[apresentação] O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura tem o prazer de acolher a Itinerância da Mostra de Cinema Múltiplos Brasis, por ocasião das atividades que integram e antecedem a IV Reunião Equatorial de Antropologia e a XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste, numa parceria com o Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (Lisa) da USP e o Laboratório de Estudos da Oralidade (Leo) da UFC. A mostra sinaliza para um Dragão diverso, aberto para a multiplicidade de produções cinematográficas informadas pelo olhar antropológico. O Centro Dragão do Mar, como costumo dizer, é uma “refinaria de cultura” e a itinerância da Mostra Múltiplos Brasis, realizada pela renomada Associação Brasileira de Antropologia, irá contribuir sobremaneira para nosso projeto de fortalecimento da formação, criação e difusão cultural, eixos principais a partir dos quais estamos trabalhando. Paulo Linhares Presidente do Instituto de Arte e Cultura do Ceará Observando o movimento de organização da Antropologia no Norte e Nordeste brasileiro, o Ceará propõe sua participação ativa no debate antropológico do país. A Mostra Itinerante Múltiplos Brasis, produzida localmente pelo colega Alexandre Vale e pela equipe do Laboratório de Estudos da Oralidade, como mais um dos eventos que antecedem a IV REA/XIII ABANNE, será uma excelente oportunidade para consolidação de um espaço de discussão sobre as possibilidades e potencialidades do uso das imagens nos processos de difusão e pesquisa socioantropológica. Isabelle Braz Presidente da Comissão Organizadora da IV REA/XIII ABANNE [apresentação] É uma grande satisfação iniciar a Itinerância da Mostra de Cinema Múltiplos Brasis por Fortaleza. A mostra é uma realização da Associação Brasileira de Antropologia em parceria com o Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA) da USP e foi apresentada pela primeira vez em São Paulo, no ano passado. Em Fortaleza, a parceria com o Laboratório de Estudos da Oralidade (LEO) da UFC foi muito importante para que, na atual gestão da ABA, presidida pela antropóloga Carmen Rial, pudéssemos pensar sua itinerância. A ideia central da mostra é colocar o grande público em contato com temas que preocupam tanto cineastas quanto antropólogos. Não é incomum que nós, antropólogos/ as, sejamos abordados/as no cotidiano sobre o sentido da nossa prática. E não é raro nos depararmos com a dificuldade de encontrar uma resposta simples para tal pergunta. A antropologia na sua definição, tout court, é a disciplina, nas Ciências Sociais, que tem por ambição colocar-se nas lentes do outro que pretende conhecer. Ao buscar tornar familiar o que é estranho e estranho o que nos é familiar, ela dialoga com realidades transculturais, desvelando mundos distintos, múltiplas identidades. Os filmes da mostra sinalizam para essas questões e nos possibilitam pensar um Brasil que é múltiplo, que pulsa também nas imagens. Paula Morgado Curadora da Mostra Coodenadora do Comitê de Antropologia Visual da ABA [sobre a mostra itnerante múltiplos brasis] A Itinerância da Mostra Múltiplos Brasis será realizada em Fortaleza nos dias 21, 22, 23 e 24 de fevereiro e integra as atividades da IV Reunião Equatorial de Antropologia e a XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste, numa parceria com o Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (Lisa) da USP e o Laboratório de Estudos da Oralidade (Leo) da UFC. Os filmes que compõem a mostra, apresentada pela primeira vez em São Paulo em julho de 2012, têm como foco o cotidiano e as experiências que se revelam nas cidades, nas personagens, nas manifestações culturais, no ato performático de si e dos outros, cruzando fronteiras e produzindo um Brasil que vibra e é múltiplo. “Aqui o conhecimento está a serviço de compreender para ver e dar visibilidade às experiências da diversidade. Trata-se de caminhos cruzados e híbridos que desvelam mundos constituídos de permanentes diferenças, de múltiplas identidades” aponta a antropóloga Paula Morgado, curadora da Mostra e atual coordenadora do Comitê de Antropologia Visual da Associação Brasileira de Antropologia. Os filmes reunidos nessa mostra foram pensados a partir de cinco eixos temáticos: Cidades, Personagens, Fronteiras, Performance e Outros Brasis. São todos filmes selecionados e/ou premiados em festivais e alguns deles foram feitos por antropólogos Eles dialogam com questões atuais da antropologia e nos remetem diretamente às discussões que terão lugar na IV Reunião Equatorial de Antropologia e a XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste, cuja temática geral denomina-se “Saberes Locais e Experiências Transnacionais: Interfaces do Fazer Antropológico”. O evento será realizado em Fortaleza no período de 04 a 07 de agosto de 2013, promovido pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (EUCE), a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e a Universidade Regional do Cariri (URCA). [programação] conferências e lançamento de livro] O colorido local da Itinerância da Mostra inclui uma conferência de abertura da antropóloga e curadora Paula Morgado, “Antropologia Visual: conhecer para ver e ver para conhecer”, o lançamento do livro do antropólogo cearense Alexandre Fleming Câmara Vale “O Voo da Beleza: experiência trans e migração”, com apresentação do livro realizada pelo Prof. Dr. Alípio de Sousa Filho, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e editor da Revista Bagoas. Na jornada de sexta-feira, por ocasião da abertura do Programa Performance da Mostra, o Professor Alípio de Souza proferirá uma conferência com o título “A Orientação Sexual em Questão”, seguida da apresentação do filme “Vestido de Laerte”, especialmente incluído para a itinerância fortalezense da Mostra. quinta 21 18h30 Abertura com Conferência da Dra. Paula Morgado: “Antropologia Visual: conhecer para ver e ver para conhecer” 19h30 Lançamento do livro “O voo da beleza” de Alexandre Fleming Câmara Vale, seguido de um bate-papo com o autor e com o Prof. Dr. Alípio Sousa Filho (UFRN) 20h10 Filme de abertura da mostra: “O vôo da beleza” (Alexandre Fleming Vale, Brasil, 2012, 76 min) 20h50 Coquetel de Abertura da Mostra fronteiras] O programa reúne cinco filmes que abordam situações liminares vividas pelo “corpo” social, cultural e físico: travestis e transexuais em contextos migratórios (O Voo da beleza), experiências extremas vividas como “distúrbios psiquiátricos” (Em (Si) mesma), marginalidade social, subalternidade e subversão (Estamira), arte marginal e bastidores do mercado pornô brasileiro (Minami em Close-up. A Boca em Revista) e a liminaridade em sua potência máxima no drama de pais que geram crianças acéfalas (Uma história Severina). quinta 21 20h50 O voo da beleza (Alexandre Fleming Vale, Brasil, 2012, 76 min) sexta 22 14h Em (si) mesma (Andrea Barbosa, Brasil, 2006, 24 min) 14h40 Uma história Severina (Débora Diniz, Brasil, 2005, 22 min) 15h20 Estamira (Marcos Prada, Brasil, 2004, 115 min) perfomance] O programa reúne quatro filmes e nos instiga a pensar sobre a eficácia da encenação que impregna a vida social e a plasticidade do corpo, de suas práticas e danças: na paixão pelo samba (Roda), na religião (Terra deu, terra come), no cotidiano de travestis em São Paulo (Transficção) e na subversão cotidiana aos binarismos sexuais (Vestido de Laerte). Em todos esses filmes a representação desempenha um papel relevante na construção da narrativa fílmica, desafiando as fronteiras entre ficção e realidade. sexta 22 18h Conferência do Prof. Dr. Alípio de Sousa Filho: “A Orientação Sexual em Questão” 19h30 Vestido de Laerte (Cláudia Priscilla e Pedro Marques Brasil, 2012, 13 min) 20h Transficção (Johannes Sjoberg , Brasil, 2007, 55 min) 21h10 Minami em close-up. A boca em revista. (Thiago Mendonça, Brasil, 2009, 19 min) sábado 23 14h Roda (Carla Maia e Raquel Junqueira, Brasil, 2011, 70 min) 15h20 Terra deu, terra come ( Rodrigo Siqueira e Pedro Alexina, Brasil, 2010, 88 min) cidades] O programa reúne quatro filmes cujo cenário de fundo é a grande cidade, revelando suas diferentes faces: o universo dos moradores de coberturas de prédio das cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo (Um lugar ao sol); percursos e inquietações de vários artistas que vivem no extremo sul da cidade de São Paulo às margens do maior reservatório hídrico da cidade (Grajaú, onde São Paulo começa); a vida e as transformações de quatro protagonistas da arte de rua no bairro de Tiradentes, zona leste da cidade de São Paulo (A arte e a rua); a convivência conflituosa, marcada por desvios de curso de rios, especulação imobiliária e habitação irregular que marcam a cidade de São Paulo (Sobre rios e córregos). sábado 23 17h Um lugar ao sol (Gabriel Mascaro, Brasil, 2009, 66 min) 18h20 Grajaú, onde São Paulo começa (João Cláudio de Sena, Brasil, 2011, 28 min) 19h A arte e a rua (Carolina Caffé e Rose Satiko Hikiji, Brasil, 2011, 46 min) 20h Sobre rios e córregos (Camilo Tavares, Brasil, 2009, 60 min) personagens] O programa, composto de quatro filmes, fala de um cinema documental no qual os personagens são o centro da narrativa, cada um revelando um Brasil particular: sobre as babás que fazem parte de inúmeras famílias brasileiras, mostrando uma situação em que o afeto é genuíno, mas não dissolve a violência (Babás); os fotógrafos ambulantes no interior do Nordeste e os sentimentos impressos nas imagens (Câmara viajante); A música e a cultura no Recôncavo Baiano segundo o percussionista Naná de Vasnconcelos (Diário de Naná); Mulheres afro-descendentes, oriundas de classes populares que se transformam em rainhas na escola de samba ou incorporam deuses nos barracões do candomblé (Fala mulher). sábado 23 21h10 Babás (Consuelo Lins, Brasil, 2010, 20 min) domingo 24 15h Câmara viajante (Joe Pimentel, Brasil, 2007, 20 min) 15h40 Diário de Naná (Paschoal Samora, Brasil, 2006, 60 min) 16h50 Fala mulher (Kika Nicolela e Graciela Rodriguez, Brasil, 2005, 80 min) outros brasis] Finalmente, o programa Outros Brasis reúne dois filmes onde se destacam aspectos rurais de um Brasil múltiplo, em vias de modernização. Um Brasil, por vezes, silencioso, pacato e isolado, como em A poeira e o vento que, numa linguagem poética, nos faz emergir na vida de um lugarejo no interior de Minas Gerais. Ou ainda, um Brasil atravessado por conflitos econômicos, ecológicos e humanos, como em Nas terras do Bem-Virá, no qual a violência é abordada como fruto de um modelo de desenvolvimento de estradas criado nos anos 70, no auge da ditadura militar, ocasionando devastação da floresta, trabalho escravo, luta pela terra e assassinatos, como os dos sem-terra de Eldorado dos Carajás e da missionária americana Dorothy Stang. domingo 24 18h20 A poeira e o vento (Marcos Pimentel, Brasil, 2010, 18 min 18h50 Nas terras do Bem-Virá (Alexandre Rampazzo, Brasil, 2007, 110 min) [sinopses] A arte e a rua O documentário segue a vida e as transformações de quatro protagonistas da arte de rua no bairro de Tiradentes, zona leste da cidade de São Paulo. Nesse espaço, considerado o maior complexo de conjuntos habitacionais populares da América Latina, marcado pela exclusão, a população orquestra suas dificuldades com dinâmicas próprias de sociabilidade e a apropriação criativa do território. A poeira e o vento Documentário sobre o cotidiano de um pequeno vilarejo rural, de difícil acesso, no interior de Minas Gerais, nas imediações do Parque Estadual de Ibitipoca. Apesar do turismo crescente na região, a rotina das famílias que ali vivem há anos ainda não mudou. Elas continuam praticamente isoladas do mundo exterior, à margem do progresso. Os habitantes são, em sua maioria, agricultores que tentam manter sua subsistência e garantir a sobrevivência de hábitos e costumes antigos, prestes a desaparecer. Babás Integra elementos autobiográficos em uma reflexão sobre a presença das babás no cotidiano de inúmeras famílias brasileiras, tocando em um tema raro na produção audiovisual contemporânea. Fotografias, filmes de família e anúncios de jornais do século XX constroem uma narrativa pessoal sobre uma situação em que o afeto é genuíno, mas não dissolve a violência, evocando, em alguns aspectos, nosso passado escravocrata. Câmara viajante Documentário que retrata o universo e o ofício dos fotógrafos populares que atuam nas festas, feiras e romarias do interior nordestino. A visão do artista do retrato pintado, suas técnicas e seu trabalho. Estamira Conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais e vive e trabalha há mais de 20 anos no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, um local renegado pela sociedade, que recebe diariamente mais de oito mil toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro. Com um discurso eloqüente, filosófico e poético, a personagem central do documentário levanta de forma íntima questões de interesse global, como o destino do lixo produzido pelos habitantes de uma metrópole e os subterfúgios que a mente humana encontra para superar uma realidade insuportável de ser vivida. Em (si) mesma O vídeo mostra a relação de uma psicóloga com suas pacientes, internadas em um hospital psiquiátrico público, e como ela se dá por meio da fotografia. Tirando retratos de suas pacientes, a doutora estabelece entre elas um diálogo em emocional profundo e delicado que auxilia essas mulheres no contato com o mundo. Fala mulher Em São Paulo, 15 mulheres afro-descendentes falam sobre suas vidas. No cotidiano, são manicures, domésticas, secretárias, cabeleireiras, cozinheiras, professoras, batalhando por sua sobrevivência. No entanto, são rainhas na escola de samba, e nos barracões do candomblé incorporam deuses. Muitas vezes exploradas na mídia como objetos sexuais – simbolizadas pela figura da mulata – essas mulheres cantam, dançam e negociam seu espaço no mundo. A fantasia se mistura ao real, de forma que o carnaval não se limita a uma semana no mês de fevereiro – o Carnaval é um estado de espírito permanente, contaminando a rotina com criatividade e otimismo. Diário de Naná A música e a cultura no Recôncavo Baiano segundo o percussionista Naná Vasconcelos, que encontra pessoas que usam o ruído para criar música e pesquisa na música local ligada à religiosidade. Grajaú, onde São Paulo começa Articulado a partir da ideia de um “street movie”, conduz sua narrativa a partir dos percursos e inquietações de vários artistas que vivem neste carente e populoso bairro no extremo sul da cidade de São Paulo, às margens do maior reservatório hídrico da cidade. Fugindo dos estereótipos de violência e pobreza, busca construir a imagem deste imenso bairro paulistano através da arte e da geografia fugindo aos clichês convencionais associados à cidade. Minami em close-up. A Boca em revista A trajetória da revista em close-up que nos anos 70 tornou-se um sucesso de vendas publicando as fotos das atrizes em poses sensuais e de seu editor, Minami Keizi, transforma-se no ponto de partida para contar a história dos filmes da Boca de Lixo e seus personagens. Nas Terras do Bem-Virá O percurso histórico de um modelo de desenvolvimento criado nos anos 70, no auge da ditadura militar. A partir da ênfase em grandes projetos e estradas atravessando a Amazônia, ocorre uma aceleração do processo de migração. Em conseqüência surgem conflitos armados, devastação da floresta, casos de trabalho escravo, luta pela terra e assassinatos, como o dos sem-terra de Eldorado dos Carajás e da missionária americana Dorothy Stang. O vestido de Laerte Nesse curta-metragem, o cartunista trans Laerte percorre um longo caminho até uma espécie de órgão governamental para entregar uma série de documentos e, assim, conseguir o direito de frequentar banheiros femininos. Numa mistura entre ficção e histórias vividas pelo cartunista no seu processo de se vestir de mulher em seu dia-a-dia, o filme aborda uma das questões centrais para pessoas travestis e transgênero, a saber, o reconhecimento de sua identidade social e o uso dos espaços públicos a partir do reconhecimento de sua auto-definição de gênero. O voo da beleza Narrativas de viagens em contextos transnacionais (Fortaleza e Paris) compõem a matéria-prima desse documentário sobre a vida de travestis e transexuais brasileiras que vivem na Europa. Para elas, o velho mundo enseja o coroamento de uma experiência toda rendilhada pelo cruzamento de fronteiras: gênero, territorial, social, existencial. Roda Entre sambas e memórias, compositores, intérpretes e instrumentistas da Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte fazem roda. Sobre rio e córregos Assentada sobre cerca de 1.500 km de rios e córregos, a cidade de São Paulo transformou-se, ao longo de uma história marcada por acelerado progresso e avanço da ocupação humana, num caso peculiar de transformação da água tanto em solução quanto em problema, fonte de energia e lucro, mas também de lixo, poluição, enchentes, questões de saúde e de trânsito. Através de depoimentos de especialistas, como Raquel Rolnik, José Galizia Tundisi e moradores da cidade, como o roteirista Fernando Bonassi, analisa o histórico de uma convivência conflituosa, marcada por desvios de curso de rios, especulação imobiliária e habitação irregular. Terra deu, terra come Não se sabe o que é fato e o que é representação, o que é verdade e o que é um conto, documentário ou ficção, o que é cinema e o que é vida, o que é africano e o que é mineiro, brasileiro. Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos de idade, comanda como mestre de cerimônias o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos. O ritual sucede-se no quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina (MG). Transficção Filmado como parte do doutorado em Artes Cênicas na Universidade de Manchester o filme explora a etnoficção, um gênero de filme etnográfico experimental no qual os participantes colaboram com o cineasta improvisando experiências pessoais ou de outras pessoas. O foco do filme é a identidade e a discriminação no cotidiano de transgêneres brasileiros vivendo em São Paulo. Uma história Severina Severina teve seu destino alterado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Grávida de quatro meses de um feto sem cérebro, ela estava internada no hospital na mesma tarde em que o tribunal cassou a permissão para interromper a gestação. Era 20 de outubro de 2004. Plantadora de brócolis de Chã Grande, em Pernambuco, mulher de Rosivaldo e mãe de Walmir, Severina peregrina por fóruns e maternidades por três meses. Pede que lhe abreviem o sofrimento. O documentário testemunha essa trajetória e conta o longo dia seguinte que os ministros não acompanharam. Um lugar ao sol O documentário aborda o universo dos moradores de coberturas de prédio das cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. O diretor obteve acesso aos moradores das coberturas através de um curioso livro que mapeia a elite e pessoas influentes da sociedade brasileira. São catalogados 125 donos de cobertura e, destes, apenas nove concederam entrevistas. Através dos depoimentos, o filme traz um rico debate sobre desejo, visibilidade, insegurança, status e poder, e constrói um discurso sensorial sobre o paradigma arquitetônico e social brasileiro. [Ficha Técnica] Curadoria] Paula Morgado – Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da USP Realização] Associação Brasileira de Antropologia Co-realização] LISA - Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da USP LEO - Laboratório de Estudos da Oralidade (LEO) da UFC IV Reunião Equatorial de Antropologia e a XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura Produção] LEO - Laboratório de Estudos da Oralidade da UFC Apoio] Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará Fábrica de Imagens Gluck Buffet Projeto Gráfico] Lídia Farias