SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA MARCO AURÉLIO PEREIRA DA SILVA RELEVÂNCIA DA PROTEÇÃO MIOCÁRDICA DURANTE A CIRCULAÇÃO EXTACORPÓREA EM PORTO VELHO, RONDÔNIA Porto Velho/RO 2016 MARCO AURÉLIO PEREIRA DA SILVA RELEVÂNCIA DA PROTEÇÃO MIOCÁRDICA DURANTE A CIRCULAÇÃO EXTACORPÓREA EM PORTO VELHO, RONDÔNIA Tese apresentada à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientadora: Enfª Ma. Luciene C. Piedade Almeida Porto Velho/RO 2016 2 Resumo Introdução: Após o crescimento e desenvolvimento da ciência e tecnologia, a cirurgia cardíaca, vem ganhando contribuições inovadoras desde 1953 por Gibbon. No Brasil, a introdução da circulação extracorpórea ocorreu através do médico Enio Buffolo. Diante deste contexto, o método mais comumente utilizado para a proteção miocárdica é o de administrar-se solução cardioplégica na circulação coronária. Entretanto, a proteção pode ser alcançada através da perfusão intermitente do sistema coronariano com sangue do próprio paciente, que é realizada por meio de pinçamento e abertura do clamp aórtico ou por meio do pinçamento único e canulação acessória da raiz aórtica. Objetivo: O presente trabalho busca sintetizar o conhecimento produzido na literatura científica acerca da importância da proteção miocárdica no decorrer do procedimento de cirurgia cardíaca e, ainda, abordar as variantes de proteção miocárdica. Método: Trata-se de um estudo realizado por meio de levantamento bibliográfico, na modalidade Revisão Integrativa de Literatura (RIL). Para seleção dos artigos, realizou-se uma busca em duas bases de dados sendo: Literatura Latino Americana-LILACS e SCIELO. A partir dessa busca foram doze artigos selecionados e compõe o estudo. Resultados: Os métodos de proteção miocárdica apresentam resultados satisfatórios, mas, apesar disso, nenhum deles pode ser considerado ideal, tendo em vista que a decisão final é do cirurgião responsável pelo serviço. Conclusão: A preocupação com a proteção miocárdica sempre deverá ser um dos pontos mais importantes desde o momento da decisão de que o paciente será submetido à cirurgia cardíaca, visando melhorar a qualidade de vida, principalmente daqueles pacientes que apresentam algum grau de deficiência do trabalho do músculo cardíaco. No que tange a temperatura, a via de indução da parada cardíaca e de administração da solução cardioplégica, os critérios são estabelecidos pelo cirurgião, através de sua prática e conhecimento. Descritores: Cirurgia Torácica. Circulação Extracorpórea. Miocárdica. Modalidades de Parada Cardíaca Induzida. Isquemia Abstract Introduction: The heart surgery after the growth and development of science and technology, has been gaining innovative contributions generated since 1953 by Gibbon. In Brazil, the introduction of cardiopulmonary bypass occurred through doctor Enio Buffolo. In view of this context, the most common method used for myocardial protection is to administer the cardioplegic solution in the coronary circulation. However, the protection can be reached through the intermittent perfusion of the coronary system with the patient’s own blood, which is performed by clamping and opening of the aortic cross-clamp or by single clamping and accessory cannulation of the aortic root. Purpose: The present work wants to condense the knowledge produced in the scientific literature about the importance of myocardial protection during the heart surgery procedure and, still approach variants of myocardial protection. Strategically, the myocardial protection reduces the intensity of myocardial ischemiareperfusion injury during the heart surgery procedure e its possible 3 consequences on the cardiac muscle. This way, the understanding of physiopathological phenomena related to myocardial ischemia-reperfusion e its cardioprotection promoted by certain drugs and anesthetic techniques has given to the perfusionist an important role in myocardial protection during the surgical procedure. Method: It is a study conducted through literature, in the form of Integrative Literature Review (ILR). For the selection of the articles, a research was made in two data basis: Latin American Literature - LILACS and SCIELO. From this research, twelve articles were selected and compound the study. Results: The methods of myocardial protection present satisfying results, but, despite of that, none of them can be considered ideal, given that the final decision is made by the responsible surgeon. Conclusion: The worry with the myocardial protection must always be one of the most important points, since the moment of decision that the patient will undergo to heart surgery, in view to improve the quality of life, mainly of those patients who present some level of deficiency of the heart muscle work. Regarding the temperature, the induction pathway of cardiac arrest and of cardioplegic solution administering, the criteria are established by the surgeon, through their practice and knowledge. Descriptors: Thoracic Surgery. Cardiopulmonary Ischemia. Modalities of Induced Cardiac Arrest. Bypass. Myocardial SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 6 1.1 A CIRURGIA CARDÍACA .......................................................................... 6 1.2 O PROFISSIONAL PERFUSIONISTA ...................................................... 8 2 OBJETIVO..................................................................................................... 11 3 MÉTODO....................................................................................................... 11 4 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 14 4.1 HISTÓRIA DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA ............................... 15 4.2 FINALIDADE DA PROTEÇÃO MIOCÁRDICA ....................................... 16 4.3 O MECANISMO DE PROTEÇÃO MIOCÁRDICA ................................... 18 4.3.1 OUTRAS MODALIDADES DE PROTEÇÃO MIOCÁRDICA ................ 21 4.4 O CENÁRIO DA PROTEÇÃO MIOCÁRDICA NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO, RONDÔNIA .......................................................................... 22 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 24 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 25 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 27 5 Relevância da Proteção Miocárdica durante a Circulação Extracorpórea em Porto Velho, Rondônia Luciene Carvalho Piedade Almeida1 Marco Aurélio Pereira da Silva2 Resumo Introdução: Após o crescimento e desenvolvimento da ciência e tecnologia, a cirurgia cardíaca, vem ganhando contribuições inovadoras desde 1953 por Gibbon. No Brasil, a introdução da circulação extracorpórea ocorreu através do médico Enio Buffolo. Diante deste contexto, o método mais comumente utilizado para a proteção miocárdica é o de administrar-se solução cardioplégica na circulação coronária. Entretanto, a proteção pode ser alcançada através da perfusão intermitente do sistema coronariano com sangue do próprio paciente, que é realizada por meio de pinçamento e abertura do clamp aórtico ou por meio do pinçamento único e canulação acessória da raiz aórtica. Objetivo: O presente trabalho busca sintetizar o conhecimento produzido na literatura científica acerca da importância da proteção miocárdica no decorrer do procedimento de cirurgia cardíaca e, ainda, abordar as variantes de proteção miocárdica. Método: Trata-se de um estudo realizado por meio de levantamento bibliográfico, na modalidade Revisão Integrativa de Literatura (RIL). Para seleção dos artigos, realizou-se uma busca em duas bases de dados sendo: Literatura Latino Americana-LILACS e SCIELO. A partir dessa busca foram doze artigos selecionados e compõe o estudo. Resultados: Os métodos de proteção miocárdica apresentam resultados satisfatórios, mas, apesar disso, nenhum deles pode ser considerado ideal, tendo em vista que a decisão final é do cirurgião responsável pelo serviço. Conclusão: A preocupação com a proteção miocárdica sempre deverá ser um dos pontos mais importantes desde o momento da decisão de que o paciente será submetido à cirurgia cardíaca, visando melhorar a qualidade de vida, principalmente daqueles pacientes que apresentam algum grau de deficiência do trabalho do músculo cardíaco. No que tange a temperatura, a via de indução da parada cardíaca e de administração da solução cardioplégica, os critérios são estabelecidos pelo cirurgião, através de sua prática e conhecimento. Descritores: Cirurgia Torácica. Circulação Extracorpórea. Isquemia Miocárdica. Modalidades de Parada Cardíaca Induzida. Abstract 1 Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Pós-Graduada em Educação em Saúde pela FIOCRUZ. Pós-Graduada em Laboratórios de Vigilância em Saúde pela Faculdade São Lucas (FSL). Mestre em Terapia Intensiva pela SOBRATI/IBRATI. Intervencionista do Suporte Avançado pelo Hospital Alemão Osvaldo Cruz. Coordenadora do Núcleo de Educação Permanente do SAMU de Porto Velho/RO. Docente da Disciplina de Urgência e Emergência em Enfermagem e Assistência Integral à Saúde do Adulto e Idoso II na UNIRON. 2 Graduado em Fisioterapia pela Faculdade de Reabilitação Tuiuti-PR. Especialista em Perfusão Extracorpórea pela Sociedade Brasileira de Circulação Extarcorpórea. Pós-Graduado em Acupuntura pela Faculdades Integradas “Espíritas”-PR. Pós-Graduando em Formação Docente para o Ensino Superior Contemporâneo na UNIRON. Mestrando em Intensivismo pelo Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva (IBRATI). Docente da Disciplina de Práticas Fisioterapeuticas na Atenção Básica, Práticas Fisioterapeuticas na Atenção Secundária e Terciária e Intensivismo Cardiologia. Membro Titulado em Perfusão pela Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea (SBCEC). 6 Introduction: The heart surgery after the growth and development of science and technology, has been gaining innovative contributions generated since 1953 by Gibbon. In Brazil, the introduction of cardiopulmonary bypass occurred through doctor Enio Buffolo. In view of this context, the most common method used for myocardial protection is to administer the cardioplegic solution in the coronary circulation. However, the protection can be reached through the intermittent perfusion of the coronary system with the patient’s own blood, which is performed by clamping and opening of the aortic cross-clamp or by single clamping and accessory cannulation of the aortic root. Purpose: The present work wants to condense the knowledge produced in the scientific literature about the importance of myocardial protection during the heart surgery procedure and, still approach variants of myocardial protection. Strategically, the myocardial protection reduces the intensity of myocardial ischemiareperfusion injury during the heart surgery procedure e its possible consequences on the cardiac muscle. This way, the understanding of physiopathological phenomena related to myocardial ischemia-reperfusion e its cardioprotection promoted by certain drugs and anesthetic techniques has given to the perfusionist an important role in myocardial protection during the surgical procedure. Method: It is a study conducted through literature, in the form of Integrative Literature Review (ILR). For the selection of the articles, a research was made in two data basis: Latin American Literature - LILACS and SCIELO. From this research, twelve articles were selected and compound the study. Results: The methods of myocardial protection present satisfying results, but, despite of that, none of them can be considered ideal, given that the final decision is made by the responsible surgeon. Conclusion: The worry with the myocardial protection must always be one of the most important points, since the moment of decision that the patient will undergo to heart surgery, in view to improve the quality of life, mainly of those patients who present some level of deficiency of the heart muscle work. Regarding the temperature, the induction pathway of cardiac arrest and of cardioplegic solution administering, the criteria are established by the surgeon, through their practice and knowledge. Descriptors: Thoracic Surgery. Cardiopulmonary Ischemia. Modalities of Induced Cardiac Arrest. Bypass. Myocardial 1 INTRODUÇÃO 1.1 A CIRURGIA CARDÍACA A cirurgia cardíaca ganha contexto histórico mundial a partir de 1896, quando pela primeira vez o alemão Ludwing Rehn realiza uma intervenção cirúrgica suturando um ferimento no ventrículo direito. Porém tendo em vista os relatos históricos verifica-se que só a partir do século XX a especialidade ganha significativa importância decorrente dos avanços científicos. Em 1931 no território americano o doutor John Gibbon tem o marco inicial que futuramente 7 seria um avanço nas cirurgias cardíacas, enquanto assistia uma operação que evoluiu para óbito do paciente, Jonh Gibbson se questionou se seria possível manter a respiração e oxigenação durante o procedimento cirúrgico para preservar a vida do paciente. Em 1937 após desenvolver uma máquina que atendesse ao seu questionamento foram realizados os primeiros testes em animais (BRAILE e GODOY, 2012). As primeiras operações cardíacas eram realizadas com o coração batendo, limitando-se a correção de enfermidades mais simples como sutura de ferimentos cardíacos, drenagem pericárdica e fechamento de canal arterial. Em 1953, John Gibbon realizou a primeira cirurgia cardíaca a céu aberto, tornando possível a abordagem de doenças intracardíacas com a utilização de substâncias que produziam parada cardíaca controlada (MOURA, 2001). A cirurgia cardíaca a céu aberto pode ser considerada como um dos mais importantes avanços médicos do século XX. O surgimento da cirurgia cardíaca, juntamente com a Circulação Extracorpórea (CEC), foi um grande avanço na história da saúde, pois permitiu a manipulação direta do coração, possibilitando a cura de várias patologias cardíacas, até então consideradas incuráveis (SOUZA, 2006). A circulação extracorpórea é hoje uma tecnologia em constante evolução, com princípios básicos já bem estabelecidos. Seus efeitos sobre o organismo humano ainda não estão inteiramente definidos, assim como é especulativa a fisiopatologia de diversas reações do organismo a esse procedimento (SOUZA, 2006). A especialidade cirúrgica caracteriza-se pela atuação de uma equipe numerosa e multidisciplinar; entretanto, o trio que influencia diretamente no resultado da cirurgia é o cirurgião, o anestesista e o perfusionista. Deve existir um entrosamento constante entre estes profissionais, com a participação do perfusionista na segurança do paciente, permanecendo em constante atenção e fazendo uma monitorização consciente, de modo a evitar eventuais falhas. Caso haja acidentes e ou intercorrências, deverá estar apto a resolvê-las de forma rápida e segura, preservando a vida do paciente. Todos envolvidos no procedimento são responsáveis, mas a atuação do perfusionista é de grande responsabilidade (SOUZA, 2005). 8 1.2 O PROFISSIONAL PERFUSIONISTA O Ministério da Saúde (MS), através da Secretaria de Assistência à Saúde (SAS), reconheceu o perfusionista como um membro da equipe cirúrgica com pré-requisitos definidos na área das ciências biológicas e da saúde com conhecimentos básicos de fisiologia circulatória, respiratória, sanguínea e renal, de centro cirúrgico e esterilização e com treinamento específico no planejamento e ministração dos procedimentos de Circulação Extracorpórea (CRFB, 2016). A Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea (SBCEC), com base no artigo 41 de seu Estatuto, estabelece critérios para a concessão de Título de Especialista aos profissionais da área da saúde (SBEC, 2016), seguem elencados no quadro infracitado: QUADRO 1. Concessão Título Especialista em Perfusão 1. Ser membro da SBCEC e estar 5. Ser aprovado em exame específico adimplente com a mesma. para obtenção do Titulo de Especialista ministrado pela Diretoria da SBCEC, com média de acerto igual ou superior a setenta por cento do valor total da prova, ou seja, nota mínima igual a 7,0. 2. Apresentar Certificado de 6. Pagamento da taxa de inscrição no Conclusão de Curso de Terceiro Grau valor estipulado para o exame. em uma das áreas das ciências biomédicas e da saúde. 3. Ter atividade comprovada em 7. Carta de apresentação assinada e Perfusão há pelo menos um ano. carimbada pelo cirurgião chefe de Serviço de Cirurgia em que trabalha como Perfusionista, e por um Perfusionista que esteja adimplente e que já atestando função. possua o conduta referido titulo, ilibada nesta 9 4. d. Ter ministrado pelo menos cem 8. Se aprovado em exame específico, (100) procedimentos de Perfusão sem apresentará um trabalho científico, em preceptor. até 24 meses para receber o Título de Especialista. A não apresentação do trabalho no prazo determinado invalidará o exame específico, sendo obrigatório novo exame para titulação. Fonte: SBCEC, 2016 O profissional perfusionista é um profissional qualificado, treinado e habilitado para manusear os circuitos de circulação extracorpórea, pois este seleciona os dispositivos descartáveis necessários pela manutenção das atividades vitais do organismo, durante a realização do procedimento. Profissional altamente requisitado e fundamental para equipes de cirurgiões cardíacos. Desta forma, tem uma função tão importante quanto anestesista e cirurgião, pois sem a devido atribuição concedida ao profissional não seria possível a realização da cirurgia com uma margem de segurança no ato da execução (SBCEC, 2016). A profissão deste profissional ainda não é regulamentada e não existe um órgão regulador como Conselho Federal ou Estadual. Entretanto, há um Projeto de Lei nº 1.587 de 2007 em trâmite, que propõe a regulamentação do exercício desta profissão. No entanto, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou em 24 de maio de 2011 este projeto regulamentando o exercício da profissão de perfusionista cardiocirculatório e respiratórioprofissional que planeja e executa a substituição das funções cardiocirculatórias e respiratórias durante o ato cirúrgico, mantendo o paciente vivo (BRASIL, 2007). Atualmente, a Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea (SBCEC) representa os perfusionistas na luta pela regulamentação do exercício profissional, e recomenda que apenas profissionais graduados tenham acesso a treinamentos para a referida profissão, por possuírem preparo científico qualificado6. Portanto, para iniciar a atuar nesta área, o prérequisito essencial é ter conhecimento na área de ciências biológicas e da saúde (SBCEC, 2016). O conhecimento é fundamental, devendo o profissional 10 estar em constante aperfeiçoamento, isto porque, quanto mais qualificado e atualizado, melhor será o desempenho no planejamento, na execução e na avaliação das funções exigidas pela profissão (OLIVEIRA, 2010). QUADRO 2. Sistematização da Assistência do Perfusionista. 1. Coordenar atividades do e administrar serviço de as 8. Preparar e administrar as soluções CEC. destinadas à proteção do miocárdio Examinar e testar os componentes da máquina de CEC, controlar sua manutenção preventiva e corretiva, conservando-a em condições de uso. 2. Planejar a montagem da máquina 8.. Induzir o grau de hipotermia de CEC. sistêmica determinado pelo cirurgião, para preservação metabólica do SNC e demais sistemas orgânicos. 3. Coletar informações no prontuário 9. Administrar medicamentos do paciente para cálculo dos fluxos de necessários ao paciente no circuito sangue, gases, composição e volume extracorpóreo, solicitados pelo dos líquidos do circuito. Verificar a cirurgião ou pelo anestesiologista. existência de doenças ou condições que possam interferir na execução ou condução da CEC. 4. Obter do parâmetros anestesiologista hemodinâmicos os 10. Controla a presença de do anticoagulante residual e administra o paciente, desde a indução anestésica, seu antagonista, para neutralizar para a sua manutenção durante a completamente as suas ações. perfusão. 5. Monitorizar pressões arteriais e 11. Encerrar venosas, diurese, tensão dos gases retornando sanguíneos, hematócrito, anticoagulação e nível promover à o procedimento, ventilação ao de anestesista, após o coração reassumir as as suas funções, mantendo a volemia correções e as condições hemodinâmicas e bom Necessárias. funcionamento cardiorrespiratório. 11 6. Executar a circulação do sangue e 12. Participa das reuniões clínicas de sua oxigenação extracorpórea, sob o discussão comando do cirurgião. operados, dos para casos a serem conhecimento dos pacientes e suas patologias. Fonte: Souza, 2006; Braile, Zerbini et al., 2010 2 OBJETIVO O presente artigo busca sintetizar o conhecimento produzido na literatura científica acerca da importância da proteção miocárdica no decorrer do procedimento de cirurgia cardíaca e, ainda, abordar as variantes de proteção miocárdica. 3 MÉTODO Trata-se de revisão integrativa de literatura que busca através da coleta de dados, por meio de levantamento bibliográfico e baseado na experiência vivenciada pelo autor como perfusionista, avaliar criticamente e sintetizar as evidências disponíveis sobre o tema pesquisado. Esse método de pesquisa deve-se seguir cinco etapas fundamentais, sendo; identificação da questão norteadora da pesquisa, busca na literatura, avaliação de dados, analise dos dados e apresentação dos resultados (WHITTEMORA, 2005). As questões norteadoras da pesquisa foram: Qual a importância da proteção miocárdica no decorrer da cirurgia cardíaca e ainda quais são as variantes de proteção miocárdica apresentadas na literatura cientifica? Para responder a esses questionamentos, foi executado um levantamento bibliográfico de publicações indexadas na Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências de Saúde (LILACS) e SCIELO (QUADRO 3), compreendendo o período de janeiro de 2004 a janeiro de 2016. Também se utilizou a busca reversa de estudos originais, que é um método de seleção de estudos a partir da bibliografia de trabalhos primários recuperados na busca anterior (TORO, 2011). Foram utilizados durante a busca os seguintes descritores: Cirurgia Torácica. Circulação Extracorpórea. Isquemia Miocárdica. Modalidades de Parada Cardíaca Isquêmica. 12 QUADRO 3. Artigos selecionados AUTOR LIMA, Ricardo GUIZILINI, Solange e cols. ANO DE TEMA DO PUBLICAÇÃO ARTIGO 2004 2005 MARCELO, luiz e cols. 2005 BRAILE, Domingos 2010 GASPAR, Fernanda col. 2011 e Diretrizes da cirurgia de revascularização miocárdica valvopatias e doenças da aorta. Avaliação da função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio com e sem extracorpórea. RESULTADO A superioridade da cardioplegia sanguínea sobre a cristalóide tem sido bem demonstrada. O contato do sangue com o oxigenador desencadeia liberação de citocinas inflamatórias. Proteção As modalidades Miocárdica em de cardioproteção Cirurgia Cardíaca. mais utilizadas em CEC são a infusão de soluções de cardioplegia nas suas diversas modalidades e hipotermia regional e sistêmica. Circulação Para adquirir Extracorpórea. estas habilidades, duas premissas devem ser contempladas: conhecimentos teóricos sólidos e treinamento exaustivo. Circulação As complicações extracorpórea e observadas estão complicações no relacionadas ao período pós- tempo prolongado operatório de CEC e aos imediato de fatores de risco cirurgias da história do cardíacas. paciente. 13 JAKSON, Jarbas e cols. 2011 BRAILE, Domindo e col. 2012 “Non Working Beating Heart”: novo método de proteção miocárdica no transplante cardíaco. História da cirurgia cardíaca no mundo. DIENSTMANN, 2013 Caroline e col. Circulação Extracorpórea em Cirurgia Cardíaca: Um campo de trabalho para o Enfermeiro. AURÉLIO, Marcos e cols. Modalidades 2014 parada de Métodos de preservação miocárdica que mais se aproxima à fisiologia normal. Em maio de 1953, Dr. Gibbon operou o 2º paciente, abrindo coração em CEC com hipotermia. É fundamental proteger o miocárdio contra injúria isquêmica utilizando dois métodos: hipotermia e soluções cardioplégicas ricas em potássio. Novas pesquisas cardíaca são induzida: necessárias para obtenção de hipercalemia e uma cardioplegia hipocalcemia - que revisão seja ao de mesmo tempo de literatura ação rápida, atóxica, de rápida metabolização, que promova boa visualização do campo operatório LUIZ, Marcelo 2014 Aperfeiçoamento e cols. em técnica perfusão cardioplégica A técnica de de perfusão intermitente da no raiz da aorta com pinçamento único pinçamento único de aorta - mostrou-se como 14 resultados iniciais. método seguro, possibilitando resultados clínicos e neurológicas satisfatórios. Fonte: LILACS e SCIELO, 2016 Após pesquisa nos bancos de dados, os critérios de inclusão definidos para a escolha dos artigos originais eletronicamente disponíveis foram os que abordassem os temas “circulação extracorpórea”, “modalidades cardioplégicas”, “infusão cardioplégica hipotérmica e normotérmica” e “proteção miocárdica”, restritos aos últimos 12 anos, nos idiomas português, inglês e espanhol. Também foi utilizado como fonte de pesquisa livro com importância reconhecida e de relevância para o estudo. Por sua vez, o critério de exclusão, definido para a escolha dos artigos eletronicamente disponíveis foram o ano de publicação anterior a 2004, artigos que não abordassem a temática e artigos eletronicamente incompletos. A análise dos estudos selecionados em relação ao delineamento do estudo, foram ordenados e valorizados de acordo com a classificação de força de evidência supracitada, considerando a prevalência da proteção miocárdica no uso da CEC, as modalidades e infusão normotérmica e hipotérmica. Os resultados extraídos de cada estudo foram discutidos à luz da literatura específica de forma descritiva, possibilitando a observação, a descrição e a classificação de dados, com a intenção de reunir o conhecimento produzido sobre o tema e a expertise do autor referente ao tema que será discutido nessa revisão. 4 REFERENCIAL TEÓRICO Para melhor compreensão do estudo, os artigos foram divididos em 4 eixos temáticos, relacionados com as questões norteadoras da pesquisa. 15 4.1 HISTÓRIA DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA A cirurgia cardíaca com Circulação Extracorpórea representou uma das grandes conquistas médicas e da área biológica no século XX, tornando o procedimento cada vez mais sistemático, seguro, e atualmente está presente na prática de milhares de centros cirúrgicos (BRAILE, 2010). A história da cirurgia cardíaca é uma verdadeira saga que, ao trilhar o caminho para esta conquista de alto alcance científico e social, teve que dominar preconceitos e tabus (PRATES, 2010). Moura et al., (2001) divide essa evolução em três momentos: antes de 1950, que retrata o período conceptual e de desenvolvimento, marcado pela criação das primeiras máquinas de circulação extracorpórea por John e Mary Gibbon; de 1950 a 1970, onde ocorreu o desenvolvimento de novos oxigenadores e foi aplicada a hipotermia moderada por McQuiston para reduzir a taxa metabólica, e também a evolução dos materiais biocompatíveis; e de 1970 em diante, que representa o período de refinamento, no qual foram utilizadas novas técnicas cirúrgicas, tecnologias e drogas. A cirurgia cardiovascular foi e tem sido intensamente avaliada, tendo em vista que poucas especialidades no país contribuíram tanto para o desenvolvimento do conhecimento quanto a cirurgia cardíaca brasileira, através de resultado de um trabalho árduo desenvolvido durante décadas, por pioneiros como os doutores Euryclides Zerbini, Adib Jatene e outros. Apenas dois anos após John Gibbon ter desenvolvido a primeira máquina de circulação extracorpórea (CEC) nos EUA, o Doutor Felipozzi e sua equipe conseguiram realizar, em 15 de outubro de 1955, uma operação a céu aberto no Brasil, usando equipamento desenvolvido em nosso país, no Instituto de Cardiologia Sabbado D'Angelo. No ano seguinte, foi realizado o primeiro procedimento com circulação extracorpórea (CEC) total (GOMES, 2005). No ano de 1958, Zerbini, Jatene e sua equipe também desenvolveram a máquina de circulação extracorpórea (CEC), utilizando-a nas cirurgias realizadas no Hospital das Clínicas. Em 1968, Zerbini faz o primeiro transplante, apenas um ano após Christian Barnard. A cirurgia cardiovascular brasileira encontra-se solidificada, com profissionais qualificados e centros respeitados dentro e fora do país, indústrias nacionais que exportam 16 equipamentos como máquinas de CEC, oxigenadores e valvas biológicas porcinas, bovinas e mecânicas para a malha mundial. A origem da circulação extracorpórea criou novas possibilidades para a cura de doenças cardíacas, jamais imaginadas na primeira metade do século passado. A possibilidade de corrigir defeitos do coração sob visão direta foi sonho antigo, perseguido por muitos com insistência, apesar dos inúmeros fracassos, que frustraram quantos se aventuraram a substituir a função de bomba do coração e as funções ventilatória e respiratória dos pulmões. Isto possibilitou adentrar as cavidades cardíacas, em um campo quase exangue e corrigir defeitos congênitos ou adquiridos (POFFO, 2009; SILVA, 2008). Atualmente, a especialidade no Brasil encontra-se em nível equivalente ao dos grandes centros, com vários polos de destaque ao longo do território nacional. Dentre os discípulos de imensurável e árdua jornada destacamos o cirurgião, professor, cientista e homem público, o Professor Doutor Adib Domingos Jatene. Entre suas contribuições, a correção anatômica da transposição dos grandes vasos é uma amostra das suas qualidades estimulantes para os cirurgiões brasileiros serem reconhecidos internacionalmente. 4.2 FINALIDADE DA PROTEÇÃO MIOCÁRDICA O progresso mundial no campo de órteses, próteses, equipamentos e fármacos permitiram que um maior contingente de pacientes pudesse se beneficiar da respeitável especialidade. Torna-se um desafio contínuo para adequada proteção do miocárdio hipertrofiado durante o procedimento cirúrgico, pois este tal coração já apresenta alterações ultra estruturais em decorrência de maior sobrecarga de trabalho com insuficiente demanda sanguínea no procedimento de cirurgia cardíaca. É desejado que haja menor quantidade possível de sangue no campo operatório e o coração esteja parado e flácido para melhor visualização e realização da técnica cirúrgica. A tecnologia disponível mantém o coração dinâmico por um período adequado onde envolve a diminuição da perfusão sanguínea. Porém o miocárdio não tolera longos períodos nesta condição, já que o metabolismo cardíaco é 17 bastante elevado para manutenção da integridade celular e atividade mecânica (MALBOUISSON, 2005). Ainda segundo o mesmo autor há grandes desafios a todos aqueles que se dedicam à especialidade na elaboração de técnicas e fármacos que aumentam a tolerância do miocárdio aos períodos isquêmicos, as quais contribuem para melhor preservação da função miocárdica com a finalidade de facilitar o reparo das lesões cardíacas existentes. Durante o procedimento cirúrgico, ocorre uma grande variação do consumo de oxigênio pelo miocárdio, sendo mínimo durante a parada cardíaca induzida por soluções cardioplégicas e máximo na saída da circulação extracorpórea. Assim, sem a adequada proteção miocárdica, aumenta-se a morbimortalidade pós-operatória e o risco do desenvolvimento de contratura isquêmica do coração “stone heart” ou fibrose miocárdica tardia. Um dos questionamentos em relação à técnica de pinçamento intermitente da aorta é de que a repetição de episódios de isquemia, que individualmente seriam reversíveis, poderiam causar danos cumulativos com consequente necrose. Tal afirmativa foi negada, pois mostraram experimentalmente que a reperfusão intermitente previne o déficit metabólico cumulativo e a isquemia miocárdica com morte celular, e que um primeiro episódio de isquemia reduz o consumo dos fosfatos de alta energia nos episódios subsequentes (PÊGO- FERNANDES, 2000). O pré-condicionamento isquêmico miocárdico pode ser definido como um mecanismo protetor endógeno, no qual curtos períodos de isquemia e reperfusão conferem ao miocárdio resistência a um insulto isquêmico mais prolongado. Desde sua descrição inicial, por meio de um modelo canino, este mecanismo adaptativo foi demonstrado em todas as espécies animais estudados, com alguns autores sugerindo sua existência no homem. No coração, além de atuar sobre o desenvolvimento do infarto, o précondicionamento isquêmico também reduz as arritmias induzidas pelo mecanismo isquemia-reperfusão, o que pode melhorar a evolução hemodinâmica pós-operatória dos pacientes submetidos a esta técnica (MURRY et al.,1986). Os estudos de Lichtenstein et al., (1991) questionavam os supostos benefícios da hipotermia como proteção sistêmica e cardíaca (via anterógrada), 18 tendo em vista os efeitos indesejáveis da hipotermia sobre a função enzimática, a estabilização da membrana, o sequestro de cálcio, a utilização de glicose, a geração e utilização de ATP e a extração de oxigênio, assim como no pH e homeostasia oncótica. Defendiam que a manutenção de um meio normotérmico oxigenado, associado à manutenção da parada eletromecânica do coração, conservaria a homeostasia e, consequentemente, a estrutura das células miocárdicas. 4.3 O MECANISMO DE PROTEÇÃO MIOCÁRDICA Sempre que for necessária a interrupção completa dos batimentos cardíacos para a realização de uma determinada cirurgia cardíaca, torna-se imperativo o uso de um sistema de auxílio circulatório e respiratório, genericamente conhecido como sistema de circulação extracorpórea (CEC), cuja finalidade é propiciar um campo cirúrgico limpo, preservar as características funcionais cardiorrespiratórias e oferecer segurança à equipe cirúrgica. Obviamente, por mais que se aproximem do comportamento fisiológico, esses sistemas artificiais não conseguem manter a perfeita homeostase, pelo menos por períodos prolongados, iniciando-se assim uma hipoperfusão tecidual generalizada a qual, eventualmente, pode levar a consequências sérias e irreversíveis (GUARACY e col.,1997). A CEC produz uma resposta inflamatória sistêmica com liberação de substâncias que prejudicam a coagulação e a resposta imune. O próprio coração que, por força das circunstâncias do ato operatório, precisa ser mantido silente, também pode sofrer as consequências desse estado de hipoperfusão e, caso não sejam tomadas medidas profiláticas específicas, sua recuperação pode não ser possível ao final do procedimento. Daí a necessidade da adequada proteção miocárdica durante procedimento com circulação extracorpórea (GUARACY e col.,1997). Vale ressaltar, que os métodos empregados para a obtenção da parada do coração para a realização do ato operatório não necessariamente promovem simultaneamente a proteção miocárdica durante o tempo de assistolia. Apesar de empregados muitas vezes como sinônimos, o que é incorreto, o termo cardioplegia com sentido de parada do coração e, por outro 19 lado, proteção miocárdica, não são termos equivalentes, devendo ser evitada a comparação. Com a cavidade torácica a céu aberto e o coração exposto se faz necessário, um mecanismo protetor para o músculo cardíaco. O conjunto de estratégias com o intuito de diminuir o consumo de oxigênio pelo coração e tornar as células cardíacas mais resistentes a episódios isquêmicos, chama-se proteção miocárdica (BRAILE, 2010). A evolução das técnicas de proteção tem seguido de perto a evolução da própria cirurgia cardíaca, alternando-se em importância e em interesse, de acordo com os desafios a que se têm aqueles que se dedicam à especialidade, compreendendo farmacologistas, fisiologistas, patologistas, perfusionista e cirurgiões. As primeiras técnicas de cardioplegia datam da década de 1950, que descreve uma parada cardíaca eletroquímica em diástole induzida por soluções de citrato de potássio, permitindo realizar a cirurgia no coração parado e flácido. Durante a década de 60 a cirurgia cardíaca foi se desenvolvendo, surgindo várias técnicas de obtenção da parada cardíaca para realização do ato operatório, inclusive a parada isquêmica por pinçamento aórtico. Nessa época, muitos pacientes não conseguiram sobreviver em decorrência de grave falência do músculo cardíaco, justamente porque a lesão de reperfusão após o desclampeamento aórtico causava efeito devastador sobre o mecanismo contrátil. Foi a publicação original de COOLEY em 1972, com descrição do Stone Heart, que abriu o campo para a proteção miocárdica durante a isquemia. As soluções de potássio foram abonadas no início da década de 1970, quando foi detectada necrose miocárdica devido à alta concentração de potássio e hipertonicidade (TYERS et al., 1975). A isquemia miocárdica causada pela intervenção cardíaca desencadeia eventos celulares em série de maneira discreta e progressivamente de forma deletéria com o aumento do tempo de isquemia. Na década de 1980 foram utilizadas soluções cardioplégicas cristalóides hipotérmicas como técnica de proteção miocárdica. Após, estudos demonstraram a eficácia de soluções cardioplégicas sanguíneas com potássio como protetor miocárdico mais 20 eficiente que os cristalóides, garantindo a incidência do infarto peri-operatório, tornando-se a técnica padrão da cardioproteção. A infusão é realizada de maneira anterógrada e intermitente pela artéria aorta, após o pinçamento aórtico. Por sua vez a infusão retrógrada garante a proteção de regiões subendocárdicas através do óstio do seio coronariano, reduzindo as chances de complicações pós-operatórias. Apesar do uso de técnicas de proteção miocárdica durante o procedimento cirúrgico Costa et al., (2001) e Mentzer (2003) relatam que a intensidade de liberação enzimática, contribui para o óbito dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio. Durante a cirurgia de revascularização do miocárdio a oclusão temporária do fluxo coronariano nas anastomoses, o pré-condicionamento isquêmico é a técnica de proteção miocárdica mais utilizada. No entanto, o infarto pode ocorrer devido à intolerância miocárdica à isquemia e as regiões não revascularizadas. Ocorrência presentem todas as faixas etárias e tipos de cirurgias cardíacas. A técnica de proteção miocárdica mais utilizada é a cardioplegia através da infusão de uma solução cardioplégica hipotérmica, sanguínea ou cristaloide. Segundo Karthik e col (2004) a técnica é utilizada em 84,3% das cirurgias com circulação extracorpórea. A hipotermia é uma técnica que tem por objetivo diminuir a lesão miocárdica secundária á isquemia durante a cirurgia com circulação extracorpórea. O mecanismo principal da técnica é a redução do consumo de oxigênio, induzido pela diminuição da atividade metabólica celular e reações enzimáticas, o que limita as zonas de isquemia do miocárdio. O resfriamento em até 32 graus diminui em 45% o consumo de oxigênio corporal, não relacionada à saturação de oxigênio, sendo que o consumo de oxigênio do miocárdio reduz à medida que a temperatura diminui, efeito cardioprotetor sem a necessidade de bradicardia induzida pela hipotermia. Segundo Globus e col (1995) a hipotermia reduz os níveis extracelulares de certos ácidos, indicando a produção de radicais livres. A parada cardíaca induzida por hipotermia e infusão de solução cardioplégica por via anterógrada é reconhecida como forma segura e eficaz de proteção miocárdica (ROBERTS; HEARSE et al., 1981). Entretanto, existem evidências clínicas e experimentais de que, na presença de obstruções coronarianas ocorreria uma distribuição desigual e 21 inadequada da solução cardioplégica, levando a má proteção, principalmente daquelas áreas já mais acometidas pela isquemia, acarretando, consequentemente, disfunções miocárdicas regionais ou mesmo globais, temporárias ou definitivas (BUCKBERG, 1979; GRODIN et al., 1981). Murad et al., (1983) analisando a proteção miocárdica sob o aspecto ultra-estrutural, verificaram que a cardioplegia com sangue foi mais eficaz do que a solução cristalóide e atribuiu a diferença à capacidade das hemácias de transportar oxigênio. Observou, ainda, que a diferença foi mais acentuada na fase de reperfusão. A cardioplegia farmacológica busca eliminar as consequências da isquemia pela criação de um ambiente no qual o consumo de energia possa ser diminuído, ao mesmo tempo em que se consiga aumentar a sua proteção para suprir a demanda básica. Desta forma, os requisitos essenciais para que uma solução cardioplégica possa ser utilizada clinicamente é proteger o coração ao invés de lesá-lo com seus componentes, distribuir uniformemente por todo o miocárdio os componentes farmacológicos em quantidade suficiente para manter o músculo cardíaco silente e ter efeito prolongado pelo tempo que durar o clampeamento aórtico. Desta forma, as soluções cardioplégicas hiperpotássicas apresentam mecanismo de ação bem definido, produzindo despolarização da membrana levando o coração a um estado de diástole sustentada. 4.3.1 OUTRAS MODALIDADES DE PROTEÇÃO MIOCÁRDICA A técnica de pré condicionamento induzido por anestésicos inalatórios halogenados, protegem o músculo cardíaco de lesões isquêmicas reversíveis e irreversíveis, pois os anestésicos reduzem a pressão arterial, deprimem a contratilidade miocárdica, produzem vasodilatação coronariana, retardam a condução de estímulo elétrico e atenuam a atividade do sistema nervoso simpático (FREEDMAN e col, 1985). Uma técnica atraente de proteção miocárdica em procedimentos de longo prazo, para evitar a necessidade de interromper o processo de readministrar cardioplegia é a administração em dose única de Bretschneider histidina-triptofano-cetoglutarato (HTK) solução cristalóide (Custodiol). 22 Implantada no setor de cardioplegia na década de 80, Custodiol Solução HTK proporciona um tempo maior de parada diastólica e preservação do músculo cardíaco, podendo chegar a 240 minutos, eliminando reperfusões consecutivas. Há entusiasmo para utilização desta modalidade de cardioplegia, tendo em vista que esta solução garante a manutenção da heterogeneidade morfológica e bioquímica dos órgãos destinados a transplantes, pois sua fórmula proporciona a manutenção do ph em níveis fisiológicos. 4.4 O CENÁRIO DA PROTEÇÃO MIOCÁRDICA NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO, RONDÔNIA O município de Porto Velho foi criado por desbravadores por volta de 1907, durante a construção da E.F. Madeira- Mamoré. Fica nas barrancas da margem direita do rio Madeira, o maior afluente da margem direita do rio Amazonas. Desde meados do sec. XIX, nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do rio Madeira (cerca de 380km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria transbordado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, província de Mato Grosso. As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7km abaixo, em local muito mais favorável (IBGE, 2016). Ainda segundo dados do IBGE (2016), em 2015 Porto Velho abrangia uma área territorial de 34.090,926 quilômetros quadrados, sendo que a estimativa populacional para 2016 é de aproximadamente 511.219 habitantes. Segundo levantamento realizado em 2010, Porto Velho apresenta uma densidade demográfica de 12,57 habitantes por quilômetros quadrados. Inaugurado em 11 de janeiro de 1983 e comemorando três décadas de funcionamento, o Hospital de Base Ary Pinheiro atende aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) não só do Estado de Rondônia, como também do Mato Grosso, Amazonas, Acre e até da Bolívia (SESAU, 2013). 23 Atualmente o Hospital de Base Ary Pinheiro conta com mais de 590 leitos, entre enfermarias e UTIs, e quase dois mil servidores, realizando cirurgias de alta e média complexidade, com equipamentos de alta geração e equipes especializadas em cirurgias de urgência e emergência, como cirurgia cardíaca, neurocirurgia, oncologia, pediatria, ortopedia, bucomaxilofacial (reconstituição dos ossos da face e extrações dentárias em portadores de necessidades especiais), centro de transplantes de órgãos, cirurgia plástica em queimados, parturientes de alto risco, vitrectomia, aplicação de lucentis (intraocular), entre outros (SESAU, 2013). Com reforma do centro cirúrgico, que anteriormente tinha três salas funcionando e atualmente apresentam 10 salas cirúrgicas, uma é destinada nas terças, quintas e sábados exclusivamente para atender a demanda da cirurgia cardíaca. A estimativa mensal estabelecida pelo médico responsável pelo Serviço de Cirurgia Cardíaca HBAP são 8 procedimentos de cirurgia a céu aberto, totalizando 96 procedimentos ano. A protocolo de proteção miocárdica da supracitada unidade hospitalar obedece rigoroso controle entre o perfusionista e o cirurgião chefe. Com a confiança adquirida ao longo dos anos, a responsabilidade da preparação das soluções cardioplégicas na modalidade sanguinea hipotérmica fica a cargo do perfusionista. O protocolo prevê a preparação de 2 soluções cardioplégicas hiperpotássicas, uma de indução e outra para manutenção, sendo que a diferença está na concentração de cloreto de potássio entre as soluções . As soluções são preparadas com soro glicosado a 5%, cloreto de potássio a 8,4%, sulfato de magnésio, bicarbonato de sódio a 8,4% e xylocaína sem vaso constritor. Essa solução é misturada com sangue arterial na proporção 4:1 em reservatório específico denominado reservatório de cardioplegia sanguínea, onde a solução é passa por processo de esfriamento. Após clampeamento da artéria aorta, a infusão da solução cardioplégica hipotérmica de indução é infundida na raiz da artéria aorta por tempo determinado pelo cirurgião, normalmente 3 minutos. Por sua vez, a solução de manutenção, visando manter o coração silente é infundida por um minuto ou dependendo da doença cardíaca por um minuto e meio. 24 Neste sentido, o mecanismo protetor sanguíneo e farmacológico fornece substratos ao músculo cardíaco e o mecanismo hipotérmico reduz o consumo de oxigênio do miocárdio induzido pela diminuição da atividade metabólica celular e enzimáticas, limitando assim, as áreas de isquemia do músculo cardíaco, sendo que em humanos resfriados a 32ºC, o consumo de oxigênio corporal total diminui em 45% (BIGELOW, 1950). 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os treze artigos previamente selecionados três foram excluídos da revisão integrativa de literatura, tendo em vista não especificarem de forma concisa as vantagens e ou desvantagens da infusão cardioplégica na modalidade sanguínea e cristalóide. Nota-se, apesar da relevância do tema, que a produção textual e estudos que abordem a temática não são direcionados a efetividade da proteção miocárdica durante o procedimento de cirurgia cardíaca e, devido escassez do tema, necessitamos de maior produção dos perfusionistas atuantes em circulação extracorpórea. A circulação extracorpórea hoje é uma tecnologia amplamente utilizada. No mundo, anualmente, são realizados em média 1.200.000 procedimentos cardíacos com circulação extracorpórea. Somente nos Estados Unidos, cerca de 700.000 cirurgias cardíacas são realizadas por ano (GRAVALEE, 1993). No Brasil, aproximadamente 40.000 operações com circulação extracorpórea são feitas a cada ano. Estima-se que esses números serão maiores futuramente, em função de necessidades ainda não atendidas da população (SOUZA, 2006). A CEC tem por objeto substituir temporariamente as atividades cardiopulmonares, através da utilização de um conjunto de técnicas e equipamentos capazes de realizar as funções de bombeamento e oxigenação do sangue, garantindo a perfusão dos tecidos, a manutenção do metabolismo e a integridade celular. A participação do perfusionista na segurança da CEC não pode ser ignorada. Esse profissional desempenha um papel primordial na segurança dos procedimentos de CEC, seja por ação dos equipamentos ou aparelhos sob o seu controle, seja por sua ação direta (SOUZA, 2006). 25 A literatura sobre o assunto mostra que a composição das soluções cardioplégicas em uso na atualidade varia bastante de um centro para outro, mas como regra geral, são baseadas na utilização de altas concentrações de potássio. A perfusão intermitente na raiz da aorta, demonstra simplicidade no método que requer habilidade e destreza para economia de tempo durante o tempo cirúrgico principal e aspiração da aorta ascendente durante o tempo de anóxia. A intenção de oferecer melhor suprimento de nutrientes ao miocárdio durante as perfusões intermitentes por este método tem os benefícios conhecidos e defendidos pelos adeptos ao clássico “pinçamento aórtico intermitente” com a vantagem adicional da mínima manipulação da aorta, visto que ocorre apenas um pinçamento e um despinçamento da aorta, este ao final das anastomoses proximais. Não existe consenso sobre qual a melhor técnica de proteção miocárdica utilizada em todas as cirurgias cardiácas e não existe evidência se há uma técnica superior a outra. Os métodos de proteção devem ser utilizados de acordo com os conhecimentos, convicções, conforto e possibilidades técnicas do cirurgião (REIS FILHO et al., 1996). 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, a Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea concede a titulação de especialista apenas para profissionais da saúde, devido o profissional possuir todas as condições e os conhecimentos necessários, na sua grade curricular, para exercer a função de perfusionista, uma vez que este pode prestar assistência nos períodos pré, intra e pós-operatório, desenvolvendo uma visão holística de todo o processo cirúrgico. Novas possibilidades para a cura de doenças cardíacas se tornaram evidentes com o surgimento da Circulação Extracorpórea, cabendo ao perfusionista, em particular, a responsabilidade durante o procedimento cirúrgico, pois virtualmente está aos seus cuidados a vida do paciente que está sendo submetido a intervenção cirúrgica. Neste período, a circulação sanguínea e a respiração estão sendo mantidas artificialmente, a fisiologia 26 orgânica deve ser monitorada e ajustada para ficar dentro dos mais estritos parâmetros da normalidade. As alterações metabólicas são devido à injúria isquêmica celular ocorrida durante o pinçamento aórtico parecem ter efeito transitório. Porém, a proteção miocárdica melhora com o acréscimo da indução cardioplégica anterógrada normotérmica e consegue efetivamente reduzir o consumo de oxigênio do miocárdico e preservar sua função contrátil. As modalidades de cardioplegia, não nos autorizam a tirar conclusões, mas nos levam a acreditar que o retorno espontâneo ao ritmo sinusal pode estar associado à melhor proteção dos tecidos de condução e também melhor preservação da energia das células miocárdicas. A preocupação com a proteção miocárdica sempre deverá ser um dos pontos mais importantes desde o momento da decisão de que o paciente será submetido à cirurgia cardíaca, lembrando sempre que tal procedimento visa melhorar a qualidade de vida do paciente, principalmente daqueles que possuem já algum grau de deficiência do trabalho do músculo cardíaco. Quanto à temperatura, a via de indução da parada cardíaca e de administração da solução cardioplégica ainda fica dependente dos critérios do cirurgião, de sua prática e conhecimento, sempre visando o melhor estado fisiológico. Assim, a técnica e a tática empregadas em cada caso são fundamentais para os bons resultados. Os mínimos detalhes devem ser observados e as regras protocolares seguidas rigorosamente. Em suma, a importância deste estudo nos remete ao mundo do trabalho, pois logo nos vem à lembrança que poucos profissionais sabem da relevância da proteção miocárdica durante o procedimento de cirurgia cardíaca, pois na maioria das vezes atribuem esta avaliação somente ao profissional perfusionista, quando na verdade a atuação é multidisciplinar, no qual há discussões de casos, viabilizando desta forma um assistência eficaz, eficiente e qualificada ao paciente submetido a procedimentos de natureza cardíaca. 27 REFERÊNCIAS BRAILE,M.D; GODOY, F.M. História da cirurgia cardíaca no mundo. Rev. Bras. Cir. Cardiovascular. 2012. Vol.27(1):125-34. BIGELOW, W.G. Callaghan JC, Hopps JA - General hypothermia for experimental intracardiac surgery; the use of electrophrenic respirations, an artificial pacemaker for cardiac standstill and radio-frequency rewarming in general hypothermia. Ann Surg, 1950;132:531-539. BRAILE,M.D;. Circulação Extracorpórea. Rev. Bras. Cir. Cardiovascular. 2010. 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