Hans: Me, my Self and my Avatar. Some sociological aspects of "Second Life"
http://socio,ch/intcom/t_hgeser17.pdf
AGGER, Ben. The virtual self: A Contemporary Sociology. 2004, Blackwell Publishing Ltd.
11ªe 12ª aulas: Sexualidade
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal,
1985.
C. VANCE, “A antropologia redescobre a sexualidade”. Physis, Rio de Janeiro, n. 5, p. 7-32.
ZILLI, Bruno. “BDSM da A a Z: A despatologização através do consentimento nos 'manuais'
da internet”. In: DÍAZ-BENÍTEZ, Maria Elvira e FÍGARI, Carlos. Prazeres Dissidentes.
Rio de Janeiro, Garamond, 2009.
PARREIRAS, Carolina. Fora do armário... Dentro da tela: notas
sobre avatares,
(homo)sexualidades e erotismo a partir de uma comunidade virtual ”. In: DÍAZ-BENÍTEZ,
Maria Elvira e FÍGARI, Carlos. Prazeres Dissidentes. Rio de Janeiro, Garamond, 2009.
VENCATO, Anna Paula.“Existimos pelo prazer de ser mulher”: um olhar antropológico sobre o
Brazilian Crossdresser Club. Paper in 26ª. Reunião Brasileira de Antropologia GT 32 Antropologia e Gênero: a questão da subjetividade.
12ªe 13ª aulas: Consumo
MILLER , Daniel. Consumo Como Cultura Material. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre,
ano 13, n. 28, p. 33-63, jul./dez. 2007.
MILLER , Daniel. Antropologia do Consumo. Palestra com Daniel Miller. Centro de Estudos de
Propaganda e Marketing. 2006.
GOMES, Laura Graziela. Fansites Ou O “Consumo Da Experiência” Na Mídia Contemporânea.
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 13, n. 28, jul./dez. 2007.
FRANÇA, Isadora Lins. Identidades Coletivas, Consumo E Política: A Aproximação Entre
Mercado Gls E Movimento Glbt Em São Paulo. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre,
ano 13, n. 28, jul./dez. 2007.
LEITÃO, Débora Krischk. Mercado, Coleções E Interconexões: Algumas Pistas Para
Compreender Trocas Comerciais Via Internet. Século XXI, UFSM, Santa Maria, v. 1, n. 1,
p. 82-96, jan./jun. 2011
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