Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Universidade de São Paulo VPS425 - Gerenciamento em Saúde Animal e Saúde Pública Sanidade Apícola Aline Leite Silva Amanda Rodrigues de Faria Camila Leite Silva Giovanna Fonseca Patrícia Kunze Vinícius Dayoub Introdução O mel é usado como alimento pelo homem desde a pré-história. Se por vários séculos a retirada do mel era feita de forma extrativista e predatória, matando as abelhas para sua realização; com o tempo, as abelhas foram manejadas e criadas de forma que houvesse maior produção de mel e sem causar prejuízo para as abelhas – nascia, assim, a apicultura. Hoje, além do mel, é possível explorar, com a criação racional de abelhas, diversos produtos como pólen apícola, geleia real, polinização, apitoxinas, além da própria comercialização de enxames e crias. O Brasil é atualmente o sexto maior produtor de mel, entretanto, ainda existe um grande potencial apícula, relacionado principalmente a flora e clima do país, que não é explorado e gera grande possibilidade de se maximizar a produção, incrementando o agronegócio apícola. As abelhas são descendentes das vespas que deixaram de se alimentar de pequenos insetos e aranhas para consumirem o pólen das flores quando essas surgiram, há cerca de 135 milhões de anos. Durante esse processo evolutivo, surgiram várias espécies de abelhas. Hoje se conhecem mais de 20 mil espécies, mas acredita-se que existam umas 40 mil espécies ainda não-descobertas. Somente 2% das espécies de abelhas são sociais e produzem mel. Entre as espécies produtoras de mel, as do gênero Apis são as mais conhecidas e difundidas. As abelhas, assim como os demais insetos, apresentam um exoesqueleto constituído de quitina, que fornece proteção aos órgãos internos e sustentação para o músculos, além de proteger o inseto contra a perda de água. O corpo é dividido em três partes: cabeça, tórax e abdome. As abelhas são insetos sociais, vivendo em colônias organizadas em que os indivíduos se dividem em castas. Numa colônia, em condições normais, existe uma rainha, cerca de 5.000 a 100.000 operárias e de 0 a 400 zangões. A rainha tem por função a postura de ovos e a manutenção da ordem social na colmeia. A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de uma operária e é a única fêmea fértil da colmeia, apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido. Somente a rainha é capaz de produzir ovos fertilizados, que dão origem às fêmeas (operárias ou novas rainhas), além de ovos não fertilizados, que originam os zangões. Em casos especiais, as operárias também podem produzir ovos, embora não fertilizados, que darão origem a zangões. A capacidade de postura da rainha pode ser de até 2.500 a 3.000 ovos por dia, em condições de abundância de alimento. A rainha consegue manter a ordem social na colmeia através da liberação de feromônios. Essas substâncias têm função atrativa e servem para informar aos membros da colmeia que existe uma rainha presente e em atividade; inibem a produção de outras rainhas; a enxameação e a postura de ovos pelas operárias. Servem ainda para auxiliar no reconhecimento da colmeia e na orientação das operárias. Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromônios e de realizar posturas, em virtude de sua idade avançada, ou ainda quando o enxame está muito populoso e falta espaço na colmeia, as operárias escolhem ovos recentemente depositados ou larvas de até 3 dias de idade, que se desenvolvem em células especiais - realeiras - para a produção de novas rainhas. A primeira rainha a nascer destrói as demais realeiras e luta com outras rainhas que tenham nascido ao mesmo tempo até que apenas uma sobreviva. As operárias realizam todo o trabalho para a manutenção da colmeia. Elas executam atividades distintas, de acordo com a idade, desenvolvimento glandular e necessidade da colônia Os zangões são os indivíduos machos da colônia, cuja única função é fecundar a rainha durante o voo nupcial. Eles são maiores e mais fortes do que as operárias, entretanto, não possuem órgãos para trabalho nem ferrão e, em determinados períodos, são alimentados pelas operárias. Entre as abelhas Apis mellifera, a comunicação pode ser feita por meio de sons, substâncias químicas, tato, danças ou estímulos eletromagnéticos. O principal meio de comunicação químico é feito pelos feromônios. Em abelhas esses feromônios são transmitidos pelo ar, contato físico ou alimento. A dança é outro importante meio de comunicação; por meio dela as operárias podem informar a distância e a localização exata de uma fonte de alimento, um novo local para instalação do enxame, a necessidade de ajuda em sua higiene ou, ainda, podem impedir que a rainha destrua novas realeiras e estimular a enxameação. Raças De Abelhas Criáveis As abelhas Apis mellifera são bastante adaptáveis as mais diferentes regiões climáticas e apresentam um habitat diversificado incluindo savana, florestas tropicais, deserto, regiões litorâneas e montanhosas. Devido a essa grande variedade de habitats, com climas e vegetações diversificadas, originaram-se diversas subespécies ou raças de abelhas, com diferentes características e adaptadas às diversas condições ambientais. A diferenciação dessas raças é um processo difícil e é realizado apenas por pessoas especializadas que podem usar medidas morfológicas ou análise de DNA. Apis mellifera mellifera (abelha real, alemã, comum ou negra): são originárias do norte da Europa e centro-oeste da Rússia, provavelmente estendendo-se até a Península Ibérica. São caracterizadas como abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas, possuem uma língua curta (5,7 a 6,4 mm), o que dificulta o trabalho em flores profundas. São nervosas e irritadas, tornando-se agressivas com facilidade caso o manejo seja inadequado. Adaptam-se com facilidade a diferentes ambientes e são produtivas e prolíferas; propolizam com abundância, principalmente em regiões úmidas. Apis mellifera lingustica (abelha italiana): são originárias da Itália. Essas abelhas tem coloração amarela intensa; produtivas e muito mansas, são as abelhas mais populares entre apicultores de todo o mundo. Apesar de serem menores que as A. m. mellifera, tem a língua mais comprida (6,3 a 6,6 mm). Possuem sentido de orientação fraco, por isso, entram nas colmeias erradas frequentemente. Constroem favos rapidamente e são mais propensas ao saque do que as abelhas de outras raças europeias. Apis mellifera caucasica: são originárias do Vale do Cáucaso, na Rússia. Possuem uma coloração cinza-escura, com um aspecto azulado, pelos curtos e língua comprida (pode chegar a 7 mm). Considerada a raça mais mansa e bastante produtiva. Enxameiam com facilidade e usam muita propólis. São sensíveis à Nosema apis. Apis mellifera carnica (abelha carnica): originárias do sudeste dos Alpes da Áustria, nordeste da Iugoslávia e Vale do Danúbio. Assemelham-se muito com a abelha negra, tendo o abdome cinza ou marrom. São pouco propolisadoras, mansas, tolerantes a doenças e bastante produtivas. São facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendência maior a enxamearem. Apis mellifera scutellata (abelha africana): são originárias do leste da África, são mais produtivas e muito mais agressivas. Caracterizam-se por abelhas menores. Possuem visão mais aguçada, resposta mais rápida e eficaz ao feromônio de alarme. Os ataques são, geralmente, em massa, persistentes e sucessivos, podendo estimular a agressividade de operárias de colmeias vizinhas. Ao contrário das europeias que armazenam muito alimento, elas convertem o alimento rapidamente em cria, aumentando a população e liberando vários enxames reprodutivos. Migram facilmente se a competição for alta ou se as condições ambientais não forem favoráveis. Essas características tem uma variabilidade genética muito grande e são influenciadas por fatores ambientais internos e externos. A abelha, no Brasil, é um híbrido das abelhas europeias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata. A variabilidade genética dessas abelhas é muito grande, havendo uma predominância das características das abelhas europeias no Sul do País, enquanto ao Norte predominam as características das abelhas africanas. A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata, em razão da maior adaptabilidade dessa raça às condições climáticas do País. Muito agressivas, porém, menos que as africanas, a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear, alta produtividade, tolerância a doenças e adapta-se a climas mais frios, continuando o trabalho em temperaturas baixas, enquanto as europeias se recolhem nessas épocas. Produtos Derivados da Apicultura O principal produto derivado da apicultura é o mel, contudo, hoje, além do mel, é possível explorar, com a criação racional das abelhas, produtos como: pólen apícola, geléia real, rainhas, polinização, própolis, apitoxina e cera. Existem ainda casos de produtores que comercializam enxames e crias. Mel: o mel é a substância viscosa, aromática e açucarada obtida a partir do néctar das flores e/ou exsudatos sacarínicos que as abelhas melíficas produzem. Pólen apícola: ele é coletado nas plantas pelas abelhas, que o transportam em suas patas, mais precisamente nas corbículas (cestas de pólen). Ao receber a insalivação, o pólen é enriquecido com enzimas e vitaminas, sendo estocado nos alvéolos dos favos. A partir daí, passa a ser chamado de “pão das abelhas”. O pólen apícola apresenta em sua composição grande quantidade de aminoácidos essenciais, ácidos graxos vitaminas, oligoelementos, fibras vegetais, minerais e moléculas proteicas - como os flavonoides. As substâncias nutritivas estimulam o metabolismo celular e a síntese dos produtos indispensáveis às glândulas. Além disso, reforçam a imunidade, neutralizam os radicais livres, diminuem os riscos de câncer e doenças cardiovasculares. Os radicais livres são resíduos oriundos do metabolismo celular, sendo agressivos para as moléculas biológicas. Sabe-se que certas enzimas são capazes de destruí-los, enquanto que a vitamina C, a vitamina E, o betacaroteno, o zinco e o selênio conseguem neutralizá-los. Geléia real: é a secreção produzida pelas glândulas hipofaríngeas das jovens abelhas operárias, durante um breve período de suas vidas, dos quatro aos quinze dias. A continuidade da produção é obtida pela produção das novas jovens operárias da colmeia. A rainha dessa maneira sempre será alimentada com geléia real mantendo a sua postura de milhares de ovos. Este alimento é empregado pelas abelhas para alimentar suas larvas por 3 dias aproximadamente, a rainha durante toda a sua vida, sendo dado também aos zangões no período inicial de suas vidas. Contém notáveis quantidades de proteínas, lipídeos, carboidratos, vitaminas, hormônios, enzimas, substâncias minerais, fatores vitais específicos, substancias biocatalizadoras nos processos de regeneração das células, desenvolvendo uma importante ação fisiológica. Rainha: uma abelha adulta e fértil, sendo ela, normalmente, mãe de todas as outras abelhas da colmeia. As rainhas se desenvolvem a partir de larvas criadas em células especiais, construídas pelas operárias e preparadas especialmente para formar um indivíduo sexualmente maduro (as operárias são inférteis). Normalmente existe uma única rainha em cada colônia. Polinização: trata-se da transferência do pólen (gameta masculino da flor) para o óvulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie. Só após essa transferência é que ocorre a formação dos frutos. Muitas vezes, para que ocorra essa transferência, é necessária a ajuda de um agente. Além da água e do vento, diversos animais podem servir de agentes polinizadores, como insetos, pássaros, morcegos, ratos, macacos; entretanto, as abelhas são os agentes mais eficientes da maioria das espécies vegetais cultivadas. Em locais com alto índice de desmatamento e devastação ou com predominância da monocultura, os produtores ficam extremamente dependentes das abelhas para poderem produzir. Com isso, muitos apicultores alugam suas colmeias durante o período da florada para serviços de polinização. Este tipo de serviço não é comum no Brasil. Própolis: é uma substância resinosa obtida pelas abelhas através da colheita de resinas da flora (pasto apícola) da região, e alteradas pela ação das enzimas contidas em sua saliva. A cor, sabor e o aroma da própolis variam de acordo com sua origem botânica e vem do mel. É utilizada pelas abelhas para proteger a colmeia de intrusos e do frio, mantendo a temperatura ideal para suas crias, fechando frestas e diminuindo o tamanho da entrada; para desinfetar o interior da colmeia e os alvéolos onde a abelha rainha faz a postura dos ovos; quando um intruso é abatido e não pode ser retirado do interior da colmeia, as abelhas cobrem o intruso com própolis, evitando que sua putrefação contamine o ninho. Hoje a própolis é utilizada com maior freqüência na prevenção e tratamento de feridas e infecções da via oral, também como antimicótico e cicatrizante. Estudos mais recentes indicam eficiente ação de alguns de seus compostos ativos com ação imuno-estimulante e antitumoral. Apitoxina: é o veneno das abelhas operárias de Apis mellifera purificado. O veneno é constituído basicamente de proteínas, polipeptídios e constituintes aromáticos, sendo produzido pelas glândulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operária e armazenado no "saco de veneno" situado na base do ferrão. Cada operária produz 0,3 mg de veneno, que é uma substância transparente, solúvel em água e composta de proteínas, aminoácidos, lipídios e enzimas. Embora a ação anti-reumática do veneno seja comprovada e o preço no mercado seja muito atrativo, trata-se de um produto de difícil comercialização, pois, ao contrário de outros produtos apícolas, o veneno deve ser comercializado para farmácias de manipulação e indústrias de processamento químico, em razão da sua ação tóxica. Cera: utilizada pelas abelhas para construção dos favos e fechamento dos alvéolos (opérculo). Produzida por glândulas especiais (ceríferas), situadas no abdome das abelhas operárias. A cera de Apis mellifera possui 248 componentes diferentes, nem todos ainda identificados. Logo após sua secreção, a cera possui uma cor clara, escurecendo com o tempo, em virtude do depósito de pólen e do desenvolvimento das larvas. As indústrias de cosméticos, medicamentos e velas são as principais consumidoras de cera; entretanto, também é utilizada na indústria têxtil, na fabricação de polidores e vernizes, no processamento de alimentos e na indústria tecnológica. Enxames: trata-se de uma pequena porção de 5000 a 6000 abelhas oriundas da enxameação de colônias ainda não alojadas em ninhos ou núcleos racionais que podem ou não possuir uma morada. Crias: filhas da rainha fértil. Doenças que atingem a Apicultura Loque americana Etiologia A loque americana, ou cria pútrida americana, é uma doença bacteriana produzida pelo bacilo Paenibacillus larvae. Uma característica fundamental de P. larvae é a formação de endósporos, extremamente resistentes ao calor (30 minutos a 100º e 15 minutos a 120º), aos desinfetantes químicos, ao cloro, à radiação UV (20 minutos), iodados e água quente com qualquer aditivo. Os esporos de Paenibacillus larvae podem permanecer infectantes por mais de 40 anos. Sinais e sintomas A Loque Americana é uma doença da cria que a mata assim que esta termina a sua etapa como larva. Morrem, principalmente, em estado de pré-pupa, mesmo que seja provável que algumas o façam em estado de pupa. Um mês depois da morte da larva, é característico a formação de uma escama aderente à parede inferior da cela, podendo permanecer nos favos por vários anos sem que as abelhas a retirem. Quando a doença surge, os opérculos dos favos da cria tornam-se húmidos e mais escuros, para logo se fundirem. É neste momento que as abelhas começam a retirar os restos das larvas. Quando mortas, as crias adquirem uma cor castanha e expelem um odor desagradável. As larvas mortas por Loque Americana adquirem uma consistência semifluida, que se assemelha a uma pasta elástica, é por isso que quando se introduz um palito dentro do opérculo este arrasta um resíduo castanho em forma de erva viscosa. Atualmente, vários casos têm sido apresentados que demonstram uma sintomatologia clínica duvidosa (Loque atípica), mediante técnicas de laboratório confirma-se a presença de Paenibacillus larvae, agente causador da Loque americana. Nestes casos, estão em causa diferentes bactérias associadas. As larvas de abelhas infetam-se ao ingerir o alimento contaminado com esporos de Loque Americana, estes germinam irregularmente no intestino e dão origem às células vegetativas (bacilos). As bactérias podem atravessar a parede intestinal até que a larva se converta em pré-pupa. Quando tal sucede, as bactérias chegam à hemolinfa e proliferam, multiplicando-se violentamente até matar a cria. Uma escama possui aproximadamente 2,5 biliões de esporos. Larvas com menos de 24 horas somente necessitam de 6 esporos para se infetarem, enquanto uma larva de 3 dias necessita de ingerir milhões de esporos para ser infetada; passado este período dificilmente se infetam. As larvas de rainhas são mais suscetíveis às doenças que as larvas de operárias e estas que as larvas de zangões. Os principais agentes de difusão da doença são: a pilhagem, a deriva de abelhas, a alimentação (mel e pólen), o intercâmbio da cria de uma colmeia para outra e o manuseamento do apicultor (raspador, luvas, favos abandonados, veículos contaminados, etc.). As colônias muito afetadas pela Loque americana vêm gradualmente diminuindo a sua população, até ao ponto em que a rainha, com poucas abelhas, abandona a mesma, ainda que as causas deste abandono não sejam ainda muito conhecidas. Este feito deixa a colmeia infectada exposta à pilhagem das outras colónias do apiário. A Loque americana é uma doença não estacional, que leva invariavelmente à perda da colônia. Pode suceder que ao surgir um surto, este logo desapareça, é improvável que as abelhas possam retirar dessa colônia todos os esporos formados durante a primeira infecção. Por conseguinte, em algum momento esses esporos podem recomeçar o ciclo. Os esporos podem ser transmitidos às larvas pelas abelhas adultas encarregadas de limpar os favos; também pode haver contaminação por esporos que persistam no fundo das células. As abelhas adultas podem identificar a infeção muito pouco depois que esta se produz. Durante o embrião no momento de eleger uma nova colmeia, elas não podem distinguir entre favos contaminados ou não, é a esse devido que manter colmeias mortas e abandonadas no campo pode ocasionar a infeção dos enxames. Na maioria dos casos, as colônias doentes que se recuperam parecem curar abruptamente durante a temporada de mel. Tal se deve fundamentalmente a: Os esporos podem diluir-se no néctar recém-recolhido até ao ponto em que as larvas jovens susceptíveis têm poucas probabilidades de recebê-las com o alimento. As abelhas evitam armazenar mel ou pólen em locais que contenham restos de larvas mortas por Loque americana. O fluido do néctar estimula o comportamento higiênico das babás. Algumas pupas infetadas com Loque Americana morrem depois da língua se ter formado. A pupa infetada inicia a decomposição e encolhe, mas a língua permanece apontada para cima quase tocando na parede. Diagnóstico O teste do fósforo – um excelente meio para testar a Loque Americana. Por se tratar de uma doença agressiva, é importante saber reconhecê-la e detectá-la nos primeiros momentos da infeção. Devem considerar-se determinadas pautas no momento de realizar a inspeção: Percentagem de quadros de cria inspecionados. A localização da câmara de cria dos quadros que se inspecionarem. Frequência do ano/temporada em que se realizam as inspeções. Observação minuciosa dos opérculos e restos de larvas. Tempo empregado na inspeção da câmara de cria. Durante a observação, a olho nu, pode ver-se: O favo da cria não tem uma postura par. Vêem-se as celulas vazias, sem postura, nem larvas, alternadas com cria salteada. Nos favos da cria podem encontrar-se opérculos fundidos, mais escuros que o normal, gordurosos e com pequenas perfurações. As larvas mortas de cor castanha, de aspeto “gomoso”, que ao introduzir um palito e ao retirá-lo, este traz uma pasta tipo pastilha elástica. As escamas, produto das larvas mortas, ficam aderentes longitudinalmente à parede das celulas. São de cor castanha muito escura, quase negra, muito difíceis de retirar. As larvas mortas começam a decompor-se, exalando um odor forte característico. Além disso, é preciso fazer um diagnóstico diferencial com Loque europeia. Pelas características da própria doença, uma vez que a LA se detecta numa região, muito dificilmente pode ser erradicada por completo na mesma. Quaisquer dos métodos descritos a seguir devem complementar-se com um programa intensivo de revisões periódicas dos apiários (intervalos de 90 dias), incluso o inverno, já que uma só colônia abandonada no campo pode destruir o trabalho de vários anos de controle. É fundamental adequar as ações tendentes e controlar a doença de acordo com cada caso e a cada sistema em particular, devidamente assegurado por um técnico. Incineração colônias doentes Esta é sempre a melhor opção para erradicar a doença. A destruição implica: Deve fazer-se um poço na terra de aproximadamente 60-70cm de profundidade. Matar as abelhas mediante a utilização de um inseticida ou um pano embebido em naftalina. Para este procedimento não se deve usar húmus, já que as abelhas enchem os seus papos com mel contaminado aumentando o risco de escape e contaminação de outras colmeias. Este procedimento pode ser realizado a qualquer hora do dia devido ao fato de as abelhas que se encontram a obrar dificilmente apresentarem esporos nos seus papos, já que estas retornam com néctar recémcolhido das flores. Uma vez verificado que as abelhas estão mortas, procede-se à queima dos favos, abelhas e quadros. Se o material de madeira não é incinerado junto com as abelhas, deve ser desinfetado ou esterilizado, se possível. Uma vez finalizada a incineração, deve-se tapar o poço, a fim de evitar a pilhagem do mel, cera e própolis, que não tenham terminado de queimar. Este sistema é recomendável quando a incidência de Loque Americana, nos apiários, é menor que 5% ao ano. Desinfecção de materiais apícolas Esterilização por fogo: em caso de não queimar as câmaras de criação, pisos e tetos, deverá proceder-se a uma exaustiva desinfeção. Lavagem com soda cáustica: submergir o material em soda cáustica a 15% com água a ferver, tal se deve fazer com muito cuidado já que o produto é altamente corrosivo e pode danificar o apicultor. Loque europeia Conhecida também como Cria Pútrida Europeia, é uma doença infectocontagiosa que afeta a cria das abelhas com poucos dias, dois ou três. Caracteriza-se por produzir processos morbosos no intestino médio, ventrículo e provoca a morte de larvas antes de chegarem a ninfas. Etiologia A etiologia desta doença não é simples, pois apresenta vários microrganismos bacterianos que atuam independente ou conjuntamente, segundo as circunstâncias. Estes agentes são: Melissococus pluton, Melissococus alvei, Acromobacter euridyce, Streptococus faecalis, Bacillus laterosporus e Bacillus morpheus. O verdadeiro agente causador da doença é o Melissococus pluton, pois é a primeira bactéria que se determina, enquanto os outros agentes são invasores secundários. Patogenia A infecção da larva ocorre por via oral, ao ingerir alimento contaminado. Quando o patógeno alcança o intestino, instala-se na mucosa e reproduz rapidamente, acumulando-se na superfície de contato com a luz intestinal e mais tarde invade o resto das estruturas da larva, provocando a morte e transformando-a numa massa de cor castanha amarelada, quando a célula se encontra aberta. Devido à resistência de M. pluton à elevada acidez da geleia real, a sua ação é efetiva durante os dias iniciais da fase larval, unindo a baixa tensão de oxigénio existente no aparelho digestivo, nesses momentos. Esta elevada acidez parece exercer uma ação bactericida sobre B. alvei e S. apis, que não se reproduz nas larvas alimentadas com geleia real. Sintomatologia A sintomatologia é variável. As larvas perdem a sua cor branco leitosa e brilhante. Ficam amareladas e opacas, mostrando por transparência o sistema da traqueia. Ao serem levantadas com uma agulha de transferência, apresentam-se flácidas (nem viscosas, nem filamentosas). À medida que as larvas vão morrendo, estas são retiradas da célula vazia. Observam-se as larvas desenvolvidas ao lado dos ovos, apresentando o favo um mosaico de idades, como designado de cria salteada. Em nenhum momento existe aderência dos restos larvais às paredes mortas da célula e a extração simples é fácil, já que o favo sofre um golpe e as escamas caem. Quando a infecção é grave, as operárias não conseguem retirar todas as larvas mortas e encontram estas nas células com uma cor escura, próxima do castanho, podendo sentir-se um odor putrefato. As larvas morrem quando as células estão operculadas, apresentando uma cor semelhante à da Loque americana. Ciclo de vida As larvas jovens com menos de 2 dias são infectadas quando consomem o alimento contaminado com as bactérias. Estes esporos germinam rapidamente e multiplicam-se no intestino, levando à morte das larvas. As abelhas limpadoras que tentam remover os restos larvais, contaminam-se com microrganismos e passam-nos às babás durante a troca do alimento. Estas últimas transferem às larvas durante a alimentação das mesmas. A morte das larvas pode acelerar-se pela ação das bactérias secundárias. Difusão da Loque Europeia A propagação destas bactérias realiza-se através das próprias abelhas (abelhas limpadoras e à procura de enxames que têm abelhas contaminadas), por meio de favos velhos que apresentam escamas, larvas contaminadas e pólen. Um dos fatores preponderantes ao trespasse a outras colmeias é a deriva e a multiplicação de colônias doentes. O stress (ambientes úmidos e frios favorecem o desenvolvimento da doença), a presença de Nosema apis, a má alimentação, o mau manuseio e desequilíbrios biológicos são alguns dos agentes que predispõem a doença. A Loque europeia desaparece normalmente devido à capacidade de limpeza de algumas colmeias, ainda que o mais comum seja a persistência dos perigos, comprometendo a viabilidade da colônia. Programas que têm por objetivo obter abelhas com maior comportamento de limpeza poderão diminuir fortemente a presença de Loque europeia. Controle Não existe profilaxia médica para a Loque europeia. Não são aconselháveis tratamentos preventivos, e só depois de diagnosticada a doença se deve tratar todas as colônias. A introdução de enxames adquiridos fora da exploração deve passar por quarentena e serão revistados para evitar a incidência da doença. Uma colônia mal alimentada é muito propensa a contrair a Loque europeia. Para o manuseamento devemos ter presente que é muito prejudicial realizar a abertura das colmeias em tempo frio ou chuvoso. O resfriamento da população larval traz consigo a morte desta e a predisposição para contrair a doença. É necessário praticar a desinfecção de forma sistemática de todo o material de exploração, através de procedimentos que estarão em função da natureza do material a desinfectar. Se a doença está muito desenvolvida, o mais aconselhável é a destruição da colônia, podendo utilizar o material logo após uma boa desinfecção. Recomenda-se: - Não comprar ou usar rainhas de origem duvidosa, podem estar doentes ou velhas. - Usar rainhas jovens e de boa procedência. - Não utilizar favos velhos nem material duvidoso. - Ter água limpa disponível para as abelhas. - Realizar uma boa invernada. Varroatose Etiologia O agente etiológico é o ácaro Varroa destructor. A fêmea que é a forma de disseminação da doença, vive na abelha adulta e na postura de ovos, o macho apenas na postura. Patogenia A ação patogênica da Varroa destructor envolve a abelha adulta e a postura, no primeiro caso é mais evidente: - ação mecânica: a presença de um ou mais parasitas vai diminuir os movimentos da abelha, durante o voo e, em geral, toda a sua atividade na colônia; - ação espoliadora: periodicamente, a varroa fêmea se alimenta de hemolinfa, o que enfraquece a abelha e leva a distúrbios metabólicos. Estima-se que em cada refeição 0,1 ou 0,2% do volume de hemolinfa de uma operária adulta. Se se considerar a duração total da vida da abelha, são retirados 40% do volume de hemolinfa. A importância desta predação depende, certamente, do número de parasitas, mas também da pressão que estes exercem, ou seja, do número de varroas em relação ao número de abelhas adultas. Quando a pressão do parasita é forte, o funcionamento das glândulas mandibulares e hipofaringeanas é afetado e, por conseguinte, a qualidade da geleia real também diminui. Uma outra consequência será o enfraquecimento do corpo gorduroso, tão importante no metabolismo da abelha. - ação vetora: a perfuração realizada pelas quelíceras da varroa vai levar à inoculação de microorganismos patogênicos; De um modo geral, a abelha adulta manifesta uma redução de actividade, mostra um metabolismo perturbado e, em consequência, terá uma menor duração de vida. Se se estudar a duração de vida dos grupos de abelhas não parasitadas em condições de laboratório, verifica-se que, depois de 25 dias, 50% das abelhas não parasitadas sobrevivem e 25% das parasitadas morrem. Ao nível da postura, encontram-se as mesmas principais ações: - ação traumática: a população de varroa, no interior do alvéolo, contribui para danificar as placas que estão na origem dos futuros apêndices. Isso poderá traduzir-se no nascimento de abelhas deformadas. A falta de espaço é um dos elementos (com a ação espoliadora) que obstruirá o desenvolvimento harmonioso da futura abelha: 6% das abelhas nascidas parasitadas mostram ter um abdômen menor. - ação espoliadora: as perdas, função do parasitismo durante a fase de ninfa, seria de 15 a 40% do volume da hemolinfa. Esta ação reflete-se no metabolismo e provoca o nascimento de abelhas menos vigorosas, de vida mais curta, com as glândulas hipofaringeanas e mandibulares atrofiadas. Com um parasitismo de um a três ácaros, o volume das glândulas hipofaringeanas diminui para 13,5%. A perda de peso dos insectos adultos parasitados por mais de três ácaros seria de 30%. - ação vetora: certas doenças da postura vão desenvolver-se: loque europeia, loque americana, postura saciforme. A ação de certos vírus que, até então, estavam presentes na colônia sem papel patogênico, aumenta rapidamente. O vírus da paralisia aguda (APV), causa a morte das larvas. O vírus das asas deformadas (DWV) está na origem das abelhas de asas atrofiadas. A abelha poderá ser, então, morfológica e fisiologicamente deficiente. Sofrerá uma perda de peso (de cerca de 21,6%), resultado da intensidade do parasitismo. Sinais e sintomas Os sintomas variam com maior ou menor gravidade em função de muitos fatores, como a época do ano, as condições climáticas, as técnicas apícolas, as contaminações. Inicialmente, a parasitose praticamente não possui sinais de acometimento, porém é possível evidenciar asas atrofiadas e varroas nas abelhas adultas. Quando a pressão do parasita aumenta, dificilmente a colônia é recuperada, e destacam-se os sintomas: Em nível das abelhas adultas e perante a colônia: - Abelhas mortas; - Abelhas e ninfas atrofiadas; - Larvas recém-nascidas presentes na prancha de voo; - Abelhas que se arrastam ao sol, andando em direções desordenadas; - Abelhas de asas deformadas, por vezes de coloração negra; - Abelhas de asas afastadas e assimétricas; - Pacotes de abelhas na proximidade das colônias, ao sol ou pendurados nos ramos (deserção). Em nível da postura, e da colônia: - Diminuição da postura da rainha; - Postura em mosaico; - Ninfas vivas, mas atrofiadas sob o opérculo; - Ninfas mortas no opérculo, na sua posição normal de evolução; - Larvas na parede do alvéolo, de uma cor castanha clara a castanha escura, de consistência pastosa; - Ninfas relativamente decompostas, em parte projetando-se para fora dos alvéolos; - Despovoamento da colónia; - Presença de reservas de mel e de pólen desproporcionais. As abelhas tornam-se prematuramente colhedoras por causa da atrofia das glândulas hipofaringeanas provocada pela alimentação de hemolinfa por parte do parasita. As colônias são encontradas sem abelhas e com fortes provisões de mel. Epidemiologia A varroatose propaga-se rapidamente, diferentes fatores, tanto naturais como apícolas, influenciam na propagação, dentre eles: - o voo dos machos, a sua mudança de colônia e de colmeia; - a enxameação; - a pilhagem: certos compostos de feromônios de alarme têm um papel importante na passagem da varroa da abelha morta para a que ataca; - a deriva das colhedoras; - as deserções, definidas pela partida das abelhas das suas colmeias transportando os parasitas. A deserção é uma resposta comportamental de um início de parasitismo muito elevado. - o transporte do parasita por vespas. Entre os outros fatores inerentes ao apicultor: - a transumância; - a concentração das colônias numa mesma região; - o transporte de alças com abelhas durante a colheita do mel; - a venda dos enxames; - o comércio das rainhas. Acariose Etiologia O agente etiológico é um ácaro endoparasita denominado Acarapis woodi. Possui cerca de um décimo de centímetro de comprimento e é um parasita específico de traqueia de Apis melífera. Patogenia Vive no interior das traqueias na parte anterior do tórax das abelhas. Esse ácaro adentra nas abelhas através do primeiro espiráculo respiratório, que se liga com a traqueia torácica. Depois de alojada, a fêmea começa a postura de ovos, os quais eclodem 3 a 4 dias depois, completando o desenvolvimento após 14 dias da eclosão. As abelhas mais velhas são imunes ao ácaro, porque estas possuem os pelos mais duros, impedindo que o ácaro as penetre. Esses pelos servem de proteção, logo, não conseguindo atravessar o espiráculo, não conseguem penetrar na traqueia local onde suga a hemolinfa do tórax. Como o ácaro não consegue infectar as abelhas, necessita de hospedeiro vivo para se desenvolver. Quando alojados na abelha, perfuram as paredes das traqueias para alimentação, emitindo toxinas prejudiciais às abelhas que também permitem a proliferação de doenças fúngicas, bacterianas ou virais secundárias, debilitando o organismo destas. Sintomas O sintomas confundem-se com os de outra doença, por isso a confirmação deve ser feita em laboratório. O principal sintoma dessa doença é a presença de abelhas, na frente da colmeia, com as asas desconjuntadas, impossibilitadas de voar. A paralisia parece ser proveniente de uma toxina secretada pelo ácaros, enquanto estão sugando a hemolinfa da abelha parasitada. Essa toxina paralisa as asas ou músculos de voos da abelha. Epidemiologia A acarapisose é uma doença cujo parasita depende de muitos fatores ecológicos. Tem carácter endêmico em determinadas regiões e em outras apresenta-se esporadicamente. Essa doença ocorre no Brasil, principalmente no sul do país (Rio grande do Sul e Santa Catarina). A acariose foi mais freqüente até as décadas de 70-80, não sendo mais considerada problema nos apiários brasileiros. Infestação por ácaros: Tropilaelaps clarae ou Tropilaelaps koenigerum Etiologia Há dois possíveis agentes etiológicos: são ácaros ectoparasitas hematógenos, denominados Tropilaelaps clarae ou Tropilaelaps koenigerum. Patogenia O ácaro hematófago se alimenta da hemolinfa das larvas da colônia, prejudicando o seu desenvolvimento. Sinais e sintomas Tropilaelaps spp. pode dizimar metade da colônia e enfraquecer o restante, observa-se células hexagonais perfuradas e irregulares, abelhas mortas, abdomens mal formados, asas atrofiadas e irregulares, patas ausentes ou deformadas. Na entrada da colmeia, pode-se observar abelhas rastejantes. Epidemiologia De acordo com o ministério da agricultura, a infestação por Tropilaelaps spp. se encontra na lista de doenças de notificação obrigatória ao Serviço Veterinário Oficial, porém classificada como doenças erradicadas ou nunca registradas no País, que requerem notificação imediata de caso suspeito ou diagnóstico laboratorial. Aethinose Etiologia O pequeno coleóptero das colmeias, Aethina tumida, o tamanho natural é um pouco maior que a cabeça de uma abelha (5 a 7mm de comprimento e de 3 a 4,5mm de largura). Portanto é muito menor do que qualquer besouro. O Aethina tumida é conhecido como “pequeno escaravelho da colmeia, trata-se de um parasita que realiza parte do seu ciclo biológico na colmeia. Os escaravelhos reproduzem-se no Verão e podem viver cerca de seis meses. Consequências O pequeno coleóptero das colmeias aparece principalmente em colônias enfraquecidas, que apresentam, por esse motivo, numerosos favos pouco ocupados pelas abelhas. Entretanto, pode às vezes aparecer em colônias mais fortes com uma boa população de abelhas. Para esse coleóptero, como no caso das traças, os desgastes mais graves são causados pelas larvas. Essas últimas alimentam-se de todas as componentes da colmeia: do mel, do pólen, de crias como também dos cadáveres de abelhas. Os excrementos e secreções que a larva deposita sobre a cera quando se alimenta contém uma substância que dá origem à fermentação do mel. Este último decompõe-se então numa massa viscosa, que transborda dos alvéolos com um odor característico de laranja apodrecida. Esta fermentação pode também produzir-se nos favos de mel recolhidos e armazenados na sala de extração, desde que o período de armazenagem exceda 3 dias. Pode também produzir-se nos recipientes que contenham mel, já que as larvas são capazes de sobreviver nos líquidos. As ceras afetadas não são mais aceitas pelas abelhas e devem ser bem limpas se o apicultor desejar reaproveitá-las. Epidemiologia Este parasita, originário da África do Sul, foi descrito pela primeira vez em 1867, por Murray e descrito como parasita da abelha Apis mellifera carpensis, em 1940, por Lundie (África do Sul). Rapidamente se espalhou para outros continentes. Nos Estados Unidos foi detectado pela primeira vez em 1998, na Florida, e atualmente ocupa a metade leste do país. Em 2002, foi identificado no continente australiano. A Nova Zelândia também já contou com a presença do coleóptero devastador da postura das abelhas. Em Portugal, em 2005, a apicultura portuguesa tomou conhecimento da aparição de Aethina tumida no país. Por via da importação de rainhas dos Estados Unidos da América, chegou a Portugal o pequeno escaravelho da colmeia. A rapidez com que o coleóptero se espalha deve-se à grande facilidade em se adaptar e à capacidade de sobreviver em ambientes diferentes das colmeias, pois pode completar o seu ciclo sem necessidade da presença de abelhas. De acordo com o Ministério da Agricultura brasileiro, a infestação por Aethina tumida. se encontra na lista de doenças de notificação obrigatória ao Serviço Veterinário Oficial, porém classificada como doenças erradicadas ou nunca registradas no País, que requerem notificação imediata de caso suspeito ou diagnóstico laboratorial. Controle e prevenção A melhor medida de prevenção contra a aparição da maior parte das doenças repousa sobre um bom cuidado da parte do apicultor.No caso do pequeno coleóptero há outras medidas que o apicultor deverá tomar no próximo porvir para combater esta doença na sua exploração, tais como: No apiário: - possuir colmeias fortes com favos cobertos de abelhas; evita-se assim que os quadros fiquem desocupados e abandonados nas extremidades laterais da colmeia; - utilizar colmeias que permitam limpeza dos fundos, evitando assim uma acumulação de detritos; - nunca deixar quadros ou restos de favos abandonados no apiário, porque o seu cheiro atrai os coleópteros das colmeias; - evitar trocar quadros entre as colmeias atingidas com as sãs; - Inspeccionar periodicamente as suas colmeias e, prestar atenção especial no caso em que se constatar sintomas parecidos aos da traça. No caso do mel: -não estocar quadros por mais de 3 dias, sobretudo contendo pólen ou crias; -eliminar todos os restos de mel e ceras de opérculos presentes nos recipientes; -não guardar por muito tempo as ceras não derretidas, mesmo dos opérculos; -não estocar favos ou colmeias no interior das instalações porque podem conter o coleóptero. Para todas as etapas: Manter condições de limpeza e higiene adequadas, evitando estocagem de detritos provenientes da colmeia. Apicultura no Brasil e no Mundo A produção mundial de mel teve uma tendência crescente nos últimos 20 anos, apesar das flutuações, em regiões e países (industrializados e não-industrializados), atribuídas a um aumento no número de colmeias e da produção por colônia. O consumo também aumentou durante os últimos anos, sendo atribuído ao aumento geral nos padrões de vida e também a um interesse maior em produtos naturais e saudáveis. Com 367 mil toneladas produzidas em 2009, de acordo com estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a China lidera o ranking mundial de produtores de mel. A superioridade fica mais evidente se compararmos este país com a Turquia, segundo colocado com pouco mais de 82 mil toneladas do produto. No contexto de 2009, o Brasil se encontrava na nona posição, produzindo 38 mil toneladas de mel (Tabela 1), sendo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Piauí, São Paulo e Ceará os principais produtores no Brasil, de acordo com o IBGE, em 2003. Ao se pensar em produção de mel é possível avaliar quanto essa atividade vem crescendo, considerando-se os últimos 40 anos de produção, em que o setor progrediu mais de 10 vezes. Isto porque desde o início de 2002, decisões dos EUA e da Comunidade Européia suspenderam a importação de mel da China devido aos altos índices de resíduos de drogas veterinárias encontrados no mel oriundo daquele país. Concomitantemente, os EUA suspenderam também a importação de mel da Argentina, alegando distorções no preço do produto, o que estava promovendo uma concorrência desleal com os próprios produtores americanos. Estes acontecimentos provocaram uma importante redução da oferta e, consequentemente, um desequilíbrio na relação oferta-demanda, elevando significativamente o preço do mel. Até 2001, o quilograma do mel era vendido, no mercado interno, em um intervalo de preço que variava de R$ 1,50 a R$ 2,00. Após o desequilíbrio citado, o quilograma do mel chegou a atingir R$ 4,50 no mês de setembro, no Estado do Piauí, preço líquido pago ao produtor. Mesmo considerando que é uma situação conjuntural, a tendência é de que esse preço se estabilize em patamares significativamente superior aos praticados até 2001, pois a crise da apicultura chinesa, maior produtor e exportador mundial, é de difícil solução. Esses dois fatos estão contribuindo para colocar o Brasil, pela primeira vez, na rota do mercado mundial. Até 2001, a produção brasileira de mel era totalmente consumida no mercado interno. No Brasil, as importações são maiores que as exportações. Praticamente tudo o que se produz é consumido no mercado interno. Os altos custos de produção e o bom preço do mercado interno, até 2001, desestimulavam a exportação. O consumo per capta é inferior a 300g/ano. A Argentina exporta cerca de 2,2% de sua produção para o Brasil (1.300t/ano) e o Uruguai 4% (350 t/ano) (Munhoz, 1997), observando-se que a área do Uruguai é 176.200 km2 e da Argentina é 2.776.700 Km2. A área territorial do Brasil é 8.512.700 Km2, três vezes maior que a Argentina e 48 vezes maior que o Uruguai. Segundo dados disseminados pelo Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior, denominado ALICE-Web, da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as importações e exportações brasileiras de mel natural, de 1998 a 2001 (jan/dez), tiveram comportamentos inversos: enquanto as importações diminuíram, as exportações aumentaram, em 1998 importava-se 2.428,8 toneladas de mel e exportava-se 16,7 toneladas, em 2001 importava-se 252,5 toneladas e exportava-se 1.814,4 toneladas. A produção de mel nesse mesmo período também apresentou tendência crescente, em função do aumento do número de colmeias e da produtividade, em 1998 produzia 18,308Mt e em 2001 produzia 20,000Mt. Segundo Vilela (2000), nos últimos 15 anos a atividade apícola cresceu 94,7% no Piauí, com uma importante expansão entre 1996 e 1998, quando o aumento foi de 39,7%, numa média de 13,23% ao ano. Entretanto, entre 1999 e 2000 o incremento foi de apenas 6%, redução que pode ser atribuída às dificuldades encontradas nos anos de 1998 e 1999, devido ao longo período de estiagem, provocado pelo fenômeno El Niño, quando muitos apicultores perderam entre 80 e 100% de seus enxames, desistiram da atividade e desmotivaram futuros produtores. O registro de importações de mel pelo Estado, em 1999, de 20 toneladas (SECEX Sistema Alice) vem confirmar esta ocorrência. Este comportamento também foi confirmado nos registros de exportações de mel do Piauí de 1998 a 2001, considerados insignificantes. Segundo dados do IBGE, o país alcançou 38 mil toneladas de mel em 2009. Um dos estímulos para o avanço da atividade pode ter sido o aumento da demanda advinda do exterior, que contou ainda com o fim do embargo para o mel brasileiro pela Comunidade Europeia, em 2008, representando a retomada na participação de um mercado de 12 bilhões de euros. Consequência ou não da necessidade externa, o volume total da sua produção quase dobrou entre 1999 e 2009, suficientemente para figurar entre os dez maiores do mundo (Gráfico 1). Apesar da expansão, um levantamento da Apis aponta a pouca utilização tecnológica e o baixo nível de organização como barreiras para um melhor aproveitamento na apicultura, indicando um potencial ainda maior da atividade nos próximos anos. Ao detalhar os dados nacionais, registra-se uma expansão em todas as regiões (Tabela 2), havendo aumentos expressivos no Norte e Nordeste com 343% e 435%, respectivamente. A região Sul aparece como maior produtora, com 16.501 toneladas de mel. Ao se observar o gráfico ao lado, nota-se que o somatório dos principais estados da região Sul representa 49% da produção de mel do país. Já o somatório dos principais estados do Nordeste e Sudeste, representam 18% e 17% respectivamente, o que demonstra que estes 9 estados são responsáveis por 84% da produção de mel nacional. A exportação de mel decresceu aproximadamente 38% entre 2009 e 2013, sendo os anos de queda representados por perdas de enxames nas regiões produtoras. Isto, fruto, principalmente, de secas como a ocorrida em 2012, que fez com que o Nordeste brasileiro, que desde 2009 ocupava o posto de maior região exportadora, reduzisse 52% da produção e 25% das exportações, dando lugar de principal exportador à região Sul, segundo o Informe Rural Etene, de 2013. No entanto, observa-se que apesar do bom posicionamento do país nas exportações de mel, o Brasil, em todos os anos (2008-2012), apresentou melhor ranking em quantidade quando comparado com o ranking em valor. Isto indica que países que produzem menores quantidades, estão oferecendo melhor preço do produto, o que tem colocado o Brasil para trás em valores exportados. Como exemplo, podem-se citar países como Vietnã, Alemanha e Hungria, que em 2011 estavam abaixo do Brasil no ranking de exportação, considerando quantidade exportada, porém acima do Brasil no ranking de valores exportados. Este fato aponta a necessidade do país em buscar a produção de produtos com qualidade e valor agregados, principalmente diante do grande incentivo para produções orgânicas e sustentáveis, as quais o governo brasileiro tem realizado. As exportações de mel de janeiro a maio deste ano aumentaram 96,79%, em relação ao mesmo período de 2013, totalizando US$ 44,9 milhões. Estes dados foram divulgados em Junho deste ano, pela Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel). Em termos de volume, o aumento nas exportações foi de 68,32%, equivalente a 11.917 toneladas. De acordo com a associação, o volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste e o aprimoramento da base produtiva contribuíram para o aumento da produção e das exportações. Com uma tendência de crescimento a apicultura brasileira deve permanecer entre as mais produtivas do mundo nos próximos anos. O diferencial no tipo de abelha utilizada no país tende a permanecer beneficiando os produtores brasileiros. Um cenário de mais dificuldades é esperado, não só no Brasil como também nos demais países produtores, tendo como principal razão as alterações climáticas ocorridas em todo o mundo. A estiagem, excesso de chuvas e desmatamento excessivo identificado em algumas regiões, impedem a expansão ou mesmo a sobrevivência do enxame. Em visão internacional, além do clima existe o crescente fenômeno mundial conhecido como “colapso das abelhas”, algo ainda sem explicação e solução definida, mas que vem acarretando um sumiço delas de forma repentina. As dificuldades expostas tendem a elevar o preço praticado devido à falta de produto no mercado. Para se ter uma ideia, em janeiro deste ano o valor médio pago pelo mel exportado foi 37,7% maior, quando comparado a janeiro de 2010. Assim, o melhor caminho a ser seguido é a busca constante pelo aperfeiçoamento da atividade, respeitando os limites ambientais de cada localidade. A capacitação constante e o aprimoramento nas técnicas de produção também devem ser sempre almejados, a fim de permitir o aumento da produtividade e otimização dos recursos. Posição do MAPA frente à Apicultura Em 2006 foi criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Mel e Produtos Apícolas, com sede em Aracaju (SE), que em 2011 teve seu nome alterado para Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Mel e Produtos das Abelhas, que visava abrangir também a produção de abelhas sem ferrão. Criada sob a portaria de nº 293, a câmara visava a regulamentação da produção de mel para exportação para a União Européia, que exigia uma regulamentação para compra desse produto através de um “Plano Nacional de Controle de Resíduos”(PNCR), fazendo com que, em meados de 2006, fechasse seu mercado para a importação deste produto pelo mercado brasileiro. Tal barreira desencadeou um abalo econômico dos produtores de mel, visto que a Europa é o maior mercado comprador do nosso mel, e isso levou os produtores a iniciar uma organização do setor, sua articulação com os órgãos governamentais e implantação de mecanismos de gestão e comprovação da qualidade. A a partir da aplicação de esforços conjuntos de diversos órgãos governamentais e não governamentais e de todo o setor produtivo para atender às exigências dos países importadores do bloco europeu, o embargo pôde ser superado. A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Mel e Produtos das Abelhas conta com 18 órgãos e entidades e tem sua sua presidência exercida, desde a sua criação, pelo presidente da Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), tendo representantes de órgãos governamentais ligados a cadeia produtiva apícola (pesquisa, fiscalização e regularização), representates de classe e empresas do setor. A CSMEL é o principal fórum de discussão do setor e de encaminhamentos concretos, além de atuar como elo e representante oficial entre as demandas e necessidades do setor produtivo e dos órgãos oficiais de fomento, controle e fiscalização da cadeia. Nesse contexto, em 2007 foi criada Comissão de Estudo Especial da Cadeia Apícola ABNT/CEE-87 que visa a normalização da atividade apícola, compreendendo a produção, manipulação, transporte e equipamentos nas fases de campo, casa de mel e entreposto, no que concerne aos requisitos, terminologia, métodos de ensaio e sistema de rastreabilidade. Sua coordenação é exercida por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), sendo aberta a participação à qualquer cidadão brasileiro. Um de seus objetivos é, ainda, a criação do “Programa de Avaliação da Conformidade do Mel Brasileiro”, dentro dos padrões do Inmetro. Sua principal função é estabelecer os parâmetros e requisitos técnicos que, pela sua aplicação, possam promover a segurança alimentar, a manutenção da qualidade dos produtos, da preservação ambiental e da biodiversidade. Ainda, foi proposta a criação de um “Programa de Avaliação da Conformidade (PAC) para Mel de Abelhas” que visa à garantia da conformidade do mel quanto condições de produção, rastreabilidade, composição, aditivos, contaminantes, higiene, pesos, medidas e rotulagens conforme IN do MAPA nº 11/200. O principal foco da PAC é garantir a segurança alimentar através de um mecanismo de certificação voluntária. Considerações Finais Devido a grande produção apícola atual brasileira e, principalmente, devido ao grande potencial produtivo brasileiro, a Apicultura deve ser cada vez mais o centro de atenção dos produtores brasileiros. Com 5 raças de abelhas criáveis, esses animais sociavéis são um fonte de produção de produtos de origem animal, tais como mel, geléia real, rainhas (matrizes), polinização, própolis, entre outros, tendo revelância no cenário econômico agrícola. Há uma série de doenças que atacam os enxames produtores de mel, sendo a doença de maior importância na realidade produtora brasileira Loque Americana, e o conhecimento dessas enfermidades é de vital importância para a manutenção das taxas de produção de produtos apícolas no Brasil, além de manter uma boa criação, visando-se também o bem-estar dos animais produtores. Com o aumento da produção e consumo desses produtos nos últimos anos, o Brasil se apresenta em 6º lugar na produção mundial e começa a despontar pela primeira vez na rota do mercado mundial de mel, porém sua produção ainda é, em sua maioria, utilizada no consumo interno. Sua maior produção ocorre na região Sul do país, responsável por 49% da produção total. Houve um crescimento das taxas de exportação de mel nos últimos anos, porém devido ao valores menores oferecidos por países com produções menores, o Brasil se mantêm atrás no ranking de exportação, porém devido ao grande crescimento produtivo do Brasil nos últimos meses, há um tendeência no aumento das taxas de exportação. Devido as alterações climáticas ocorridas no planeta, gerando o chamado “colapso das abelhas”, houve um aumento no valor de exportação dos produtos de origem apícola por todo o mundo. A regulamentação da produção apícola vem ocorrendo nos últimos anos através de portarias e comissões criadas pelo MAPA e pelo Embrapa, procurando optimizar e regulamentar a produção brasileira, levando-a a altos padrões de produção e a tornando apta a concorrer no mercado exportador internacional. A criação de normas técnicas para a produção brasileira elevou a qualidade dos produtos produzidos no país nos ultimos anos e a pretensão da criação de novas ferramentas regulatórias como o fomento de infraestrutura e divulgação do PAC prentedem elevar a condição do país como produtor e exportador, sendo ainda, referência no mercado internacional. REFERÊNCIAS BALINT, ADRIAN, ET AL. "Epidemiological Study in Varoosis and in other Bees Brood Pathogens in Western Romania." Bulletin of University of Agricultural Sciences and Veterinary Medicine Cluj-Napoca. Veterinary Medicine 2.68 (2011). FILHO, J. do A. Um quadro panorâmico da produção de mel de abelha no Ceará. Fortaleza: IPECE, 2004. 19p. 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