Nota Técnica 001/2016 NCPFIT/DVE/CGVS/SESAU Boa Vista, 29 de abril de 2016. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS POR INFECÇÃO VIRAL PRÉVIA 1. Descrição: Tem sido observados no Brasil casos de manifestações neurológicas com história prévia de infecção viral, principalmente em regiões com evidência de cocirculação dos vírus zika, dengue e/ou chikungunya. As manifestações neurológicas incluem encefalites, meningoencefalite, mielite, Síndrome de Guillain-Barré, entre outras. No estado de Roraima, em 2015, foram identificados 07 casos Guillain-Barré. Diante deste cenário, esta nota técnica tem o objetivo de orientar os profissionais a aturem corretamente, visto que a febre do Zika é pouco conhecida e, por se tratar de uma doença emergente no Brasil, justifica-se a implantação de uma vigilância de manifestações neurológicas associadas à infecção viral não especificada, anterior ao quadro neurológico, para conhecer e confirmar a relação entre a manifestação neurológica e o vírus Zika. Para sistematizar a notificação da Síndrome neurológica pós infecção febril exantemática o Ministério da Saúde incluiu esta, através da portaria nº 205 de 17 de fevereiro de 2016, na Lista nacional de doenças e agravos a serem monitorados pela estratégia de vigilância sentinela. 2. Objetivos da vigilância epidemiológica: Objetivo Geral: Identificar relação entre a manifestação neurológica e infecção por doenças virais. Objetivos específicos: a) descrever os dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos em tempo, lugar e pessoa; b) Determinar a ocorrência de manifestação neurológica possivelmente relacionada à dengue, chikungunya e zika vírus 3. Unidades Sentinelas: a vigilância das manifestações neurológicas por infecção viral prévia será baseada na vigilância sentinela. Em Roraima, o Hospital Geral de Roraima e Hospital da Criança Santo Antônio foram definidos como unidades de referência em neurologia, por possuírem estrutura mínima para colher, processar e armazenar as amostras de maneira adequada enquanto estas permanecerem na unidade. 4. Definição de caso 4.1 Caso suspeito − Paciente atendido na unidade sentinela, que apresentou quadro de manifestação neurológica* de origem indeterminada e registro de infecção viral prévia até 60 dias antes do início do quadro neurológico. Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757 *Entende-se por manifestação neurológica quadros de encefalite, meningoencefalite, mielite, paralisias flácidas agudas, ADEM (encefalomielite disseminada aguda) e/ou Síndrome de Guillain-Barré. 4.2 Caso Provável: Caso suspeito que não foi possível realizar exame laboratorial e que apresentou quadro clínico compatível com as definições de caso de: - Febre do zika - Dengue - Febre de chikungunya 4.3 Caso confirmado − Caso suspeito com confirmação laboratorial pela técnica RT-PCR para os seguintes agentes etiológicos: - Febre do zika: amostras de líquor, urina ou soro. - Dengue: amostras de líquor ou soro. - Febre do chikungunya: amostras de líquor ou soro. 4.4 Caso Descartado: Paciente que se enquadrou na definição de caso suspeito e: - Confirmou-se outro agente etiológico (excluindo os agentes da definição de confirmado), tais como: EpsteinBarr, Herpesvírus, Citomegalovírus, Campylobacter, entre outros, OU - Que apresentou outro diagnóstico pelo médico, tais como: AVC, acidose diabética, entre outros. 5. Fluxo de envio de informações para a vigilância epidemiológica: As unidades sentinelas selecionadas, semanalmente, deveram fazer busca ativa em prontuários de pessoas internadas por “manifestações neurológicas com infecção viral prévia”, Se NÃO forem identificados casos suspeitos, informar para Núcleo de Controle de Pólio/Paralisia Flácida Aguda da Vigilância Epidemiológica Estadual por meio de notificação semanal negativa (Anexo I), que naquela semana não houve caso suspeito, informando ainda quantos prontuários e produções médicas foram analisadas naquela semana. Os casos suspeitos deverão ser registrados em ficha específica (Anexo II) com preenchimento de todos os campos, esta também deverá ser encaminhada para Núcleo de Controle de Pólio/Paralisia Flácida Aguda da Vigilância Epidemiológica Estadual. OBS: Neste momento, não há orientação de digitação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757 Fluxo de envio de amostras para laboratório: Os pacientes que atenderem a definição de caso suspeito deverão coletar amostras de soro, urina, líquor e vísceras (na eventual investigação de óbito) e seguir o fluxo para laboratório de referência (LACEN-RR) (ANEXO III). 6.1 Tipo de amostras: Amostras de sangue (soro), líquor, urina e vísceras (na eventual investigação de óbito) serão utilizadas para pesquisa de genoma do vírus zika empregando-se a RT-PCR em tempo real. A tentativa de isolamento do vírus poderá ser realizada em cultivo celular a partir das amostras de sangue (soro), líquor e vísceras. Ainda poderá ser realizado o exame histopatológico em fragmentos de vísceras. As amostras sangue (soro), líquor e vísceras também serão utilizadas para pesquisa dos vírus dengue e chikungunya empregando-se as mesmas metodologias utilizadas para pesquisa de vírus zika. Eventualmente, como investigação complementar, poderá ser realizada a pesquisa de anticorpos (IgMe/ou IgG) no soro e no líquor, principalmente para o vírus chikungunya. No anexo III são apresentadas, de acordo com tipo de exame a ser realizado, as instruções para coleta, armazenamento, conservação, acondicionamento e transporte de amostras. 6.2 Transporte de amostras: O transporte deve ser feito em caixa térmica destinada às amostras biológicas de Categoria B UN/3373, conforme anexo IV, contendo gelo reciclável em quantidade suficiente para garantir a conservação da amostra até chegar ao Lacen e/ou laboratório de referência nacional. Os recipientes das amostras devem estar bem vedados para evitar o risco de contaminação das demais amostras no caso de descongelamento e vazamento. Incluir na remessa a(s) ficha(s) com dados clínicos e epidemiológicos do(s) paciente(s). 6.3 Espécime clínica e quantidade: Sangue: Crianças - coletar no mínimo 3ml e enviar o soro. Adultos – coletar de 5 a 10 ml e enviar o soro. Armazenar em criotubos e manter/enviar em gelo reciclável. Antes do envio ao IEC/PA, manter a – 70ºC no LACEN ou outro laboratório dispondo de freezer -70ºC.4 Líquor: Crianças e adultos- coletar no mínimo 1 ml a partir do início dos sintomas. Armazenar em criotubos e manter/enviar em gelo reciclável. Antes do envio ao IEC/PA manter a– 70ºC no LACEN ou outro laboratório dispondo de freezer -70ºC. Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757 Urina: Crianças e adultos- coletar no mínimo 3 ml. O processamento das amostras de urina deve seguir o mesmo padrão adotado para o soro. Armazenar em criotubos e manter/enviar em gelo reciclável. Antes do envio ao IEC/PA manter a – 70ºC no LACEN ou outro laboratório dispondo de freezer -70ºC De acordo, aprovo a Nota Técnica, Aryuska Rayane de Menezes Machado Gerente do Núcleo de Controle da Pólio, Paralisia Flácida, Influenza e Tétano NCPFIT/DVE/CGVS/SESAU Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757 Anexo I NOTIFICAÇÃO SEMANAL NEGATIVA Semana Epidemiológica: Informamos que foi feito busca ativa em ( De: / /2016 a / /2016 ) prontuários e não houve nenhuma notificação para: ( ) Manifestações Neurológicas de origem indeterminada e registro de Infecção Viral Previa em até 60 dias antes do inicio do quadro neurológico. INFORMANTE CARGO/FUNÇÃO OBS: De acordo com as semanas epidemiológicas do SINAN Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757 Anexo II Nº FICHA DE NOTIFICAÇÃO / INVESTIGAÇÃO - MANIFESTAÇOES NEUROLOGICAS COM HISTORICO DE INFECÇÃO VIRAL PREVIA Caso Suspeito: Paciente atendido na unidade sentinela, que apresentou quadro de manifestação neurológica* de origem indeterminada e registro de infecção viral prévia até 60 dias antes do início do quadro neurológico. Dados Gerais Tipo de Notificação: ____________________________________________________ Data de Notificação: ____/____/____ Agravo/ Doença: __________________________________________________________ Código (CID 10) _____________ UF: ____ Município de Notificação: ______________________________________ Código (IBGE): ___________________ Unidade de Saúde (ou outra fonte notificadora) _____________________________________ Código: ________________ Data dos primeiros sintomas: ____/____/____ Data do Inicio da Paralisia: ____/____/____ Data da Investigação: ____/____/____ Data da 1º Consulta: ____/____/____ Dados Residenciais Dados Gerais Tipo de Notificação: ____________________________________________________ Data de Notificação: ____/____/____ Agravo/ Doença: __________________________________________________________ Código (CID 10) _____________ UF: ____ Município de Notificação: ______________________________________ Código (IBGE): ___________________ Unidade de Saúde (ou outra fonte notificadora) _____________________________________ Código: ________________ Data dos primeiros sintomas: ____/____/____ Data do Inicio da Paralisia: ____/____/____ Data da Investigação: ____/____/____ Data da 1º Consulta: ____/____/____ Município de Residência:______________________ Código (IBGE) ________________ Distrito: ____________________ Bairro: _______________________________ Logradouro (Rua/ Avenida): _______________________________________ Código: _____________ Numero: _______ Complemento (apto, casa) ________________ Ponto de Referencia: ________ _______________________________ CEP: ____________________ (DDD) Telefone: ______________________________ Zona: 1- Urbana 2- Rural ( ) Pais (se residente fora do Brasil) ________________________________ Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757 Dados - Infecção Aguda Pregressa Data da Infecção Aguda Pregressa: ____/____/____ Sinais e Sintomas - Infecção Aguda Pregressa _____________ _________________________________________________________________________________________ Exames Laboratoriais- Infecção Aguda Pregressa: ___________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ Dados Clínicos Atuais Sinais e Sintomas: _____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ Presença de Deficiência Motora:__________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ Diminuição da Força Muscular: 1- Sim 2- Não ( ) Diminuição do Tônus Muscular: 1- Sim 2- Não ( ) Comprometimento Muscular Respiratório: 1- Sim 2- Não ( ) Comprometimento Muscular da Face: 1- Sim 2- Não ( ) Informações Complementares Hospitalização Data_Hospitalização Exames Laboratoriais Evolução do Caso Classificação Final Critérios de Classificação Evolução Observações Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757 Anexo III Orientações para coleta, armazenamento, conservação e transporte de amostras de sorologia, isolamento virale diagnóstico molecular dos casos de manifestações neurológicas. Tipo de Amostra Armazenamento/conservação e transporte Paciente Procedimento de coleta Criança Coletar cerca de3 ml e enviar o soro. Utilizar tubo plástico estéril com tampa de rosca e anel de vedação. Rotular o tubo como nome do paciente, data da coleta e tipo de amostra. Enviar em gelo reciclável. Adulto Coletar cerca de 5 ml a 10 ml e enviar o soro. Utilizar tubo plástico estéril com tampa de rosca e anel de vedação. Rotular o tubo como nome do paciente, data da coleta e tipo de amostra. Enviar em gelo reciclável. Sangue/soro Criança Coletar no mínimo 1 ml a partir do inicio dos sintomas. Utilizar tubo plástico estéril com tampa de rosca e anel de vedação. Rotular o tubo como nome do paciente, data da coleta e tipo de amostra. Enviar em gelo reciclável. Adulto Coletar no mínimo 1 ml a partir do inicio dos sintomas. Utilizar tubo plástico estéril com tampa de rosca e anel de vedação. Rotular o tubo como nome do paciente, data da coleta e tipo de amostra. Enviar em gelo reciclável. Líquor Criança Coletar no mínimo 3 ml, o processamento das amostras de urina deve seguir o mesmo padrão adotado para o soro. Utilizar tubo plástico estéril com tampa de rosca e anel de vedação. Rotular o tubo como nome do paciente, data da coleta e tipo de amostra. Enviar em gelo reciclável. Coletar no mínimo 3 ml, o processamento das amostras de urina deve seguir o mesmo padrão adotado para o soro. Utilizar tubo plástico estéril com tampa de rosca e anel de vedação. Rotular o tubo como nome do paciente, data da coleta e tipo de amostra. Enviar em gelo reciclável. Urina Adulto Histopatológico Imunohistoquímica 3 Vísceras Coletar 1 cm de cérebro, fígado, coração, pulmão, rim e baço Utilizar tubo plástico estéril sem NENHUM tipo de conservante (seco), resistente à temperatura ultra baixa com tampa de rosca e boa vedação. Colocar o fragmento de cada víscera em tubos separados. Rotular os tubos como o nome do paciente, data de coleta e tipo de víscera. Conservar em freezer a -20 ou-70ºC preferencialmente até o envio para o laboratório Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757 Secretaria de Estado da Saúde/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica/ Núcleo de Controle da Pólio/ PFA, Influenza e Tétano. Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, nº 520, Bairro Mecejana, Telefone (95) 3623-2757