Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Educação, Tecnologia e Comunicacão Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação GESTÃO DE MÍDIAS SOCIAIS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO COM OS GRANDES BANCOS BRASILEIROS Autor: Luiz Sergio Vieira Jonas Orientador: Prof. Dr. Rosalvo Ermes Streit Brasília - DF 2016 LUIZ SERGIO VIEIRA JONAS GESTÃO DE MÍDIAS SOCIAIS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO COM OS GRANDES BANCOS BRASILEIROS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Senso em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação. Orientador: Prof. Dr. Rosalvo Ermes Streit. Brasília 2016 J76g Jonas, Luiz Sergio Vieira. Gestão de mídias sociais: um estudo exploratório com os grandes bancos brasileiros. / Luiz Sergio Vieira Jonas – 2016. 127 f.; il.: 30 cm Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2016. Orientador: Prof. Dr. Rosalvo Ermes Streit 1. Mídia Social. 2. Setor bancário. 3. Gestão de mídia social. 4. Ferramentas de mídia social. I. Streit, Rosalvo Ermes, orient. II. Título. CDU 316.77 Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB Dissertação de autoria de Luiz Sergio Vieira Jonas, intitulada “GESTÃO DE MÍDIAS SOCIAIS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO COM OS GRANDES BANCOS BRASILEIROS”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, em 19 de agosto de 2016, defendida e aprovada pela banca examinadora constituída por: Prof. Dr. Rosalvo Ermes Streit Orientador Universidade Católica de Brasília - UCB Profa. Dra. Helga Cristina Hedler Examinadora Interna Universidade Católica de Brasília - UCB Profa. Dra. Luiza Beth Nunes Alonso Examinadora Interna Universidade Católica de Brasília - UCB Prof. Dr. Ricardo Matos Chaim Examinador Externo Universidade de Brasília - UnB Brasília 2016 À minha mãe, maior bênção de Deus e eternamente presente em minha vida, minha maior educadora e a quem devo gratidão por me ensinar o verdadeiro valor da constante busca pelo conhecimento. AGRADECIMENTO A Deus pelo amor, pela sabedoria, pela fé e pela presença em todos os momentos de minha vida. Aos meus pais pelo amor, incentivo e apoio incondicional. À minha família, aos meus amigos e colegas pelas palavras de perseverança, pelo orgulho e pela compreensão da minha ausência nesse período de estudos. Ao meu companheiro pela paciência, por todas as privações e pelas palavras e gestos de motivação os quais me ajudaram a acreditar que essa realização seria possível. Ao meu filhote Duque que esteve literalmente do meu lado me proporcionando alegrias, me confortando e me inspirando em todos os dias e em todas as madrugadas. Ao meu orientador pelo empenho dedicado a este trabalho e pelo seu incentivo. Aos Correios e aos meus mestres Washington Luiz, Elmer Martins e Denny Toyama pela crença no meu potencial, pela oportunidade concedida e pelos ensinamentos profissionais. A todas as empresas que prestaram o seu apoio na realização do trabalho de campo sem o qual essa dissertação não teria sido concretizada. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. “Mídia social é algo muito mais ligado à sociologia e à psicologia do que à tecnologia.” (BRIAN SOLIS). RESUMO Referência: JONAS, Luiz Sergio Vieira. Gestão de Mídias Sociais: Um estudo exploratório com os grandes bancos brasileiros. 2016. 126 folhas. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Senso em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação. Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2016. A presente pesquisa tem por objetivo a investigação do atual estado de adoção das mídias sociais pelas organizações do setor bancário brasileiro. As mídias sociais constituem-se de um grupo de aplicações baseadas em internet e que, construídas sobre as fundações tecnológicas da Web 2.0, permitem a criação e troca de conteúdo gerado pelos usuários. A metodologia de investigação adotada foi do tipo exploratória e descritiva, considerando que o tema ainda é considerado novo no meio acadêmico. Para melhor caracterização das aplicações de mídia social, foi criado um questionário do tipo estruturado e disponibilizado pela via online. Um total de cinco bancos entre públicos, privados, com atuação regional e nacional compuseram a amostra observada. A avaliação dos dados foi efetuada com base nas técnicas de análise de conteúdo, considerando a existência de perguntas abertas no instrumento de pesquisa, e também na mensuração das respostas por meio da escala do tipo Likert de cinco pontos. O relacionamento com os clientes foi a principal motivação apontada pelos bancos como justificativa pelo uso das mídias sociais. Dos resultados apresentados, verificou-se que o Facebook, o Youtube e o Twitter são as ferramentas que as instituições pesquisadas mais recorrem com o objetivo principal de construir uma identidade junto ao seu público. Apesar dos riscos associados à imagem institucional, observou-se que tais bancos possuem estratégias definidas para mitigação dos comentários negativos, fato corroborado pelo indicador de tempo de resposta às interações feitas pelos consumidores por meio desse canal de atendimento. Palavras-chave: Mídia Social. Setor bancário. Gestão de mídia social. Ferramentas de mídia social. ABSTRACT The presente study aims the investigation of the current state of adoption of social media by organizations of the Brasilian banking sector. Social media are made up of a group of internet based applications and built on technological foundations of Web 2.0 allow the creation and exchange of user-generated content. The adopted research methodology was exploratory and descriptive, considering that the subject is still considered new in academia. For better characterization of social media applications, a questionnaire structured type is available from online via. Five banks among public, private, regional and national activities comprised the sample observed. The evaluation of the data was performed based on both technical content analysis, considering the existence of open questions in the survey instrument, and in psychometric measurement of responses through the Likert scale. The relationship with customers was the main reason pointed out by banks as justification for the use of social media. The results presented, it was found that Facebook, Youtube and Twitter are the tools that the sample institutions more resort with the main objective of building a identity with your audience. Despite the risks associated with the corporate image, it was noted that such banks have well-defined strategies to mitigate the negative comments, a fact corroborated by including response time indicator to interactions made by consumers through this service channel. Keywords: Social media. Banking sector. Social media management. Social media tools. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Experiência com Mídias Sociais ..................................................................... 60 Figura 2 – Ferramentas de mídia social utilizadas pelos bancos ..................................... 68 Figura 3 – Motivação pela escolha da mídia social ......................................................... 70 Figura 4 – Vantagens das mídias sociais ........................................................................ 73 Figura 5 – Desvantagens das mídias sociais .................................................................. 75 Figura 6 – Aplicação de mídia social em Marketing ........................................................ 77 Figura 7 – Aplicação de mídia social no Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente – CRM ................................................................................................................ 79 Figura 8 – Aplicação de mídia social no Compartilhamento do Conhecimento ............... 80 Figura 9 – Gestão de conteúdo ..................................................................................... 82 Figura 10 – Indicadores de mídia social .......................................................................... 85 Figura 11 – Tempo de resposta ...................................................................................... 87 Figura 12 – Percentual de perguntas respondidas .......................................................... 88 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Síntese do grupo de ferramentas de mídia social ......................................... 30 Quadro 2 – Síntese das aplicações de mídia social ........................................................ 42 Quadro 3 – Mídias sociais e performance organizacional ............................................... 44 Quadro 4 – Quantidade de clientes ................................................................................. 59 Quadro 5 – Cargo/função do respondente ...................................................................... 59 Quadro 6 – Setor responsável pela gestão de mídias sociais ......................................... 60 Quadro 7 – Quantidade de colaboradores ...................................................................... 61 Quadro 8 – Ano de adoção da primeira mídia social ....................................................... 62 Quadro 9 – Perfil do profissional .................................................................................... 63 Quadro 10 – Motivações para adoção de mídias sociais ................................................ 64 Quadro 11 – Modelo de Gestão ...................................................................................... 65 Quadro 12 – Modelo de implementação ......................................................................... 66 Quadro 13 – Quantidade de mídias adotadas por banco ................................................ 69 Quadro 14 – Estratégias de divulgação de conteúdo ...................................................... 84 Quadro 15 – Empresas mais demandadas nos PROCONS em 2015 ............................. 90 Quadro 16 – Reclamações por meio do PROCON ......................................................... 91 Quadro 17 – Tratamento dos haters ............................................................................... 94 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resultado 2º Trimestre 2015 das empresas socially devoted brasileiras ...... 18 LISTA DE ABREVIATURAS CAPES - Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBO – Classificação Brasileira de Ocupações CRM – Customer Knowledge Management ITU – International Telecommunication Union ONU – Organização das Nações Unidas PROCON – Procuradoria de Defesa do Consumidor REL – Retorno sobre os objetivos ROI – Retorno sobre o investimento SINDEC - Secretaria Nacional do Consumidor SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA..................................................................... 16 1.3 OBJETIVO DA PESQUISA .............................................................................. 19 1.3.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 19 1.3.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 19 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ............................................................................ 20 2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 22 2.2 FERRAMENTAS DE MÍDIA SOCIAL ............................................................... 25 2.2.1 Rede social ......................................................................................................... 25 2.2.2 Compartilhamento de mídia .............................................................................. 26 2.2.3 Blog/microblog................................................................................................... 26 2.2.4 Mensageiro Instantâneo .................................................................................... 27 2.2.5 Comunidade virtual/online ................................................................................ 27 2.2.6 Marcador social.................................................................................................. 28 2.2.7 Mundo virtual ..................................................................................................... 29 2.3 APLICAÇÕES DE MÍDIAS SOCIAIS NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL ... 30 2.3.1 Marketing ............................................................................................................ 31 2.3.2 CRM – Customer Knowledge Management ...................................................... 34 2.3.3 Informação e compartilhamento de conhecimento ......................................... 36 2.3.4 Atividades colaborativas ................................................................................... 37 2.3.5 Comunicação Organizacional ........................................................................... 38 2.3.6 Educação e Treinamento ................................................................................... 39 2.3.7 Outras aplicações .............................................................................................. 40 2.4 MÍDIA SOCIAL E PERFORMANCE ORGANIZACIONAL ................................ 43 2.4 MODELOS DE IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS SOCIAIS ........... 45 2.5.1 Modelos de implementação de mídia social .................................................... 45 2.5.2 Modelos de gestão de mídia social .................................................................. 48 2.5 O PROFISSIONAL DE MÍDIAS SOCIAIS ........................................................ 51 3. METODOLOGIA ................................................................................................... 52 3.1 TIPO DE PESQUISA ....................................................................................... 52 3.2 FONTES DE PESQUISA ................................................................................. 52 3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................. 53 3.4 PRE-TESTE DO QUESTIONÁRIO .................................................................. 54 3.5 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................... 55 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 58 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ........................................................... 58 4.1.1 Perfil das Instituições Bancárias ...................................................................... 58 4.1.2 Cargo/função do participante ........................................................................... 59 4.1.3 Experiência com mídias sociais ....................................................................... 59 4.1.4 Setor responsável pela gestão de mídias ........................................................ 60 4.1.5 Número de colaboradores responsáveis pela gestão de mídias sociais....... 61 4.1.6 Ano de adoção da primeira mídia social .......................................................... 62 4.1.7 Perfil dos profissionais gestores de mídias sociais........................................ 63 4.1.8 Motivação para adoção de mídias sociais ....................................................... 64 4.2 MODELOS DE GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE MÍDIAS SOCIAIS ........... 65 4.3 FERRAMENTAS DE MÍDIA SOCIAL ............................................................... 67 4.4 PERFORMANCE ORGANIZACIONAL ............................................................ 72 4.5 APLICAÇÕES DE MÍDIA SOCIAL ................................................................... 76 4.6 GESTÃO DE CONTEÚDO ............................................................................... 82 4.7 INDICADORES DE DESEMPENHO DE MÍDIA SOCIAL ................................. 85 4.8 RECLAMAÇÕES TRADICIONAIS E DIGITAIS................................................ 89 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 94 5.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .......................................................................... 98 5.1 SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS ........................................................ 98 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 100 GLOSSÁRIO ........................................................................................................... 110 APÊNDICE A – ALINHAMENTO DO QUESTIONÁRIO COM OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................ 112 APÊNDICE B – CARTA DE RECOMENDAÇÃO ................................................... 114 APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO ........................................................................... 115 14 1. INTRODUÇÃO No dia 24 de agosto de 2015, um bilhão de pessoas acessou a rede social Facebook pelo menos uma vez nesse dia por meio de alguma plataforma (internet, celular, tablet, etc). A notícia foi comemorada pelo fundador Mark Zuckerberg em sua página da rede social, pois pela primeira vez na história, em um único dia, uma em cada sete pessoas em todo o mundo acessou a rede social que na ocasião contava com 1,49 bilhões de usuários ativos (FACEBOOK, 2015). A cada minuto, 400 horas de vídeo são carregadas na plataforma de compartilhamento de vídeos Youtube (FOLHA DE SÃO PAULO, 2015), ao mesmo tempo em que, por dia, mais de 400 milhões de usuários ativos da rede social Instagram publicam em torno de 80 milhões de fotos. Criado há apenas 5 anos, a rede recebe mais de 3,5 bilhões de curtidas diariamente (G1, 2015) De acordo com um relatório publicado pelo International Telecommunication Union (ITU, 2015), órgão internacional de telecomunicações ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2015 pelo menos 43% da população mundial acessava a internet. Considerando essa estatística, um estudo elaborado pela Strategy Analytics revelou que 72% dos usuários da internet utilizam mídias sociais para fazerem parte de redes sociais, ler e comentar blogs, realizar upload de vídeos e fotos ou contribuindo com edições de conteúdo na web. Tal número representa um crescimento de 227% em relação a quantidade de usuários de mídias sociais calculado em 2010 pela eMarketer. Nos últimos anos, o uso das mídias sociais deixou de fazer parte da rotina apenas dos adolescentes. Dados de pesquisa realizada pela Pew Research Center, em outubro, de 2015 revelaram que os adultos com idade entre 18 e 29 anos são os mais propensos ao uso das mídias sociais – 90% o fazem com regularidade. O relatório ainda revela que o uso por pessoas maiores de 65 anos de idade, mais do que triplicou desde 2010, quando 11% das pessoas nessa faixa de idade utilizavam mídias sociais (PEW RESEARCH CENTER, 2015). Hoje, 35% das pessoas que possuem mais de 65 anos de idade relataram que utilizam mídias sociais, comparado com apenas 2% em 2005. Portanto, é razoável dizer que a mídia social representa 15 uma nova tendência que deve ser de interesse das empresas que operam dentro e fora do espaço online. No Brasil, dados da Pesquisa Brasileira de Mídia (2015), encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, revelaram que praticamente a metade dos brasileiros, 48%, usa a internet. O percentual de pessoas que utilizam internet todos os dias cresceu de 26% em 2014 para 37% em 2015. Esses usuários ficam conectados, em média, 4h59min por dia durante a semana. Na mesma pesquisa realizada em 2014, o número de horas era de 3h39min. Tal pesquisa evidenciou ainda que o uso de aparelhos celulares como forma de acesso à internet já compete com o uso por meio de computadores ou notebooks, 66% e 71% respectivamente. O uso de redes sociais influencia esse resultado. Entre os internautas, 92% estão conectados por meio de redes sociais, sendo as mais utilizadas o Facebook (83%), o Whatsapp (58%), o Youtube (17%) e o Instagram (12%). De acordo com Kaplan e Haenlein (2010), muitas organizações demonstram pouca preocupação num mundo onde os consumidores podem falar livremente uns com os outros e as empresas possuem cada vez menos domínio sobre as informações disponíveis acerca delas mesmas. Nesse contexto, Pentland (2014) acrescenta que a maioria das mídias sociais são melhores em disseminar fatos (e rumores) do que disseminar novos hábitos. Nos dias atuais, se um usuário da internet digita o nome de qualquer marca líder na página de busca do Google, o que aparece entre os cinco principais resultados incluem não apenas o web site da empresa, mas também a citação correspondente na enciclopédia online Wikipedia (KAPLAN; HAENLEIN, 2010). Nela por exemplo, os consumidores podem ler que em 2008 pelo menos 8 pessoas perderam parte dos dedos ao utilizarem o mecanismo de rebatimento dos bancos traseiros dos carros da família Fox fabricados no Brasil. Historicamente, as companhias eram capazes de controlar as informações disponíveis sobre elas através de anúncios estrategicamente inseridos nos diversos tipos de mídias. Hoje em dia, entretanto, as empresas têm sido cada vez mais banidas de algumas mídias sociais sendo colocadas enquanto meras observadoras, sem ao menos ter o conhecimento ou a chance – ou as vezes, o direito – de alterar os comentários postados publicamente pelos seus clientes. A Wikipedia, 16 por exemplo, proíbe expressamente a participação de empresas em sua comunidade online. É neste contexto, bem como no crescimento verificado na adoção e implementação das múltiplas aplicações de mídia social, que se pretende aprofundar o conhecimento acerca desta problemática de forma que as empresas e organizações em geral possam exercer melhor domínio sobre tais ferramentas. Por meio dessas mídias é possível a criação de ambientes colaborativos, grupos de interesse, wikis, comunidades virtuais e mecanismos de interação, como bate-papos e registro de comentários (TEODISIC, 2010). 1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA O advento da mídia social tem mudado substancialmente as maneiras por meio das quais muitas pessoas, comunidades e organizações se comunicam e interagem entre si. Kaplan e Haenlein (2010) definem mídia social como um grupo de aplicações construídas com base nas fundações ideológicas e tecnológicas da Web 2.0, permitem a criação e troca de conteúdo gerado pelo usuário. Utilizando tais aplicações as pessoas podem criar, compartilhar e trocar informações por meio de uma comunidade virtual. O desenvolvimento da mídia social evidenciado nos últimos anos tem ajudado a modelar o meio de conexão entre as pessoas por meio de diferentes plataformas de mídia (COLLIANDER; DAHLÉN, 2011). Deste modo, as mídias sociais vêm conduzindo um novo conjunto de modelos que vem alterando os processos e operações de vários negócios tradicionais (HANNA et al. 2011). A diferença proeminente é que a customização em massa one-to-one tem se tornado a norma transacional dos negócios, em substituição ao modelo de marketing promocional one-to-many (COLLIANDER; DAHLÉN, 2011). Além do mais, nessa era da internet, as avaliações online dos consumidores têm se tornado um parâmetro por meio da qual os profissionais de marketing formulam as estratégias de negócios. Ainda, de acordo com Hanna et al., (2011), o monitoramento de mídias sociais é uma importante tarefa para determinar o sucesso das atividades de engajamento 17 das organizações como por exemplo a criação de perfis corporativos em redes sociais e, por isso, necessitam serem mensuradas e comparadas com outros indicadores de performance do negócio. Tal fato explica o porquê das empresas estarem cada vez mais interessadas em buscar informações sobre os seus atuais e potenciais clientes por meio dessa atividade. Uma das organizações mundialmente conhecida por fornecer serviços de gerenciamento de mídias sociais e análise de dados obtidos no Facebook, Twitter, Google+, LinkedIn, Youtube e Instagram é a empresa tcheca Socialbakers (SOCIALBAKERS, 2015a). Por meio de onze escritórios ao redor do mundo prestando serviços para mais de 2.500 clientes em 100 países, seu objetivo principal é auxiliar as empresas a monitorar e otimizar a efetividade das campanhas realizadas por mídias sociais além de orientar essas empresas sobre indicadores chaves de performance para prover eficiência e sucesso nas estratégias de marketing (SOCIALBAKERS, 2015a). Por meio de consulta ocorrida em fevereiro de 2016 ao website ScienceDirect, um dos maiores provedores de pesquisas científicas do mundo (ELSEVIER, 2016), de 2011 até 2016 pelo menos 71 artigos científicos fazem referência ao Socialbakers, fato que evidencia a relevância dos estudos feitos por essa empresa. Em junho de 2012 a Socialbakers criou um reconhecimento de qualidade no atendimento aos clientes e usuários das mídias sociais, chamado socially devoted por meio do qual, trimestralmente, são qualificadas as empresas que possuem perfil social aberto para receber perguntas e feedback de usuários e que respondem pelo menos 65% dessas interações para cada um individualmente e em tempo hábil (SOCIALBAKERS, 2016). De acordo com Killian e McManus (2015), embora às vezes seja complicado, criar e manter relacionamentos com os usuários de mídia social, pode ser altamente recompensador, já que a maioria deles são atraídos pelas empresas ou marcas presentes nessas mídias e tem algum mínimo de interesse na companhia e em suas ofertas. Entender o desejo dos consumidores através dessa conexão e do seu conteúdo é um fator relevante que facilita de forma profunda um relacionamento de longo prazo. A Tabela 1 mostra o resultado apurado no segundo trimestre de 2015 referente apenas às empresas brasileiras e às interações ocorridas com os usuários da rede social Facebook. 18 Tabela 1 – Resultado 2º Trimestre 2015 das empresas socially devoted brasileiras. Posição Empresa Usuários Tempo de Taxa de Resposta menos (seguidores) resposta resposta perguntas do Facebook ignoradas 1 SKY Brasil 2.963.058 69 Min 99,20% 2.969 2 Oi 1.870.345 1.265 Min 95,05% 2.639 3 Claro Brasil 4.734.355 294 Min 79,95% 1.329 4 GVT 512.355 1.984 Min 88,71% 1.323 5 Banco do Brasil 1.773.747 322 Min 98,06% 1.186 6 Itaú 7.256.304 28 Min 75,03% 912 7 Bradesco 4.829.724 23 Min 91,66% 849 8 Caixa 1.125.068 627 Min 70,69% 844 9 Santander Brasil 1.378.747 238 Min 95,52% 751 10 LG do Brasil 1.858.887 1.671 Min 98,74% 621 Fonte: SOCIALBAKERS (2015). A análise dos resultados obtidos por meio da classificação das empresas socially devoted pertencentes ao Brasil mostra que 50% das companhias com melhores resultados são organizações do segmento bancário. Dessa forma, considerando a metodologia adotada pela Socialbakers, pode-se inferir que as empresas desse setor no Brasil evidenciam um maior nível de engajamento em relação à comunicação por meio de mídias sociais, pelo menos no que se refere pontualmente às interações dos seus usuários. De acordo com Ngai et al., (2015), o próprio fenômeno da mídia social ainda permanece algo novo no meio acadêmico e, não obstante, Chikandiwa et al., (2013) ratifica que poucas pesquisas científicas têm sido realizadas para investigar o uso de mídia social no setor bancário. Assim, devido à escassez de pesquisas nessa área em particular, torna-se evidente a necessidade de um melhor entendimento dos impactos que essas novas mídias trazem para a indústria dos bancos no Brasil. Ou seja, tanto os indivíduos quanto as organizações precisam estar bem preparados para abraçar as mudanças e as oportunidades trazidas em função da mídia social. 19 Dessa forma, a pesquisa pretende responder a seguinte indagação: De que forma as mídias sociais estão sendo utilizadas pelos grandes bancos brasileiros? 1.3 OBJETIVO DA PESQUISA 1.3.1 Objetivo geral Investigar o atual estado de adoção das mídias sociais pelos grandes bancos brasileiros. 1.3.2 Objetivos específicos Os objetivos específicos da pesquisa são: a) Identificar na literatura as principais ferramentas de mídias sociais implementadas pelos grandes bancos brasileiros, bem como suas características e aplicações; b) Caracterizar o perfil de instituições bancárias brasileiras que utilizam as mídias sociais, assim como as motivações para tal uso; modelos de gestão e implementação; c) Relacionar as principais ferramentas de mídia social utilizadas por bancos no Brasil, bem como os principais fatores que estimularam a adoção das mesmas; d) Investigar as principais aplicações, riscos, vantagens e desvantagens relacionadas à utilização das mídias sociais por bancos brasileiros; e) Identificar as principais estratégias relacionadas tanto à gestão dos conteúdos publicados nas mídias sociais pelos bancos, como também dos conteúdos obtidos dos usuários provenientes das interações por meio das mídias sociais; 20 f) Verificar os principais indicadores utilizados pelos bancos para mensurar o desempenho das ações de comunicação relacionadas à gestão de mídias sociais; 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO A lucratividade e a competitividade são os verdadeiros determinantes da inovação tecnológica e do crescimento da produtividade. E o processo de globalização realimenta o crescimento da produtividade, na medida em que as empresas melhoram seu desempenho quando encaram maior concorrência ou disputam fatias de mercado (CASTELLS, 2000). As instituições financeiras fazem parte de um mercado o qual enfrenta uma intensa competição (RAJAOBELINA, et al., 2013). Os serviços do setor financeiro estão continuamente envolvidos com mudanças tecnológicas as quais causam grandes impactos majoritariamente no segmento bancário (MURRAY et al., 2014). Para enfrentar essas mudanças no mercado, as instituições financeiras investem em serviços diferenciados de interação com os seus consumidores, de forma que tais serviços se constituam em novos benefícios para os atuais e futuros clientes, a exemplo da adoção das mídias sociais para facilitar a comunicação bidirecional com os consumidores (DOOTSSON et al., 2016). A mídia social pode imputar maior valor para o consumidor, além das atividades de comércio eletrônico existentes (MURRAY et al., 2014). O uso da mídia social pode complementar ou substituir outros canais de comunicação com a organização para aumentar a eficiência dos mesmos, além de auxiliar no gerenciamento da qualidade dos serviços (LAROCHE et al., 2012). Em 2012, 40% dos bancos Americanos e 53% dos bancos do Reino Unido já estavam utilizando mídias sociais para propósitos de marketing (MHP COMMUNICATIONS, 2012). Várias pesquisas nesse setor enunciam claramente que as instituições financeiras precisam adotar as mídias sociais para melhorar a experiência do consumidor e para realçar o relacionamento com o cliente, fato que envolve também a cultura organizacional das instituições financeiras (KPMG, 2013). 21 Considere-se, ainda, que estudos que forneçam subsídios para mais adequadamente nortearem as empresas a prestarem melhores serviços no que diz respeito à aderência das ferramentas e tecnologias utilizadas tanto pelas pessoas quanto pelas organizações, são de interesse de toda a sociedade. Esta pesquisa pretende ser um contributo para melhoria da compreensão do atual uso das mídias sociais pelas organizações bancárias brasileiras, e assim, constituir um documento para eventuais reflexões de apoio à sua adoção e implementação por empresas de outros segmentos. 22 2. REVISÃO DA LITERATURA Em 1979, Tom Truscott e Jim Ellis da Universidade de Duke nos Estados Unidos criaram o Usenet, um sistema mundial que permitia interações e discussões entre usuários da internet na medida em que viabilizava a postagem de mensagens públicas. Porém, a era das Mídias Sociais como nós conhecemos nos dias atuais provavelmente teve início aproximadamente em 1997 quando Bruce e Susan Abelson fundaram o “Open Diary”, um site de rede social que reuniu escritores online diariamente em torno de uma comunidade. Nessa época, o termo “weblog” foi usado pela primeira vez, porém um ano mais tarde a expressão foi trincada para “blog” quando um blogger em tom de brincadeira transformou o nome “weblog” na sentença “we blog”. A crescente disponibilidade de acesso à internet de alta velocidade mais adiante acrescentou a popularidade do conceito, conduzindo a criação dos sites de redes sociais como MySpace (em 2003) e Facebook (em 2004). Tal fato, por sua vez, cunhou o termo “Mídia Social”, e contribuiu para a notoriedade que existe hoje. Ao longo das últimas cinco décadas surgiram alterações bastante significativas no nível do relacionamento social, político e econômico. Assistiu-se ao surgimento da sociedade da informação e conhecimento, apoiada em novas regras, estruturas e modelos de comportamento, que originaram novos modelos de organização econômica e dinamização empresarial, bem como o surgimento de profundas alterações na forma de comunicar por parte do consumidor e das empresas (DIONÍSIO et al., 2009). Com essa nova organização econômica surgiu um novo tipo de mercado e de sociedade, alicerçados em redes eletrônicas onipresentes (KELLY, 1998). De acordo com Castells (2000) o que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas aplicação desses conhecimentos e desta informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. A evolução potenciada pelas TICs e o fenômeno da comunicação em rede, entre outros fatores, deram um forte contributo para a geração de um cenário de maior instabilidade econômica e uma mudança de contexto, do qual resultaram novos agentes de mercado e fatores críticos de sucesso para qualquer empresa, 23 independentemente da sua dimensão ou setor de atividade onde opera (DIONÍSIO et al., 2009). Dessa forma, para garantir a sustentabilidade da empresa e melhorar a sua competitividade no mercado, passou a ser fundamental que a equipe de gestão saiba recorrer a novas formas de funcionamento e a uma maior utilização das TIC, de modo a agilizá-las e poder desenvolver modelos de negócio muito mais atualizados e adaptados aos mercados e consumidores atuais. Segundo Mangold e Faulds (2009), surgiram novas ferramentas, meios e fontes de informação online (social media), que tornaram possível o desenvolvimento desta recente via de comunicação entre consumidores. Os autores referem que o novo território do consumidor resultante da conversação entre consumidores, está fora do controle direto dos gestores das empresas, pelo que será necessário que estes aprendam a desenvolver ações de monitoramento das discussões de modo a viabilizar a interação com o consumidor e a retirar valor da mesma (CULNAN et al., 2010). O surgimento da sociedade em rede é resultado da interação dessas duas forças relativamente autônomas: o desenvolvimento de novas tecnologias e a tentativa da sociedade de reaparelhar-se com o uso do poder da tecnologia para servir a tecnologia do poder (CASTELLS, 2000). O desenvolvimento das mídias sociais tem modelado as interações entre as pessoas através de diferentes plataformas e tecnologias conforme descreve Mangold e Fauds (2009, p. 358): [...] uma grande variedade de recursos online como fóruns boca a boca incluindo os blogs, salas de bate papo e painel de discussões, e-mails de consumidores para consumidores, fóruns e website para avaliação de produtos e serviços pelos consumidores, fórum e painel de discussões pela internet, moblogs (sites que contém áudio digital, imagens, filmes ou fotografias) e sites de redes sociais [...]. Estas recém inventadas ferramentas e tecnologias permitem que as pessoas possam ler, extrair e gerar novos conteúdos de texto, imagem, áudio e vídeo (AKAR; TOPÇU, 2011). Considerando que diferentes tipos de mídias sociais possuem diferentes aplicações e propósitos, um grande número de “plataformas de conexão” tem assim emergido. No que diz respeito a terminologia, o termo “mídia social” apesar de 24 ocasional confusão, é comumente utilizada como sinônimo de computação social, rede social, Web 2.0 e mundos sociais virtuais (KAPLAN; HAENLEIN, 2009). Várias definições de mídia social foram fornecidas por diferentes estudos, por exemplo: Mídia social é um híbrido nascido da mixagem da tecnologia e mídia a qual permite comunicação instantânea e em tempo real e utiliza formatos multimídia além de várias plataformas de distribuição com capacidade de alcance global (MANGOLD; FAULDS, 2009, p. 359). [...] mídia social é uma aplicação e tecnologia colaborativa online que possibilita a participação, conectividade de conteúdo gerado pelo usuário, compartilhamento de informação e colaboração entre uma comunidade de usuários (HENDERSON; BOWLEY, 2010, p. 239). [...] um grupo de aplicações baseadas em internet e que construídas sobre as ideologias e tecnologias da Web 2.0, permitem a criação e troca de Conteúdo Gerado pelos Usuários (KAPLAN; HAENLEIN, 2010, p. 61). [...] mídias sociais são as ferramentas que facilitam a socialização de conteúdo [...] por meio de serviços que estimulam a colaboração, interação e comunicação por meio de discussões feedback, votação, comentários e compartilhamento de informações de/para todas as partes interessadas (MALITA, 2010, p. 748). As definições acima podem ser resumidas pela divisão do termo composto “mídia social” em seus dois componentes, “mídia” e “social”. A parte “mídia” refere-se as ferramentas e tecnologias suportadas pela internet e utilizadas para executar tais atividades, enquanto que a parte “social” se refere às atividades realizadas entre as pessoas. Quanto mais a organização se envolve e interage com os usuários das mídias sociais, maior é a necessidade de se mensurar o que é chamado de “engajamento” (PAINE, 2008). Ao monitorar as ações de engajamento online (cliques, visualizações, curtidas, comentários, compartilhamentos, críticas e recomendações) as empresas obtém insumos os quais são o ponto de partida para análise do comportamento do consumidor (VALENZUELA, et al., 2009). O pressuposto básico sobre a perspectiva do engajamento é que o conteúdo da mídia social possui maior efetividade quando o público alvo está altamente engajado (JIANG, et al., 2016). Um público engajado possui maior probabilidade de tomar conhecimento das publicações da organização, de manter um alto nível de presença e também de participar em um contínuo diálogo em tempo real com as organizações e stakeholders. 25 2.2 FERRAMENTAS DE MÍDIA SOCIAL Mídias sociais não são uma tecnologia de ruptura em si, entretanto podem ser consideradas como uma contínua evolução da plataforma Web 2.0 (KAPLAN; HAENLEIN, 2010). O termo “Web 2.0” foi inventado por Tom O`Reilly em 2004 ao se referir ao tipo de web site onde as pessoas podem escrever, armazenar, recuperar e compartilhar informações da forma que desejarem. Nos últimos anos, de acordo com Ngai (2015), o significado de tal expressão se tornou turva com a proliferação de diferentes terminologias de tecnologias web. As ferramentas de mídias sociais, conforme Quadro 1, página 26, abrangem uma ampla variedade de tecnologias tal como sites, blogs/microblogs, sites de social bookmarking, comunidades virtuais/online, redes sociais e mundos virtuais. Essas ferramentas proporcionam as pessoas várias maneiras de interagir e compartilhar informações com conhecidos e com o público em geral. A seção a seguir fornece uma lista dos principais tipos de ferramentas e tecnologias de mídias sociais encontradas na literatura juntamente com uma discussão sucinta sobre os respectivos conceitos e aplicações nas organizações. 2.2.1 Rede social Os sites de redes sociais focam principalmente em construir relacionamentos sociais e interesses entre amigos e conhecidos. Como exemplos podemos citar o Facebook, o LinkedIn e o Google+. As redes sociais atraem sobretudo grupos de usuários específicos com laços em comum para partilharem interações sociais. O uso das redes sociais introduziu-se rapidamente na vida diária da população online. Profissionais de marketing e organizações buscam oportunidades de negócio proporcionadas por essas redes por meio de aplicações úteis como em marketing, CRM, comunicações organizacionais e educação e treinamento (BOSÓN; FLORES, 2011; CHAO et al., 2011, SRANAMKAM, 2012; ZHONG et al., 2011). 26 2.2.2 Compartilhamento de mídia Os sites de compartilhamento de mídias permitem aos usuários a realizar upload, organizar, e compartilhar materiais multimídia, incluindo vídeos, áudio e fotos com pessoas e/ou comunidades selecionadas. Exemplos de tais sites são YouTube, Instagram e Flickr. Essas ferramentas foram desenvolvidas orginalmente por indivíduos com o objetivo de compartilhar informações pessoais e/ou materiais com amigos e outras pessoas, porém tais recursos tem gradualmente se tornado um canal alternativo de comunicação para as organizações tanto para promoverem seus produtos e imagem institucional através de mensagens corporativas para grupos de stakeholders ou comunidades (BONSÓN; FLORES, 2011), bem como para as organizações educacionais apoiarem a aprendizagem dos alunos através da distribuição dos recursos de aprendizagem (BAIRD; FISHER, 2006; CLICK; PETIT, 2010; SRANAMKAM, 2012). 2.2.3 Blog/microblog Blogs e microblogs são considerados como uma tecnologia de impulso por meio da qual os autores postam suas escrituras ou informações na esperança de que alguém irá lê-las (NGAI et al., 2015). Os blogs são amplamente utilizados por escritores e organizações que objetivam gravar e/ou compartilhar mensagens, informações, interesses, e atividades diárias com outras pessoas as quais podem ou não ter permissão para acessar tal conteúdo (BOSÓN; FLORES, 2011). A web page Blogger.com é um exemplo de site blog. Já os chamados Microblogs foram criados para desfrutar de uma curta semivida (WEINBERG; PEHLIVAN, 2011) já que o limite de caracteres permitido por postagem é pequeno em relação ao blog, cerca de 140. Por isso as mensagens são rapidamente substituídas e desaparecem. Twitter, Plurk e Weibo são exemplos de microblogs. A popularização dos smartphones impulsionou a criação de microblogs pelos usuários uma vez que a própria natureza de limitação dos caracteres favorece sua utilização, comparado aos longos trechos dos blogs convencional cuja edição via mobile tornase impraticável. Tanto os blogs quanto os microblogs são amplamente utilizados no 27 marketing, CRM, compartilhamento do conhecimento, comunicações organizacionais e educação e treinamento (BAIRD; FISHER, 2006; CHAO et al., 2011; CLICK; PETIT, 2010; KONIZETS et al., 2010; WEI, 2009). 2.2.4 Mensageiro Instantâneo Um mensageiro instantâneo é uma aplicação que permite o envio e o recebimento de mensagens em tempo real (OGARA, 2014). Através desses programas o usuário é informado quando um de seus contatos cadastrados em sua lista de contatos está online, isto é, conectou-se à rede. A partir daí eles podem manter conversação através de mensagens de texto as quais são recebidas pelo destinatário instantaneamente. São exemplos de mensageiros instantâneos o Skype e o Google Hangouts. Com a popularização dos smartphones e da internet a utilização de mensageiros instantâneos via celular aumentou consideravelmente. De acordo com Ogara (2014) por meio de tais aplicativos é possível visualizar a presença e o status do seu parceiro de comunicação, definir o status pessoal, enviar e receber mensagens de texto, áudios, vídeos, fotos tanto de forma individual, quanto para grupos. Tais mensagens são enviadas e recebidas em tempo real, o que otimiza a comunicação e a colaboração entre grupos de trabalhos dentro da mesma organização ou através do mundo de forma segura. São exemplos de tais mensageiros o Whatsapp, Viber, QQ Mobile, o Snapchat e o Telegram. Para as organizações, um valor agregado para os mensageiros instantâneos via celular é o baixo custo, pouco investimento operacional e baixa manutenção. Essas aplicações tem o potencial de grande retorno do investimento através de comunicação eficiente, melhor e oportuna tomada de decisão, melhoria das vendas, do suporte e retenção de clientes (OGARA, 2014). 2.2.5 Comunidade virtual/online Comunidades virtuais/online são redes sociais formadas por indivíduos cadastrados em um web site os quais compartilham informações e interesses 28 específicos através de ferramentas de interação tais como e-mail, salas de bate papo, fóruns, e/ou grupos de discussão. Exemplos de comunidades virtuais são Yahoo Respostas e o Lonely Planet. Os indivíduos envolvidos são normalmente desconhecidos entre si mas podem ulteriormente construir uma comunidade de influência em áreas específicas como discussão da performance de um produto, oportunidades colaborativas e partilha de conhecimento. Como o acesso a web sites geralmente não é limitado por fronteiras geográficas ou políticas, as comunidades virtuais/online recebem crescente atenção e tornam-se influente na prática. Um número significativo de estudos sobre esse tipo de mídia socials tem sido empreendido nas áreas de marketing, CRM, atividades colaborativas e outras (CHUA; BENERJEE, 2013; DE VALCK et al., 2009; HSIAO et al., 2010; PILLER et al., 2005; PORTER; DONTHU, 2008; REN et al., 2012). Profissionais de marketing e políticos igualmente devem manter um olhar atento sobre como estão os comentários nas comunidades virtuais/online sobre seus produtos, preços, serviços, imagem, reputação, etc. 2.2.6 Marcador social Os marcadores sociais proporcionam serviços e facilidades para que as pessoas possam armazenarem e compartilharem conteúdos favoritos da web. Exemplos de tais sites são Delicious, Pinterest e Digg. Pessoas podem usar tags colaborativamente nesses sites de marcadores sociais para tomar notas e categorizar o conteúdo que as mesmas acham importantes. A aplicação dos marcadores sociais na educação tem chamado a atenção dos educadores desde a concepção das mídias sociais (BAIRD; FISHER, 2006). Recentemente, os profissionais de marketing tem encontrado também maneiras de usar os sites de marcadores sociais para promoções, como a criação de uma campanha viral ou a realização de atividades de colaboração (KAPLAN; HAENLEIN, 2014). 29 2.2.7 Mundo virtual Enquanto os recursos de computação e as tecnologias da internet crescem, pessoas constroem ambientes simulados por computador nos sites da web os quais levam um ambiente do mundo virtual, como o Second Life e o Active World (NGAI et al., 2015a). Essas também são as conhecidas como segunda vida, onde pessoas podem viver num mundo virtual com um emprego, casa, carro e atividades sociais. Como tal, o mundo virtual está se tornando uma plataforma para transações de negócios e apresentação de produtos. Os mundos virtuais representam uma grande oportunidade de negócio e assim atraem interesse de muitos pesquisadores em marketing, partilha do conhecimento, atividades colaborativas e outras áreas (BROWN-JOHNSON et al., 2015; HAU; KIM, 2011; KRASONIKOLAKIS et al., 2014; MONCRIEF et al., 2015; PEPPLER; SOLOMOU, 2011). 30 Quadro 1 – Síntese do grupo de ferramentas de mídia social Grupo de Definição Ferramentas Exemplos Referências Bosón e Flores (2011), Chao et al. (2011), Sranamkam (2012), Zhong et al. (2011). Bonsón e Flores (2011), Baird e Fisher (2006), Click e Petit (2010), Sranamkam (2012). Ngai et al. (2015), Bosón e Flores (2011), Weinberg e Pehlivan (2011), Baird e Fisher (2006), Chao et al. (2011), Click e Petit (2010), Konizets et al. (2010), Wei (2009). Rede Social Permite que os usuários construam relacionamentos sociais e interesse entre amigos e conhecidos Facebook, LinkedIn, Google+ Compartilhamento de mídia Permite aos usuários fazer upload, organizar e compartilhar materiais multimídia com pessoas e ou comunidades selecionadas Youtube, Instagram, Vimeo, Flickr Blog/microblog Permite os usuários postarem textos ou informações na internet para leitura de outros usuários Blogger.com, Twitter, Plurk, Tumblr, Weibo Mensageiro Instantâneo Aplicação que permite os usuários enviarem e receberem mensagens (texto, vídeo, áudio, imagens) em tempo real Whatsapp, Viber, QQ Mobile, o Snapchat e o Telegram Ogara (2014). Comunidade virtual/online Permite que os usuários compartilhem informações e interesses específicos através de ferramentas da internet Lonely Planet, Yahoo Respostas Chua e Benerjee (2013), De Valck et al. (2009), Dholakia et al. (2004), Hsiao et al. (2010), Piller et al. (2005), Porter e Donthu (2008), Ren et al. (2012). Marcador social Permite os usuários utilizarem marcadores de forma colaborativa para anotar e categorizar conteúdos de interesse da internet Delicious, Pinterest, Digg, Foursquare Baird e Fisher (2006), Kaplan e Haenlein (2014). Fornece aos usuários um ambiente simulado por computador em sites da internet onde as pessoas podem viver em um mundo virtual Second Life, Active World, Kaneva, Onverse, SmallWorlds, There.com, Twinity Mundo Virtual Ngai et al. (2015), Brownjohnson et al. (2015), Hau e Kim, (2011), Krasonikolakis et al. (2014) Moncrief et al. (2015), Peppler e Solomou (2011). Fonte: Elaborado pelo autor (2016). 2.3 APLICAÇÕES DE MÍDIAS SOCIAIS NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL Estudos científicos relatam que as organizações estão utilizando as mídias sociais cada vez mais para fins específicos. Nos subtópicos a seguir são apresentadas algumas aplicações de mídias sociais pelas empresas e instituições baseadas na revisão da literatura. 31 2.3.1 Marketing As mídias sociais além de serem consideradas uma das opções de ferramentas de marketing, são tidas também enquanto parte integrada das estratégias de comunicação de marketing das empresas (MANGOLD; FAULDS, 2009). Consequentemente as mídias sociais podem ser consideradas como um novo componente do mix de marketing promocional. Nos últimos anos o marketing via mídias sociais recebeu crescente atenção do meio acadêmico e de vários negócios, fato que pode ser percebido pelo número de estudos envolvendo essa temática. Gamboa e Gonçalves (2014) estudaram a lealdade do cliente através do cultivo de redes sociais. Os pesquisadores descobriram que o Facebook intensifica as relações gerando um aumento da lealdade através da confiança, satisfação do consumidor, valor percebido e engajamento. Os resultados da pesquisa revelaram que essas relações são mais fortes com os admiradores da marca do que com aqueles que não apreciam, assim como a satisfação do cliente é um determinante mais forte da lealdade pela marca. Akar e Topçu (2011) analisaram a atitude dos consumidores em relação ao marketing de mídias sociais e desenvolveram uma escala de atitude baseada no consumidor para futuros estudos. Esta escala utiliza sete fatores a saber: atitudes em relação ao marketing de mídias sociais, uso de mídias sociais, conhecimento de mídias sociais, monitoramento de mídias sociais, prudência em mídias sociais e receios em relação ao marketing de mídias sociais. Krasonikolakis et al., (2014) investigou o comportamento do consumidor no mundo virtual “Second Life”. Os autores concluíram que as “funcionalidades centrais” e a “segurança e privacidade” são os fatores mais importantes na escolha das lojas de varejo virtual pelos consumidores, enquanto que a frequência de visita e o tempo gasto dentro da loja podem ser utilizados para prever os gastos dos consumidores no ambiente de compras do mundo virtual. O impacto do marketing de comunicação e recomendação do consumidor através das mídias sociais também tem recebido significativa atenção dos pesquisadores. De Valck et al., (2009) examinou como a decisão de compra dos consumidores pode ser afetada pelas suas comunicações e interações, 32 particularmente em relação as experiências compartilhadas com outros consumidores por meio de comunidades virtuais. Os autores confirmaram que as pessoas preferem obter diferentes tipos de informações (ex.: informativas, recreativas) de várias redes sociais e que esses laços sociais tem um significante impacto no processo de decisão de compra, incluindo necessidade de reconhecimento e avaliação pós compra. Trusov et al., (2009) estudou as estratégias de comunicação boca a boca nas mídias sociais e descobriram que estas proporcionam maiores benefícios financeiros do que a comunicação boca a boca tradicional, tendo em vista que aquelas alcançam um maior número de pessoas. Jin e Phua (2014) conduziram experimentos para examinar os efeitos do marketing boca a boca das celebridades por meio do Twitter no comportamento do consumidor. Os resultados sugeriram que o boca a boca endossado pelas celebridades, particularmente aquelas com um grande número de seguidores, influenciou positivamente o envolvimento com o produto e a intenção de compra dos seguidores. Chen et al., (2011) examinou o relacionamento entre as variáveis de marketing como preço e qualidade dos produtos e o comportamento das avaliações dos consumidores nas mídias sociais, nos estágios iniciais e de maturidade de uso da internet. O estudo explicou o papel do marketing de mídias sociais na formação de tais relacionamentos, e revelou que quando o preços e/ou qualidade do produto é extremamente baixa ou extremamente alto, tal cenário impulsiona os consumidores a postarem suas avaliações em várias mídias sociais, a exemplo que ocorreu com o estudo de caso avaliado que envolvia análises de avaliação de automóveis. Vários estudos também têm tentado explicar como a confiança do consumidor afeta sua intenção de compra. Hajli (2014) propôs um modelo estrutural que sugere que as interações sociais têm um efeito positivo na confiança do consumidor, a qual, por sua vez, causa também um efeito positivo tanto na intenção de compra do mesmo quanto na percepção de sua utilidade nas redes sociais. Hsiao et al., (2010) estudou os antecedentes e as implicações da confiança nas recomendações de compra de produtos online e descobriram os impactos dos fatores sociais percebidos da intenção de compra pela internet dos consumidores. Os pesquisadores também sugeriram que, os web sites de compras deveriam melhorar a confiabilidade da recomendação de seus produtos com o objetivo de proporcionar maior integridade dos seus membros, 33 bem como a boa vontade dos mesmos em compartilhar tais informações de forma a ampliar a influencia e intenção de compra dos demais consumidores. A marca é um dos elementos mais importantes do marketing, o que justifica a existência de vários estudos com foco nessa questão no ambiente das mídias sociais. Barwise e Meehan (2010) discutiram a importância dos elementos básicos do marketing, particularmente a construção da marca. Os autores descobriram que a mídia social amplifica a reputação da empresa quando ela entrega o que promete, e consequentemente sugere que tais organizações devem buscar os elementos básicos para desenvolvimento e entrega de uma marca atraente. Colliander e Dahlén (2011) investigaram e compararam os efeitos da publicidade da marca na mídia digital social e “tradicional”. Os autores constataram que os blogs provocaram melhores percepções das marcas e maior intenção de compra do que as revistas tradicionais online, as quais são em grande parte resultado do efeito da interação parassocial. Os autores também observaram que em função de tal efeito, a publicidade é mais suscetível a percepção do usuário em função da credibilidade dos escritores e do relacionamento dos usuários com a marca. Tsai e Men (2013) considerando a natureza participativa dos sites de redes sociais, exploraram os efeitos da dependência da mídia social e o envolvimento do consumidor com as páginas de marca que possuem perfil no Facebook. A pesquisa abordou três fatores de relacionamento social: 1) interação parassocial, 2) credibilidade da fonte e 3) identificação com a comunidade. Os resultados confirmaram que todos os fatores, exceto a “credibilidade da fonte”, foram previstos positivamente no engajamento do consumidor nas redes sociais. Weinberg e Pehlivan (2011) destacam os diferentes tipos do mix de marketing de mídias sociais e desenvolveram um modelo para nortear quais tipos de mídias as organizações devem utilizar conforme a relevância da informação que se quer prestar. O modelo criado utiliza como parâmetro duas variáveis: a perenidade e a profundidade da informação, ambas para diferenciar entre os tipos de mídias sociais e assim guiar os profissionais de marketing na alocação de recursos de acordo com os objetivos sociais das organizações. Barger e Labrecque (2013) descreveram uma perspectiva de comunicação integrada de marketing e identificaram sete indicadores de mídias sociais: 1) número 34 de menções (citações), 2) percentual de menções (citações) em relação ao total de marcas/categoria de produtos, 3) engajamento (curtidas1, comentários, respostas, compartilhamentos, avaliações), 4) número de defensores (influenciadores) da marca com seus respectivos seguidores, 5) retorno do investimento, 6) quantidade de leads gerados (contatos qualificados) e 7) tempo de resposta às solicitações via mídia social. Stephen e Toubia (2010) examinaram as implicações econômicas de uma rede social de vendedores em um grande marketplace2 virtual. O resultado da pesquisa evidenciou três situações: 1) o valor econômico é gerado a partir de vendedores conectados por meio de redes sociais; 2) o valor principal da rede social está em tornar as compras mais acessíveis aos clientes do marketplace e 3) os vendedores são os maiores beneficiados com o aumento da acessibilidade das lojas por meio das redes sociais. Moncrief et al. (2015) conduziu um estudo em gerenciamento de vendas. Sua pesquisa explorou o impacto da mídia social em diferentes funções gerenciais de vendas, particularmente de que forma os gerentes de vendas poderiam utilizar as redes sociais e mundos virtuais para supervisionar, treinar e recompensar os membros da força de vendas. 2.3.2 CRM – Customer Knowledge Management O CRM ou Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente pode ser definido estrategicamente como uma abordagem holística de gerenciar relacionamento com o cliente e assim gerar valor para os stakeholders através do desenvolvimento de relacionamentos lucrativos e de longo prazo com clientes chaves e/ou clientes segmentados combinando o potencial das estratégias de marketing de relacionamento e tecnologia da informação (PAYNE; FROW, 2005). Atualmente várias companhias tem adotado a mídia social para gerenciar e melhorar o seu 1 Clicar em Curtir embaixo de uma publicação no Facebook é um modo fácil de dizer às pessoas que você gostou, sem deixar comentários. Assim como um comentário, o fato de você ter curtido fica visível embaixo da publicação. FACEBOOK, 2016. 2 Marketplace é um tipo de site de e-commerce onde produtos e serviços são fornecidos por terceiros, porém as transações são processadas pelo operador do marketplace. FORBES, 2014. 35 relacionamento com seus consumidores, fato que tem chamado a atenção de pesquisadores para o CRM (NGAI, 2015). Notadamente vários estudos têm sido executados para investigar como as empresas gerenciam as experiências dos seus clientes na adoção de mídias sociais. Karakaya e Barnes (2010) examinaram e identificaram o impacto da experiência de atendimento ao cliente, como um representante da opinião do consumidor, sobre a marca ou a companhia nos sites sociais. Resultados do estudo revelaram que a opinião dos consumidores postadas em tais sites da web tem um impacto positivo no engajamento dos consumidores nas atividades online, as quais resultam numa influência positiva nas suas escolhas de empresas ou marcas. Nambisan e Watt (2010) analisaram as experiências dos consumidores em comunidades online em relação a suas percepções relativas a qualidade de serviços, produtos e das empresas. A luz dos resultados os autores sugeriram que as empresas deveriam realçar a efetividade das suas comunidades online por meio de entrega positiva de experiências aos seus consumidores, pois tais interações modelam a percepção que os clientes constroem sobre os serviços, produtos e a marca. Vários estudos também têm investigado a qualidade do relacionamento e satisfação do cliente. Por exemplo Hajli (2014) propôs um modelo para investigar o impacto dos fatores sociais na qualidade do relacionamento e intenção de compra no contexto das mídias sociais. O estudo forneceu uma visão mais clara do comportamento do consumidor na era do “comércio social” e propôs uma nova teoria de pesquisa para essa dinâmica de consumo por meio de mídias sociais. Hsieh et al., (2010) estudou a satisfação dos usuários de blog ao utilizarem as informações e a qualidade do sistema desse tipo de mídia. Tal estudo evidenciou como útil para as comunidades online patrocinada por empresas as quais tais informações e sistema de qualidade são importantes para retenção de clientes. Outros autores examinaram o CRM sob a perspectiva do Gerenciamento do Conhecimento do Cliente (CKM) e do cultivo da confiança. Chua e Banerjee (2013) analisaram a amplitude por meio da qual o uso da mídia social pode apoiar o CKM nas organizações cujo modelo de negócios é classificado como tradicional, ou seja, empresas que pelas suas características não realizam vendas online. Os autores utilizaram o caso da rede internacional de cafés Starbucks para ilustrar como as mídias sociais podem ser utilizadas para transformar os consumidores de receptores 36 passivos em ativos contribuintes de inovação de modo que estes possam estar engajados no apoio ao CKM de diversas formas. 2.3.3 Informação e compartilhamento de conhecimento Compartilhamento de conhecimento é uma atividade por meio da qual os indivíduos, amigos, familiares, comunidades e organizações trocam informações, habilidades ou expertise (MILLER; SHAMSIE, 1996). A mídia social contribui e facilita a partilha do conhecimento em comunidades online, particularmente o conhecimento relacionado a informação de produtos e serviços, informações de viagens e/ou experiências de consumidores com as marcas. Considerando as implicações produzidas pelo compartilhamento de informações, a pesquisa pelos motivos por meio dos quais os usuários são propensos a tal partilha tem despertado o interesse de muitos acadêmicos. Hau e Kim (2011) estudaram as motivações para a promoção do compartilhamento do conhecimento inovador entre usuários de uma grande comunidade de jogos online da Coreia do Sul utilizando a perspectiva do capital social. Aplicando a teoria do comportamento planejado, o estudo revelou que fatores como a motivação inerente, a partilha de objetivos e a confiança social são proeminentes para promoção do compartilhamento do conhecimento inovador pelos usuários. Chang e Chuang (2011) investigaram os fatores que influenciam a partilha de conhecimento em uma comunidade virtual e descobriram que a solidariedade, a identificação, a reciprocidade e a linguagem comum dos usuários afetam positivamente o compartilhamento de conhecimento. Os pesquisadores descobriram ainda que as interações sociais e a confiança podem melhorar a qualidade, porém não a quantidade de conhecimento partilhado. Especificamente alguns estudos examinaram as motivações e os fatores determinantes de compartilhamento de conhecimento em um cenário de comunidade virtual profissional. Chiu et al., (2011) estudou o comportamento de profissionais de uma comunidade virtual e descobriu que os laços de interação social, reciprocidade e identificação podem aumentar quantitativamente a partilha de conhecimento entre os 37 indivíduos, ao passo em que o compartilhamento de linguagem e visão podem aumentar qualitativamente. Outros pesquisadores evidenciaram o uso de mídias sociais para compartilhamento de informações em casos de emergência. Smith (2010) utilizou o caso do terremoto do Haiti em janeiro de 2010 para investigar o então cenário de responsabilidade das instituições públicas em compartilhar informações com os usuários de mídias sociais. Tal estudo expandiu a compreensão da interatividade online e mostrou como os comunicados do governo podem ser rapidamente transmitidos aos usuários de mídias sociais. 2.3.4 Atividades colaborativas Atividades colaborativas envolvem duas ou mais pessoas trabalhando juntos para completar uma tarefa. Um dos principais benefícios do ambiente de mídia social é que ele pode ser facilmente explorado tanto para aumentar atividades colaborativas entre usuários quanto entre clientes e empresas. Algumas pesquisas envolvendo esse comportamento no ambiente das mídias sociais tem sido realizadas. Peppler e Solomou (2011) investigaram a construção do aprendizado colaborativo e da criatividade no ambiente das mídias sociais onde aprendizes colaboraram uns com os outros para criar prédios arquitetônicos em 3D em um ambiente de missão aprendizagem. Os autores descobriram que os valores culturais de uma comunidade de mídia social facilitam a emersão de criatividade colaborativa e que as interações sociais através de conversações são vitais para promover e sustentar o engajamento individual no processo de aprendizagem colaborativo. Utilizando a Wikipedia para examinar a aplicação de mídias sociais em projetos colaborativos, Kaplan e Haenlein (2014) proveram importante conhecimento quanto a classificação de projetos colaborativos, o conceito de sabedoria do grupo e motivações dos leitores e colaboradores. Eles também aconselharam de que forma as empresas podem influenciar projetos colaborativos para estabelecer presença 38 online para comunicação tanto interna com os empregados quanto externa com os investidores. Piller et al., (2005) observaram a crescente demanda por personalização de produtos em contraste com a customização em massa e examinaram o papel do cliente no processo colaborativo de co-design em comunidades online para superar confusões em massa sobre incertezas e riscos. A luz dos resultados, os autores contestaram a hipótese feita pela maioria dos pesquisadores de customização em massa os quais sustentam que a oferta de produtos personalizados requer um relacionamento individual (um-pra-um) entre consumidores e fornecedores. 2.3.5 Comunicação Organizacional Uma efetiva comunicação interna e/ou externa é importante no exercício das funções básicas de gestão de uma organização. Os recursos avançados da comunicação e das interações da mídia social levaram a sua ampla utilização por empresas e instituições (NGAI et al., 2015). Vários estudos com foco no uso da mídia social para otimizar a comunicação organização tem sido realizados. Bonsón e Flores (2011) examinaram o uso da mídia social em termos de diálogo corporativo e descreveram o caso das instituições financeiras globais. Os autores formularam um índice para pontuar a adoção da relevância das tecnologias Web 2.0 e das mídias sociais de uma organização financeira global para abrir o diálogo corporativo com os stakeholders. Os resultados da pesquisa indicaram que o tamanho do web site corporativo e a região de operações influenciam a utilização das mídias sociais para comunicações corporativas. Ligita e Kuvykaite (2012) construíram um modelo estrutural para as comunicações de mídia social envolvidas com o processo de comunicação organizacional, bem como a elaboração e avaliação de uma rotina de implementação de estratégia de comunicação. A investigação foi baseada num estudo de caso para ilustrar a aplicação do modelo em questão para promoção de estudos para alunos do ensino superior via mídia social. 39 O uso de mídia social com o propósito de comunicações organizacionais também é comum na área pública e governo. Picazo-Vela et al., (2012) consolidaram a percepção dos riscos e benefícios das aplicações de mídia social obtidas de um grupo focal composto por servidores públicos do México. Eles abordaram o equilíbrio ideal entre os riscos e os benefícios de se utilizar várias aplicações de mídias sociais para comunicação com o público e mais adiante sugeriram diretrizes que permitissem ao setor público explorar os benefícios ao mesmo tempo em que reduziriam os riscos. Bertot et al., (2010) também estudaram a abertura e transparência governamental através do e-governo e mídia social para explorar se essas informações e tecnologias de comunicação possibilita esforços potenciais para criar substantivas mudanças sociais nas atitudes do público em relação a transparência. O resultado do estudo mostrou que tais esforços podem ter um custo eficaz além de que tal conveniência significa uma melhor promoção da abertura do governo e transparência para reduzir a corrupção. 2.3.6 Educação e Treinamento Embora as plataformas de mídia social não tenham sido desenhadas essencialmente para educação e treinamento, tem sido uma crescente tendência no setor de educação o uso de tais ferramentas para facilitar o ensino e a aprendizagem, particularmente para os estudantes “nativos digitais” (NGAI et al., 2015). Assim, descrevemos a seguir alguns estudos que exploraram essa temática. O papel pedagógico da mídia social nos aspectos da comunicação, colaboração, aprendizado e instrução educacional é uma das áreas que tem sido frequentemente exploradas. Hussain (2012) avaliou as tendências entre estudantes universitários do Pakistão e descobriu que a grande maioria dos estudantes utilizam o Facebook para se comunicar em atividades acadêmicas e desenvolver redes sociais através do mundo. Essas descobertas confirmaram que a mídia social desempenha um papel crucial na promoção da colaboração e da conexão de uma comunidade virtual educacional. 40 Kassens-Noor (2012) explorou as práticas de ensino no uso do Twitter como uma ferramenta de aprendizado ativo e investigou se o microblog auxilia os estudantes na aprendizagem de uma determinada matéria. Através de um experimento comparativo feito num ambiente formado por uma pequena sala de aula com 15 estudantes do ensino superior de uma universidade dos Estados Unidos, o estudo confirmou que o Twitter facilita o compartilhamento de ideias, na comunicação instantânea de pessoa para pessoa e na criação de conhecimento pelo grupo de alunos. Entretanto, o estudo também evidenciou algumas limitações nas características dos estudantes mais reservados como o pensamento crítico e a autorreflexão. Cao et al., (2013) centraram nos resultados educacionais e propuseram um modelo de pesquisa para investigar os precursores e as implicações do uso da mídia social. A análise qualitativa das respostas de 168 docentes do ensino superior de uma Universidade dos Estados Unidos os quais utilizam mídias sociais no seu ensino indicou que o uso de tal ferramenta melhora a performance na sala de aula. 2.3.7 Outras aplicações Além das aplicações acima mencionadas, o uso de mídias sociais também pode ser encontrada em diversas outras áreas. Vários estudos investigaram o uso de mídia social na indústria do Turismo. Por exemplo, Xiang e Gretzel (2010) investigaram a amplitude por meio da qual a mídia social aparece nos resultados do mecanismo de busca no contexto das procuras relacionadas a viagens. A análise dos resultados da busca mostraram que a mídia social constitui uma parte substancial, confirmando assim a importância de tal ferramenta no campo do turismo. Outros pesquisadores concentraram no setor de relações públicas e examinaram os efeitos sociais oriundos dos anúncios e mensagens corporativas. Eyrich et al., (2008) estudaram o uso das mídias sociais nas práticas de relações públicas e pesquisou 283 profissionais dessa área quanto a adoção pelos mesmos de 18 ferramentas de mídia social, assim como as percepções quanto ao crescimento das tendências de tais práticas nas relações públicas. Os resultados forneceram uma 41 visão geral dos praticantes sobre a adoção de mídia social nessa área e também revelaram que os usuários mais avançados que utilizavam ferramentas especializadas em mídia social tiveram uma maior percepção que tal ferramenta tem sido integrada amplamente na indústria do que usuários que utilizam as ferramentas mais comuns de mídia social. Alguns estudos focaram no setor de saúde. Denecke e Nejdl (2009) utilizaram análise de contéudo para estudar informações relacionadas a saúde fornecidas pela internet para obter uma visão geral do conteúdo médico disponível. Os autores apresentaram um método para classificar alguns blogs baseado no conteúdo, o qual explora características de alto nível e descreve o conteúdo médico e afetivo das postagens dos blogs. Os resultados mostraram que em termos de conteúdos, diferenças substanciais podiam ser observadas entre vários recursos na internet relacionados a saúde. Os autores sugeriram mais adiante que as diferenças de conteúdo em relação ao conhecimento ou informação podem ser explorados pelos mecanismos de busca para melhorar a classificação e a pesquisa, feita diretamente pelos usuários, enquanto fonte de conhecimentos apropriado. 42 Quadro 2 – Síntese das aplicações de mídia social Aplicação Descoberta Marketing Gerenciamento do Relacionamento com o cliente - CRM Informação e compartilhamento do conhecimento Atividades colaborativas Comunicação Organizacional Educação e Treinamento As mídias sociais devem fazer parte das estratégias de comunicação das organizações (MANGOLD; FAULDS, 2009); O uso do Facebook aumenta a lealdade do cliente (GAMBOA; GONÇALVES, 2014); Segurança e privacidade motivam a escolha de lojas on line na ferramenta Second Life (KRASONIKOLAKIS et al., 2014); As interações por meio das comunidades virtuais impactam na decisão de compra dos consumidores (DE VALCK et al., 2009); A comunicação boca a boca por meio das mídias sociais traz mais ganhos financeiros para as empresas do que o boca a boca tradicional (TRUSOV et al., 2009); Preço e/ou qualidade extremamente baixo ou extremamente alto motivam os consumidores a realizarem avaliações por meio de mídias sociais (CHEN et al., 2011); A mídia social amplifica a reputação da empresa quando ela entrega o que promete (BARWISE; MEEHAN, 2010); Os blogs provocam melhor percepção da marca do que revistas tradicionais em meio eletrônico (COLLIANDER; DAHLÉN, 2011); A interação parassocial, a credibilidade e a identificação com a comunidade promovem o engajamento de consumidores com o perfil da empresas no Facebook (COLLIANDER; DAHLÉN, 2011); O valor principal das redes sociais é deixar as compras mais acessíveis para os clientes (STEPHEN; TOUBIA, 2010); A possibilidade de deixar opinião de compras nas mídias sociais influencia positivamente a escolha de empresas ou marcas (KARAKAYA; BARNES, 2010); As comunidades online das empresas possibilitam experiências positivas dos consumidores e consequente melhor percepção da marca (NAMBISAN; WATT, 2010); A qualidade do relacionamento com o cliente é impactada por fatores sociais (HAJLI, 2014); As mídias sociais auxiliam as organizações no gerenciamento do conhecimento do cliente (CHUA; BANERJEE, 2013); Fatores como a motivação, partilha de objetivos e a confiança social são proeminentes para o compartilhamento do conhecimento inovador pelos usuários das comunidades online (HAU; KIM, 2011); Fatores como a solidariedade, a identificação, a reciprocidade e a linguagem comum dos usuários afetam positivamente o compartilhamento de conhecimento (CHANG; CHUANG, 2011); Comunicados do governo podem ser rapidamente transmitidos por meio de mídias sociais (SMITH, 2010); Os valores culturais de uma comunidade de mídia social facilitam a emersão de criatividade colaborativa (PEPPLER; SOLOMOU, 2011); As empresas podem influenciar projetos colaborativos para estabelecer presença online para comunicação tanto interna com os empregados quanto externa com os investidores (KAPLAN; HAENLEIN, 2014); A oferta de produtos personalizados requer um relacionamento individual (um-pra-um) entre consumidores e fornecedores (PILLER et al., 2005); O tamanho do web site corporativo e a região de operações influenciam a utilização das mídias sociais para comunicações corporativas (BONSÓN; FLORES, 2011); As mídias sociais criam substantivas mudanças sociais nas atitudes do público em relação à transparência do governo (BERTOT et al., 2010). A grande maioria dos estudantes utilizam o Facebook para se comunicar em atividades acadêmicas e desenvolver redes sociais através do mundo (HUSSAIN, 2012); O Twitter facilita o compartilhamento de ideias, na comunicação instantânea de pessoa para pessoa e na criação de conhecimento pelo grupo de alunos (KASSENS-NOOR, 2012); As mídias sociais melhoram a performance na sala de aula (CAO et al., 2013). Fonte: Elaborado pelo autor (2016). 43 2.4 MÍDIA SOCIAL E PERFORMANCE ORGANIZACIONAL Dados de uma pesquisa3 realizada pelo Altimer Group e Wetpaint para a revista Business Week com as 100 empresas mais valiosas ao redor do globo mostraram que os empreendimentos que investem em mídias sociais apresentam melhores resultados financeiros. Em média, empresas que investiram em mídias sociais cresceram 18% em um ano, enquanto aquelas que investiram pouco nas redes tiveram queda de 6%, em média, em suas receitas no mesmo período. Por meio de um estudo realizado com seis grandes empresas da Malásia, Parveen et al., (2015), foram investigados os vários propósitos de uso das mídias sociais pelas organizações e o seu impacto na performance organizacional. O Quadro 3 sintetiza as principais descobertas. 3 Disponível em <http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI124097-17171,00AS+VANTAGENS+DO+USO+DE+REDES+SOCIAIS+NAS+EMPRESAS.html> Acesso em: 24 fev. 2016 44 Quadro 3 – Mídias sociais e performance organizacional Questões de pesquisa Descobertas As organizações utilizam mídias sociais para vários propósitos como: Pesquisa e compartilhamento de informações Gestão de marcas Promoção e propaganda Com quais propósitos as Realizar pesquisas de mercado organizações utilizam Obter novos clientes mídias sociais? Obter referências Desenvolver relacionamento com os clientes Comunicar-se com os clientes Atividades de atendimento ao cliente Receber feedback dos clientes O uso de mídias sociais tem melhorado a performance organizacional nas seguintes áreas: De que forma o uso das Melhoria do atendimento e o relacionamento com o cliente mídias sociais impactam a Redução de custo (marketing, atendimento ao cliente) performance Melhoria da acessibilidade e compartilhamento de informações organizacional? Melhoria da visibilidade da marca Geração de receita Vantagem competitiva Fonte: PARVEEN et al., (2015). Por meio do estudo em questão, os autores concluíram que apesar de ser um fenômeno novo, a adoção corporativa de mídias sociais já está evidenciando grandes benefícios. Entretanto, ao mesmo tempo, as ferramentas de redes sociais também podem trazer riscos legais, riscos de divulgação e riscos regulatórios, além do desperdício de tempo das pessoas. Em função dessas questões, algumas das organizações ainda permanecem confusas sobre a decisão de adotá-las ou não (PARVEEN et al., 2015). Mitic e Kapoulas (2012) também evidenciaram o receio dos bancos com a falta de normas de segurança e padrões em mídia social. Os bancos mais conservadores permanecem céticos diante da mídia social, afirmando preocupações com a privacidade das informações, perda de controle sobre dados e possíveis implicações 45 negativas na imagem corporativa em função do engajamento na Web 2.0. A característica de entretenimento das populares redes sociais muitas vezes se choca com a natureza “séria” dos negócios bancários, e assim o marketing por meio de mídia social pode ser uma estratégia arriscada nos esforços para estabelecer relacionamentos com clientes. 2.4 MODELOS DE IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS SOCIAIS Antes de uma organização iniciar um processo de implementação de estratégias de mídia social, ela precisa de um modelo para executá-las internamente (KIETZMANN et al., 2011). Devido ao nível inicial da mídia social no mundo corporativo, poucos estudos têm investigado os modelos de implementação e gestão de tais ferramentas (CHIKANDIWA et al., 2013). Esta subseção objetiva apresentar uma revisão literária sobre os principais modelos de implementação e gestão de mídias sociais. 2.5.1 Modelos de implementação de mídia social Um número razoável de modelos de implementação tem sido proposto por profissionais e especialistas em mídias sociais. De acordo com Chikandiwa et al., (2013), estudos científicos abrangentes com o objetivo de investigar a efetividade desse modelo não têm sido conduzidos no meio acadêmico. De forma geral, todos os modelos de implementação de mídia social possuem quatro estágios: 1) observação, 2) preparação, 3) participação e 4) integração (PICK, 2011). As principais diferenças nos modelos são questões relacionadas a priorização organizacional em relação aos seus objetivos estratégicos ou o público que elas buscam engajar, e se a organização considera seus concorrentes ou não. Para fins de investigação do presente trabalho, considerou-se os modelos de implementação propostos por Chikandiwa et al., (2013) por meio dos quais foram identificados três tipos de categorias: priorização do público alvo, priorização dos objetivos e estratégias da organização e equilíbrio entre público 46 alvo e objetivos estratégicos. Os detalhes de cada modelo estão especificados a seguir: a) Modelos de priorização do público alvo: dois modelos foram definidos. O primeiro deles, POST (BERNOFF, 2007) é um acrônimo em inglês das palavras pessoas, objetivos, estratégias e tecnologias. No aspecto das pessoas o modelo defende que uma organização que busca adotar mídia social precisa primeiro entender o tipo de clientes que elas possuem e as expectativas em relação a esses. Já os objetivos declaram que a organização precisa conhecer o que ela busca alcançar ao adotar a mídia social. As razões que justifiquem a adoção de uma gama de mídias sociais, possibilitando o cliente a gerar mais conhecimento, branding, desenvolvimento de produto, criação de uma plataforma para escutar o consumidor para ganhar mais compreensão. O aspecto da estratégia salienta a necessidade de uma estratégia de mídia social, propiciando uma clara definição sobre o que a empresa quer ganhar. Já a tecnologia explora quais tecnologias serão utilizadas. O segundo modelo, ACCESS (SAFKO; BRAKE, 2009), é um acrônimo em inglês das palavras público, conceito, competição, execução, mídia social e viabilidade de vendas. Tal modelo afirma que depois de se entender o público, a organização precisa definir o conceito que ela quer utilizar com a comunicação/geração de conteúdo para uma audiência específica. Ao contrário do modelo POST, o modelo ACESS aumenta os aspectos da competição. O foco não deve ser nas ferramentas que elas utilizam, mas sim no propósito do que é a mídia social e o que ela serve para a organização e para seus clientes atuais e potenciais. O aspecto de execução da mídia social (ferramentas) desse modelo lida com o desenvolvimento das estratégias de mídia social e da seleção das ferramentas a serem utilizadas. b) Modelos de priorização dos objetivos estratégicos: dois modelos foram definidos pelo autor. O primeiro deles, OASIS (MASON, 2008) acrônimo em inglês de objetivos, público, estratégia, implementação e suficiência. Tal modelo defende que, ao adotar as mídias sociais, a empresa deve dar prioridade aos seus objetivos organizacionais e não aos clientes. O aspecto de implementação salienta a importância de se ter cuidadosamente um 47 plano de realização contendo a estratégia desenvolvida. Ele abrange as tecnologias que são capazes de se utilizar na implementação. A fase de suficiência lida sobre como a organização irá manter-se atualizada e melhorar suas estratégias de mídia social. O segundo modelo chamado modelo de estratégia social (KERKHOFS et al., 2011) enfatiza a necessidade de preparar internamente a organização para aceitar as iniciativas de mídia social, o que envolve os produtos, serviços, e estratégias internas da organização as quais estão enraizadas na cultura organizacional da empresa. Tal modelo consiste em nove passos sequenciais para adoção de mídia social a saber: fundamentação, problema, objetivos, alvo, opção estratégica, seleção de canal, ir/não ir em tempo, implementação e gerenciamento e mensuração dos passos. A fase de fundamentação estabelece a exata posição da empresa no mercado. Já a fase do problema lida com as preocupações oriundas da adoção das mídias sociais. As fases seguintes são mais como o modelo OASIS, exceto pela fase de ir/não ir em tempo o qual surge após a seleção de ferramentas a serem utilizadas. c) Modelo de equilíbrio entre público alvo e objetivos estratégicos: o único modelo conhecido nessa categoria é o Modelo de Estratégia de Mídia Social (DAWSON, 2009), o qual traz uma abordagem mais ágil da adoção de mídia social. A primeira fase descrita pelo mesmo é a de aprendizagem por meio da qual são envolvidos os stakeholders ativos na adoção de mídias familiarizando eles mesmos sobre como funciona o uso dessas ferramentas, analisando estudos de casos relevantes, interagindo com profissionais praticantes e explorando as últimas tendências. A seguir duas correntes devem ser seguidas concomitantemente: 1) Engajamento e 2) Estratégia de Desenvolvimento. A fase de Engajamento possui três sub passos os quais são: ouvir, engajar nas conversas e mensurar e aperfeiçoar. Ouvir envolve identificar e aprender monitorar mídias sociais por meio de ferramentas para descobrir o que está sendo dito sobre a organização e o mercado nas redes sociais. O resultado final da audição deve ser a identificação dos influenciadores chave. Engajar na conversação envolve participar dos diálogos juntar-se com influenciadores chaves. Medir e aperfeiçoar envolve mensurar se o engajamento da empresa tem sido bem sucedido e refinar as estratégias de mídia social. Já a Estratégia de Desenvolvimento possui 48 três sub fases: priorizar objetivos, estabelecer governança e definir atividades. 2.5.2 Modelos de gestão de mídia social De acordo com um estudo realizado por Chikandiwa et al., (2013) sobre o estágio das mídias sociais no segmento bancário da África do Sul, os modelos de gestão de mídia social podem ser classificados em duas grandes categorias. A primeira delas conceitua os modelos de gestão em consonância com os possíveis modelos estratégicos organizacionais. O Modelo de Organização Social (OWYANG; LI, 2011) mostra os diferentes modelos estratégicos dentro das quais a mídia social pode ser definida. Assim, ela pode ser centralizada, descentralizada, coordenada por eixo, múltiplos eixos ou holística: a) Centralizada: as estratégias e políticas de mídia social são oriundas de um único departamento pertencente ao alto nível na hierarquia da organização; b) Descentralizada: cada departamento possui sua própria política e estratégia de mídia social; c) Coordenada por eixo: quando existe um acordo entre os modelos Centralizada e Descentralizada. Um único departamento do nível estratégico da organização fornece o modelo tático, mas no nível da implementação há uma descentralização por meio da qual cada departamento possui seu próprio modelo de implementação dessas táticas; d) Múltiplos eixos: É mais parecido com o modelo anterior, porém dentro de cada departamento, diferentes produtos ou unidades podem ter diferentes implementações de modelos táticos definidos a nível de departamento, resultando em múltiplos eixos e raios; e) Holística: cada departamento/unidade é livre para engajar-se nas mídias sociais, porém os esforços individuais são então coordenados ao contrário do que ocorre na gestão Descentralizada. A segunda categoria considera como gestão de mídia social as diferentes fases de maturidade por meio das quais uma organização pode estar inserida no processo 49 de implementação de mídia social. Essencialmente, existem cinco modelos de gestão de mídia social nessa categoria: a) Curva de aprendizado estratégico de mídia social (SMICIKLAS, 2011): Descreve quatro estágios de maturidade. No estágio emergente a organização precisa realizar a análise SWOT na área das mídias sociais. No estágio tático a empresa precisa conhecer as ferramentas e características das mídias sociais além de assegurar-se de que possui as habilidades necessárias para implementá-las. Ainda nesse estágio, implementações experimentais precisam ser feitas e o foco necessita ser o de monitoramento de práticas. No estágio de integração a organização já estará num processo avançado de uso de mídias sociais e também deve haver uma liderança estratégica que apoia ou promove o uso de mídia social. Os objetivos estratégicos do uso de mídias sociais devem estar consoantes aos objetivos organizacionais. No estágio social a organização deverá estar aberta a adoção de uma estrutura organizacional horizontal por meio da qual os empregados são livres para utilizar as mídias sociais internamente ou externamente para se comunicar com o público. b) Curva de adoção de mídias sociais (MIXT MEDIA, 2008): consiste em seis sucessivos estágios. O estágio de aprendizado ensina a organização o que é mídia social e o que ela pode fazer com ela. No estágio de observação a empresa examina cuidadosamente o que está acontecendo no espaço de mídia social sem realizar qualquer tipo de ação. Na fase de difusão a organização começa a se envolver ativamente nas mídias sociais, mas a comunicação é apenas de mão única onde a empresa se comunica com seu público apenas. Uma mudança de mentalidade ocorre nessa fase quando a organização percebe que a mídia social não é uma ferramenta de difusão, mas sim uma maneira de se engajar com o público. No estágio de participação a empresa adota a comunicação de mão-dupla com seu público. No estágio de relacionamento a conversa inicial transforma-se em relacionamento duradouro com clientes e outros públicos da mídia social. Outra mudança de mente ocorre aqui quando a organização percebe que ela precisa não apenas desprender esforços para criar valor para si mesma, mas também para o público com o qual os relacionamentos estão sendo 50 criados. No último estágio, o colaborativo, tanto a organização quanto o público se beneficiam das interações ocorridas nas mídias sociais e ambos já estão ativamente envolvidos na criação de valor coletivo. c) Jornada de engajamento social (O’DRISCALL, 2010): este modelo foca nos passos que uma empresa precisa dar para chegar numa implementação completa de uma empresa socialmente conectada. O estágio tradicional envolve todos os departamentos a se comunicarem de forma independente com seus mercados. No estágio Dabbling in Silos um departamento ou pouco indivíduos são designados a estar ativamente envolvidos em criar consciência sobre a mídia social e construir conexões valiosas com o mercado/público. No estágio de operacionalização a organização adota a mídia social integralmente. Políticas e estratégias são formuladas. No estágio de demonstração dos resultados, o retorno do investimento (ROI) deve ser percebido. No estágio final a organização deve estar totalmente e abertamente engajada com seu público/clientes. d) Modelo de maturidade em mídia social (LUXENMBOURG, 2011): possui quatro estágios. No estágio ad hoc os empregados da organização experimentam a mídia social individualmente de maneira desestruturada. No estágio experimental a empresa inicia o processo de aceitação da mídia social e começa a explorá-la. Implementações experimentais são feitas para avaliar a experiência de aprendizado e em seguida ela as mídias sociais são adotadas para servir a organização. Nesse estágio a mídia social é adotada pela organização nos seus processos de negócio. Políticas e melhores práticas de uso são definidas. No estágio de transformação as fronteias entre a organização e o mundo exterior começam a desaparecer, transformando a empresa e seus stakeholders numa rede aberta colaborativa. 51 2.5 O PROFISSIONAL DE MÍDIAS SOCIAIS Por meio de um estudo realizado por Kwon et al., (2013), o qual investigou as qualificações necessárias para o profissional de mídias sociais. Foi evidenciado que os candidatos são contratados em função da experiência do mesmo em narrar e compartilhar histórias, ao invés das suas habilidades tecnológicas, embora tais empresas desejarem que o referido profissional seja experiente e bem informado sobre como usar as novas mídias. Apesar de serem conhecidos por Coordenador de Mídia Social, Especialista em Mídia Social ou Gerente de Mídia Social, esses profissionais estão sempre focados em promover, manter e monitorar a marca ou a imagem da organização (D'ANGELO, 2010). Uma leitura atenta aos anúncios de vaga de emprego para Coordenador de Mídia Social descobriu que funções técnicas para esta posição não são tão comuns como as funções de produção de conteúdo. Além disso, tanto a comunicação escrita quanto a comunicação oral são significantemente desejadas nos currículos de tais candidatos (D'ANGELO, 2010). No Brasil, a norma de classificação enumerativa e descritiva de atividades econômicas e profissionais é chamada de Classificação Brasileira de Ocupações – CBO. Trata-se de documento que reconhece e classifica as ocupações do mercado brasileiro, organizadas e descritas por famílias (BRASIL, 2016). As duas principais versões são a CBO 94 e a CBO 2002, sendo esta última a que está atualmente em vigor. Por meio de consulta ao referido documento, não foi encontrado a profissão de Coordenador de Mídia Social, Especialista em Mídia Social ou Gerente de Mídia Social, fato que comprova que tal profissão ainda não é regulamentada. 52 3. METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA Para a classificação dessa pesquisa, tomou-se como base a taxonomia apresentada por Vergara (2014), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa é do tipo exploratória e aplicada. Exploratória porque, embora as mídias sociais tenham sido alvo de pesquisas em diversas áreas de investigação, evidencia-se por meio da literatura que o fenômeno da mídia social ainda foi pouco explorado no meio acadêmico (NGAI et al., 2015). Aplicada, porque ela é fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver um problema concreto que é o de investigar o uso das mídias sociais no segmento bancário brasileiro. Quanto aos meios, a pesquisa realizada é de campo uma vez que foi realizada coleta de dados por meio de um questionário aplicado junto as instituições bancárias do Brasil as quais evidenciam algum nível de engajamento com os seus consumidores em relação à comunicação por meio de mídias sociais, assim como aspectos relacionados a sua implementação e gestão. 3.2 FONTES DE PESQUISA O referencial teórico foi pesquisado considerando os estudos realizados nos últimos 7 (sete) anos sobre mídias sociais e publicados por meio de artigos nos principais periódicos que tratam sobre Ciências Sociais e Gestão/Administração. A escolha por esse método foi motivada pela qualidade dos trabalhos disponibilizados, além do fato de que os artigos analisados representam significativos avanços nas investigações de que tratam (NGAI; WAT, 2002). As consultas foram feitas na biblioteca virtual da CAPES - Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 53 (http://www.periodicos.capes.gov.br), que disponibiliza a produção científica nacional e internacional. O processo de busca foi realizado com a utilização de expressões chaves em português e inglês relacionadas a mídias sociais como “mídias sociais”’/”social media”, “aplicações de mídias sociais”/“social media applications”, “tecnologias de mídias sociais”/”social media technology” e “setor bancário”/”sector bank”. Os artigos selecionados foram então estudados individualmente para determinar a aderência das pesquisas em relação ao tema em estudo. 3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA De acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN)4, existem atualmente 148 bancos no Brasil, tanto de capital privado quanto de capital público, e de diversos tipos (múltiplo, comercial e caixa). Entretanto, apenas 5 instituições financeiras detêm mais de 80% dos ativos bancários no país5, a saber: Banco do Brasil, Itaú-Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander. Todas essas organizações obtiveram a certificação socially devoted da Socialbakers no segundo trimestre de 2015, conforme já descrito na Tabela 1, p. 20. Segundo Vergara (2014), para fins de estatística, o termo população não significa o número de habitantes de um local, como é largamente conhecido o termo, mas um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características que serão objeto de estudo. Assim a população amostral ou amostra é uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério de representatividade. Para realização da pesquisa, foi adotado o método de amostragem não probabilístico, sendo considerado os critérios de acessibilidade e tipicidade. O primeiro independe de qualquer procedimento estatístico e seus elementos são selecionados pela facilidade de acesso. Já, o segundo, é constituído pela seleção de 4 Disponível em <http://www.buscabanco.org.br/AgenciasBancos.asp> Acesso em: 21 fev. 2016. Disponível em <http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/08/concentracao-aumenta-e-5-bancos-jadetem-mais-de-80-dos-ativos-no-pais.html> Acesso em: 21 fev. 2016. 5 54 elementos que o pesquisador considere representativos da população alvo, o que requer profundo conhecimento dessa população (VERGARA, 2014). O processo de definição da população foi realizado em duas etapas. Na primeira delas, o autor optou por escolher como referência a rede social Facebook, já que tal plataforma é considerada líder global e talvez o mais importante ativo para os gestores de mídias sociais6 (SOCIALBAKERS, 2016). Dessa forma, inicialmente, verificou-se quais bancos possuíam perfil corporativo oficial na rede social em questão e, após análise, o número total encontrado foi de 20 instituições. Já na segunda etapa, foi analisado se na página do Facebook dessas organizações constavam evidências de interações, ou seja, questionamentos ou comentários dos usuários seguido de respectivas respostas das instituições em questão. Um total de 11 bancos foi contabilizado, a saber: Bonsucesso, Bradesco, Citibank, Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Banrisul, Itaú, HSBC, Votorantim, Caixa Econômica Federal e Santander. O contato inicial do autor com os 11 bancos selecionados se deu através do próprio perfil oficial do Facebook dos respectivos bancos, por meio do qual foi solicitado a viabilidade de realização das entrevistas, presencialmente ou por e-mail. 3.4 PRE-TESTE DO QUESTIONÁRIO A fase de pré-teste do questionário ocorreu no período entre o dia 07 e o dia 13 de abril de 2016. Esta fase teve como objetivo verificar a adequação das perguntas, das escalas de resposta, da respectiva organização do questionário, do quantitativo de perguntas elaboradas, do tempo médio necessário para inclusão das respostas, bem como da coesão e clareza das perguntas. Para o alcance desse objetivo, foi solicitado a colaboração no preenchimento do questionário aos responsáveis pela área de comunicação institucional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Trata-se do departamento o qual na ocasião era o responsável pela gestão de mídias sociais daquela organização. Dessa forma, apesar da empresa em questão não tratar-se de uma instituição bancária, foram 6 Disponível em <http://www.socialbakers.com/statistics/facebook/> Acesso em: 21 fev. 2016 55 considerados para a escolha dos Correios os mesmos parâmetros elencados para a definição da população da pesquisa, a saber: a existência de perfil corporativo na rede social Facebook, assim como a observância de interações com os consumidores por meio desse canal. Nesse sentido foi então enviado para a empresa em questão, um e-mail contendo a Carta Apresentação (ver Apêndice B), e também o respectivo link da pesquisa elaborada previamente por meio do site comercial SurveyMonkey. A colaboração dos responsáveis durante esta fase de pré-teste foi fundamental visto que se tratava da primeira oportunidade para auscultar a opinião de pessoas cuja atividade profissional estava de algum modo relacionada com a gestão de mídia social. No que se refere ao questionário em si, importa registar que foram assinaladas pelo respondente algumas observações referentes aos seguintes pontos: sugestão de indicadores, periodicidade do conteúdo publicado nas mídias, formação dos profissionais e tamanho da equipe, bem como o tratamento dado aos usuários responsáveis por comentários negativos, conhecidos pelo nome de haters. Nesta fase, procurou-se recolher o maior número de informações possíveis dada a sua extrema importância em todo o processo. 3.5 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS Considerando a necessidade de respostas aos objetivos específicos do presente trabalho e ainda que, segundo Collis e Hussey (2009), os métodos de obtenção de dados mais utilizados nos estudos são o questionário e a entrevista. Nesse contexto, optou-se pela adoção do questionário enquanto técnica para obtenção de dados tendo em vista ser este um método testado e muito utilizado nos estudos empíricos da literatura analisada (MANGOLD; FAULDS, 2009). A versão final revisada do instrumento de coleta de dados (Apêndice C) foi disponibilizado via online a partir do dia 20 de abril de 2016 e esteve disponível para resposta até o dia 23 de maio de 2016. O e-mail das instituições selecionadas para a pesquisa foi obtido por meio da própria rede social Facebook de cada um dos bancos. Por meio desse correio eletrônico, foram enviadas a Carta Apresentação (Apêndice B) juntamente com o link da pesquisa elaborada previamente por meio do site comercial SurveyMonkey. 56 3.6 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS O questionário aplicado junto às instituições bancárias foi composto por 25 (vinte e cinco) questões sendo que 10 (dez) são perguntas abertas, 9 (nove) questões de múltipla escolha contendo respostas objetivas e outras 6 (seis) questões contendo, nas opções de resposta. Algumas sentenças baseadas nos estudos sobre mídias sociais por meio das quais o respondente deveria informar o seu grau de concordância com as referidas proposições. Para tratamento das questões compostas por perguntas em aberto foi utilizada a metodologia de análise de conteúdo. Segundo Bardin (1977), a análise de conteúdo pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e recepção destas mensagens. Caracteriza-se, assim, como um método de tratamento da informação contida nas mensagens. Para a análise de conteúdo, o analista trabalha com palavras que, isoladas, podem atribuir relações com a mensagem ou possibilitar que se faça inferência de conhecimento a partir da mensagem. São, dessa maneira, estabelecidas correspondências entre as estruturas linguísticas ou semânticas e as estruturas psicológicas ou sociológicas dos enunciados. A leitura do pesquisador responsável pela análise não é, portanto, uma leitura à letra, mas, o realçar de um sentido que se encontra em segundo plano (BARDIN, 1977). Já o tratamento das questões que apresentavam nas respostas algumas sentenças com base nas descobertas sobre mídias sociais, a metodologia utilizada foi a Escala Likert de cinco pontos, cujas opções de respostas foram assim distribuídas: discordo totalmente, discordo parcialmente, não concordo e nem discordo, concordo parcialmente e concordo totalmente. De acordo com Wakita et al., (2012) a escala Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente em questionários, e é a escala mais usada em pesquisas de opinião. Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, o respondente especifica seu nível de concordância com uma afirmação. Para essa escala assume-se que se as distâncias psicológicas entre as categorias são iguais, a escala irá fornecer medidas exatas do 57 traço psicológico a ser avaliado. Esta hipótese é o fator mais importante na escala Likert. Para representar as respostas da escala Likert, foram utilizados gráficos de barras divergentes empilhadas. Dessa forma, os percentuais de respondentes que concordam com a afirmação são mostrados do lado direito da linha zero; já os percentuais que discordam são elencados do lado esquerdo. Os percentuais de respondentes que nem concordam e nem discordam são divididos ao centro por meio de uma cor neutra. A categoria neutra é omitida quando a escala possui um número par de escolhas. As categorias dentro de cada setor são ordenadas em percentuais de concordância ou discordância. De acordo com Robbins e Heiberger (2011) é difícil comparar quantidades sem uma linha de base comum. Nessa situação o interesse essencial está no percentual total do lado direito ou esquerdo da linha zero. Além das técnicas para análise individual de cada questão, foi realizada uma análise sistêmica das respostas informadas pelas instituições investigadas, também foi elaborado um quadro geral contendo todo os resultados. Por meio desse levantamento total foi possível traçar as características individuais de cada banco e dessa forma ao se comparar as várias respostas encontradas, tornou-se mais exequível o processo de inferência de determinadas descobertas. 58 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas seções seguintes são apresentados e discutidos os resultados obtidos. Inicialmente, é demonstrado a caracterização da população, seguida pela ilustração dos modelos de gestão e implementação de mídia social mais utilizados e, também, as motivações pelo uso desse tipo de mídia. Posteriormente, são listadas as ferramentas de mídia social adotadas pelas organizações bancárias e os respectivos motivos para a escolha das mesmas. Ainda, neste capítulo, são elencadas as principais vantagens e desvantagens de adoção das mídias sociais e também as suas principais aplicações nas áreas de marketing, gerenciamento de relacionamento com o cliente e compartilhamento do conhecimento. Demais aspectos relacionados a gestão de conteúdo e indicadores também são abordados para melhor compreensão da análise. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO Foram selecionados e enviados questionários para as 11 instituições. Obtevese um retorno total de 5 os quais foram considerados válidos uma vez que estavam totalmente preenchidos, o que corresponde a 45% da população inicialmente definida. Ressalta-se ainda que o total de bancos que responderam à pesquisa representam juntos 56% em volume de ativos dentre todas as instituições bancárias no país, de acordo com dados do Banco Central do Brasil7. 4.1.1 Perfil das Instituições Bancárias Dentre os tipos de instituições bancárias houve a predominância do setor público, com 60% do total. 7 Disponível em <http://www4.bcb.gov.br/fis/TOP50/port/Top50P.asp> Acesso em: 14 fev. 2016 59 No que diz respeito ao número de clientes de cada instituição bancária respondente da pesquisa, registrou-se que 3 dos bancos possuem mais de 30 milhões de clientes. Os demais bancos investigados evidenciaram ter clientes na faixa de 1 até 5 milhões, conforme Quadro 4. Quadro 4 – Quantidade de clientes Nome do Banco Quantidade de clientes Tipo de Banco Banco A Acima de 30 milhões Privado Banco B Acima de 30 milhões Público Banco C Acima de 30 milhões Público Banco D Entre 1 e 5 milhões Privado Banco E Entre 1 e 5 milhões Público 4.1.2 Cargo/função do participante Na ocasião do envio do questionário de pesquisa para os bancos, foi solicitado que as respostas deveriam ser fornecidas pelo gestor de mídias sociais. Conforme descritivo do Quadro 5, não se observou semelhanças entre os termos utilizados para definição dos cargos dos respondentes. Essa situação pode significar que existe ainda alguma indefinição, quanto a designação funcional do gestor responsável pela gestão de mídias sociais nas empresas bancárias. Quadro 5 – Cargo/função do respondente Nome do Banco Cargo/função do respondente Banco A Gerente de Redes Sociais, UX e Comunicação Banco B Assessor Banco C Assistente Executivo Junior Banco D Analista de Comunicação Banco E Gestor de Mídias Sociais 4.1.3 Experiência com mídias sociais A pesquisa mapeou o tempo de experiência do respondente na área de mídias sociais. Conforme a Figura 2, foi evidenciado que 40% dos participantes possuem 10 60 anos de experiência nessa área. Apenas um deles declarou ter pelo menos 6 anos de prática com mídias sociais, sendo que o menor tempo relatado foi de 2 anos. Figura 1 – Experiência com Mídias Sociais BANCO A BANCO E BANCO D BANCO C BANCO B 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Anos de experiência Fonte: Elaborado pelo autor (2016). 4.1.4 Setor responsável pela gestão de mídias A pesquisa também objetivou identificar a área ou o setor responsável pela gestão de mídias sociais da instituição bancária respondente. Conforme pode-se observar na Quadro 6, foi evidenciado alguma semelhança existente entre os vocábulos utilizados para definir os setores em questão. Os termos relacionados a Comunicação ou Marketing aparecem em 60% das respostas. Já a menção do termo Digital (Negócios Digitais ou Canais Digitais) são encontrados nas demais 40% das respostas. Quadro 6 – Setor responsável pela gestão de mídias sociais Nome do Banco Setor responsável pela gestão de mídias sociais Banco A Canais Digitais Banco B Diretoria de Negócios Digitais Banco C Marketing/Publicidade e Propaganda Banco D Comunicação e Marketing Banco E Assessoria de Comunicação 61 Neill e Moody (2015) elaboraram um estudo com 290 universitários de 4 (quatro) universidades do Centro-Oeste e do Sudeste dos Estados Unidos cujo objetivo era examinar as funções estratégicas associadas ao gerenciamento de mídias sociais através da teoria dos papéis. Quando os entrevistados foram questionados sobre qual departamento de sua organização é o principal responsável pelo gerenciamento de mídia social, 50% informou ser o Departamento de Comunicação e outros 29% relataram ser o Departamento de Marketing. Um pequeno percentual de 10% mencionou em suas respostas os termos: Jurídico, Operações, Digital ou Equipe Web. Assim, observa-se que tal estudo está alinhado aos resultados desta pesquisa. 4.1.5 Número de colaboradores responsáveis pela gestão de mídias sociais A pesquisa objetivou investigar a quantidade de colaboradores necessários para atuar diretamente e regularmente com a gestão de mídias sociais. Conforme o Quadro 7, do total de respondentes pesquisados, três informaram que a equipe é formada por 15 até 20 colaboradores. Já os demais bancos relataram que possuem até 3 colaboradores. Quadro 7 – Quantidade de colaboradores Nome do Banco Quantidade de colaboradores Quantidade de clientes Banco A 15 a 20 colaboradores Acima de 30 milhões Banco B 15 a 20 colaboradores Acima de 30 milhões Banco C 15 a 20 colaboradores Acima de 30 milhões Banco D Até 3 colaboradores Entre 1 e 5 milhões Banco E Até 3 colaboradores Entre 1 e 5 milhões Sob o pressuposto de que o número de colaboradores necessários para atuação direta com as mídias sociais possui relação direta com o número de clientes da respectiva instituição bancária, foi realizada um cruzamento de dados dessas duas variáveis. O resultado dessa análise evidencia que os bancos que possuem entre 1 e 62 5 milhões de clientes disponibilizam até 3 colaboradores para gerir os processos relacionados às mídias sociais. Já os bancos que possuem mais de 30 milhões de clientes utilizam entre 15 e 20 funcionários. 4.1.6 Ano de adoção da primeira mídia social A pesquisa identificou qual foi o ano inicial de adoção da primeira mídia social junto às instituições bancárias. Como mostra o Quadro 8 é possível notar que no ano de 2011 pelo menos três bancos implementaram pela primeira vez algum tipo de mídia social. Tal dado denota que, pelo menos no segmento bancário, a utilização de mídia social é relativamente recente já que quatro dos cinco bancos analisados, iniciaram o uso a partir de 2010. Quadro 8 – Ano de adoção da primeira mídia social Nome do Banco Ano de adoção da primeira mídia social Banco A 2004 Banco D 2010 Banco B 2011 Banco C 2011 Banco E 2011 No ano de 2004 ocorreu a criação da rede social Facebook, plataforma considerada líder global e talvez o mais importante ativo para os gestores de mídias sociais8 (SOCIALBAKERS, 2016). Por meio do Quadro 8 é possível constatar que o Banco A, nesse mesmo período, adotou sua primeira mídia social, fato que evidencia o pioneirismo dessa instituição em relação às suas estratégias de atuação no mercado digital. Os resultados evidenciados nessa questão corroboram com pesquisa elaborada por Guerra (2015) com 138 grandes empresas portuguesas pertencentes à diversos setores da economia cujo objetivo era caracterizar à implementação de mídias sociais naquele país. Através dessa investigação o autor descobriu que o ano 8 Disponível em <http://www.socialbakers.com/statistics/facebook/> Acesso em: 21 fev. 2016 63 de 2010 registrou o maior nível de adoção de mídias sociais entre as organizações pesquisadas. 4.1.7 Perfil dos profissionais gestores de mídias sociais No que concerne ao perfil dos profissionais responsáveis por assegurar o monitoramento de mídias sociais, conforme o Quadro 9, um total de três bancos utilizam colaboradores técnicos recrutados no mercado com formação específica para este propósito. Um banco realiza tais atividades por meio de Agências de Publicidade, e ainda outra instituição utiliza a mão de obra de colaboradores técnicos internos que receberam formação específica ou que foram recolocados. Quadro 9 – Perfil do profissional Nome do Banco Perfil dos profissionais Ano de adoção da primeira midia social Banco A Técnicos do banco internos que receberam formação ou foram recolocados 2004 Banco B Agência de publicidade 2011 Banco C Técnicos recrutados no mercado com formação específica para este propósito Técnicos recrutados no mercado com formação específica para este propósito Técnicos recrutados no mercado com formação específica para este propósito Banco D Banco E 2011 2010 2011 Tais dados não apresentaram qualquer semelhança em relação às variáveis pesquisadas a saber: a quantidade de clientes da instituição, o número de colaboradores ou mesmo o tipo do banco investigado. Todavia, observou-se que o Banco A foi o único que optou por definir o perfil dos colaboradores que atuam com o monitoramento de mídias sociais, com base no público interno por meio de recolocação profissional ou mesmo de formação específica desses colaboradores. Ao mesmo tempo, quando se observa o ano de adoção da primeira mídia social do banco em questão, percebe-se que se trata do banco com maior experiência em mídias sociais. Por meio dessa análise, é possível inferir que no ano de 2004 o mercado ainda 64 não dispunha de profissionais com formação específica em monitoramento de mídias sociais, fato que possivelmente começou a mudar a partir de 2010. 4.1.8 Motivação para adoção de mídias sociais A pesquisa propôs investigar quais as principais motivações levaram os bancos a adotarem os mais diversos tipos de mídias sociais. De acordo com o Quadro 10, a palavra “relacionamento” foi a que mais constou nas respostas recebidas em relação a essa questão aberta, sendo evidenciada em quatro dos cinco bancos analisados. Todavia, é possível notar majoritariamente nos resultados outras expressões com esse mesmo sentido, a saber: atendimento, fidelização e interação. Por meio dessa questão foi também possível perceber a preocupação das instituições bancárias em estar presente no ambiente onde seus clientes estão, não só para prestar atendimento, mas também para identificar o que está sendo dito sobre a marca do banco. Quadro 10 – Motivações para adoção de mídias sociais Nome do Banco Motivação pelo uso Banco A Relacionamento, atendimento, pesquisa e negócios. Banco B Atender as demandas dos clientes nos canais em que eles estavam/estão. Em um primeiro momento, por ocasião de uma campanha específica. Atualmente, por entendermos se tratar de um canal de estreitamento do relacionamento com o cliente, fortalecendo o branding e humanizando a marca. Interagir com os clientes e identificar o que estavam falando da marca no ambiente digital. Relacionamento digital, fidelização, acompanhamento de tendências e mercado. Banco C Banco D Banco E Construir e manter bons relacionamentos por meio de mídias sociais com os clientes é considerado por You e Go (2016) um componente fundamental na comunicação bidirecional das organizações. Sobre esse aspecto, Killian e McManus (2015) ressaltam ainda que, embora as vezes seja complicado, criar e manter relacionamentos com os usuários de mídia social, pode ser altamente recompensador. A maioria dos usuários que são atraídos pelas empresas ou marcas presentes nessas mídias tem algum mínimo de interesse na companhia e em suas ofertas. Entender o 65 desejo dos consumidores através dessa conexão e do seu conteúdo é um fator relevante que facilita de forma profunda relacionamentos de longo prazo. Os resultados evidenciados nessa questão vão ao encontro também da pesquisa realizada por Parveen et al., (2015) junto a seis empresas da Malásia que utilizam mídias sociais. Por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com gerentes das empresas em questão, a investigação descobriu que aspectos relacionados ao relacionamento com o cliente foram os que mais constaram nas respostas relativas à pergunta que abordou qual era o principal propósito da organização em relação à utilização das mídias sociais. 4.2 MODELOS DE GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE MÍDIAS SOCIAIS Alinhada ao objetivo do trabalho de investigar os principais modelos de gestão e implementação de mídias sociais, a pesquisa verificou o principal modelo de gestão de mídias sociais utilizado pelos bancos. As respostas foram devidamente elencadas e precedidas de um pequeno texto resumo para melhor entendimento. O Quadro 11 evidenciou que quatro instituições utilizam como modelo a forma de Gestão Centralizada, por meio da qual as estratégias e políticas de mídia social são oriundas de um único departamento pertencente ao alto nível na hierarquia da organização. Apenas um banco afirmou utilizar o modelo de Gestão Coordenada. Através desse modelo, uma equipe multifuncional tem sua atuação de forma centralizada apoiando diversas áreas da empresa como as unidades de negócio, as equipes de produção e desenvolvimento ou mesmo regiões geográficas. Quadro 11 – Modelo de Gestão Nome do Banco Modelo de Gestão Banco A Centralizada Banco B Centralizada Banco C Coordenada Banco D Centralizada Banco E Centralizada 66 Os dados dessa questão possuem total similaridade com os resultados do trabalho de pesquisa realizado por Chikandiwa et al., (2013), que investigam a gestão de mídias sociais junto a seis bancos regionais da África do Sul. A maioria dos 28 gestores de comunicação e marketing entrevistados relataram evidências da criação de um único departamento para lidar com assuntos de mídias sociais, sendo que este setor tem o papel de ser o centro de controle junto às demais áreas da organização. De acordo com Owyang (2011), as vantagens do modelo de gestão Centralizada são a otimização da experiência do cliente, a melhor coordenação de recursos e a celeridade nas respostas às interações realizadas através das mídias sociais. Por outro lado, tal modelo pode tornar-se inautêntico a exemplo do que ocorre com os comunicados de imprensa quando são remodelados com o objetivo de divulgação em blogs ou vídeos. Em relação ao modelo de implementação de mídias sociais, o Quadro 12 mostra que quatro instituições pesquisadas priorizam o equilíbrio entre o público alvo e as estratégias da organização. Todavia, somente um banco utiliza como estratégia de implementação apenas a priorização do público alvo (usuários e clientes atuais ou potenciais). Nenhuma das empresas pesquisadas relatou que o modelo de implementação de mídias sociais prioriza apenas os objetivos estratégicos organizacionais. Quadro 12 – Modelo de implementação Nome do Banco Motivação pelo uso Banco A Prioriza o público alvo (usuários e clientes atuais ou potenciais) Banco B Prioriza o e equilíbrio entre o público alvo e as estratégias da organização Banco C Prioriza o e equilíbrio entre o público alvo e as estratégias da organização Banco D Prioriza o e equilíbrio entre o público alvo e as estratégias da organização Banco E Prioriza o e equilíbrio entre o público alvo e as estratégias da organização De acordo com Culnan et al., (2010), as estratégias de implementação de mídia social cujo foco é a construção de comunidades ao redor do cliente, são mais efetivas quando o público alvo percebe o seu poder de domínio sobre as mesmas. Dessa 67 forma, a lealdade às marcas existentes, minimiza a probabilidade de ocorrência de comentários negativos os quais seriam mais propensos se tal fidelidade não existisse. Os resultados relatados no Quadro 12 sugerem que as implementações de mídias sociais pelos bancos procuram estar alinhados com o planejamento estratégico da instituição. Apenas o Banco A não fez menção às estratégias organizacionais. Tal ocorrência pode estar relacionado com ao fato dessa empresa ter sido a pioneira na adoção de mídias sociais o que ocorreu no ano de 2004, época em que a prática de implementação de mídias sociais no mercado bancário brasileiro era pouco conhecida. 4.3 FERRAMENTAS DE MÍDIA SOCIAL A pesquisa objetivou também elencar as principais ferramentas de mídia social utilizadas pelas instituições do segmento bancário, assim como os principais aspectos que motivaram tais escolhas. Na Figura 3, a seguir, é possível identificar que todos os bancos avaliados utilizam o Facebook, o Twitter e o Youtube. A rede social Instagram aparece na segunda colocação como a ferramenta utilizada por quatro dos cinco bancos investigados. Já o LinkedIn ocupa a terceira posição sendo esta a mídia utilizada por três instituições. As mídias sociais Blog, Google+, Snapchat, Periscope e Vine foram citadas apenas uma vez por algum dos bancos pesquisados. Demais redes sociais como o Whatsapp, Viber, Telegram, Flickr, Pinterest, Second Life e Delicious não constaram nas respostas de nenhum banco investigado. 68 Figura 2 – Ferramentas de mídia social utilizadas pelos bancos Facebook 100% Twitter 100% Youtube 100% Instagram 80% LinkedIn 40% Vine 20% Periscope 20% Snapchat 20% Google+ 20% Blog 20% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Fonte: Elaborado pelo autor (2016). Os resultados encontrados nessa questão conferem com as descobertas da pesquisa realizada por Murray et al., (2014) junto à bancos varejistas da Irlanda. Nessa pesquisa, os autores evidenciaram que as ferramentas de mídia social Facebook, Twitter e Youtube são as mais utilizadas pela maioria das instituições financeiras daquele país. Nesse item de análise, cabe mencionar o relatório (BURSON-MARSTELER, 2012), publicado por uma das maiores redes globais de consultoria de comunicação corporativa, presente em 110 países que avaliou os resultados de um estudo feito com as 100 maiores empresas globais, de acordo com a classificação da revista americana Fortune. Tal estudo verificou que essas organizações utilizam pelo menos uma ferramenta de mídia social. A ferramenta de mídia social mais comum é o Twitter (82%), seguida pelo Youtube (79%) e na terceira colocação o Facebook (74%). Gamboa e Gonçalves (2014) afirmam que o Facebook é a maior rede social acessada por todas as marcas, desde as pequenas até as maiores. Chikandiwa (2013) reforça que 75% dos gestores de seis bancos da África do Sul, objetos de pesquisa naquele país, relataram que utilizam majoritariamente o Facebook, seguido do Twitter e do Youtube. 69 Esses resultados também evidenciam certa consonância com a pesquisa de Guerra (2015), realizada junto a 138 empresas portuguesas. Nesse estudo foi constatado que 92% das organizações entrevistadas utilizam o Facebook e 63% o Twitter. O LinkedIn ocupou a terceira colocação com 57% de adoção pelas empresas respondentes da pesquisa. Ainda, em relação as ferramentas de mídias sociais adotadas pelos bancos inquiridos, o Quadro 13, a seguir, apresenta uma análise considerando a quantidade de mídias adotadas por cada empresa investigada. Quadro 13 – Quantidade de mídias adotadas por banco Nome do Banco Tipo de Banco Qde. de Mídias Sociais Ano de Adoção Modelo de Implementação Banco A Privado 8 2004 Público alvo Banco D Privado 6 2010 Equilíbrio Banco B Público 5 2011 Equilíbrio Banco C Público 4 2011 Equilíbrio Banco E Público 3 2011 Equilíbrio Os dados sugerem que os bancos privados trabalham com um número maior de ferramentas quando comparados aos bancos públicos. É possível ainda notar que o Banco A possui o maior número de ferramentas de mídia social. Dissarte, pode-se inferir que, tendo em vista tratar-se do banco com maior experiência em mídias sociais desde 2004, tal fator pode ter alguma influência relativa a quantidade de mídias. Além disso, esse banco utiliza o modelo de implementação que prioriza o público alvo, o que também pode justificar a quantidade superior de mídias adotadas. Em relação às principais motivações para a adoção das mídias sociais, conforme evidenciado na Figura 4, a rede social Facebook e o microblog Twitter são igualmente utilizados por todas as empresas da pesquisa. Nesse contexto, todos os sete motivos elencados foram correlacionados como justificativas para adoção das respectivas ferramentas de mídia social. 70 Figura 3 – Motivação pela escolha da mídia social DECISÃO ESTRATÉGICA DO BANCO Decisão estratégica do banco 100% A MÍDIA SOCIAL POSSUI GRANDE NUMERO DE SEGUIDORES A mídia social possui um grande número de seguidores 100% 60% 40% 40% 20% NECESSIDADE DE DIVERSIFICAÇÃO DOS CANAIS DE MÍDIA Necessidade de diversificação dos canais de mídia 60% 60% 60% O USUÁRIO DESTA MÍDIA JÁ MENCIONAVA A MARCA/PRODUTO DO BANCO O usuário desta mídia já mencionavam a marca /produto 60% 60% 60% FACILIDADE DE OPERACIONALIZAÇÃO PELO BANCO Facilidade de operacionalização por parte do banco 60% OS CLIENTES DO BANCO DEMANDARAM DAmídia MÍDIA Os clientes do banco demandaramAa ADOÇÃO adoção da 60% A MÍDIA SOCIAL FOI APONTADA EM MERCADO A mídia social foi apontada emPESQUISA pesquisa DE de mercado 40% 0% Facebook Twitter Youtube Instagram 40% 40% 20% 20% 20% 20% 20%20% 60% 40% 60% 40% 20%20% 40% 20% 20% 20% 50% LinkedIn 100% 150% Google+ Blog 200% 250% Snapchat 300% Periscope Vine Fonte: Elaborado pelo autor (2016). De acordo com todos os bancos analisados, a motivação pela escolha do Facebook está relacionada tanto como um desdobramento do planejamento estratégico da instituição, como também pelo fato de que tal rede social possui um grande número de seguidores. Conforme dados do próprio Facebook (2016), no Brasil cerca de 99 milhões de pessoas são usuários ativos mensais da rede social, o que representa 46% da população do país. A rede fundada por Mark Zuckerberg contabiliza atualmente que 8 em cada 10 brasileiros estão cadastrados no Facebook. No mundo mais de 1,48 bilhões de pessoas já criaram uma conta nessa rede social, que já é considerada a maior do mundo (GAMBOA; GONÇALVES, 2014). Em relação ao microblog Twitter, a exemplo do Facebook, todos os motivos elencados foram apontados pelos bancos como justificativa para adoção desta ferramenta. Entretanto, as principais motivações segundo três dos inqueridos estão relacionadas à decisão estratégica do banco, à necessidade de diversificação dos canais de mídia e também ao fato de que os usuários mencionam o nome do banco ou seus produtos nessa rede. De acordo com Smith et al., (2012), por meio do 71 microblog Twitter as pessoas podem publicar (tuitar), responder e seguir posts de até 140 caracteres. As publicações chamadas de tweets geralmente solicitam ou compartilham informações, notícias, opiniões, reclamações ou detalhes sobre atividades diárias. Jansen et al., (2009) descobriu que 19% dos tweets são relacionados à marca sendo que os usuários expressam sua opinião, buscam informação ou fornecem comentários sobre as mesmas. O canal de vídeos YouTube também foi correlacionado em pelo menos 6 dos 7 motivos totais elencados na questão. Dentre os bancos investigados, três justificaram a adoção dessa mídia social por motivos relacionados a necessidade de diversificação das mídias, e também em razão dos usuários já comentarem sobre os produtos ou a marca da instituição respondente. O YouTube é uma comunidade de conteúdo fundada em 2015 a qual permite que seus usuários criem perfil pessoal através do qual é possível realizar upload de vídeos, visualizar vídeos, postar e responder comentários relativos as mídias disponíveis nesse site (SMITH et al., 2012). Em relação aos conteúdos gerados pelos usuários relacionados às marcas, de acordo com Pace (2008) tais vídeos muitas vezes apresentam comentários, manifestações, consumo criativo, unboxing (ato de desembalar novos produtos), anúncios amadores, sátiras e paródias, comunidades de marcas e cobertura de eventos relacionados às marcas. A mídia social Instagram ocupou a quarta posição dentre as ferramentas que evidenciaram um maior número proposições que motivaram a adoção pelos bancos analisados. Um total de três respondentes apontou como justificativa pela implantação dessa mídia social a necessidade de diversificação dos canais de mídia, além do fato de que os usuários já mencionavam a marca ou produto do banco por meio do Instagram. Conforme Guidry et al., (2015) o Instagram é uma plataforma de compartilhamento de vídeos e fotos assim como um canal de rede social que permite seus usuários a tirar e compartilhar fotos depois de aplicarem filtros digitais a essas imagens por meio do aplicativo próprio de celular. A influência das postagens públicas do Instagram é mensurada pelo número de comentários e do número de curtidas que as fotos e vídeos recebem dos outros usuários. Em relação às mídias sociais Linkedin, Google+ e Blogs, os motivos evidenciados foram a decisão estratégica do banco, assim como a menção dos usuários dessas ferramentas através da própria mídia. Todavia, o Snapchat, o 72 Periscope e o Vine são citadas de forma minoritária por apenas um banco com respectivo motivo relacionado à decisão estratégica. Neste último caso, trata-se do Banco A, o qual, conforme já relatado, é o que possui mais tempo de experiência com a adoção de ferramentas de mídia social. Por meio dessa análise é possível inferir que a experiência do banco citado pode ser um fator que motivou a decisão estratégica de adotar novas ferramentas de mídia social, ainda não utilizada pelos demais bancos. 4.4 PERFORMANCE ORGANIZACIONAL Outro objetivo a ser alcançado com a pesquisa foi de o de identificar as principais vantagens e desvantagens relativo a utilização das mídias sociais pelas instituições bancárias brasileiras. A Figura 5 a seguir evidencia o grau de concordância do respondente em relação às principais vantagens elencadas e citadas na literatura, utilizando-se como parâmetro a escala de avaliação Likert. 73 Figura 4 – Vantagens da mídia social -40% -20% 0% 20% 40% 40% PERMITE DIVULGAR ATIVIDADES DA EMPRESA PERMITE AUMENTAR A NOTORIEDADE DA MARCA PERMITE EFETUAR NOVOS CONTRATOS E DIVULGAR O NOME DA EMPRESA 20% 80% 20% 80% MELHORA O RELACIONAMENTO COM O CLIENTE 20% MELHORA A ACESSIBILIDADE DE INFORMAÇÕES DOS CLIENTES AUMENTA A RECEITA COM VENDA DE PRODUTOS POSSIBILITA VANTAGEM COMPETITIVA POTENCIALIZA A DIFERENCIAÇÃO DOS NEGÓCIOS 100% 100% 60% PERMITE APRESENTAR NOVOS PRODUTOS E SERVIÇOS 20% 80% 60% PERMITE A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE JUNTO AO SEU PÚBLICO REDUZ O CUSTO COM O MARKETING 60% 20% 80% 20% 40% 60% 20% 40% 60% 60% 40% 40% 20% 40% 20% 40% Discordo totalmente Discordo em partes Não concordo e nem discordo Concordo em partes Concordo totalmente Fonte: Elaborado pelo autor (2016). Dentre as vantagens elencadas, fica evidente que a afirmação “permite a construção de uma identidade junto ao seu público” foi a que obteve maior grau de concordância dos respondentes uma vez que todos os bancos investigados concordaram totalmente com tal proposição. Tsai e Men (2013) exemplificam essa questão citando o caso da Clean and Clear, empresa americana de produtos para cuidados com a pele voltado para meninas adolescentes. Por meio de postagens em sua página oficial do Facebook, são compartilhados conteúdos e realizados comentários sobre o astro pop Justin Bieber, os quais são caracterizados por tons como se fossem de uma jovem fã apaixonada, cujo objetivo é o de persuadir as seguidoras da rede social para que elas se sintam íntimas da organização em questão. 74 Outras três opções de respostas obtiveram 80% de total concordância e 20% de concordância em partes. Trata-se das afirmativas que apontam que as mídias sociais aumentam a notoriedade da marca; permite divulgar novos contatos e divulgar o nome da empresa e melhora o relacionamento com o cliente. Vries et al., (2012) comprovam que as mídias sociais constituem um excelente veículo para fomentar relacionamento com os clientes. Todavia, os resultados dessa questão apontam duas proposições que evidenciaram menor concordância pelos respondentes. A primeira delas é a que afirma que as mídias sociais reduzem o custo com o marketing. Um total de 20% discordou em partes e outros 20% disseram que não concordam e nem discordam com esta afirmação. Tal resultado não corrobora com o que discorre alguns autores como Kaplan e Haenlein (2010) os quais afirmam que as mídias sociais possibilitam as empresas a engajarem tempestiva e diretamente com os consumidores a um relativo baixo custo e com os mais elevados níveis de eficiência se comparados com os meios tradicionais de comunicação. O mesmo posicionamento é defendido por Parveen et al., (2015) o qual relata que as mídias sociais causam grandes impactos em termos de redução de custo do marketing e do relacionamento com o cliente. A segunda proposição que se destaca pela indefinição dos respondentes é a que afirma que as mídias sociais possibilitam vantagem competitiva para as organizações em relação à concorrência. Essa questão foi investigada por Singla e Durga (2015) os quais analisaram de forma sistêmica as mídias sociais no contexto da Vantagem Competitiva como proposto por Porter (1985). O resultado da pesquisa apresenta um modelo para avaliação do uso das mídias sociais, mapeando o seu uso em diferentes atividades da cadeia de valor. Todavia, não há um parecer conclusivo sobre essa questão. É recomendável a realização de trabalhos futuros para melhor investigação desse tema. Tendo sido investigado as principais vantagens da utilização das mídias sociais pelos bancos brasileiros, a pesquisa também se propôs a avaliar as desvantagens em relação a adoção de tais ferramentas. A Figura 6 evidencia o grau de concordância dos respondentes em relação às principais desvantagens elencadas com base em estudos realizados sobre o tema, utilizando-se também como parâmetro a escala de avaliação Likert. 75 Figura 5 – Desvantagens das mídias sociais -60% -40% TEMPO DESPENDIDO NA ATUALIZAÇÃO DE CONTEÚDO RECURSOS NECESSÁRIOS -20% 40% 20% RISCOS ASSOCIADOS À IMAGEM INSTITUCIONAL EXISTÊNCIA DE COMENTÁRIOS NEGATIVOS SOBRE A EMPRESA DIFICULDADES DE AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS 40% 20% 0% 20% 40% 20% 20% 20% 20% 40% 20% 40% 20% 20% 60% 80% 20% 40% 20% 40% 40% Discordo totalmente Discordo em partes Não concordo e nem discordo Concordo em partes Concordo totalmente Fonte: Elaborado pelo autor (2016). Pela observação dos dados é possível notar que, conforme a opinião e experiência dos respondentes, o grau de concordância relativo aos riscos associados a imagem institucional do banco são relativamente significativos, considerando o percentual encontrado de 80%. Essa mesma evidência também foi comprovada por meio de um estudo realizado por Mitic e Kapoulas (2012) por meio do qual foi constatado que a maioria dos bancos do varejo são céticos com a promessa da Web 2.0 de revolucionar o marketing, declarando preocupações sobre a privacidade de informações, perda de controle sobre dados e possíveis implicações negativas em relação a imagem corporativa. Tal estudo ratifica ainda a proposição dessa questão que trata da desvantagem percebida em relação a possibilidade de existência de comentários negativos sobre a empresa, item apontado por 60% das instituições analisadas. Já em relação a proposição que trata dos “recursos necessários” os resultados da pesquisa também apontam maior tendência de aprovação por 60% dos inqueridos em relação a tal afirmação, como um ponto de desvantagem no uso de mídias sociais. Conforme constatado no Quadro 7, cerca de 15 a 20 colaboradores são necessários na empresa apenas para estarem envolvidos diretamente com as atividades de gestão de mídias sociais, considerando como parâmetro uma quantidade de clientes acima de 30 milhões, como é o caso dos bancos A, B e C. Associado a esse fato, conforme 76 Quadro 5, evidencia-se também a necessidade de contratação de colaboradores externos especializados, como ocorreu historicamente com os bancos B, C, D e E. Owyang e Li (2011) reforçam que os investimentos tecnológicos para gestão de mídias sociais devem estar voltados para ferramentas de Monitoramento de Marca, Plataformas Comunitárias, Desenvolvimento de Tecnologia Customizada, Social CRM (SCRM) e Sistemas de Monitoramento de Mídias Sociais. Umas das afirmações dessa questão que evidenciou um ponto de incerteza foi a que apontou a dificuldade de avaliação dos resultados como fator de desvantagem em relação a utilização de mídias sociais. A escala Likert confirmou que 40% dos respondentes discordaram parcialmente dessa proposição, outros 40% concordaram parcialmente e ainda um banco não opinou. Sobre esse aspecto Weinberg e Pehlivan (2011) ressaltam a existência de um grau razoável de incerteza em relação à alocação dos esforços de marketing e também do orçamento em mídia social, principalmente devido ao fato da frequente demanda da alta gestão relativo ao retorno do investimento (ROI). 4.5 APLICAÇÕES DE MÍDIA SOCIAL Alinhado ao objetivo específico de identificar as aplicações de mídia social pelas organizações do segmento bancário no Brasil, a pesquisa elencou três questões para melhor investigar as principais finalidades de uso de tais ferramentas, a saber: Marketing, CRM e Compartilhamento do Conhecimento. Por meio da revisão literária, foram selecionadas proposições relativas as aplicações mais recorrentes e os respondentes por sua vez apontaram o seu grau de concordância com base na escala Likert de 5 pontos. Em relação às aplicações de mídia social no Marketing, a Figura 7 a seguir sugere de forma sistêmica um maior grau de anuência relativa as proposições informadas na questão, a exceção da afirmação que trata da acessibilidade das compras cujas respostas apresentaram moderada discordância pelos respondentes. 77 Figura 6 – Aplicação de mídia social em Marketing -60% -40% -20% 0% A MÍDIA SOCIAL AUMENTA A LEALDADE, ATRAI A CONFIANÇA E PROPORCIONA MAIOR SATISFAÇÃO DO CONSUMIDOR A MÍDIA SOCIAL INFLUENCIA A RECOMENDAÇÃO E A DECISÃO DE COMPRA O BOCA A BOCA DAS MÍDIAS SOCIAIS É MAIS EFETIVO DO QUE O BOCA A BOCA TRADICIONAL 40% 40% 20% 60% 20% 80% 20% 80% 20% A MÍDIA SOCIAL AMPLIFICA A NOTORIEDADE DA MARCA A MÍDIA SOCIAL FOI CRIADA PARA TORNAR AS COMPRAS MAIS ACESSÍVEIS 20% 60% 20% 80% 20% 80% 20% Discordo totalmente Discordo em partes Não concordo e nem discordo Concordo em partes Concordo totalmente Fonte: Elaborado pelo autor (2016). Todos os bancos investigados foram unânimes em concordar que a mídia social aumenta a lealdade, atrai a confiança e proporciona maior satisfação do consumidor. Esse mesmo resultado foi ratificado por Gamboa e Gonçalves (2014) por meio de um estudo de caso da grife de moda internacional Zara. Os pesquisadores descobriram que a rede social Facebook intensifica as relações entre o consumidor e a marca, gerando um aumento da lealdade através da confiança, satisfação do consumidor, valor percebido e engajamento. Os resultados da pesquisa revelaram que essas relações são mais fortes com os admiradores da marca do que com aqueles que não apreciam, assim como a satisfação do cliente é um determinante mais forte da lealdade pela marca. Resultado idêntico foi observado pelo grau de concordância com a proposição de que a mídia social influencia a recomendação e a decisão de compra. Um total de 80% dos respondentes concordou totalmente com tal afirmação. Tais dados vão ao encontro das descobertas de pesquisa feita por De Valck et al., (2009) por meio da qual foi examinada como a decisão de compra dos consumidores podem ser afetadas pelas suas comunicações e interações, particularmente em relação as experiências compartilhadas com outros consumidores por meio de comunidades virtuais. Os autores confirmaram que as pessoas preferem obter diferentes tipos de informações 78 de várias redes sociais e que esses laços sociais tem um significante impacto no processo de decisão de compra, incluindo necessidade de reconhecimento e avaliação pós compra. Evidenciado um resultado semelhante ao das duas proposições analisadas anteriormente, 80% dos bancos investigados também concordaram com a proposição de que a mídia social amplifica a notoriedade da marca. Essa comprovação também foi apontada por Barwise e Meehan (2010) por meio de um estudo que discutiu a importância dos elementos básicos do marketing, particularmente a construção da marca. Os autores descobriram que a mídia social amplifica a reputação da empresa quando ela entrega o que promete, e consequentemente sugere que tais organizações devem buscar os elementos básicos para desenvolvimento e entrega de uma marca atraente. Uma das proposições encontradas nessa questão investigou a efetividade do boca a boca das mídias sociais comparado ao boca a boca tradicional. A exemplo dos resultados anteriores, 80% dos inqueridos também concordaram com essa afirmação. Todavia, o nível de anuência foi menor, apenas um respondente disse concordar totalmente, ao passo que outros 20% não emitiram opinião assertiva sobre essa questão. Tal concordância vai ao encontro da pesquisa realizada por Jin e Phua (2014) com universitários dos Estados Unidos, cujo objetivo foi o de examinar os efeitos do marketing boca a boca das celebridades por meio do Twitter no comportamento do consumidor. Os resultados sugeriram que o boca a boca endossado pelas celebridades, particularmente aquelas com um grande número de seguidores, influenciou positivamente o envolvimento com o produto e a intenção de compra dos seguidores. Todavia, a proposição que investigou a concordância dos respondentes sobre a criação das mídias sociais para a acessibilidade das compras, apresentou maior grau de discordância em relação às demais. Dentre os participantes da pesquisa, 40% discordaram em partes de tal afirmação e apenas um banco não opinou sobre essa questão. Contrariamente aos resultados encontrados, pesquisa realizada por Stephen e Toubia (2010) examinou as implicações econômicas de uma rede social de vendedores em um grande marketplace9 virtual. O resultado da pesquisa evidenciou 9 Marketplace é um tipo de site de e-commerce onde produtos e serviços são fornecidos por terceiros, porém as transações são processadas pelo operador do marketplace. FORBES, 2014. 79 o valor principal da rede social está em tornar as compras mais acessíveis aos clientes do marketplace. Em relação às aplicações de mídia social no Gerenciamento do Relacionamento com o cliente - CRM, a Figura 8 sugere de forma sistêmica um maior grau de anuência relativa as proposições informadas na questão. Figura 7 – Aplicação de mídia social no Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente - CRM -30% -10% 10% A MÍDIA SOCIAL PROPORCIONA MELHOR EXPERIÊNCIA DE PÓS-VENDA AO CLIENTE 20% 20% A EMPRESA UTILIZA O CONHECIMENTO DO MEU CLIENTE OBTIDO POR MEIO DA MÍDIA SOCIAL 20% 20% 20% 20% A MÍDIA SOCIAL É UM CANAL DE ATENDIMENTO MAIS EFICIENTE DO QUE OS DEMAIS CANAIS TRADICIONAIS 30% 50% 70% 60% 20% 40% 40% 20% Discordo totalmente Discordo em partes Não concordo e nem discordo Concordo em partes Concordo totalmente Fonte: Elaborado pelo autor (2016). A primeira afirmação propôs conhecer a percepção do respondente sobre as evidências encontradas na literatura de que a mídia social proporciona melhor experiência de pós-venda ao cliente. Dentre os inqueridos, 60% informaram que concordam totalmente com tal proposição. Os resultados dessa questão comprovam pesquisa realizada por Nambisan e Watt (2010) por meio da qual os autores analisaram as experiências dos consumidores em comunidades online em relação a suas percepções relativas a qualidade de serviços, produtos e das empresas. A luz dos resultados os autores sugeriram que as empresas deveriam realçar a efetividade das suas comunidades online por meio de entrega positiva de experiências aos seus consumidores, pois tais interações modelam a percepção que os clientes constroem sobre os serviços, produtos e a marca. Outra questão investigada juntos aos bancos foi relativo a utilização do conhecimento do cliente por meio das informações obtidas através das mídias sociais. Dentre os investigados, 40% registraram concordar totalmente com tal afirmação e apenas um inquerido concordou em partes. Os resultados encontrados ratificam o estudo de caso feito por Chua e Banerjee (2013) com a rede internacional de cafés 80 Starbucks. Por meio do trabalho em questão os autores comprovaram que as mídias sociais podem ser utilizadas para transformar os consumidores de receptores passivos em ativos contribuintes de inovação de modo que estes possam estar engajados no apoio ao gerenciamento do conhecimento do cliente de diversas formas. Os bancos investigados avaliaram também a efetividade das mídias sociais enquanto um canal de atendimento aos consumidores. Mais da metade dos inqueridos concordaram de forma geral que tais ferramentas auxiliam com destaque as organizações no atendimento aos clientes atuais e potenciais. Os mesmos resultados positivos foram encontrados por Karakaya e Barnes (2010) ao identificarem o impacto da experiência de atendimento ao cliente, como um representante da opinião do consumidor, sobre a marca ou a companhia nos sites sociais. Resultados do estudo revelaram que a opinião dos consumidores postadas em tais sites da web tem um impacto positivo no engajamento dos consumidores nas atividades online, as quais resultam numa influência positiva nas suas escolhas de empresas ou marcas. Por fim, encerrando as investigações sobre as aplicações de mídia social, a última questão explora tais implicações relativas ao Compartilhamento do Conhecimento. A Figura 9 concretiza de forma sistêmica o posicionamento dos respondentes sobre as afirmações elencadas por meio de tal pergunta. Figura 8 – Aplicação de mídia social no Compartilhamento do Conhecimento -70% -50% -30% -10% 10% 30% AS MÍDIAS SOCIAIS CONTRIBUEM E FACILITAM A PARTILHA DE CONHECIMENTO REFERENTE AOS PRODUTOS DO BANCO AS INFORMAÇÕES QUE A EMPRESA DIVULGA POR MEIO DE MÍDIAS SOCIAIS POSSUEM MAIOR ALCANCE DO QUE AS MÍDIAS TRADICIONAIS A ORGANIZAÇÃO RECEBE MAIS QUESTIONAMENTOS POR MEIO DE MÍDIAS DIGITAIS DO QUE PELOS DEMAIS CANAIS DE COMUNICAÇÃO 20% 60% 40% 20% 40% 20% 50% 70% 90% 40% 40% 20% Discordo totalmente Discordo em partes Não concordo e nem discordo Concordo em partes Concordo totalmente Fonte: Elaborado pelo autor (2016). Todos os bancos investigados concordaram que as mídias sociais contribuem e facilitam a partilha do conhecimento referente aos produtos e serviços das 81 organizações inqueridas. Pelo menos 40% evidenciou total concordância em relação a essa afirmação. Essa evidência também corrobora com a pesquisa de Lipizzi et al. (2015) por meio da qual os autores acompanharam o lançamento de um produto da multinacional norte americana Apple e outro da coreana Samsung por um período de 72 horas após a divulgação, por meio de análise das informações publicadas pelos consumidores por meio do microblog Twitter. As descobertas evidenciaram as primeiras percepções e juízo de valor associadas a dois produtos altamente competitivos. Em relação as respostas da afirmação de que as informações divulgadas pelos bancos através das mídias sociais possuem mais alcance do que as mídias tradicionais, foi evidenciado que não há um consenso sobre tal proposição entre os respondentes. As opiniões de 40% das instituições concordaram em partes e outros 40% discordaram em partes. Apenas um banco não manifestou opinião. Tal cenário indica que são necessários estudos futuros no sentido de comparar a efetividade das informações por meio das mídias sociais em relação às tradicionais. Chikandiwa et al., (2013) constatou especificamente na África do Sul que os clientes bancários daquele país consomem os dois tipos de mídia, tanto a tradicional, quanto a mídia social e que em função disso os bancos varejistas não deveriam direcionar suas informações em apenas um tipo de canal, mas sim diversificar. Por fim, a última afirmação dessa questão propôs esclarecer se os questionamentos dos consumidores enviados aos bancos são direcionados majoritariamente para os canais tradicionais de atendimento, ou se através das mídias digitais. As respostas evidenciaram que 60% dos bancos discordam da afirmação de que as mídias digitais são o canal preferido dos solicitantes. Todavia, sobre essa questão Kaplan e Haelein (2014) chamam a atenção para o fato de que as mídias sociais permitem a troca de informação sobre os produtos mais facilmente nos dias atuais do que no passado. Dessa forma, a longo prazo, tal condição pode reduzir o custo de manutenção de call center em função da redução das interações dos consumidores, uma vez que os mesmos podem encontrar respostas às suas dúvidas e outras questões online, postadas por outros consumidores ao invés de contatarem as empresas diretamente. 82 4.6 GESTÃO DE CONTEÚDO Um dos objetivos específicos dessa pesquisa é o de investigar qual o tipo de tratamento é dado às informações obtidas por meio das mídias sociais, bem como as possíveis estratégias definidas tanto que no que se refere à análise das informações coletadas nas mídias sociais e seu direcionamento no âmbito da organização, como também na divulgação de informações institucionais e dos produtos e serviços da instituição bancária por meio das ferramentas de mídias sociais. Para alcance desse objetivo, uma das perguntas incluídas na pesquisa realizada junto aos bancos investigados abordou, com base na revisão literária, o grau de concordância dos respondentes sobre possíveis ações da respectiva instituição em relação ao aproveitamento ou aprendizado obtido por ocasião do monitoramento de posts e conversações ocorridos nas mídias sociais, em relação ao próprio banco ou em relação aos produtos e serviços do mesmo. A Figura 10 evidencia os resultados encontrados por meio dos quais é possível concluir que há de forma geral uma grande tendência de concordância com as respectivas proposições definidas na pesquisa. Figura 9 – Gestão de conteúdo -10% 10% 30% AO EFETUAR O MONITRAMENTO DAS POSTAGENS NAS MÍDIAS SOCIAIS O BANCO UTILIZA TAIS INFORMAÇÕES PARA MELHORAR OS PRODUTOS E SERVIÇOS 50% 70% 60% 40% AO EFETUAR O MONITRAMENTO DAS POSTAGENS NAS MÍDIAS SOCIAIS O BANCO UTILIZA TAIS INFORMAÇÕES PARA MELHORAR O SERVIÇO DE APOIO AO CLIENTE 40% 60% AO EFETUAR O MONITRAMENTO DAS POSTAGENS NAS MÍDIAS SOCIAIS O BANCO UTILIZA TAIS INFORMAÇÕES PARA MELHORAR OS PROCESSOS DE TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES 40% 60% Discordo totalmente Discordo em partes Não concordo e nem discordo Concordo em partes Concordo totalmente Fonte: Elaborado pelo autor (2016). 90% 83 A primeira afirmação questionou aos inqueridos se as informações coletadas por meio das mídias sociais são utilizadas para melhorar os produtos e os serviços do banco. Todos os respondentes concordaram com a proposição, sendo que 40% deles concordou totalmente. Tal resultado vai ao encontro das descobertas da pesquisa de Sigala (2012) a qual, por meio do estudo de caso da rede social My Starbucks Idea foi comprovado que por meio das interações, diálogos e discussões entre consumidores através das mídias sociais, é possível que seja revelado valiosas ideias para as organizações, a saber: como a ideia de um novo serviço pode ser gerado e formulado, o que um novo serviço pode representar para o cliente e como ele pode ser usado, como e se esse novo serviço pode ou não ser adaptado/utilizado por outras pessoas, e de que forma a ideia desse serviço pode ser futuramente revisada e enriquecida por outros consumidores. A proposição seguinte também obteve a aprovação de todos os respondentes, sendo que neste caso o percentual de concordância total aumentou para 60%. Por meio de tal resultado a questão comprovou que as instituições bancárias investigadas utilizam as informações coletadas nas mídias sociais para melhorar o serviço de apoio ao cliente. Esses dados reforçam as descobertas de Misopoulos et al., (2014) constatadas em estudo feito por meio de análise de informações postadas no Twitter por clientes de quatro companhias aéreas da Europa. Tal pesquisa identificou áreas de atendimento ao cliente com grandes indícios de insatisfação como questões de usabilidade da web site das companhias, além de atrasos nos voos e perda de bagagem. O mesmo resultado percentual de concordância, com favorabilidade total de 60% foi também obtido pela terceira afirmação, por meio da qual constatou-se que o monitoramento das postagens realizadas pelos usuários das mídias sociais dos bancos constitui-se de subsídio para melhoria dos processos de tratamento das informações no âmbito da organização. Essa constatação também foi feita por Chua e Banerjee (2013) os quais evidenciaram também que os comentários feitos nas mídias sociais auxiliam as mais diversas áreas das empresas no tratamento e disponibilização de informações. Ainda investigando questões relacionadas a gestão de conteúdo, foi solicitado ao participante da pesquisa que o mesmo descrevesse sobre as principais estratégias definidas pela respectiva organização em relação à divulgação de conteúdo por meio 84 das mídias sociais. As respostas informadas por meio da questão aberta foram relacionadas no Quadro 14. Quadro 14 – Estratégias de divulgação de conteúdo Nome do Banco Banco A Banco B Estratégias de divulgação de conteúdo Não há periodicidade definida, cada conteúdo é trabalhado e ativado para uma segmentação que foi estudada do ponto de vista de cluster e de linguagem. Equilíbrio entre estratégia e público alvo. Há uma periodicidade definida, com uma pauta pré-definida que engloba Banco C conteúdo de campanhas de publicidade, posts sazonais, coleções de conteúdo com aderência estratégica e posts de oportunidade. Banco D Banco E Semanal. Periodicidade, estratégia de conteúdo focado na relevância para o cliente, imagem institucional. Pela análise dos dados é possível constatar que de forma geral não existe uma periodicidade padrão definida para divulgação de conteúdo por meio das mídias sociais. Os bancos B e E relataram que os mesmos trabalham com periodicidade, entretanto não informaram qual seria. Já o banco D informou trabalhar com periodicidade semanal, diferente do banco A o qual alegou não haver periodicidade definida. As respostas evidenciam ainda uma certa ocorrência de palavras que sugerem uma preocupação dos bancos em relação ao público alvo, a exemplo do banco E o qual relatou que o foco do conteúdo é o cliente, e também o banco A o qual inclusive segmenta os conteúdos publicados por meio das mídias sociais. Entretanto as respostas também elencam elementos que traduzem a preocupação com as questões estratégicas das instituições respondentes, como o banco E o qual informou a expressão imagem institucional, o banco C que utilizou a expressão aderência estratégica, e também o banco B que mencionou o equilíbrio entre a estratégia e o público alvo. Com menor frequência, as respostas evidenciaram questões relacionadas aos posts de oportunidades, e também a linguagem utilizada por ocasião da publicação dos conteúdos através das mídias sociais. Sobre este último ponto, Berthon et al., (2012) ressalta que umas das maiores barreiras de implantação das estratégias de 85 mídia social está na linguagem utilizada pelas organizações por ocasião da publicação de conteúdo. O autor complementa que os profissionais de marketing precisam mais ouvir os usuários das mídias sociais do que proclamarem anúncios por meio delas, precisam aprender a se engajar e não intimar os consumidores, precisam dar um tom pessoal e não um importuno no diálogo com o seu público alvo. 4.7 INDICADORES DE DESEMPENHO DE MÍDIA SOCIAL Um dos objetivos específicos da pesquisa é o de identificar os principais mecanismos utilizados para mensurar o nível de sucesso das mídias sociais, assim como os indicadores mais adotados pelos gestores dos bancos analisados. Dessa forma, o questionário de pesquisa contemplou três perguntas para melhor investigar esse tema, sendo que a primeira delas inqueriu de forma mais abrangente, os principais indicadores apontados pela literatura, e as demais perguntas abordando o tempo de resposta aos comentários postados nas mídias sociais, assim como o percentual de comentários respondidos. A Figura 11 relaciona todos os indicadores utilizados pelos gestores das instituições investigadas, bem como o percentual de bancos que fazem uso dos mesmos. Nessa questão, o único indicador listado e que não foi apontado por nenhum respondente foi o número de potenciais compradores. Havia também a possibilidade de inclusão pelos participantes de outros indicadores além dos listados, porém não foram detectadas observações ou informações adicionais. Figura 10 – Indicadores de mídia social NUMERO DE COMPARTILHAMENTOS DE CONTEÚDO REALIZADOS PELOS USUÁRIOS ANÁLISE QUANTITATIVA/QUALITATIVA DOS COMENTÁRIOS POSTADOS PELOS USUÁRIOS NUMERO DE SOLICITAÇÕES REALIZADAS/ATENDIDAS POR MEIO DAS REDES SOCIAIS NUMERO DE CURTIDAS NOS CONTEÚDOS DIVULGADOS PELA EMPRESA NUMERO DE USUÁRIOS, SEGUIDORES, SUBSCRITORES, ETC. 0% 20% 40% 60% 80% 100% 86 Os dados obtidos após compilação das respostas comprovaram que o indicador “número de compartilhamentos realizados pelos usuários” é utilizado por todas as instituições bancárias participantes da pesquisa. As organizações publicam informações nas plataformas de mídia social para construírem a imagem da marca, anunciar seus produtos, fornecer serviços aos consumidores, envolver os usuários no processo de desenvolvimento dos produtos e para mostrar reponsabilidade social (CULNAN et al., 2010). O conceito de compartilhamento de conteúdo de mídia social pelos usuários possui relação direta com marketing boca a boca, o qual pode ser positivo ou negativo, porém possui uma expressiva influência no potencial de compra dos consumidores (BENTHAUS et al., 2016). Outra constatação dessa questão foi a de que quatro gestores respondentes utilizam como indicador de desempenho de mídia social, análises quantitativa e qualitativa dos comentários postados pelos usuários em tal ambiente. De acordo com Sigala (2012) a metodologia de análises quantitativas e qualitativas de conteúdos provenientes de consumidores em diálogos feitos em mídias sociais, constitui-se um dos métodos mais apropriados para avaliação de sentimentos em relação aos conteúdos encontrados nesse tipo de mídia. O indicador “número de solicitações realizadas/atendidas por meio das redes sociais” também foi apontado por 80% gestores analisados como forma de aferição do desempenho das mídias sociais. A motivação pela adoção de tal indicador pode ser explicada por Karakaya e Barnes (2010) pois segundo os autores o atendimento às solicitações dos consumidores realizadas por meio das mídias sociais possui um forte impacto no engajamento online desse público junto à marca e à instituição. De igual forma, 80% das instituições inqueridas relataram fazer uso do indicador “número de curtidas” nos conteúdos divulgados nas mídias sociais por essas empresas. Resultado semelhante foi encontrado por Neill e Moody (2015) ao investigarem as principais métricas utilizadas para aferir o desempenho das mídias sociais. Por meio de análise de respostas de dois focus group foi constatado por 88% dos participantes que o “número de curtidas” configura-se como sendo a terceira mais importante métrica para avaliação de desempenho de conteúdo de mídias sociais. De acordo com o Facebook (2016) o ato de clicar no botão “curtir” localizado abaixo de uma determinada publicação é um modo fácil do usuário demonstrar para os demais que ele gostou do conteúdo, sem necessariamente deixar um comentário. 87 E por fim, o indicador de desempenho “número de usuários / seguidores / subscritores” foi apontado por 60% dos participantes como sendo uma das métricas utilizadas pelo respectivo banco. De acordo com Benthaus et al., (2016) o número de seguidores demonstra o quão bem uma determinada companhia está conectada com seus usuários os quais voluntariamente demonstraram por meio das respectivas mídias sociais, sua afinidade com a empresa e/ou com as marcas. Outro importante parâmetro de gestão de mídias sociais investigado junto aos bancos brasileiros foi o tempo médio de respostas em relação aos comentários e dúvidas registradas por usuários em tais ferramentas. Howard et al., (2014) relata que as pessoas esperam respostas rápidas e informações imediatas por meio das mídias sociais, porém no caso do microblog Twitter essa velocidade tende a ser ainda maior. A Figura 12 demonstra o tempo médio de respostas das instituições bancárias participantes da pesquisa. Figura 11 – Tempo de resposta BANCO A 0:10 minutos 13:00 horas BANCO B 1:40 minuto BANCO C BANCO D 1:00 hora BANCO E 0:05 minutos 0:00 2:24 4:48 7:12 9:36 12:00 14:24 Fonte: Elaborado pelo autor (2016). Como pode ser observado, o tempo de resposta aos comentários dos usuários das mídias sociais varia entre cinco minutos até treze horas. Dessa forma, o tempo médio estimado dentre as empresas que participaram da pesquisa foi de 03h11min (três horas e onze minutos). Esses dados comprovam que o tempo de resposta praticado pelas instituições respondentes ainda está dentro do esperado pelos usuários de mídias sociais. De acordo com estudo realizado por Eptica (2015) com 88 mais de mil consumidores dos Estados Unidos, o tempo médio de espera aceitável para atendimento às solicitações feitas às empresas por meio da rede social Facebook, é de seis horas. Para melhor interpretar esses dados, o tempo médio de resposta das instituições analisadas foi comparado a outras informações investigadas como o tempo de experiência do respondente com mídias sociais, a quantidade de colaboradores do banco, o número de clientes, o ano de adoção da primeira mídia social; entretanto não foi possível estabelecer nenhuma relação com essas demais variáveis. Para encerrar as análises sobre o tópico gestão de conteúdo, a última pergunta feita para os respondentes da pesquisa objetivou quantificar qual o percentual de comentários e ou perguntas feitas através das mídias sociais, são respondidos pelas instituições bancárias. De acordo com o EFMA (2013) o principal motivo pelo uso do Facebook pelas instituições do segmento bancário objetiva principalmente monitorar e responder os comentários e reclamações dos usuários e clientes. A Figura 13 a seguir evidencia o percentual de perguntas respondidas por meio das mídias sociais pelas empresas investigadas. Figura 12 – Percentual de perguntas respondidas BANCO A BANCO B BANCO C BANCO D BANCO E 0% 10% 20% Fonte: Elaborado pelo autor (2016). 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 89 De acordo com os dados encontrados, o percentual de comentários e reclamações respondidas através das mídias sociais, varia entre 41% e 100%. Dessa forma, o percentual médio dentre as instituições participantes da pesquisa é de 76%. Esse resultado evidencia que a taxa de resposta dos bancos brasileiros por meio das mídias sociais é superior à taxa das redes de varejo americanas. Conforme estudo realizado por Eptica (2015) junto a 500 empresas varejistas dos Estados Unidos, a taxa média de respostas aos comentários recebidos por meio de redes sociais é de 65%. Para melhor interpretar esses dados, o percentual médio de respostas aos comentários das redes sociais das instituições respondentes foi comparado a outras informações investigadas como o tempo de experiência do mesmo com mídias sociais, a quantidade de colaboradores do banco, o número de clientes, o ano de adoção da primeira mídia social; entretanto não foi possível estabelecer relações com essas outras variáveis. 4.8 RECLAMAÇÕES TRADICIONAIS E DIGITAIS Conforme abordado no Capítulo 1, uma das motivações para a escolha do segmento bancário para a realização dessa pesquisa foi a qualificação denominada de socially devoted, promovida pela empresa tcheca Socialbakers, por meio da qual são reconhecidas mundialmente as empresas as empresas que respondem em tempo hábil pelo menos 65% das interações de usuários por meio das mídias sociais. De acordo com a Tabela 1, dentre as 10 primeiras empresas mais bem colocadas no ranking do selo socially devoted no segundo trimestre de 2015, metade são instituições bancárias. Considerando esse cenário, em que pese todo o esforço das instituições bancárias em responder em tempo hábil as interações realizadas por usuários das mídias sociais as quais envolvem dúvidas, reclamações, sugestões, elogios e demais comentários, verifica-se a existência de um número considerável de conflitos individuais e coletivos entre consumidores e os respectivos bancos. O Quadro 15 a seguir elenca as treze empresas com maior número de reclamações registradas junto às Procuradorias de Defesa do Consumidor – PROCON no ano de 2015. 90 Quadro 15 – Empresas mais demandadas nos PROCONS em 2015 Posição Fornecedor Total 1a CLARO/EMBRATEL/NET 204.146 2a OI FIXO/CELULAR 200.659 3a VIVO/TELEFONICA/GVT 165.048 4a ITAÚ 92.934 5a SKY 89.273 6a TIM/INTELIG 72.647 BRADESCO 68.275 8a CASAS BAHIA/PONTO FRIO/EXTRA/PÃO DE AÇÚCAR 66.600 9a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 52.187 10 a SANTANDER 28.029 11 a SAMSUNG 25.128 12 a MÁQUINA DE VENDAS (RICARDO ELETRO/INSINUANTE) 20.931 13 a BANCO DO BRASIL 20.372 7 a Fonte: Secretaria Nacional do Consumidor – Boletim Sindec (2015) Os dados da Secretaria Nacional do Consumidor – SINDEC evidenciam que as instituições do segmento bancário do Brasil estão entre as empresas com maior número de demandas registradas por clientes junto aos órgãos de defesa do consumidor. Considerando a hipótese de existência de alguma relação entre o ranking do Socialbakers e o ranking das empresas com maior reclamação nos PROCONs, a pesquisa realizada com as instituições bancárias questionou ao respondente por meio de uma pergunta aberta, qual a opinião do mesmo sobre a semelhança observada entre tais dados. O Quadro 16 a seguir descreve as respostas informadas por cada gestor sobre essa questão. 91 Quadro 16 – Reclamações por meio do PROCON Nome do Banco Banco A Banco B Banco C Banco D Banco E Reclamações por meio do PROCON Empresas de serviço, principalmente as que têm volume de clientes maior do que muitos países, tendem a ter, naturalmente, muitas reclamações (em volumes totais). Estar em redes sociais e interagir com as pessoas é o mínimo que empresas preocupadas com o relacionamento com o cliente devem fazer. Certamente. Os canais em redes sociais permitem voz para todos os clientes, aumentando notoriamente interações, positivas e negativas. Não. Entendo que o número de reclamações tem relação com o próprio serviço, que é utilizado diversas vezes por dia (as pessoas realizam diversas movimentações financeiras por dia) e com a sensibilidade do assunto "finanças". Entretanto, a utilização de mídias sociais como um canal resolutivo tem como objetivo a redução pela procura de órgãos externos, como o PROCON, já que o cliente pode falar diretamente com a empresa. Certamente, as mídias sociais deram voz pública aos consumidores insatisfeitos, um canal visível para qualquer cidadão. Sim. Utilizado como canal de primeira instância. A análise das respostas atesta que apenas o banco C discordou da existência de alguma relação entre os dados de reclamações do PROCON e o ranking do Socialbakers. Tal instituição alegou que os conflitos registrados pelo SINDEC estão mais associados à natureza dos serviços prestados pelos bancos e também a sensibilidade do assunto junto aos consumidores. Não obstante, todos os demais respondentes concordaram que existe alguma similitude entre os dados supracitados. Pelo menos 80% dos bancos fizeram referência ao fato de que as mídias sociais são um canal entre os consumidores e as instituições bancárias. Expressões como “canal em redes”, “canal resolutivo”, “canal visível” e “canal de primeira instância” foram utilizadas para justificar o posicionamento dos investigados. De acordo com La Roche (2012) em comparação com outros canais alternativos de comunicação, as mídias sociais oferecem às instituições financeiras meios mais eficientes de escutar os seus consumidores e também permitem um desenvolvimento profundo de conhecimento sobre os mesmos. Outras respostas relevantes a esta questão fazem menção ao volume de clientes dos bancos, fato que explicaria o alto número de reclamações nos PROCONs, assim como o número de interações por meio das mídias sociais. 92 A última pergunta do questionário aplicado aos bancos teve o propósito de investigar por meio de uma questão aberta a existência de uma rotina ou procedimentos para lidar com pessoas que postam comentários de ódio ou crítica pessoal sem nenhum critério nas mídias sociais, usuários esses conhecidos na internet pelo termo haters (THE GUARDIAN, 2012). O Quadro 17 apresenta as respostas fornecidas pelos gestores analisados, as quais representam de maneira geral as ações tomadas pelas instituições como contramedida reativa para lidar com os usuários das mídias sociais que promovem discussões e opiniões agressivas sobre as instituições bancárias ou sobre os seus serviços e produtos. Quadro 17 – Tratamento dos haters Nome do Banco Banco A Banco B Tratamento dos haters Toda reclamação é legítima e deve ser tratada onde aconteceu, sem esconder. Quando um usuário não está interessado na solução e/ou incita algum tipo de ação ilegal (spam, incitação à violência, preconceito, etc), prevemos a ocultação do post (mas somente nestes casos). Fazemos interações que possam ajudar os clientes a resolverem seus problemas e/ou que gerem empatia com a marca. Normalmente quando há um descontentamento antecipado, evitamos a exposição. Banco C Se infringir as regras de uso da página, são ocultados e banidos. Banco D Prioridade na resposta, mas se o nível de nervosismo não diminui, passam a ser ignorados. Nunca bloqueados. Alguns ignorados. Alguns com respostas específicas. Banco E Por meio de análise das respostas fica evidente que quatro bancos demonstram preocupação no atendimento às críticas ou comentários dos haters, motivo pelo qual são definidos procedimentos de respostas específicas, prioridade nas respostas, interações e tratamento dos questionamentos. De acordo com Vries et al. (2012) os comentários negativos não são necessariamente ruins. Os usuários que são fãs das marcas devem sentir que fazem parte da comunidade virtual pois eles se envolvem em discussões intensas com argumentos positivos e negativos. Entretanto os gestores relataram que nem sempre os haters demonstram-se interessados em dialogar em tom menos crítico com os bancos, repetindo então as palavras de agressão inicialmente registradas através das mídias sociais. Para esses 93 casos foram relatados três tipos de ações a saber: a) ocultação do post, medida adotada por três dos bancos e que consiste na exclusão dos comentários registrados nas mídias sociais; b) ignorar o usuário, medida adotada por dois dos bancos e que tem como propósito não responder aos comentários dos haters, e por c) os usuários são ocultados ou banidos, medida adotada por apenas um dos bancos e que consiste em excluir a participação dos usuários nas atividades de um determinado perfil corporativo da respectiva mídia social. No estudo feito por Chikandiwa, et al., (2013) junto aos bancos da África do Sul, foi constatado que 90% dos gestores enfatizaram a importância do treinamento dos colaboradores internos e externos no sentido de especializarem os mesmos em relação ao que dizerem e como gerenciar comentários negativos postados nas mídias sociais. 94 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Internet tem proporcionado um vasto conjunto de transformações que tiveram como consequência, entre outras, a forma como o marketing e as respectivas estratégias de comunicação têm sido desenvolvidas nas organizações. Uma delas diz respeito ao surgimento de um novo paradigma de comunicação, onde prevalece o poder do consumidor, originado por um conjunto de ferramentas, meios e fontes de informação online. As mídias sociais tornaram possíveis a criação, partilha e transmissão de comentários acerca dos produtos, marcas e serviços, entre os consumidores, dando assim lugar a inúmeras redes e comunidades virtuais. (GUERRA, 2015). Diante desse cenário é possível notar o grande o impacto que a comunicação entre os consumidores tem causado no mercado, pelo que se considera fundamental que os gestores aprendam a encarar os novos desafios que as suas empresas enfrentam. Assim, com as práticas de adoção, implementação e gestão das ferramentas de mídia social, tais organizações buscam desenvolver ações de monitoramento de modo a viabilizar a interação com o consumidor e retirar valor da mesma (CULNAN et al., 2010). É nesse contexto que o presente trabalhou procurou contribuir para aprofundar o conhecimento e a compreensão sobre o atual estado de adoção das mídias sociais, debruçando-se sobre fatores que caracterizam a implementação e posteriormente a gestão de tais ferramentas por empresas do segmento bancário do Brasil. Procedendo a análise referente aos objetivos específicos, relativamente ao perfil das cinco instituições bancárias pesquisadas, constatou-se que 60% são de capital público e os demais 40% são de capital privado. Já no que diz respeito à quantidade de clientes de cada instituição pesquisada, evidenciou-se que 60% possui mais de 30 milhões de clientes e os outros 40% respondem por um quantitativo de consumidores na faixa de 1 até 5 milhões. Pela análise da descrição dos cargos dos respondentes, não se observou a existência de similitude entre os cargos desses profissionais. Essa situação pode indicar que não existe algum padrão quanto a designação funcional do gestor responsável pela gestão de mídias sociais nas empresas bancárias. Quanto a 95 avaliação da experiência dos respondentes com a gestão de mídias sociais ao longo das respectivas carreiras, observou-se que 40% possuíam mais de 10 anos de experiência na data da pesquisa. Para a caracterização do setor da organização responsável pela gestão de mídias sociais foi constatado uma similaridade entre os termos utilizados para designar os departamentos, sendo que as palavras Comunicação e Marketing estão em 60% das instituições respondentes. Entretanto os termos Negócios Digitais ou Canais Digitais são encontrados nas demais instituições. No que diz respeito ao número de colaboradores para gerir os processos relacionados às mídias sociais, observou-se que os bancos que possuem mais de 30 milhões de clientes necessitam entre 15 e 20 empregados. Por outro lado, os bancos que possuem entre 1 e 5 milhões de clientes têm até 3 funcionários para a realização de tal tarefa. Com relação ao perfil dos colaboradores, o banco com mais de 12 anos de experiência em mídias sociais faz uso de colabores internos Já os bancos com mais de 6 anos de experiência em mídias sociais, os quais representam 80% da população investigada, optaram por selecionar técnicos no mercado com formação específica para este propósito. A pesquisa evidenciou ainda, que 60% dos bancos analisados adotaram sua primeira ferramenta de mídia social no ano de 2011, apesar da rede social Facebook, tido como a preferida pelos profissionais de marketing, ter sido criada no ano de 2004. A principal razão que motivou 80% dos bancos investigados a adotarem ferramentas de mídias sociais foi a necessidade de relacionamento com os seus clientes. Cabe destacar que o segmento bancário do país é o segundo setor com maior número de reclamações registradas pelos clientes junto às procuradorias de defesa do consumidor. Foi constatado ainda que 80% das instituições inqueridas optaram pelo modelo de gestão centralizado, cujas estratégias e políticas de mídia social são oriundas de um único departamento pertencente ao alto nível na hierarquia da organização. Esse mesmo percentual corresponde ao quantitativo de empresas que, em relação ao modelo de implementação, priorizaram o equilíbrio entre o público alvo e as estratégias da organização. 96 Foi constatado que todos os bancos investigados utilizam as mídias sociais Facebook, Twitter e Youtube. Já o Instagram é utilizado por 80% dessas instituições. O LinkedIn foi citado por 40% das organizações. Outras mídias sociais como Vine, Periscope, Snapchat, Google+ e Blog foram citadas apenas uma vez pelas instituições pesquisadas. Esses resultados foram confrontados com as respectivas motivações pelo uso dessas ferramentas. O grande número de seguidores da rede social alinhado ao desdobramento do planejamento estratégico com os representantes das áreas dos bancos analisados foram as principais motivações de escolha do Facebook. Já a escolha do Twitter, além de ser estar associado à escolha estratégica do banco, também foi citado como necessidade de diversificação de mídias por 60% dos participantes. Em relação ao canal de vídeos Youtube, além dos motivos já expostos, 60% dos respondentes apontaram que a escolha da mídia foi considerada em função dos usuários mencionarem a marca do banco nesse canal. Esse mesmo motivo fez com que 60% dos bancos adotassem o Instagram, além do fato também da necessidade de diversificação das mídias. Considerando o quarto objetivo da pesquisa, onde se pretendeu investigar as principais aplicações, riscos, vantagens e desvantagens relacionadas à utilização das mídias sociais por bancos brasileiros, verificou-se que todos as organizações analisadas, relativamente às vantagens, apresentaram total concordância em relação ao fato de que tais mídias permitem a construção de uma identidade junto ao público. Por outro lado, a proposição que alega redução nos custos com o marketing foi a única apontada como discordância por um dos bancos. Outras três vantagens evidenciadas por 80% dos respondentes foram o aumento da notoriedade da marca, a melhoria do relacionamento com o cliente e divulgação do nome da empresa. Em relação às desvantagens, 80% dos respondentes apontaram riscos associados à imagem do banco. Foi constatado grande preocupação no que se refere às críticas ou comentários pejorativos de alguns usuários de mídias sociais, conhecidos como haters. Para esses casos são definidos procedimentos de respostas específicas, prioridade nas respostas, interações e tratamento dos questionamentos. Ainda como último recurso para resolução de tais situações, 60% dos bancos examinados adotam o procedimento de ocultação ou exclusão do conteúdo que possui tal difamação. 97 Ainda, em relação às desvantagens, os recursos necessários para gestão de mídias sociais como os softwares de monitoramento e pessoas, são citadas também como ponto negativo para a adoção de tais ferramentas. Avaliando as aplicações de mídias sociais, foi constatado por todos os respondentes que tal uso atrai confiança e proporciona maior satisfação do consumidor. Além disso, as mídias sociais influenciam a decisão de compra e amplificam a notoriedade da marca. Já em relação aos processos de gerenciamento do relacionamento com o cliente, as mídias sociais proporcionam melhor experiência de pós-venda. Quanto ao compartilhamento do conhecimento, verificou-se que tais mídias contribuem e facilitam a divulgação do conhecimento referente aos produtos do banco. Todavia, os canais tradicionais de comunicação como o rádio, a televisão e a internet ainda são os mais utilizados pelos bancos. Quanto ao quinto objetivo, considera-se que o mesmo foi alcançado, pois foi possível comprovar que o conteúdo postado pelos usuários das mídias sociais dos bancos promove a melhoria dos serviços de apoio ao cliente, pós-venda e tratamento das informações. Em relação à divulgação de conteúdo pelos bancos, não foi evidenciada regularidade na periodicidade de realização dessa tarefa, assim como também foi demonstrado por essas instituições preocupação em segmentar o público alvo dessas ações. Em relação ao sexto objetivo, entende-se que o mesmo também foi concretizado. Todos os bancos da pesquisa apontaram que o número de compartilhamentos de posts realizados pelos usuários é utilizado para aferição de indicador de desempenho por essas instituições. Os demais indicadores utilizados por 80% dos bancos fazem menção à análise quantitativa/qualitativa dos comentários postados pelos usuários, número de solicitações realizadas/atendidas por meio das redes sociais e o número de curtidas nos conteúdos divulgados pelas empresas. Verifica-se também que o tempo médio de resposta aos comentários dos usuários das mídias sociais é de 03:11 hs (três horas e onze minutos) e que uma média de 76% dessas interações são respondidas. O menor tempo de resposta foi apontado pelo Banco E o qual informou que 90% dos comentários são respondidos em até 5 minutos. Para finalizar espera-se que o conhecimento produzido por este trabalho seja um contributo importante para a melhor compreensão do fenômeno da adoção e implementação de mídias sociais nas empresas. 98 5.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA Os resultados da pesquisa ora apresentada possuem algumas limitações que condicionaram as conclusões finais, motivadas majoritariamente por questões de natureza metodológica. A quantidade de bancos que responderam a pesquisa é pequena. São apenas cinco instituições bancárias de um total de onze selecionadas inicialmente que apresentavam forte evidência de interação regular com os seus consumidores por meio de mídias sociais. Houve dificuldades do autor em conseguir a colaboração dos gestores dessas empresas no preenchimento do questionário, apesar dos esforços desenvolvidos. Os estudos sobre o tema mídias sociais apresentam uma constante dinâmica de crescimento, mudança, e rápida evolução. A própria escolha do segmento bancário para investigação das mídias sociais foi motivada pelos resultados do segundo trimestre de 2015 do socially devoted. Os resultados do primeiro trimestre de 2016 do Socialbakers, mostra que dentre as dez primeiras empresas do socially devoted do Brasil são empresas da área de telecomunicações. As conclusões deste trabalho representam uma análise de alguns bancos em um determinado momento no tempo. Esta pesquisa pode ser aprofundada mediante a realização de um estudo longitudinal, para proporcionar uma compreensão da dinâmica de adoção e implementação das mídias sociais ao longo do tempo. 5.1 SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS Após análises de dezenas de artigos sobre o tema mídia social, é possível afirmar que a adoção e implementação de tais ferramentas se encontra ainda numa fase embrionária, tanto no Brasil quanto em outros países. Isso significa que ainda resta muito espaço para o desenvolvimento de investigações nesta área. Nesse sentido, sugere-se o desenvolvimento de futuras investigações na área de mídias sociais: 99 Em que pese a abordagem de alguns indicadores de desempenho das mídias sociais, o presente estudo trabalhou alguns critérios. Assim, outros indicadores poderiam ajudar a compreensão do nível de retorno verificado com a utilização das mídias sociais, designadamente, a medição do ROI (retorno sobre o investimento) em mídias sociais, a medição do ROC (retorno sobre o consumidor) em mídias sociais e a medição do REL (Retorno sobre os objetivos); Outro tema que tem sido pouco abordado na literatura refere-se à questão da não adoção das mídias sociais. As informações resultantes de um estudo desta natureza forneceriam um valioso contributo para as empresas que apresentam o potencial de uso das novas ferramentas tecnológicas ao serviço das suas estratégias de comunicação. A questão do uso das mídias sociais enquanto estratégia de vantagem competitiva pelas organizações foi investigada por Singla e Durga (2015). Os autores analisaram de forma sistêmica tal conceito à luz dos estudos propostos por Porter (1985). O resultado da pesquisa apresenta um modelo para avaliação do uso das mídias sociais, mapeando o seu uso em diferentes atividades da cadeia de valor. Todavia, não há um parecer conclusivo sobre essa questão, motivo pelo qual é recomendado a elaboração de estudos futuros. 100 REFERÊNCIAS AKAR, E.; TOPÇU, B. An examination of the factors influencing consumers’ atitudes toward social media marketing. Journal of Internet Commerce, v. 10, n. 1, pp. 3567, 2011 BAIRD, D. E.; FISHER, M. Neomillennial user experience design strategies: utilizing social networking media to support ‘always on’ learning styles. Journal of Educational Technology Systems, v. 34, n. 1, pp. 5-32, 2006. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 226p. 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Compartilhamento – No âmbito das redes sociais é o ato em que o usuário da mídia social publica (torna visível) em seu perfil um determinado conteúdo original ou não já divulgado ou compartilhado por outro usuário. e-Governo - consiste no uso das tecnologias da informação - além do conhecimento nos processos internos de governo - e na entrega dos produtos e serviços do Estado tanto aos cidadãos como à indústria e no uso de ferramentas eletrônicas e tecnologias da informação para aproximar governo e cidadãos. Feedback - O termo é utilizado em áreas como Administração de Empresas, Psicologia ou Engenharia Elétrica e que significa realimentar ou dar resposta a uma determinado pedido ou acontecimento. Haters – é um termo que se originou na internet para definir pessoas que fazem comentários de ódio e/ou críticas sem muita distinção. Link - elemento de hipermídia formado por um trecho de texto em destaque ou por um elemento gráfico que, ao ser acionado (ger. mediante um clique de mouse), provoca a exibição de novo hiperdocumento. Microblog - é uma forma de informação de blog que permite aos usuários que façam atualizações breves de imagens e texto (geralmente com menos de 200 caracteres) e publicá-las para que sejam vistas publicamente ou apenas por um grupo restrito escolhido pelo usuário. Nativo digital – é aqueles que nasceu e cresceu com as tecnologias digitais presentes em sua vivência. Tecnologias como videogames, internet, telefone celular, iPod, etc. Caracterizam-se principalmente por não necessitar de papel nas tarefas como o computador. One-to-many - é uma forma de marketing onde não há individualização e personalização. One-to-one - é uma forma de marketing individualizado desenvolvido inicialmente por Martha Rogers e Don Peppers. e personalizado, Stakeholders - termo usado em diversas áreas como gestão de projetos, comunicação social (Relações Públicas) administração e arquitetura de 111 software referente às partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança corporativa executadas pela empresa. Status – No âmbito das redes sociais, o status é uma frase ou texto onde uma pessoa descreve a sua situação, como está se sentindo, ou aquilo em que está pensando. Pode ser um texto com humor ou dramático, porque depende do estado emocional do utilizador. Também pode ser meramente descritivo, onde uma pessoa explica o que está fazendo, o que fez no passado ou o que pretende fazer no futuro. Tags – são estruturas de linguagem de marcação contendo instruções, tendo uma marca de início e outra de fim para que o navegador possa renderizar uma página. Há uma tendência nos dias atuais para se usar as tags apenas como delimitadores de estilo e/ou conteúdo, tanto em HTML quanto em XML. Tweet - nome utilizado para designar as publicações feitas na rede social do Twitter. Upload - Em tecnologia, o termo upload é utilizado para referenciar a transmissão de dados de um dispositivo para outro através de um canal de comunicação previamente estabelecido. Especificamente faz referência ao envio de conteúdo à Internet. Website - Um website ou site, também aportuguesado para saite ou sítio ("da Web" ou "da Internet"), é um conjunto de páginas web, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente pelo protocolo HTTP na internet. O conjunto de todos os sites públicos existentes compõe a World Wide Web. 112 APÊNDICE A – ALINHAMENTO DO QUESTIONÁRIO COM OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS O questionário foi estruturado com a finalidade de se esclarecer todos os objetivos específicos elencados no capítulo I, de forma que com o conjunto de respostas às questões definidas no mesmo seja possível evidenciar por meio dos resultados, respostas ao objetivo geral da investigação que é o de caracterizar o atual estado de adoção das mídias sociais pelos grandes bancos brasileiros. O primeiro bloco, composto pelas questões de 1 até 9 tem por objetivo traçar o perfil de cada instituição bancária como o âmbito de atuação, a quantidade de clientes, o perfil dos colaboradores, a experiência do gestor com mídias sociais, bem como as motivações pela escolha de tais ferramentas. O segundo bloco, composto pelas questões 10 e 11 tem por finalidade atender o objetivo de investigar os modelos de implementação e gestão de mídias sociais pelas instituições pesquisadas. O terceiro bloco, composto pelas questões 12 e 13 tem por finalidade descobrir as principais ferramentas de mídia social utilizadas pelos bancos, bem como os principais aspectos relacionados a tais canais de comunicação. O quarto bloco, composto pelas questões 14 e 15 tem por finalidade investigar itens relacionados à performance organizacional, assim como as principais vantagens e desvantagens relacionados a utilização das mídias sociais pelas empresas pesquisadas. O quinto bloco, composto pelas questões 16, 17 e 18 tem por finalidade investigar as principais aplicações das mídias sociais nas áreas de marketing, relacionamento com o cliente e compartilhamento do conhecimento. O sexto bloco, composto pelas questões 19 e 20 tem por finalidade avaliar questões relacionadas a gestão de conteúdo por parte das organizações investigadas. O sétimo bloco, composto pelas questões 21, 22 e 23 tem por finalidade investigar os principais indicadores utilizados para mensurar o desempenho das mídias sociais. 113 O oitavo bloco, composto pelas questões 24 e 25 tem por finalidade investigar a existência de alguma relação entre as empresa investigadas com demais dados mercadológicos afetos ao mesmo segmento bancário, assim como o posicionamento dessas instituições frente aos comentários negativos publicados pelos usuários das mídias sociais. 114 APÊNDICE B – CARTA DE RECOMENDAÇÃO 115 APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126